Sob O Fogo Cruzado - Série Filhos Da Máfia

Sob O Fogo Cruzado - Série Filhos Da Máfia

Capítulo Um

Atenção esse é o segundo livro da série filhos da Máfia, para melhor compreensão é necessário ler o primeiro livro " Sob o olhar do Demônio"

Ivana( Sara )

Estava tudo escuro ao redor enquanto eu corria pelas ruas estreitas e sinuosas de Sevilha. O ar frio da noite invadia meus pulmões enquanto meus pés ecoavam nas pedras irregulares do calçamento. Meu coração batia descompassado e minhas mãos suavam segurando firmemente a arma que peguei do armário do meu pai, Miguel, um vigilante da cidade.

Cada passo que eu dava era impulsionado pelo medo e pela adrenalina que corria em minhas veias. As imagens aterrorizantes do rosto de Manuel, o homem poderoso e ex-amigo da família que se tornara obcecado por mim, inundavam minha mente. Ele havia cruzado uma linha perigosa e agora eu estava lutando pela minha vida.

Manuel, outrora amigo de confiança da minha família, revelou seu verdadeiro caráter como chefe de uma poderosa gangue na cidade. Meu pai havia cortado seus laços com ele, mas isso não foi o suficiente para afastar sua obsessão por mim. Por respeito aos meus pais, eu sempre o tratara com cordialidade, mas sempre fui cautelosa ao seu redor.

No entanto, tudo havia mudado quando ele invadiu minha casa na ausência dos meus pais, tentando abusar de mim. O pânico tomou conta de mim enquanto eu corria desesperadamente até o quarto do meu pai e agarrei a arma que ele guardava. Não tive outra escolha senão usar o único meio de defesa que estava disponível.

Um disparo ecoou pela casa quando a bala encontrou seu alvo mortal no corpo de Manuel. O olhar de surpresa e dor em seu rosto ficou gravado em minha mente quando ele caiu no chão. Porém, o som do tiro alertou seus homens que estavam do lado de fora da casa, e eles invadiram imediatamente.

Com uma mistura de desespero e coragem, saltei pela janela, aproveitando a vantagem das janelas baixas da nossa casa. Os homens de Manuel foram rápidos em perseguir-me pelas ruas de Sevilha. Cada passo era uma luta contra a exaustão e a dor que se espalhava por todo o meu corpo, mas eu não podia desistir.

Os becos estreitos e labirínticos da cidade se tornaram meu refúgio temporário. Entrei em um beco escuro, torcendo para que eles perdessem meu rastro. Meu coração pulsava em meus ouvidos enquanto eu me escondia nas sombras, buscando silêncio e uma saída segura para minha fuga.

Ainda envolta pela escuridão do beco, ouvi os homens passando por perto, suas vozes nervosas ecoando pelas paredes estreitas. Continuei imóvel, com o coração na boca

As vozes dos homens finalmente se distanciaram, dissipando-se na noite. Senti um alívio momentâneo, mas a tensão continuava quase palpável no ar. Permaneci imóvel, com o coração martelando dentro do meu peito, esperando alguns minutos antes de me aventurar a deixar o beco.

Caminhei lentamente, com passos cautelosos, cada som ecoando como uma bomba dentro da minha cabeça. Levei horas para finalmente sair daquele labirinto de ruas escuras e becos estreitos. Durante todo o caminho, minha mente estava inquieta, pesando as opções que tinha pela frente.

Eu sabia que não podia simplesmente correr para a delegacia e contar o que aconteceu. Era minha palavra contra a deles, e a perspectiva de ser presa por um crime que tentei evitar era aterrorizante. Além disso, eu estava ciente de que minha vida e a vida de meus pais corriam perigo.Homens leais a Manuel certamente iriam querer vingança pela morte de seu líder.

Meu celular começou a tocar, fazendo-me dar um salto de susto. Com as mãos trêmulas, tirei-o do bolso e atendi a ligação. A voz do outro lado da linha soava tensa e preocupada.

- Graças a Deus você atendeu, eu achei que você também... - pude ouvir a voz preocupada de minha tia do outro lado da linha.

- Tia Lúcia ... que bom poder falar com você. Aconteceu uma coisa terrível - disse, com a voz trêmula, dificultando a formação das palavras.

- Eu sei, Sara... eu sinto muito... As notícias estão em todas as matérias na televisão. Só se fala disso. Eu estava desesperada, achando que você também havia sido uma vítima. Minha irmã... meu cunhado... não mereciam morrer dessa forma. - As palavras de minha tia ecoaram em meu peito, acertando-me como um punhal de gelo.

Meu coração disparou dentro do peito e uma sensação de vazio e desespero tomou conta de mim enquanto eu perguntava, com a voz trêmula:

- Morrer? Tia, do que você está falando? O que aconteceu com meus pais?

Houve um breve silêncio do outro lado da linha antes de minha tia responder, sua voz aveludada pela tristeza:

- O incêndio, Sara... O incêndio em sua casa que ocorreu alguns minutos depois que eles chegaram , Manuel também estava na casa ... eles não conseguiram escapar. A notícia se espalhou rapidamente. O fogo consumiu tudo. Você me disse que algo terrível aconteceu, não era disso que estava falando?

Eu me senti atordoada, sem ar. As palavras pareciam não fazer sentido, deixando um buraco em meu peito. Meus pais... mortos em um incêndio. Era difícil compreender a realidade daquilo. Minhas pernas fraquejaram e caí no chão, as lágrimas começando a escorrer pelo meu rosto.

Enquanto a tristeza me dominava, uma sensação de ira tomava conta de mim. A gangue de Manuel... eu sabia que eles estavam envolvidos, de uma forma ou de outra. Eu havia matado Manuel e eles iriam tirar tudo de mim

O mundo ao meu redor parecia desmoronar enquanto eu permanecia no chão, minha mente em um turbilhão de emoções. Minha vida tinha virado de cabeça para baixo em um instante

Nos dias seguintes, senti-me paralisada pela incerteza. Eu sabia que não podia contar a verdade sobre a morte de Manuel e meus pais a ninguém. A gangue estava sempre à espreita, pronta para buscar vingança e não hesitaria em destruir tudo que me restava.

Então, a notícia terrível chegou: minha tia Lucia, foi morta em uma tentativa de assalto. Seu falecimento só aumentou as minhas suspeitas de que a gangue de Manuel estava por trás de tudo isso.

Vivi em um estado constante de medo e paranoia, escondendo-me em becos e vielas ocultas. A escuridão da noite tornou-se minha aliada, enquanto eu forjava uma nova identidade para mim. Com a ajuda de um primo, consegui criar documentos falsos e assumir a identidade de Ivana Petrovic, uma mulher Sérvia cujos pais haviam falecido em um acidente de avião, nos forjamos também uma certidão de nascimento, eu sempre contava a história de que havia me mudado para o japão ainda muito jovem e quando meus pais faleceram eu resolvi voltar para a Sérvia . Era arriscado, mas a única maneira de começar uma vida nova e deixar para trás o passado trágico.

Cada passo era cauteloso, cada olhar era desconfiado. Aprendi a confiar apenas em minha intuição aguçada e a esconder meu verdadeiro eu por trás da nova identidade que carregava. Deixei para trás meu pais , sem olhar para trás, e procurei abrigo na Sérvia, onde esperava encontrar algum tipo de refúgio.

No entanto, minha adaptação na Sérvia foi muito desafiadora. Eu tinha apenas vinte anos quando me mudei para o país, e a cultura, o idioma e as normas sociais eram completamente diferentes dos quais eu estava acostumada. Cada dia era um desafio, uma luta constante para me encaixar em um mundo novo e desconhecido.

Por sorte, eu sabia um pouco de inglês, o que me permitiu encontrar um emprego inicialmente como atendente em um café local. Foi um começo modesto, mas aquela oportunidade me proporcionou a chance de aprender mais sobre as pessoas e a sociedade sérvia. Aos poucos, eu ia me adaptando e ganhando confiança nesse novo cenário que se desdobrava diante de mim.

Apesar das dificuldades, eu não desisti dos meus sonhos. A perseverança me guiou a novas oportunidades e, alguns meses depois, consegui uma bolsa para cursar medicina em uma faculdade local.

...

“Passaram-se seis anos desde que cheguei à Sérvia. Fiz vários ajustes e uma série de mudanças de vida. Consegui me formar em medicina e, apesar dos desafios, consegui um emprego no hospital local. No entanto, uma noite mudou o curso da minha vida mais uma vez. No plantão de urgência e emergência, a sala de espera estava silenciosa quando, de repente, as portas duplas se abriram abruptamente e o caos irrompeu.

Os enfermeiros corriam de um lado para o outro, manuseando equipamentos de maneira frenética. No meio deles, identifiquei um homem de rosto pálido sendo trazido apressadamente em uma maca.

Perguntei tensa, como nunca estive antes, para um dos enfermeiros

- O que aconteceu? - Ele se virou para mim, tentando se equilibrar com a urgência do momento

- Ele foi baleado, doutora. Um tiro no peito e outro no abdômen- ele informou.

- Doutora, ele está sem batimentos - A voz frenética de uma das enfermeiras me trouxe de volta à realidade. Corri para o lado do homem, com o coração martelando em meu peito, e ordenei que ligassem o desfibrilador.

- Afastem -se !- Gritei, tomando cuidado para garantir que todos ao redor estivessem a salvo. Posicionei as pás do desfibrilador no peito do homem, uma acima do coração e a outra logo abaixo da clavícula no lado direito, assegurando-me de haver um bom contato com a pele. Isso facilitaria a passagem da corrente elétrica direto para o coração.

- Carga de duzentos- Com a máquina carregada, tentei chocá-lo novamente. Nada. Sua pele estava fria e pálida, os olhos fechados .

Desfibriladores são estranhos. Eles podem levar uma pessoa de volta à vida, mas também têm o poder de extinguir completamente qualquer chance de retorno se mal utilizados. Aplicar choques repetidos pode acabar danificando o coração. Não era esse o caso? Eu perguntei a mim mesma

- Carga de trezentos - gritei, determinada a trazer esse homem de volta da beira.

- Todos afastados!- Garanti que todos na sala estivessem seguros antes de chocá-lo mais uma vez. O corpo dele pulou com a força da energia liberada, mas quando a máquina começou a produzir o som abafado que indicava uma ausência de pulso, meu coração caiu.

Enquanto a enfermeira preparava uma nova dose de epinefrina, continuei com as compressões torácicas, contando em minha cabeça cada batida profunda e forte contra seu peito na esperança de que seu coração pudesse pegar o ritmo.

- Carga !- Anunciei novamente, enviando outra onda de eletricidade através do corpo do homem. De repente, o ritmo voltou ao monitor, trazendo um alívio imediato. '

- Ele está de volta- gritei para a sala. Todos soltaram um suspiro coletivo de alívio e eu senti uma onda de satisfação lavar-me. Mais uma vida salva.

Depois de estabilizado e examinado, o homem foi levado às pressas para o centro cirúrgico para remover as balas. Horas se passaram antes que eu pudesse finalmente dar um suspiro de alívio. A cirurgia tinha sido um sucesso.

Decidindo verificar o estado dele, fiz meu caminho até seu quarto. Mas quando me aproximei da porta, ouvi vozes provenientes do quarto. Uma voz grave e rica em timbre se destacava.

- Como ele está? - o homem pergunta

- Agora estável, a cirurgia foi um sucesso, ele só precisa ficar em observação- O diretor explica.

- Assim que passar o período de observação, você deverá transferi-lo para um dos meus hospitais.- A voz profunda carregava uma autoridade que beirava à admoestação.

- ’Farei isso, Sr. Kovak, mas te garanto que seu irmão está seguro aqui, nada irá acontecer com ele.- O diretor respondeu, causando um nó no meu estômago. Kovak. Era uma família que todos na cidade conheciam muito bem.

-Assim espero- a resposta do Sr. Kovak pairava no ar, preenchendo a sala com uma ameaça velada. As palavras ecoaram na minha cabeça enquanto eu congelava no corredor.

Kovak. O nome que ressoava com poder e dinheiro na Sérvia. Conhecendo ou não pessoalmente, todos sabiam quem eles eram. Com uma influência que se estendia por toda a cidade, sua fama os precedia.

Mas tinha algo que só eu sabia

Um flashback atropelou meu cérebro. Lembrei-me de ouvir o nome Kovak antes. Estava sentada na mesa de jantar com meu pai e Manuel. Era uma conversa casual, mas lembro-me de Manuel ter mencionado os Kovak.

Eles são uma das famílias mais influentes da Sérvia, Manuel falou uma noite, enquanto compartilhávamos uma refeição em nossa casa.

Eu balancei a cabeça, sem realmente entender a profundidade do que ele estava dizendo. Manuel comentou também que havia suspeitas de que os Kovak estavam ligados à máfia.

Os comentários de Manuel, que se revelou um membro de uma gangue perigosa na Espanha, me fizeram acreditar que ele sabia do que estava falando. Lembrei-me do olhar sério nos olhos do meu pai quando Manuel falou sobre os Kovak. Mesmo naquela época, eu percebi que havia mais do que apenas simples fofocas nessas conversas.

Agora, estava tudo se encaixando. A presença do diretor, a pressa em salvar o homem que estava entre a vida e a morte. Balancei a cabeça, abrindo caminho para o fato assustador. Eu havia salvado a vida do irmão de uma das figuras mais temidas e poderosas da máfia sérvia.

Eu recuei um pouco mais quando a porta se abriu, revelando um homem alto, forte, com olhos verdes que brilhavam como duas esmeraldas. Ele tinha uma presença imponente e um charme magnético. Meus olhos se encontraram com os dele

- Senhor Kovak, essa é a Doutora Petrovic. Ela salvou a vida de seu irmão- o diretor do hospital comentou um pouco tenso.

O Sr. Kovak assentiu, seus olhos fixos em mim. Sentia-me nervosa por toda a situação, mas forcei um sorriso.

- Agradeço por isso Doutora - ele diz sério

Agradeci ao Sr. Kovak por suas palavras, tentando manter meu tom sereno e profissional. A tensão parecia aumentar à medida que ele me avaliava com um olhar penetrante. Era como se ele pudesse enxergar além das minhas palavras e identificar a complexidade do que estava acontecendo dentro de mim.

Ele deu um passo para o lado, abrindo espaço para que eu passasse, assim como o diretor do hospital. Conforme me aproximava da cama, meus olhos se fixaram no homem inconsciente. Seu rosto era perfeito, mesmo em repouso. Eu estava fascinada pela sua beleza, que antes eu não tinha tempo de notar durante os momentos de emergência em que lutei para salvá-lo.

Olhando para o nome em sua pulseira de identificação, Viktor Kovak , a ideia surgiu em minha mente. Se eu pudesse de alguma forma fazer esse homem se apaixonar por mim, teria uma chance de proteção contra a gangue de Manuel. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, eles descobririam onde eu estava, e precisava me preparar.

Mas ao mesmo tempo, um aviso ecoava em minha cabeça - ele era perigoso. Viktor Kovak era muito mais do que apenas um homem bonito, ele tinha uma aura de poder e influência. Meu coração acelerou diante da escolha perigosa que se apresentava.

Eu sabia que precisava ser cautelosa. Envolver-me com o mundo perigoso da máfia poderia trazer consequências imprevisíveis. Mas também sabia que a vida de um médico era imprevisível por natureza, e eu já estava arriscando minha segurança desde que escolhi fugir da Espanha

O livro não contém hots

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Comments

Sussana Rebelolo

Sussana Rebelolo

Meu Rabugento favorito /Heart/

2023-10-31

1

Wal Laranjeira

Wal Laranjeira

Autora, o primeiro capítulo já mostra que a história vai ser magnífica 😄

2023-10-31

1

Sussana Rebelolo

Sussana Rebelolo

Gente do céu fiquei até sem fôlego, já começa assim?

2023-10-31

0

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