Capítulo Nove

Viktor

Estou exausto. A semana foi um turbilhão de reuniões, negociações e decisões difíceis. Assumir o comando da máfia não é tarefa fácil, e cada dia é um desafio que testa minha determinação e habilidades. Sento-me em minha imponente mesa, esfregando as têmporas para aliviar a dor de cabeça que parece constante.

Nesse momento, há uma batida na porta do meu escritório. "Entre," eu digo, sentindo-me ao mesmo tempo irritado e curioso sobre quem poderia ser. A porta se abre, e Irina entra, sua silhueta iluminada pelo brilho fraco do abajur.

Ela se aproxima, e seus olhos penetrantes encontram os meus. Irina era uma mulher de beleza exótica, com olhos castanhos profundos e cabelos escuros que caíam em ondas sobre os ombros. Sua presença era magnética, e sua inteligência era tão afiada quanto sua aparência.

- Você parece exausto - diz ela com um sorriso enquanto se inclina sobre a mesa.

- Não é uma semana fácil - respondo, evitando seu olhar . Mas não chamei você aqui para discutir meu estado de ânimo.

Ela se endireita, sua expressão se tornando séria, pronta para ouvir minhas instruções.

- Tenho uma missão para você, Irina. Uma missão que pode nos trazer vantagens significativas - digo, observando sua reação atenta.

Ela assente, indicando que está pronta para ouvir os detalhes.

- Precisamos expandir nossos negócios para o mercado de armas. Temos um comprador em potencial na América Latina, mas precisamos ganhar sua confiança antes de fecharmos qualquer negócio. Você tem as habilidades necessárias para isso. - Explico, mantendo um tom sério.

Ela parece intrigada. A ideia de penetrar no mercado de armas é arriscada, mas as recompensas são enormes.

- Quero que você se aproxime do líder da gangue local, um homem chamado Carlos. Ele é o intermediário que pode nos conectar ao nosso comprador. Seja persuasiva, faça-o acreditar que podemos ser seus parceiros ideais. Ofereça uma pequena demonstração do nosso arsenal, para mostrar o que podemos fazer.

Ela assente novamente, compreendendo a importância da missão.

- Aja discretamente, Irina. Não podemos permitir que ninguém saiba que estamos por trás disso. Mantenha-se em contato apenas comigo e com um de nossos contatos de confiança na América Latina.

Ela acena com a cabeça, determinada.

- Confio em você, Irina. Você sabe o que está em jogo. Não nos decepcione.

- Você pode sempre confiar em mim, Viktor.

A resposta de Irina é acompanhada de um gesto que me irrita profundamente. Ela se inclina para mais perto, como se a proximidade física fosse a garantia de que estou sob seu encanto. Eu não gosto dessa intimidade, não gosto das implicações que ela traz. Claro, Irina é uma aliada valiosa, mas isso não significa que eu tenha que gostar de suas táticas.

Ela se inclina mais uma vez, desta vez para me dar um beijo na bochecha, próximo aos meus lábios

Ela ignora meu olhar de repreensão e continua falando.

- Você está muito tenso, poderíamos sair para nos divertir um pouco...

Um sorriso amargo escapa dos meus lábios. A última coisa que quero agora é diversão. Estou sobrecarregado de responsabilidades, preocupado com a expansão da máfia e com a incerteza sobre o paradeiro de Ivana.

- Não tenho tempo para isso, Irina. - Minha voz soa firme enquanto me afasto dela.

Pode ir.

Volto minha atenção para o computador, onde os números e planos se entrelaçam em um emaranhado de complexidade. Irina se afasta com um olhar intrigado, e eu posso sentir seus olhos sobre mim enquanto ela sai do meu escritório.

À medida que a porta se fecha, suspiro profundamente, sentindo o peso das minhas responsabilidades como chefe da máfia. Não tenho espaço para distrações ou envolvimentos pessoais, não quando meu foco precisa ser inabalável. A vida que escolhi é implacável, e não posso me dar ao luxo de baixar a guarda.

Meus olhos então se voltam para o porta-retratos que fica em cima da minha mesa. Ali está a foto do dia do nosso casamento, eu e Ivana, quando tudo ainda era promissor. As emoções em relação a Ivana são conflitantes, um turbilhão de amor e ódio que me consome.

-Viva ou morta... eu vou te encontrar... - sussurro olhando para a foto, meu olhar se perdendo nas feições do rosto dela congeladas na imagem.

Não vou parar até descobrir o que aconteceu com você.

Uma promessa feita no silêncio do meu escritório, com a máfia como testemunha silenciosa.

 Porque, não importa o que aconteça, eu preciso saber a verdade, e estou disposto a enfrentar tudo e todos para encontrá-la.

A ideia surge em minha mente como uma lâmpada acesa em meio à escuridão. Não posso tirar da cabeça a imagem daquela chácara, da senhora encontrada morta dias após a suposta morte de Ivana. Há algo ali, uma conexão que ainda não entendi, mas que insiste em me atormentar.

Preciso investigar mais profundamente sobre a senhora que morreu naquela chácara. Talvez haja alguma pista, alguma ligação entre sua morte e o desaparecimento de Ivana. Sei que as chances são mínimas, mas eu não posso ignorar esse sentimento que cresce dentro de mim

Levanto-me da minha mesa, determinado, e começo a traçar um plano para a nova investigação.

Passo horas a fio diante do computador, cavando fundo na vida da senhora que morreu naquela chácara. Seu nome era Ágata Jovanovc, sua nacionalidade sérvia. Até agora, não encontrei nenhuma conexão óbvia entre ela e a máfia ou a família de Ivana.

Começo a sentir o peso da frustração quando meus dedos ágeis passam por registros de e-mails, mensagens e ligações feitas por Ágata. Nada parece relevante, até que me deparo com uma ligação que chama minha atenção. Foi feita no dia em que Ivana pulou naquele maldito rio, apenas algumas horas após o suposto suicídio.

A ligação foi feita para o celular de Mila. Meu coração dispara enquanto acesso o banco de dados para recuperar a gravação da ligação.

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