capítulo onze

Ivana

Após o jantar, lavo as louças e faço minha higiene. Troco minhas roupas, deixando de lado o disfarce que uso durante o dia. A noite é o momento em que posso ser eu mesma. A noite é o momento em que me permito ser vulnerável. Deito-me na cama, alisando suavemente minha barriga, onde cresce meu filho . Logo, o sono começa a me envolver.

No meio da noite, sou arrancada de meus sonhos por um barulho vindo da sala. Primeiro, penso ser o vento, mas o barulho persiste e então ouço os sons dos passos. Meu coração começa a bater descontroladamente, e um arrepio percorre minha espinha. Viro-me cautelosamente na cama, mantendo-me em silêncio, esperando que seja apenas minha imaginação. No entanto, os passos continuaram.

Com muito cuidado, levanto -me da cama. Ao chegar à porta, observo a silhueta de um homem alto e musculoso entrando no quarto que preparei para o meu filho . O coração quase salta do meu peito enquanto eu observo a cena com medo crescente.

Vou até o banheiro no meu quarto e pego um rodo que sempre deixo ali para secar o chão do banho. É um instrumento frágil, mas é tudo o que eu tenho. Com passos silenciosos, vou ao quarto de Vittorio,e vejo o homem de costas, observando o berço.

Aproveito a distração dele e avanço com o rodo em punho, tentando atingi-lo. No entanto, no momento em que me aproximo , o homem vira rapidamente. Com um movimento ágil, ele tira o rodo das minhas mãos com facilidade impressionante, o jogando para longe . Sua força me surpreende e meu coração acelera ainda mais.

Ele agarra minha cintura, puxando-me para ele. Minha boca é coberta por uma das mãos do homem, impedindo-me de gritar. O medo que sinto é avassalador, mas, estranhamente, meu olfato detecta um perfume masculino familiar. É uma fragrância que eu conhecera antes, mas minha mente esta tão tomada pelo terror que não consigo identificá-lo.

-Chefe, está tudo bem? - ouvi uma voz masculina vinda de trás de mim. A luz se acendeu, e consegui ver o homem que me segurava. Um par de olhos verdes, brilhantes como esmeraldas, estavam fixos em mim.

- Estava com saudades, minha querida esposa? - Viktor deu um sorriso irônico. Apesar do meu estado de pânico, não pude deixar de notar como ele estava diferente. Mais magro, com olheiras ao redor dos olhos, como se não dormisse há dias. Mesmo assim, ele continua lindo

Fiquei paralisada nos braços de Viktor. Meu coração disparava, e meu corpo tremia diante da ameaçadora presença dele. Apesar do tempo que passou desde que nos vimos pela última vez, ele ainda tinha o mesmo efeito sobre mim, essa aura dominante que eu não conseguia ignorar.

- Vou tirar a mão da sua boca. É melhor ficar quieta, se não quiser levar um tiro - Viktor falou no meu ouvido, sua voz rouca e ameaçadora. Um calafrio percorreu minha espinha ao ouvir suas palavras.

Lentamente, ele retirou a mão da minha boca, mas manteve o aperto em minha cintura de forma possessiva. A sensação de seu toque era uma mistura aterrorizante de familiaridade e perigo iminente. Minha mente estava em turbilhão, tentando entender o que estava acontecendo.

Ele ainda me segurava com um braço e com a outra mão pegou a arma que estava na cintura

- Viktor... - sussurrei, minha voz trêmula. Meus olhos se encontraram com os dele, e ali, naquele momento tenso, tudo que já vivemos parecia se desenrolar diante de mim.

No entanto, Viktor franziu o cenho e desviou o olhar para atrás de mim. Eu mal tive tempo de processar o que estava acontecendo quando ele fez um sinal com a cabeça para o homem que estava atrás de mim. Em um movimento rápido e brutal, meus braços foram puxados para trás, e o homem começou a amarrar minhas mãos e pés. Tentei me esquivar de Viktor e do homem, mas ele ainda estava segurando meu corpo, me impedindo de me mover.

Após me amarrarem, tentei manter a calma e argumentar com Viktor enquanto ele me carregava para fora do apartamento.

- Me solte, Viktor... Vamos conversar... Não é necessário fazer isso - implorei, minha voz soando desesperada.

Ele permaneceu sério, sem dizer uma palavra. No fundo, seus olhos mostravam uma mistura de emoções que eu não conseguia decifrar.

- O prédio tem câmeras, acha que não vão ver você me sequestrando? - perguntei, tentando encontrar algum ponto de racionalidade em sua mente.

Ele apenas me olhou com desprezo, sem se abalar.

- Por acaso você já se esqueceu quem eu sou? Já dei um jeito nisso - respondeu Viktor enquanto me carregava em direção ao estacionamento.

Um dos homens de Viktor abriu a porta do carro, e ele me colocou sentada no banco do passageiro. Meus pensamentos estavam em turbilhão, e o medo do desconhecido me consumia enquanto Viktor entrava no carro ao meu lado.

O motorista deu a partida, e o carro começou a se mover, mas eu estava apreensiva demais para prestar atenção para onde estávamos indo.

- Para onde está me levando? Meu bebê... Viktor, eu não posso passar por tanto estresse - implorei, minha voz tremendo de preocupação.

O olhar de Viktor pairou sobre a minha barriga pela primeira vez desde que ele me encontrou. Havia algo nesse olhar que eu não conseguia identificar claramente, mas a expressão dura de Viktor se suavizou um pouco. No entanto, ela logo se tornou severa novamente quando seus olhos voltaram para o meu rosto.

- Se importasse tanto com essa criança, você não teria feito o que fez - disse Viktor com rudeza, interrompendo qualquer tentativa de explicação que eu pudesse ter.

- Eu ... - comecei a falar, mas Viktor me cortou com firmeza.

- Quieta, não quero ouvir suas desculpas... não estou com paciência, Ivana. Se quer ficar viva até o fim desta viagem, é melhor manter a boca fechada - ele disse com irritação.

Eu obedeci, mantendo-me em silêncio. Tinha medo de provocar ainda mais a fúria de Viktor. Ele virou o rosto para olhar pela janela, e eu o observei ansiosamente pelo canto do olho. Queria desesperadamente me explicar para ele, mas agora não parecia ser o momento certo, dada a instabilidade emocional de Viktor. Meu coração batia forte de nervosismo, e eu não fazia ideia para onde estávamos indo.

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