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Sob O Fogo Cruzado - Série Filhos Da Máfia

Capítulo Um

Atenção esse é o segundo livro da série filhos da Máfia, para melhor compreensão é necessário ler o primeiro livro " Sob o olhar do Demônio"

Ivana( Sara )

Estava tudo escuro ao redor enquanto eu corria pelas ruas estreitas e sinuosas de Sevilha. O ar frio da noite invadia meus pulmões enquanto meus pés ecoavam nas pedras irregulares do calçamento. Meu coração batia descompassado e minhas mãos suavam segurando firmemente a arma que peguei do armário do meu pai, Miguel, um vigilante da cidade.

Cada passo que eu dava era impulsionado pelo medo e pela adrenalina que corria em minhas veias. As imagens aterrorizantes do rosto de Manuel, o homem poderoso e ex-amigo da família que se tornara obcecado por mim, inundavam minha mente. Ele havia cruzado uma linha perigosa e agora eu estava lutando pela minha vida.

Manuel, outrora amigo de confiança da minha família, revelou seu verdadeiro caráter como chefe de uma poderosa gangue na cidade. Meu pai havia cortado seus laços com ele, mas isso não foi o suficiente para afastar sua obsessão por mim. Por respeito aos meus pais, eu sempre o tratara com cordialidade, mas sempre fui cautelosa ao seu redor.

No entanto, tudo havia mudado quando ele invadiu minha casa na ausência dos meus pais, tentando abusar de mim. O pânico tomou conta de mim enquanto eu corria desesperadamente até o quarto do meu pai e agarrei a arma que ele guardava. Não tive outra escolha senão usar o único meio de defesa que estava disponível.

Um disparo ecoou pela casa quando a bala encontrou seu alvo mortal no corpo de Manuel. O olhar de surpresa e dor em seu rosto ficou gravado em minha mente quando ele caiu no chão. Porém, o som do tiro alertou seus homens que estavam do lado de fora da casa, e eles invadiram imediatamente.

Com uma mistura de desespero e coragem, saltei pela janela, aproveitando a vantagem das janelas baixas da nossa casa. Os homens de Manuel foram rápidos em perseguir-me pelas ruas de Sevilha. Cada passo era uma luta contra a exaustão e a dor que se espalhava por todo o meu corpo, mas eu não podia desistir.

Os becos estreitos e labirínticos da cidade se tornaram meu refúgio temporário. Entrei em um beco escuro, torcendo para que eles perdessem meu rastro. Meu coração pulsava em meus ouvidos enquanto eu me escondia nas sombras, buscando silêncio e uma saída segura para minha fuga.

Ainda envolta pela escuridão do beco, ouvi os homens passando por perto, suas vozes nervosas ecoando pelas paredes estreitas. Continuei imóvel, com o coração na boca

As vozes dos homens finalmente se distanciaram, dissipando-se na noite. Senti um alívio momentâneo, mas a tensão continuava quase palpável no ar. Permaneci imóvel, com o coração martelando dentro do meu peito, esperando alguns minutos antes de me aventurar a deixar o beco.

Caminhei lentamente, com passos cautelosos, cada som ecoando como uma bomba dentro da minha cabeça. Levei horas para finalmente sair daquele labirinto de ruas escuras e becos estreitos. Durante todo o caminho, minha mente estava inquieta, pesando as opções que tinha pela frente.

Eu sabia que não podia simplesmente correr para a delegacia e contar o que aconteceu. Era minha palavra contra a deles, e a perspectiva de ser presa por um crime que tentei evitar era aterrorizante. Além disso, eu estava ciente de que minha vida e a vida de meus pais corriam perigo.Homens leais a Manuel certamente iriam querer vingança pela morte de seu líder.

Meu celular começou a tocar, fazendo-me dar um salto de susto. Com as mãos trêmulas, tirei-o do bolso e atendi a ligação. A voz do outro lado da linha soava tensa e preocupada.

- Graças a Deus você atendeu, eu achei que você também... - pude ouvir a voz preocupada de minha tia do outro lado da linha.

- Tia Lúcia ... que bom poder falar com você. Aconteceu uma coisa terrível - disse, com a voz trêmula, dificultando a formação das palavras.

- Eu sei, Sara... eu sinto muito... As notícias estão em todas as matérias na televisão. Só se fala disso. Eu estava desesperada, achando que você também havia sido uma vítima. Minha irmã... meu cunhado... não mereciam morrer dessa forma. - As palavras de minha tia ecoaram em meu peito, acertando-me como um punhal de gelo.

Meu coração disparou dentro do peito e uma sensação de vazio e desespero tomou conta de mim enquanto eu perguntava, com a voz trêmula:

- Morrer? Tia, do que você está falando? O que aconteceu com meus pais?

Houve um breve silêncio do outro lado da linha antes de minha tia responder, sua voz aveludada pela tristeza:

- O incêndio, Sara... O incêndio em sua casa que ocorreu alguns minutos depois que eles chegaram , Manuel também estava na casa ... eles não conseguiram escapar. A notícia se espalhou rapidamente. O fogo consumiu tudo. Você me disse que algo terrível aconteceu, não era disso que estava falando?

Eu me senti atordoada, sem ar. As palavras pareciam não fazer sentido, deixando um buraco em meu peito. Meus pais... mortos em um incêndio. Era difícil compreender a realidade daquilo. Minhas pernas fraquejaram e caí no chão, as lágrimas começando a escorrer pelo meu rosto.

Enquanto a tristeza me dominava, uma sensação de ira tomava conta de mim. A gangue de Manuel... eu sabia que eles estavam envolvidos, de uma forma ou de outra. Eu havia matado Manuel e eles iriam tirar tudo de mim

O mundo ao meu redor parecia desmoronar enquanto eu permanecia no chão, minha mente em um turbilhão de emoções. Minha vida tinha virado de cabeça para baixo em um instante

Nos dias seguintes, senti-me paralisada pela incerteza. Eu sabia que não podia contar a verdade sobre a morte de Manuel e meus pais a ninguém. A gangue estava sempre à espreita, pronta para buscar vingança e não hesitaria em destruir tudo que me restava.

Então, a notícia terrível chegou: minha tia Lucia, foi morta em uma tentativa de assalto. Seu falecimento só aumentou as minhas suspeitas de que a gangue de Manuel estava por trás de tudo isso.

Vivi em um estado constante de medo e paranoia, escondendo-me em becos e vielas ocultas. A escuridão da noite tornou-se minha aliada, enquanto eu forjava uma nova identidade para mim. Com a ajuda de um primo, consegui criar documentos falsos e assumir a identidade de Ivana Petrovic, uma mulher Sérvia cujos pais haviam falecido em um acidente de avião, nos forjamos também uma certidão de nascimento, eu sempre contava a história de que havia me mudado para o japão ainda muito jovem e quando meus pais faleceram eu resolvi voltar para a Sérvia . Era arriscado, mas a única maneira de começar uma vida nova e deixar para trás o passado trágico.

Cada passo era cauteloso, cada olhar era desconfiado. Aprendi a confiar apenas em minha intuição aguçada e a esconder meu verdadeiro eu por trás da nova identidade que carregava. Deixei para trás meu pais , sem olhar para trás, e procurei abrigo na Sérvia, onde esperava encontrar algum tipo de refúgio.

No entanto, minha adaptação na Sérvia foi muito desafiadora. Eu tinha apenas vinte anos quando me mudei para o país, e a cultura, o idioma e as normas sociais eram completamente diferentes dos quais eu estava acostumada. Cada dia era um desafio, uma luta constante para me encaixar em um mundo novo e desconhecido.

Por sorte, eu sabia um pouco de inglês, o que me permitiu encontrar um emprego inicialmente como atendente em um café local. Foi um começo modesto, mas aquela oportunidade me proporcionou a chance de aprender mais sobre as pessoas e a sociedade sérvia. Aos poucos, eu ia me adaptando e ganhando confiança nesse novo cenário que se desdobrava diante de mim.

Apesar das dificuldades, eu não desisti dos meus sonhos. A perseverança me guiou a novas oportunidades e, alguns meses depois, consegui uma bolsa para cursar medicina em uma faculdade local.

...

“Passaram-se seis anos desde que cheguei à Sérvia. Fiz vários ajustes e uma série de mudanças de vida. Consegui me formar em medicina e, apesar dos desafios, consegui um emprego no hospital local. No entanto, uma noite mudou o curso da minha vida mais uma vez. No plantão de urgência e emergência, a sala de espera estava silenciosa quando, de repente, as portas duplas se abriram abruptamente e o caos irrompeu.

Os enfermeiros corriam de um lado para o outro, manuseando equipamentos de maneira frenética. No meio deles, identifiquei um homem de rosto pálido sendo trazido apressadamente em uma maca.

Perguntei tensa, como nunca estive antes, para um dos enfermeiros

- O que aconteceu? - Ele se virou para mim, tentando se equilibrar com a urgência do momento

- Ele foi baleado, doutora. Um tiro no peito e outro no abdômen- ele informou.

- Doutora, ele está sem batimentos - A voz frenética de uma das enfermeiras me trouxe de volta à realidade. Corri para o lado do homem, com o coração martelando em meu peito, e ordenei que ligassem o desfibrilador.

- Afastem -se !- Gritei, tomando cuidado para garantir que todos ao redor estivessem a salvo. Posicionei as pás do desfibrilador no peito do homem, uma acima do coração e a outra logo abaixo da clavícula no lado direito, assegurando-me de haver um bom contato com a pele. Isso facilitaria a passagem da corrente elétrica direto para o coração.

- Carga de duzentos- Com a máquina carregada, tentei chocá-lo novamente. Nada. Sua pele estava fria e pálida, os olhos fechados .

Desfibriladores são estranhos. Eles podem levar uma pessoa de volta à vida, mas também têm o poder de extinguir completamente qualquer chance de retorno se mal utilizados. Aplicar choques repetidos pode acabar danificando o coração. Não era esse o caso? Eu perguntei a mim mesma

- Carga de trezentos - gritei, determinada a trazer esse homem de volta da beira.

- Todos afastados!- Garanti que todos na sala estivessem seguros antes de chocá-lo mais uma vez. O corpo dele pulou com a força da energia liberada, mas quando a máquina começou a produzir o som abafado que indicava uma ausência de pulso, meu coração caiu.

Enquanto a enfermeira preparava uma nova dose de epinefrina, continuei com as compressões torácicas, contando em minha cabeça cada batida profunda e forte contra seu peito na esperança de que seu coração pudesse pegar o ritmo.

- Carga !- Anunciei novamente, enviando outra onda de eletricidade através do corpo do homem. De repente, o ritmo voltou ao monitor, trazendo um alívio imediato. '

- Ele está de volta- gritei para a sala. Todos soltaram um suspiro coletivo de alívio e eu senti uma onda de satisfação lavar-me. Mais uma vida salva.

Depois de estabilizado e examinado, o homem foi levado às pressas para o centro cirúrgico para remover as balas. Horas se passaram antes que eu pudesse finalmente dar um suspiro de alívio. A cirurgia tinha sido um sucesso.

Decidindo verificar o estado dele, fiz meu caminho até seu quarto. Mas quando me aproximei da porta, ouvi vozes provenientes do quarto. Uma voz grave e rica em timbre se destacava.

- Como ele está? - o homem pergunta

- Agora estável, a cirurgia foi um sucesso, ele só precisa ficar em observação- O diretor explica.

- Assim que passar o período de observação, você deverá transferi-lo para um dos meus hospitais.- A voz profunda carregava uma autoridade que beirava à admoestação.

- ’Farei isso, Sr. Kovak, mas te garanto que seu irmão está seguro aqui, nada irá acontecer com ele.- O diretor respondeu, causando um nó no meu estômago. Kovak. Era uma família que todos na cidade conheciam muito bem.

-Assim espero- a resposta do Sr. Kovak pairava no ar, preenchendo a sala com uma ameaça velada. As palavras ecoaram na minha cabeça enquanto eu congelava no corredor.

Kovak. O nome que ressoava com poder e dinheiro na Sérvia. Conhecendo ou não pessoalmente, todos sabiam quem eles eram. Com uma influência que se estendia por toda a cidade, sua fama os precedia.

Mas tinha algo que só eu sabia

Um flashback atropelou meu cérebro. Lembrei-me de ouvir o nome Kovak antes. Estava sentada na mesa de jantar com meu pai e Manuel. Era uma conversa casual, mas lembro-me de Manuel ter mencionado os Kovak.

Eles são uma das famílias mais influentes da Sérvia, Manuel falou uma noite, enquanto compartilhávamos uma refeição em nossa casa.

Eu balancei a cabeça, sem realmente entender a profundidade do que ele estava dizendo. Manuel comentou também que havia suspeitas de que os Kovak estavam ligados à máfia.

Os comentários de Manuel, que se revelou um membro de uma gangue perigosa na Espanha, me fizeram acreditar que ele sabia do que estava falando. Lembrei-me do olhar sério nos olhos do meu pai quando Manuel falou sobre os Kovak. Mesmo naquela época, eu percebi que havia mais do que apenas simples fofocas nessas conversas.

Agora, estava tudo se encaixando. A presença do diretor, a pressa em salvar o homem que estava entre a vida e a morte. Balancei a cabeça, abrindo caminho para o fato assustador. Eu havia salvado a vida do irmão de uma das figuras mais temidas e poderosas da máfia sérvia.

Eu recuei um pouco mais quando a porta se abriu, revelando um homem alto, forte, com olhos verdes que brilhavam como duas esmeraldas. Ele tinha uma presença imponente e um charme magnético. Meus olhos se encontraram com os dele

- Senhor Kovak, essa é a Doutora Petrovic. Ela salvou a vida de seu irmão- o diretor do hospital comentou um pouco tenso.

O Sr. Kovak assentiu, seus olhos fixos em mim. Sentia-me nervosa por toda a situação, mas forcei um sorriso.

- Agradeço por isso Doutora - ele diz sério

Agradeci ao Sr. Kovak por suas palavras, tentando manter meu tom sereno e profissional. A tensão parecia aumentar à medida que ele me avaliava com um olhar penetrante. Era como se ele pudesse enxergar além das minhas palavras e identificar a complexidade do que estava acontecendo dentro de mim.

Ele deu um passo para o lado, abrindo espaço para que eu passasse, assim como o diretor do hospital. Conforme me aproximava da cama, meus olhos se fixaram no homem inconsciente. Seu rosto era perfeito, mesmo em repouso. Eu estava fascinada pela sua beleza, que antes eu não tinha tempo de notar durante os momentos de emergência em que lutei para salvá-lo.

Olhando para o nome em sua pulseira de identificação, Viktor Kovak , a ideia surgiu em minha mente. Se eu pudesse de alguma forma fazer esse homem se apaixonar por mim, teria uma chance de proteção contra a gangue de Manuel. Sabia que, mais cedo ou mais tarde, eles descobririam onde eu estava, e precisava me preparar.

Mas ao mesmo tempo, um aviso ecoava em minha cabeça - ele era perigoso. Viktor Kovak era muito mais do que apenas um homem bonito, ele tinha uma aura de poder e influência. Meu coração acelerou diante da escolha perigosa que se apresentava.

Eu sabia que precisava ser cautelosa. Envolver-me com o mundo perigoso da máfia poderia trazer consequências imprevisíveis. Mas também sabia que a vida de um médico era imprevisível por natureza, e eu já estava arriscando minha segurança desde que escolhi fugir da Espanha

O livro não contém hots

Capítulo Dois

Ivana

Passado...

Eu me tornei uma verdadeira stalker de Viktor Kovak. Não nego. Pesquisei tudo o que pude sobre ele, procurei em cada evento e reunião em que ele estivesse presente. Era uma mistura de atração intensa e desespero para me proteger da gangue de Manuel.

Eu havia salvado a vida de Viktor, mas salvar vidas faz parte do cotidiano de um médico então não recebi nenhuma recompensa por isso

Não demorou muito para que Viktor finalmente aceitasse sair comigo,Começamos a ficar juntos, mas rapidamente percebi que ele não queria nada sério. Sua natureza era volúvel, e eu me encontrava constantemente lutando com meus sentimentos por ele, equilibrando meu desejo de estar com ele e minha necessidade de proteção.

Além disso, Marko Kovak, o chefe da máfia sérvia e irmão mais velho de Viktor, não parecia aprovar nosso relacionamento. Ele fazia questão de me mostrar seu descontentamento

Tentei engravidar por meses, mas sem sucesso. A frustração crescia dentro de mim enquanto me via cada vez mais envolvida em um jogo perigoso de aparências. Foi então que decidi buscar ajuda. Minha colega de trabalho, Zora, era obstetra e tinha o conhecimento necessário para me auxiliar nessa farsa.

Inicialmente, Zora se recusou a me ajudar, preocupada com as consequências que isso poderia trazer para a carreira dela. Mas eu prometi a ela que usaria minha influência como esposa de Viktor para ajudá-la a avançar em sua carreira. Ela relutantemente concordou em me auxiliar.

Algumas semanas depois, eu estava oficialmente casada com Viktor. A farsa da gravidez estava em andamento. Zora me proporcionava exames e documentos falsos, sustentando a ilusão. Eu sabia que estava brincando com fogo, mas o desejo de segurança e a possibilidade de ficar ao lado de Viktor me impulsionavam.

No entanto, eu vivia com o medo constante de minha farsa ser descoberta. O peso da mentira pendia sobre mim a cada interação com Viktor, cada olhar frio de Marko. Sabia que estava envolvida em um jogo perigoso que poderia acabar com tudo que construí. Mas, por enquanto, eu me agarrava às minhas esperanças de que essa jogada de risco poderia trazer algum tipo de felicidade e segurança para minha vida turbulenta.

Presente...

  Deitada na cama do hospital, contemplo o olhar severo de Marko Kovak sobre mim. Ele é um homem bonito, eu tenho que admitir, mas em relação a Viktor , nada se compara. Viktor é o homem mais belo, charmoso e encantador que eu já conheci. E agora ele me odeia , depois de descobrir toda a verdade.

Acabei de contar toda a minha história a Marko, omitindo apenas que Zora me ajudou com a farsa da gravidez. Não consigo decifrar o olhar de Marko, ele sempre foi discreto sobre seus sentimentos. Tenho medo de que ele atire em mim novamente.

Marko se levanta da poltrona e caminha em direção a mim.

- Quem te ajudou a forjar a gravidez?- ele pergunta com uma voz severa.

- Ninguém... eu fiz tudo sozinha - eu minto, tentando proteger minha amiga.

- Acha que sou idiota o suficiente para acreditar que você conseguiu armar tudo isso sozinha?- Marko dá um sorriso sarcástico.

- Sou médica... não foi difícil forjar essa gravidez- insisto, esperando que ele acredite.

Olho para sua expressão enquanto ele me observa. Parece que Marko está analisando cada palavra e cada movimento meu.

- Mesmo com a corda no pescoço, você continua mentindo, Ivana... sua expressão corporal não mente... Mas eu vou descobrir, e todos os responsáveis vão pagar, assim como você...- ele diz severo.

O medo aperta meu peito.

- Então, mesmo depois de tudo o que eu contei, ainda estou condenada à morte?

Marko parece ponderar por um momento, antes de finalmente falar.

- Conte toda a verdade a Viktor, e ele irá decidir o seu destino- ele diz sério.

- Tentei ligar para ele, mas ele não atende... você... poderia pedir para ele vir falar comigo?- peço a Marko, que assente

Eu me sentei na cama do hospital, esperando para falar com Mila. Talvez fosse um ato de desespero, talvez eu simplesmente precisasse de um pouco de conforto. Independentemente de qual fosse o motivo, queria agradecê-la por ter convencido Marko a me ouvir e também queria abraçá-la uma última vez, sabendo que talvez nunca mais a veria.

- Eu gostaria de falar com Mila, também Eu posso? - perguntei a Marko, me referindo à sua esposa.

- Sobre o que? - Marko questiona , de maneira rude.

- Gostaria de agradecê-la por ter me dado a oportunidade de contar minha versão da história e também de dar um último abraço, já que talvez eu não a veja mais - expliquei.

- Certo, mas não conte a ela sobre o que conversamos. Não quero envolver minha esposa em toda essa sujeira - Marko disse, e eu apenas assenti em concordância.

Marko sai pela porta do quarto, e pouco tempo depois, Mila entra. Seu rosto exibia uma expressão séria e preocupada.

Vejo Mila se aproximar com carinho e um olhar de preocupação em seu rosto

- Mila, que bom que você veio - sorrio entre as lágrimas, enquanto ela me abraça.

- Obrigada por ter convencido Marko a me ouvir - agradeço, sentindo um misto de gratidão e apreensão.

Ela segura minha mão e busca meus olhos antes de fazer a próxima pergunta, claramente preocupada.

- O que ele te disse? Ele vai manter a decisão de te executar? - Mila pergunta, seu tom carregado de preocupação genuína.

-Ele não comentou sobre isso, mas deixou claro que não deveria ter mentido para eles... - confesso, com tristeza tomando conta de mim

-Ivana, o que você está escondendo? Por que não me conta? - sua preocupação é palpável, e sua vontade de me ajudar é evidente.

-É uma longa história... - suspiro, ciente de que estou tentando protegê-la.

- Não quero que essa situação prejudique seu relacionamento com Marko. Seja qual for a decisão dele, saiba que ele está fazendo o que acredita ser o certo... e tenho apenas um pedido a fazer... Viktor vai precisar muito do apoio de Marko, Filip e o seu quando eu não estiver mais aqui... - revelo, com meus olhos se enchendo de lágrimas.

- Ivana, do que você está falando? Por que isso soa como uma despedida? Você realmente acredita que sua conversa com Marko não o fez repensar sua decisão? - Mila pergunta, angustiada.

- Vai ficar tudo bem - sorrio, chamando-a para mais um abraço, ciente de que não respondi adequadamente às suas perguntas.

Continuo abraçada a ela, torcendo para que tudo se resolva e que haja um caminho para um final feliz.

De repente, ouvimos batidas na porta. Ela se abre e Marko entra, seu olhar sério e determinado.

- Precisamos ir - ele diz, olhando para Mila.

Sinto meu coração acelerar enquanto olho para Mila. Um sorriso triste se forma em meus lábios enquanto tento me despedir dela com o olhar.

Mila me devolve o sorriso, seus olhos cheios de compreensão e apoio.

Eu me pego pensando sobre Viktor e o quanto nossa situação é complicada. Ainda o amo, isso é inegável, mas também estou ciente das dores que ele me causou e que eu também o causei . A traição ainda ecoa em minha mente, trazendo consigo um amargor profundo.

Mas eu também tive minha parcela de erros. A confiança quebrada é uma via de mão dupla e, por mais que a mágoa me consuma, sei que também sou responsável pelo que aconteceu entre nós.

Agora, diante da possibilidade de falar com Viktor, minha angústia aumenta. Eu não sei se ele estará disposto a me ouvir, se ainda há uma chance para nós. Mas algo dentro de mim se agarra a uma pequena faísca de esperança, afirmando que talvez haja uma maneira de consertar o que foi quebrado.

Viktor

Sento-me no sofá do meu apartamento, segurando um copo de whisky em uma das mãos. Minha cabeça dói intensamente, enquanto a realidade dos últimos cinco anos começa a se desdobrar diante de mim. Ivana me enganou durante todo esse tempo, mentindo sobre nosso filho. A dor de acreditar que perdi meu filho durante todos esses anos agora desaba sobre mim, misturada com uma fúria crescente em relação a Ivana.

Por que ela fez isso? Por que ela mentiu para mim durante todos esses anos? - pergunto a mim mesmo em voz alta, minha voz permeada de raiva e decepção.

Meus pensamentos são interrompidos pelo som do meu celular tocando, tirando-me de minha tormenta interior. Olho para a tela para ver o nome do meu irmão mais velho brilhando. Marko.

- Viktor - ouço a voz de Marko do outro lado da linha.

- Algum problema, Marko? - pergunto, minha voz carregada de frustração.

- Ivana quer falar com você - suspiro, sentindo a frustração aumentar ainda mais.

- Não sei se quero falar com ela - digo, minha voz revelando a turbulência de emoções que estou vivenciando.

- Essa é uma decisão sua... de qualquer forma, você é quem vai decidir se Ivana vive ou morre, então seria interessante ouvi-la antes de tomar qualquer decisão - comenta Marko, acrescentando mais um peso à minha consciência.

- Preciso pensar... Há mais alguma coisa que você queira me dizer? - pergunto a meu irmão.

- Não, é só isso - responde Marko.

- Certo, obrigado, irmão - me despeço antes de Marko desligar o telefone.

Abaixo o telefone e solto um suspiro pesado, mergulhando novamente nos meus pensamentos tumultuados. Antes que eu possa me perder completamente neles, vejo Filip se aproximando e se sentando ao meu lado no sofá.

- Você deveria escutar Ivana antes de tomar qualquer decisão - diz Filip, com seu tom de voz amigável.

Levanto uma sobrancelha para ele, um olhar de questionamento.

- Não te disseram que é falta de educação ficar ouvindo a conversa dos outros? - respondo

-Aprendi com você - diz Filip, com um sorriso divertido.

-Só escuto a conversa dos outros quando é necessário - me defendo em tom sério.

- Nesse caso também foi necessário afinal a vida na minha amiga está em risco e preciso ajudá-la - Filip diz

Resisto ao impulso de sorrir. Filip sempre foi próximo a Ivana, e no começo eu sentia ciúmes, mas com o tempo percebi que eles eram como irmãos

- Irei escutá-la quando ela tiver alta do hospital. Por enquanto, vá para casa e me deixe em paz - comento, tentando descontrair a situação.

Filip responde com falsa indignação.

- Está me expulsando? - ele pergunta.

- Claro, se eu não fizer isso, você vai tomar conta da minha casa - digo, soltando um sorriso.

Filip ri e continua brincando.

- Ok, ok. Mas só vou embora porque tenho assuntos a resolver. Se não fosse isso, eu ficaria por mais tempo - diz ele.

Assinto com a cabeça, agradecido pela presença de Filip em momentos como esse.

O livro não contém Hots

Capítulo Três

Ivana

 Olhando pela janela enquanto a noite avança lentamente. Esperava que Viktor viesse me dar uma chance de explicar, mas ele ainda não apareceu. Lágrimas começam a embaçar minha visão, e eu suspiro profundamente.Recordo o bilhete que Zora me deu. É um plano arriscado, mas, considerando as circunstâncias, pode ser minha única saída. As palavras dela ressoam na minha mente, me dando um fio de esperança.

Discretamente, alcanço o embrulho que escondi sob o estrado da cama. Lá dentro estão três pílulas: duas para diminuir meus batimentos cardíacos e uma para aliviar a dor. É um último recurso, um plano que pode me ajudar a sobreviver a essa situação.

Deslizo o embrulho discretamente dentro do meu sutiã e, com um coração acelerado, pressiono o botão de chamada. A enfermeira logo chega ao quarto, pronta para me ajudar. Peço auxílio para ir ao banheiro, já que minha perna está enfaixada, e ela prontamente concorda.

Quando a porta do banheiro se fecha , aproveito o momento. Retiro o embrulho e vejo as três pílulas lá dentro

Não há tempo a perder. Tiro as pílulas e as tomo com água da pia do banheiro. Sinto a ansiedade aumentar enquanto a realidade do que estou prestes a fazer se instala.

Depois de engolir as pílulas, chamo a enfermeira de volta . Novamente ela me ajuda a voltar para cama .Pergunto a ela se poderia me fornecer papel e caneta, alegando que quero escrever uma mensagem para meu marido. Ela assente e entrega os itens solicitados.

Assim que a enfermeira sai do quarto e fecha a porta atrás de si, eu me preparo. Não sei o que Zora planejou para me tirar do hospital, mas minha única escolha agora é seguir esse plano arriscado. Estou disposta a qualquer coisa para sobreviver, mesmo que isso signifique simular meu próprio suicídio. A incerteza sobre o que está por vir me assombra, mas é minha única chance de escapar do fogo cruzado em que me encontro.

Com a caneta em mãos, começo a escrever a carta de despedida para Viktor. Cada palavra que risco no papel é uma lágrima silenciosa que derramo. Meu coração está despedaçado, pois eu amo Viktor, mesmo que as circunstâncias tenham nos separado.

"Meu amor,Eu esperava que você pudesse me ouvir antes de qualquer coisa. Eu te esperei todos esses dias na esperança de poder te contar a minha história e o que me levou a armar tudo isso. Marko esteve aqui, e eu contei tudo para ele... Eu esperava que pudesse ver seu rosto pela última vez...

Eu te amo, Viktor, apesar de tudo. Você foi o único homem que amei e amarei, onde estiver... Eu não suporto a ideia de ser morta pelo homem que amo. Peço perdão por toda a dor que te causei e que consiga um dia entender o meu lado...

Mais uma vez, eu te amo. Obrigada por todos esses anos que passamos juntos.

Com amor,Ivana"

Uma lágrima solitária escorre pelo meu rosto quando termino de escrever as últimas palavras. Gostaria que as coisas fossem menos complicadas, que pudéssemos estar juntos de alguma forma. Mas, no momento, minha prioridade é sobreviver.

Sinto os efeitos das pílulas tomando conta do meu corpo. Meus batimentos cardíacos desaceleram, e a dor na perna parece diminuir. É hora de seguir o plano. Dobrei cuidadosamente a carta e a deixo na estante próxima à cama, visível o suficiente para que alguém a encontre.

Com uma sensação de resignação, puxo o fio que conecta o equipo ao acesso em meu braço. Amarro uma parte dele na cabeceira da cama e a outra em meu pescoço. Sinto meu coração acelerar, não apenas pelo efeito das pílulas, mas pela gravidade do que estou prestes a fazer.

Com um último pensamento para Viktor, dou um impulso e me jogo da cama, caindo no chão. A cabeça fica levemente suspensa pelo fio do equipo, criando a ilusão de um enforcamento. Minha visão começa a escurecer, e ouço um baque distante da porta se abrindo antes de me deixar levar pelo sono induzido pelas pílulas.

Zora

Estou no hospital, impaciente, pois o tempo está passando, e Ivana ainda não tomou as medidas necessárias para simular seu suicídio. Já são sete da noite, e as horas estão se arrastando, aumentando minha ansiedade. Eu não queria chegar a este ponto, mas se Ivana não seguir o plano, não há outra opção senão passar para o plano B, o que é arriscado e meu chefe não vai gostar

Caminho apressadamente pelos corredores do hospital, desviando de enfermeiras e pacientes. Na recepção, informei que desejava fazer uma visita a minha amiga Ivana. As enfermeiras gentilmente me orientaram ir até o quarto dela, sem suspeitar das verdadeiras intenções por trás dessa visita

Juan assumiu o comando da gangue após a morte de Manuel, seu irmão. Ele passou anos procurando pela assassina de Manuel, que no caso era Ivana, afim de vingar a morte do irmão. Juan sabia que não tinha forças suficientes para enfrentar a máfia sérvia, então estava apenas esperando uma oportunidade. Quando ele finalmente encontrou Ivana, soube que essa era sua chance. Armou para que os documentos da gravidez forjada fossem parar nas mãos de Viktor, ciente de que isso abalaria o relacionamento entre Viktor e Ivana, tornando-a vulnerável.

Juan também descobriu que eu havia ajudado Ivana a forjar a gravidez e viu uma oportunidade nisso. Fez uma proposta não me denunciaria para os Kovak se eu me aliasse a ele. Além disso, me prometeu algo que desejo muito e que não consegui mesmo estando próxima a Ivana

Não sinto remorso em trair Ivana, afinal, ela também é uma assassina e merece pagar por seus erros. Além disso, a recompensa que Juan me prometeu é tentadora.

Enquanto observo o quarto de Ivana, vejo enfermeiros e médicos entrando às pressas. Um sorriso se desenha em meus lábios. A burra da Ivana finalmente decidiu seguir o plano. É hora de começar o meu teatro bancando a amiga preocupada.

Com passos calculados, me aproximo dos enfermeiros que estão do lado de fora do quarto de Ivana. Mantenho minha expressão preocupada e triste, como se estivesse prestes a receber más notícias.

- O que está acontecendo? - pergunto, minha voz trêmula, como se estivesse à beira das lágrimas.Um dos enfermeiros, um homem com um olhar sério, vira-se para mim e suspira.

- A paciente tentou tirar a própria vida - ele diz em um tom grave.

Fingo surpresa e horror, apertando as mãos contra o peito.

- Oh, meu Deus! - exclamo, tentando parecer chocada. - Como isso pôde acontecer?

O enfermeiro balança a cabeça, claramente abalado pela situação.

- Não sabemos ao certo, mas parece que ela se enforcou com o fio do equipo. Estamos fazendo o possível para salvá-la agora.

Deixo escapar um soluço falso, lutando para manter as aparências.

- Pobre Ivana... - murmuro, como se estivesse verdadeiramente comovida. - Eu preciso vê-la. Ela é minha amiga

- Fique aqui , eles estão tentando reanima-la não pode se aproximar agora - ele diz

Continuo observando a cena no quarto de Ivana. Os médicos estão realizando massagem cardíaca nela, e meu olhar se fixa na situação. Internamente, eu sei que nada do que estão fazendo terá efeito. Fizemos questão de garantir que isso fosse uma farsa bem-sucedida.

Enquanto observo os médicos se esforçando, ouço passos apressados se aproximando. Meus olhos se afastam de Ivana por um momento, e eu vejo Viktor entrar no quarto. A tensão e a preocupação estão estampadas em seu rosto, e meu sorriso irônico ameaça escapar.

O enfermeiro que estava comigo na porta se apressa em atender Viktor, e eu permaneço onde estou, observando a interação entre eles.

- Como está minha esposa? - Viktor pergunta com aflição em sua voz.

- Senhor, ela teve uma parada cardíaca. Estamos fazendo o possível para trazê-la de volta - responde o enfermeiro, claramente preocupado.

Viktor não parece satisfeito com a resposta, e sua ameaça iminente paira no ar.

- É bom mesmo, porque se minha esposa morrer, eu explodo esse hospital - Viktor responde, sua voz carregada de dor e irritação.

O enfermeiro engole em seco, intimidado pela reação de Viktor. Enquanto Viktor se volta novamente para Ivana, disfarço um sorriso irônico, Ivana estava condenada a morte e Viktor mal parecia se importar mas agora vendo a esposa neste estado está desesperado

Não dá para te entender Viktor...

Com cuidado, me aproximo de Viktor. Ele é um homem imponente, lindo com belíssimos olhos verdes em sua aparência alta, forte e charmosa. Sempre invejei Ivana e a vida que ela levava, e agora, com a promessa de Juan de que ele armaria para que eu me casasse com Viktor apos a morte de Ivana casaria comigo e me proporcionaria todo o luxo desejado, contanto que eu o ajudasse com o plano, eu vejo uma oportunidade brilhante.

- Viktor... - chamo sua atenção com uma voz suave e preocupada.Ele se vira para mim, seu rosto contorcido pela angústia. Eu coloco minha mão delicadamente em seu braço, fingindo uma preocupação genuína.

- Como está se sentindo? - pergunto com simpatia.

 - Eu... eu não posso imaginar como isso deve ser difícil para você.

Viktor me olha com olhos confusos e tristes, provavelmente tentando entender por que alguém como eu, uma amiga de sua esposa, está mostrando compaixão neste momento.

Mas meu breve momento de triunfo desmorona quando seus olhos desviam de mim para Ivana, que está na cama de hospital, enquanto os médicos tentam reanimá-la.

Fico irritada por ele sequer ter dado importância a mim, mas percebo que a atenção de Viktor está totalmente concentrada em sua esposa.Os médicos param de tentar reanimar Ivana, e o médico chefe olha para o relógio.

-22:30. Horário da morte - ele diz com uma voz triste.

- Você vai trazê-la de volta, ou eu estouro sua cabeça! - ameaça Viktor, com uma raiva feroz.

Os enfermeiros tentam desesperadamente afastar Viktor do médico, mas é inútil. Então, eu levo um susto quando vultos pretos passam por mim. São Marko e Filip, os irmãos de Viktor. Eles afastam Viktor do médico e o levam para fora do quarto, apesar de seus protestos furiosos.

Enquanto observo Marko e Filip levarem Viktor para fora do quarto, sinto uma mistura de alívio e excitação.

Agarro meu celular e dispo a capa de silicone vermelha, revelando um número gravado na parte de trás. É o número de Juan. Rapidamente, digito a mensagem

- Primeira parte da missão cumprida

Coloco o celular novamente no bolso esperando que a próxima parte do plano também de certo

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