CAPÍTULO 14

Esmeralda Salles

Acordo às 7 da manhã com uma baita dor de cabeça. Jhon não está ao meu lado, e minha mente ainda está processando os acontecimentos recentes. Levanto-me, vou até o banheiro tomar um banho e decido sair para comprar algo. Antes disso, vou precisar de um bom café.

Ao me aproximar do criado-mudo para ligar para a recepção, noto um bilhete. Primeiro, bocejo longamente, depois pego o papel para ler:

^^^"Saí para negócios. Não me espere, e se quiser comprar algo, use este cartão. É ilimitado. Jhon Collins^^^

Ao lado do bilhete, vejo um cartão com o nome dele e a senha anotada. Um sorriso involuntário escapa dos meus lábios. Que maravilha! Parece que hoje é o meu dia de sorte.

Depois de me arrumar e fazer tudo o que precisava, saio do quarto com minha bolsa e alguns pertences. Não vou deixar nada estragar o meu passeio.

Pelas ruas do Havaí

Caminho pelas ruas, passando por diversas lojas. Compro presentes para minha mãe e Manu. Em seguida, paro em uma boutique e escolho um biquíni novo, já que o sol está perfeito para um banho de piscina no hotel. Sempre adorei praia e piscina. Esses momentos leves e relaxantes são raros para mim, então quero aproveitar ao máximo.

Para registrar tudo, compro também uma câmera e prometo a mim mesma que tirarei o máximo de fotos que puder.

De volta ao hotel, deixo minhas compras no quarto, visto o biquíni novo e desço para a área VIP. Claro, meus inseparáveis seguranças continuam me seguindo – agora são quatro. Parece exagerado, mas já estou me acostumando.

Desço cantando, sentindo-me como um passarinho livre. Mal posso esperar para me divertir um pouco.

Na piscina

Ao chegar, escolho uma espreguiçadeira, acomodo-me e peço um suco gelado. O calor está de lascar, e eu fico com pena dos seguranças de terno.

— Se quiserem, podem trocar essas roupas. — Digo, sorrindo. Eles me olham incrédulos, mas permanecem imóveis.

Enquanto observo o local, percebo que algumas mulheres estão de topless. Fico surpresa e, para entender melhor, pergunto a Patrick.

— É conhecido como "O recanto dos peitos". — Ele responde, sem rodeios.

Minha risada é tão alta que várias pessoas olham para mim. Tento me controlar, mas a situação é absurda demais para não achar graça.

Fecho os olhos para relaxar, mas logo percebo que a luz do sol foi bloqueada. Uma mulher está na minha frente, olhando diretamente para mim.

— Pois não? — Pergunto, ajeitando-me na espreguiçadeira.

— Por que a senhorita não tirou a parte de cima do biquíni? — Ela pergunta do nada. A única coisa que penso é: "E eu sou obrigada?"

— Simples, não quero mostrar meus seios. — Respondo com um sorriso tranquilo, colocando meus óculos escuros.

— Entendo. — Diz ela, antes de se afastar. Fico olhando incrédula para a cena.

Pouco depois, um garçom se aproxima com uma taça de coquetel.

— Aquele senhor mandou entregar para a senhorita.

Olho para a bebida, mas, como não sou fã de álcool, recuso educadamente.

— Desculpe, mas não quero beber. Obrigada. — Digo com um sorriso gentil. Patrick concorda, murmurando que não se pode confiar em bebidas oferecidas por estranhos.

Um encontro inesperado

Enquanto continuo aproveitando o sol, vejo o homem que mandou a bebida vindo em minha direção. Ele se senta na espreguiçadeira ao lado, com um sorriso manhoso.

— Posso lhe fazer companhia? — Ele pergunta, inclinando-se em minha direção.

— O senhor pode se sentar onde quiser, mas sem a minha companhia. — Respondo com firmeza, ajeitando-me na espreguiçadeira e colocando os óculos novamente.

— Nossa, que grosseria, docinho. — Diz ele. Quando tenta tocar meu braço, alguém segura sua mão com firmeza.

Tiro os óculos e vejo Jhon. Ele não parece nada feliz.

— Você é surdo ou o quê? — Pergunta Jhon, sua voz carregada de arrogância.

— E quem você pensa que é para se intrometer? — O homem rebate, com um sorriso debochado. Antes que Jhon pudesse responder, decido intervir.

— Ele é meu marido. — Mostro minha aliança. O homem fica pasmo, e percebo um leve sorriso surgir nos lábios de Jhon. — Agora, se o senhor nos der licença, está atrapalhando o meu bronzeado.

Sem dizer mais nada, o homem se levanta e sai de cabeça baixa.

Jhon se senta ao meu lado, tira a camisa social e relaxa na espreguiçadeira. Tento não encará-lo, mas ele parece fazer isso de propósito.

— O que significa a tatuagem de dragão nas suas costas? — Pergunta ele, olhando-me fixamente.

Penso por um instante. Não quero revelar muito, então respondo de forma casual:

— Nada em especial, achei bonita e fiz. — Minto, forçando um sorriso. Ele não parece convencido, mas não insiste.

— Hum. — Murmura, colocando os óculos e desviando o olhar.

Jhon Collins é tão estranho que, às vezes, sinto até medo de pessoas como ele. Decido não pensar nisso e levanto-me.

— Vou tomar um banho. — Aviso, indo em direção à piscina.

As pessoas ao redor me olham, provavelmente porque sou a única de biquíni completo. Quando mergulho, sinto o frescor da água e esqueço tudo por um momento. Ao emergir, olho para trás e percebo Jhon me observando com atenção. Desvio o olhar e mergulho novamente.

Por enquanto, prefiro ignorar o mistério que ele carrega.

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