Depois de caminhar o corredor inteiro de uma ponta a outra, seu telefone tocou. Os sussurros e conversas das poucas pessoas no corredor, junto com o barulho da música abafada, não o impediu de ouvir um "entre", do outro lado do telefone.
Entrar, como se eu fosse adivinhar em que toca os ratos estão escondidos.
Mas como uma resposta, uma porta próxima se abriu com um rangido. Ele entrou sem hesitação.
A música lá dentro não era a mesma que tocava lá fora. Era um instrumental suave, uma música que ele nunca ouvira antes.
No interior do local, a fraca luminosidade da lâmpada rosa avermelhada expunha uma sala requintada. Era tão grande quanto um bar médio nos subúrbios. Havia uma adega visível no fundo da sala, com várias garrafas estocadas em prateleiras específicas. No centro da sala, estava um sofá em formato de meia lua, o tamanho era perfeito para o ambiente imoral a qual estava destinado. Cinco homens e algumas mulheres estavam sentados, conversando e rindo como se não o tivessem visto entrar.
Apesar de nunca ter visto frente a frente esses homens na vida, cada rosto era familiar. Ele lembrava claramente de cada indivíduo próximo de Marcelo que lhe era mostrado nos documentos de investigação, e esses cinco eram os mais desprezíveis.
As mulheres, que estavam praticamente nuas, se reclinavam contra os corpos dos bastardos quase em um estado de simbiose, rindo e beijando-os como se os amassem profundamente. Mas sua atenção sequer vacilou, desde que seu olhar estava profundamente cravado em um certo alguém.
Marcelo engoliu o resto da bebida na garrafa. Ele também estava olhando para Lucas.
— As vadias masculinas devem se manter do seu lado da boate... - Uma voz provocante soou. O homem fingiu olhar para o rosto de Lucas descuidadamente, com certa incerteza. De repente, ele levantou as sobrancelhas e mostrou uma leve expressão de surpresa.
— ah, desculpe. Eu me enganei, você é o Lucas, certo? Desculpe minha confusão, sente-se aqui. Estávamos esperando por você.
Gregório, um infeliz com o mesmo nome do pai de Marcelo, o chamou como se estivesse vendo um amigo perdido de longa data. Seu sorriso parecia genuíno, mas seus olhos carregavam um brilho estranho.
Marcelo deu a Gregório um olhar frio pelo canto do olho, mas através da luminosidade ambígua da sala, foi tão rápido que mesmo Lucas não havia notado.
Lucas se sentou. Não demorou muito para uma mulher de longos cabelos enrolados se aproximasse suavemente, antes de ser afastada pelo olhar cortante de Lucas.
— Sinto muito pela minha indelicadeza, sabe? Minha visão não é muito boa.
Gregório disse com a voz lânguida, como se chamá-lo de prostituto fosse apenas um lapso de língua inocente.
Os outros homens, com suas camisas desabotoadas de forma casual, ainda estavam sentados livremente. Conversando entre si como se Lucas não fosse digno de sua atenção.
— Não nos conhecemos pessoalmente, mas você realmente tem essa coisa...latina, deve ser sua pele e esse seu cabelo, sabe? Não estou brincando, mas se você trabalhasse aqui, com certeza seria muito famoso - Gregório tentou levantar a mão e tocar o cabelo de Lucas, mas ele se esquivou com facilidade. — Com certeza... Você não mudou nem um pouco...
Marcelo deu a ele um olhar de advertência.
— Como barman, claro! É apenas uma piada, não leve a sério.
Gregório cuspia declarações de forma implícita. Se fosse alguém de fora, realmente pensaria que eram apenas piadas entre amigos próximos.
— Sim, não nos conhecemos. Lucas respondeu, resignado.
— Isso é uma surpresa, você não tem sotaque algum. Realmente essas pessoas que nasceram em berço de ouro tem algumas habilidades invejáveis.
A provocação nessa frase era explícita. Lucas era como um fantasma no círculo, todos sabiam apenas que ele era um gigante que havia entrado no eixo nos últimos anos, apesar da tenra idade, ele se destacou entre os figurões no mercado imobiliário.
Entretanto, a visão da própria pessoa em si era um evento pouco visível. É por isso que poucas pessoas sabiam que, ao contrário de ter nascido em um berço de ouro, Lucas cresceu como um órfão segregado. Ele fora adotado e cresceu em um lar desequilibrado, os maus tratos sofridos eram incontáveis. Entretanto, ele tinha tratado muito bem de esconder esse seu passado sujo. Falar dessa maneira significava apenas uma coisa, ele o estava provocando.
Lucas finalmente voltou seu olhar para os olhos de Gregório, não vacilando nem um instante. O homem ficou levemente chocado, os olhos negros como tinta que o fitavam continham uma profundidade imensurável, o sorriso fraco em seus lábios corados era como uma armadilha que o atraia de forma intencional ou não, como se o fizesse sufocar por um instante.
Gregório desviou o olhar e engoliu o seco.
Lucas sentiu que se ficasse mais um segundo naquela sala, seu cérebro derreteria. Depois de desviar o olhar do desperdício, sua atenção estava totalmente focada em Marcelo, que bebia distraído, como se não pudesse ver seu olhar assassino.
— Vamos para casa, essa sua rebeldia infantil pode esperar.
Tendo finalmente levantado a voz para Marcelo, ele tinha perdido a paciência. O som melodioso que dançava em seus ouvidos o estava fazendo ter dor de cabeça, e a preocupação que ele teve anteriormente o fez se sentir estúpido.
— Ainda é cedo! Não há necessidade de voltar para casa a essa hora, já que estamos aqui, vamos simplesmente nos divertir-
Vendo o olhar penetrante de Lucas, a voz de Gregório diminuiu.
— Você me ligou, pare de rodeios. Você me queria aqui por algum motivo, e eu estou aqui agora. Então não banque mais o estúpido. Está me enojando.
Apesar das palavras, Gregório não parecia zangado. Ele olhou levemente para Marcelo com um sorriso.
— Beba. Vamos beber, e então vamos embora".
Lucas franziu a testa, desconfiado. Realmente seria tão fácil? Ele duvidou. Mas mesmo assim, segurou a bebida entregue em suas mãos. Se fosse qualquer outra pessoa, ele recusaria com firmeza. Mas ele não acreditava que Marcelo, estando dentro de seu cerco fechado, mantivesse alguma intenção de prejudicá-lo de forma tão aberta.
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Atualizado até capítulo 31
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