Quando a noite chegou, a casa estava novamente vazia. O estado de Forença, na região sul do país, não era mais do que qualquer outro estado de clima tropical, e durante a noite, exalava um clima frio e úmido. Especialmente na casa de Lucas.
Quando regressou à família Hernández, ele não era nada além de um estrangeiro dentro de sua própria casa. Seu pai biológico já havia falecido, e sua mãe, uma mulher frágil e emotiva de meia idade, mal pôde suportar quando presenciou a volta de seu primogênito.
Lucas não sentia nada por aquela mulher, ou pelo ambiente ao seu redor. O México, para ele, era como mais um lugar fictício, que rolava sobre a tela grande que Gregório observava enquanto bebia, e nunca passou pela sua cabeça que as raízes que lhe deram origem estavam tão distantes dele mesmo. Quando a mulher o abraçou, ele enrrigeceu. Seus ossos estavam profundamente endurecidos pelos anos em Florença, e nenhuma lágrima escorreu pelo seu rosto. Mesmo assim, um tanto rígido, ele abraçou a mulher com certo desamparo, usando uma expressão infantil que lhe cabia a idade, finalmente descansando a cabeça em um ombro que realmente o pertencia.
Infelizmente, ele passou apenas um ano e meio com uma mulher simples e gentil, porém espirituosa, chamada Pilar. Essa mulher também era sua mãe, e apesar dos esforços, Lucas só conseguiu realmente aceitar esse fato quando já não sobravam mais dias para contar. Mesmo assim, ela não havia poupado esforços para registrá-lo como um Hernández durante o último ano de sua vida.
Quando acabou, Lucas estava sozinho novamente. Essas lembranças iam e vinham, tateando sua mente como uma brisa espinhosa, como se cravasse profundamente em sua alma já dolorida, impossibilitando a cicatrização das antigas feridas, e inevitavelmente criando algumas tanto ou mais assustadoras.
Acordando de seu devaneio, Lucas esfregou levemente o corrimão onde sua mão repousava. Pilar não estava alheia a sua estaria em Florença, apesar de sua personalidade, seu pulso era firme. Após a morte de Gonçalo, seu pai, ela tomou as rédeas da empresa, obtendo grande influência em esfera nacional e continental.
Ela procurou e digeriu toda e cada detalhe que pode investigar da vida de Lucas, e ele mal podia imaginar o sofrimento e angústia da mulher por saber do pesar que seu filho havia passado. A culpa e o remorso por simplesmente não poder voltar ao passado e criar um par de asas, se teletransportando imediatamente para resgatar o seu filho e protegê-lo do mundo ao seu redor.
Apesar de tudo, ela sabia que ele ainda mantinha raízes longe do México. E antes de morrer, adquiriu uma antiga casa pitoresca nos arredores de Florença, próximo ao lago que cortava os dois estados, e o mantinha distante e pacífico das circunstâncias do centro urbano.
Essa casa que ele "vivia" com Marcelo era sua propriedade, dado a ele por Pilar e a testemunha de sua auto depreciação.
Um som abafado de notificação o puxou de seus pensamentos, ele tirou o celular do bolso e havia apenas uma mensagem na barra de notificações.
" Venha para paravell, Marcelo foi atacado..."
Paravell era uma boate famosa escondida no perímetro da cidade, e não era surpresa saber que Marcelo a visitava com frequência.
Mas ele não teve tempo suficiente para pensar, ele correu rapidamente para pegar as chaves que descansavam dentro do quarto. Na pressa, ele esbarrou o rosto contra a mobília, deixando um:" porra!" Cortar o ar.
Geralmente, o caminho para o centro da cidade entra tranquilo. Mas hoje, Lucas experimentou pela primeira vez um sentimento de urgência. Ele queria simplesmente que o mundo ficasse menor, para que ele chegasse mais rápido a seu destino.
. . .
A música eletrônica era audível há metros. Mesmo dentro do carro com as janelas fechadas, Lucas conseguiu sentir o volante sobre seu punho tremer ritmicamente. Mas ele não estava interessado com isso, estacionando aleatoriamente, ele saiu do carro usando apenas roupas casuais e um chinelo.
Havia pessoas de todas as idades andando de um lado para o outro no quarteirão. A essa hora da noite, todos que se encontravam em um lugar que compartilhava uma grande cadeia de boates, tinham apenas um objetivo.
Diversão
Essa palavra não estava em seu vocabulário. Ele havia deixado seus óculos, e sua visão estava tremendamente ruim. Olhando para a rua, ele andou no meio da multidão esbarrando em vários ombros, até finalmente ser barrado em frente a boate e ligar para o número correspondente a mensagem anônima, entretanto, não foi atendido.
Lucas estava inquieto, ele andava de um lado para o outro como um criminoso encurralado. Seu olhos sondavam cada pessoa que se aproximava enquanto sua expressão caia a cada segundo que se passava.
Quando ele olhou para cima, sua pupila dilatou.
Marcelo estava lá, em pé, reclinado fracamente na varanda do hotel. Haviam alguns homens ao seu redor, e um deles descansava o braço no ombro de Marcelo, enquanto a outra mão, usava para segurar um cigarro.
Essas pessoas eram alguns bastardos pervertidos, "amigos" que Marcelo havia feito na faculdade de direito. Apesar dos esforços, ele não tinha conseguido afastá-lo dessas influências inúteis, e quanto mais Marcelo sabia que ele não gostava de algo, mais profundamente ele se introduzia no âmago de sua raiva.
Ele não conseguia ouvir o que estavam dizendo, mas conseguia ler suas expressões. Marcelo estava impassível, segurando uma garrafa de bebida, mas os outros tinham claramente uma expressão de desdém e chandefraunde óbvias em suas atitudes e gestos. Quando Marcelo desistiu de olhar a vista e retornou para dentro do lugar, o homem que fumava permaneceu olhando para Lucas, ligou para alguém que provavelmente era o segurança da porta, desde que ambos estavam fazendo uma ligação ao mesmo tempo.
Quando recebeu o aceno do segurança, Lucas imediatamente adentrou o lugar.
A música que fazia tremer o céu do lado de fora da famosa paravell, era ainda mais insuportável no interior do recinto. Passando levemente aos mãos sobre as orelhas, Lucas sentiu que seus tímpanos poderiam explodir a qualquer momento.
Apesar da densa movimentação do lado de fora, essa estava principalmente destinada às boates de baixa categoria nas redondezas, coisas que Paravell mantinha em rédia curta. Ao contrário do que pensava, as pessoas aqui não estavam acumuladas como se pudessem criar uma tragédia de pisoteamento, como pensou anteriormente. Além da música, o espaço para movimentar-se era flexível, desde que ele conseguiu se dirigir rapidamente aos andares superiores.
Quando chegou ao terceiro andar, um corredor quase vazio o esperava. A luminosidade era fraca e, ainda, de alguma forma, mantinha um isolamento acústico dos andares inferiores. Ele teve uma certa suposição.
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Atualizado até capítulo 31
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