Capítulo 18 - Saindo de um esconderijo e entrando em uma farsa

Na mão de Allexander o anel dourado brilha, querendo chamar atenção daqueles que finalmente o encontraram após tanto tempo sendo deixado empoeirado em meio a tantos outros itens esquecidos.

— Por que eles deixariam isso jogado aqui? — Perguntou Allexander. — Isso deveria estar em um local seguro.

— Eu também não sei. — Respondeu Caius. — Eu nunca visto esse anel antes, sempre achei que estava em um lugar do escritório ou no banco..., mas está aqui.

As relíquias, são apenas as heranças que cada casa possui, usados para se identificar em certos eventos, e demonstrar seu poder em certas ocasiões, e muito estranho alguma família deixá-la de lado, na própria família de Allexander sua herança fica escondida em um cofre que ele ainda não sabe onde fica, mas nunca imaginaria alguém simplesmente jogando seu próprio nome no lixo, o deixando escondido onde nem eles mesmo sabem.

— Eles nunca tentaram procurar? — Pensou em voz alta Allexander, que ainda inspeciona o anel vendo se o item contém algum tipo de alteração. — Isso e muito estranho.

— E se nós os devolvermos? — Fala o corvo. — Talvez eles falem alguma coisa quando os mostrarmos.

— Não seria bom ter um monte de perguntas jogadas em nós depois de encontrarmos isso. — Responde a coruja. — Vamos ver o que podemos fazer com isso depois, talvez até mesmo esconder em algum canto e deixar eles mesmos encontrarem.

Allexander coloca o anel em um de seus bolsos, deixando um pouquinho de lado a relíquia que carrega o nome de uma família inteira, ele começa a dar mais algumas olhadas nas outras folhas, mas além de rascunhos de vestidos e cartas falando sobre assuntos mundanos variados, nada tão interessante quanto o anel que foi encontrado. No meio da procura a caixinha de som com a bailarina se calou, voltando para dentro da caixa com tropeços das engrenagens envelhecidas, logo o silencio volta, com nem sequer o som que viria da chuva foi forte o suficiente para chegar até eles.

— Não a nada mais para olhar por aqui. — Fala Allexander, se encostando no canto da cama. — Agora temos mais perguntas que respostas, e nem sabemos onde podemos começar.

Caius também se recostou na cama, olhando para o teto cheio de teias de aranha levemente iluminado pelo candelabro, a coruja suspira abaixando sua cabeça no colchão da cama ficando longe das molas.

— Se esse fosse o quarto de alguém? — Fala Caius, ainda olhando fixamente para o telhado.

— Por que alguém dormiria aqui embaixo? — Rebate Allexander. — O único lado bom de dormir aqui seria que o Sol não bate na sua cara de obrigando a acordar.

— Mas aqui tem uma cama, armário, e até mesmo um relógio. E vimos roupas e outras coisas, talvez alguém realmente dormisse aqui.

— Mas, por que você acha isso? E não simplesmente jogaram um monte de coisas velhas aqui e deixaram apodrecer?

— Isso e apenas uma ideia, não tenho certeza, mas sinto que estou certo. — Caius levanta o braço e aponta para o teto. — Se você perceber bem, algumas partes do teto estão pintadas de uma cor que não combina com o resto.

— Certeza? Deixa-me ver isso melhor. — Allexander se levanta, e vai até o candelabro, pegando-o e mirando para o teto na parte onde o corvo havia apontado.

No teto as marcas do tempo são obvias, igualando a da mansão que fica logo acima de si, com os cantos começando a apresentar rachaduras e as aranhas fazendo daqueles locais suas teias. Mas, Caius está certo, as cores estão diferentes algumas partes são azuis, mas estão tão escurecidas que apenas vendo de perto conseguiriam realmente ver aquilo.

— Mas, esse lugar pode apenas ser usado como descanso. Não consigo aceitar que alguém realmente dormiria nesse lugar. — Comenta Allexander, passando o candelabro pelo teto vendo o azul se desbotando e se tornando quase invisível, até o nada.

— Isso não é tão difícil de imaginar, e tudo indica que tem uma grande chance que esse porão foi usado como um quarto. — Fala Caius, batendo o pé sobre sua conclusão.

— Então depois veremos quem está realmente certo. — Confronta Allexander, com a certeza que está certo, se alguém realmente dormisse teria muitas coisas além desse simples moveis que estavam jogados aqui. — Acho melhor nos subirmos de volta, não sabemos quanto tempo estamos por aqui, talvez já tenha se passado horas.

— Não acho que tenha se passado tanto tempo assim. Mas, a gente já está um bom tempo aqui mesmo.

Os dois voltaram a subir, com Caius na frente para empurrar a entrada, quando eles estavam no meio da escada o candelabro que antes estava com todas as suas velas acesas se apagou sozinha, mesmo que nenhum vento forte o suficiente estivesse perto de acontecer ali aquele local não tinha mais nenhum motivo para continuar iluminado.

Eles estão de volta na superfície, respirando o ar puro e um pouco terroso vindo do lado de fora, sem escutar nenhum passo vindo de qualquer lugar ou alguma conversa, apenas o silencio que eles estão acostumados a estar quando um está do lado do outro.

— O que eles normalmente fazem? Esse lugar e tão silencioso que chega a ser chato. — Fala Allexander, andando em frente e olhando ao redor, sem conseguir encontrar nada. — Tem mais alguma coisa que precisamos fazer? Qualquer coisa para me distrair desse lugar está valendo.

Enquanto a coruja fala eles caminham, esperando que a chuva já estivesse um pouco mais amena para finalmente conseguirem ir embora, mas ao olhar para a primeira grande janela que aparece não ficaram animados vendo as gotas de água baterem no vidro sem chances de terminar tão cedo. Mas, eles logo têm suas atenções chamados para os sons de sapatos batendo despreocupadamente na madeira envelhecida, e dali eles tão de cara com Jeffrey, o pardal despreocupado anda até onde estão e os acompanha enquanto olha pela janela.

— Eu entendo vocês dois ficarem tão angustiados para irem embora. — Fala o adolescente, ou adulto, eles não sabem sua idade. — Eu também gostaria de ir embora daqui se eu pudesse.

O pardal se apoia na janela, olhando além da deles e da própria chuva, parecendo que a qualquer momento se romperia pela janela e nunca mais voltaria.

— Por que você não vai embora? — Pergunta Allexander, observando o pássaro que deseja voar mais e impedido por alguma coisa, ou alguém.

— Se fosse tão simples assim já teria ido embora a muito tempo. — Fala Jeffrey, se virando para o corvo calado. — Mesmo que um de nós já tenha conseguido esse feito, ainda não tenho uma desculpa boa o suficiente para isso ser possível.

— Você precisa de alguma coisa? — Perguntou Allexander, um pouco nervoso com o ar melancólico que parecia ter possuído o pardal.

— Vindo de vocês... — O pardal espia os dois sobre seus olhos relaxados. — Nada.

— Bem, já que não temos nada para conversar. — Allexander pega a mão do corvo, e começa a puxá-lo. — Nós vamos indo, espero que nós vejamos mais tarde.

Allexander caminha, deixando o pardal deprimido para trás apenas escutando um suspiro pesado que com certeza abafou a janela que ele estava olhando. Na casa não tinha mais nada para fazer, além da procura incessante pelos mistérios que ainda espreitam pelas rachaduras.

— Aquele seu irmão dá bem pra baixo em. — Fala Allexander, já em uma distância considerável do pardal para saber que não seriam escutados.

— Ele sempre foi assim. — Respondeu Caius, soltando a mão da coruja e andando por si mesmo. — Mas, essa é a primeira vez que o escuto falar algo desse tipo em voz alta.

— Então ele deve estar exausto, mas bem, eu estaria do mesmo jeito se morasse aqui.

— Não é pra tanto. — A coruja levanta uma sobrancelha para ele. — E apenas um pouquinho, nada demais.

— Meninos, ai estão vocês! — Uma voz conhecida surge, sendo Leonora, a pardal ainda demonstrava a alegria que disfarçada algum sentimento não conseguiam identificar. — Tenho certeza de que devem estar com fome, me acompanhe tem lanches recém-feitos esperando para serem comidos.

— Parece ótimo, que tipo de lances vocês fizeram? — Perguntou Allexander, puxando assunto.

— Apenas alguns bolinhos e guloseimas que com certeza irão adorar. — Leonora virou seu pescoço, dando para ver um de seus olhos pretos ficarem quase mel com as luzes que atravessam o céu em poucos intervalos. — O que achou da casa? Escutei vocês andando para cima e para baixo.

— A casa é adorável. — Responde Allexander, segurando novamente a mão de Caius e sentindo a madeira afundando levemente abaixo de seus pés. — Tenho certeza de que tem mais coisas ótimas para olhar por aqui.

— Isso é ótimo. Se estiver curioso com alguma parte apenas pesa para Caius levá-lo lá, tenho certeza de que ele faria isso de bom grato. — A pardal continua olhando para frente e caminhando, mas Allexander consegue sentir seus olhos descendo até se fixar no corvo.

Eles se sentaram nas cadeiras da sala de jantar, onde uma mesa larga bege os espera, cheia dos lances que Leonora havia comentado antes. Mas, naquele ambiente só estavam os três, o pardal mais jovem ainda deveria estar melancólico na janela, e o patriarca fazendo alguma coisa de gente estranha.

— O que vocês fizeram durante todo esse tempo? — Pergunto Leonora, puxando assunto em meio ao silêncio que supri o ambiente.

— Nós apenas caminhamos e olhamos para algumas coisas. — Respondeu Allexander, cortando um minúsculo pedaço de bolo. — A decoração daqui e bem rústica, não é?

Allexander sente algo pressionando o seu pé, ele se segura para não sequer um único fiapo de algo que possa se aproximar de dor, mas se vira para Caius, questionando com os olhos e perguntando sem palavras. " Por que você fez isso?"

— Pode-se dizer que sim. — Responde Leonora, com logo em seguida uma risada leve. — Mas, cada um desses itens contêm uma história própria, mesmo com a aparência rústica que acabou se mantendo.

— Tenho certeza que sim. — Fala Allexander, comendo um pedaço de biscoito. — Na minha casa também temos esses itens, e normal tê-los.

— Que bom, nem todos reconhecem a importância de manter um desses itens, mesmo entre alguns nobres não tem esse pensamento. — Leonora coloca sua mão na boca e dá uma pequena tosse. — Caius, você está tão quieto, não fique assim, converse um pouco também. Me fale o que está achando de lá?

Allexander virar a cabeça para o corvo, que se encolhe, tão levemente que ele quase não percebeu, mas Caius engole o pedaço de bolo que estava comendo e se vira para a pardal.

— Está ótimo... — Fala Caius, mas Leonora olha para ele querendo saber mais coisas além do ótimo respondido. — Nós conversamos muito é... é aprendo muitas coisas novas também. Não tenho muito para contar, foram apenas duas semanas, não a muito o que dizer, é isso.

— Não precisa ficar nervoso. Realmente foram duas semanas, mas dá próxima vez que vier espero escutar ótimas histórias. — Diz Leonora, tomando um pouco de seu chá que parecia estar fervendo com quanta fumaça está saindo dele.

Passos são escutados até aparecer William, seu semblante muito diferente de antes, o lado pessimista se tornou otimista, enquanto o pardal caminhava com fervor onde os dois garotos e a esposa estavam sentados. Allexander engole em seco, e aperta sua mão, sentindo os ossos mudarem e a pele começar a se rachar entre as unhas aparadas.

— O que lhe traz com o humor tão bom querido? — Pergunta Leonora, que vê o sorriso do marido se alargar o máximo possível, e vendo isso Allexander não pode deixar de sentir seu coração quase saindo pela sua boca.

— Lembra daquela chamada? Ela foi esplêndida, logo ele vira para cá. — Respondeu William, se sentando na cadeira logo a frente de Allexander, sem perceber a coruja o olhando fixamente enquanto corta uma grande fatia de bolo e o coloca em seu prato. — Tenho certeza de que semana que vem, tudo em nossa vida irá melhorar.

— Mais que maravilha. — Comera Leonora, mas contida que o marido, mas ainda compartilhando o mesmo tipo de animação. — Não é ótimo meninos, acho que com a vinda de você trouxeram uma onda de sorte para a nossa família.

Allexander sorri para as palavras vindas dela não acalmaram suas unhas de perfurarem sua pele, ele espera que ainda não tenha saído sangue, seria terrível ter que explicar para ela que seu nervosismo e por conta que seu marido quer matá-lo, mesmo que tenha uma grande chance de ela também saber o que está acontecendo, piorando ainda mais sua situação preso nessa casa.

William ainda esbanjava sua felicidade, falando que suas vidas melhorariam daquele ponto em diante, e, mais coisas parecidas, até mesmo lançando um sorriso para Allexander, que poderia ser considerado gentil, mas sabendo do que possivelmente esteja acontecendo na sua cabeça o faz ter certeza de que agora seus dedos estão sujos com sangue.

A coruja usa uma tática antiga, mas que poderia fazê-lo ter um pequeno momento para respirar, ele faz o garfo que está na sua mão "escorregar", chamando a atenção dos dois pardais alegres.

— Desculpe, fui um pouco descuidado agora. — Fala Allexander, já se agachando para pegar o garfo.

— Não precisa se agachar, apenas precisamos chamar um dos empregados. — Responde Leonora, pegando de entre as guloseimas um pequeno sino que estava fora escondido em meio a tantos doces.

— Já estou agachado, vou apenas precisar de um garfo novo.

Allexander está olhando para o chão, segurando o garfo que aos poucos se suja de sangue pelos cortes em formato de unha na sua palma, respirando fundo ele encara o chão, se lembrando de subido do anel ainda em seu bolsa, percebendo que se eles querem tirar sua vida, e juntos retirar a nome de sua família.

Capítulos
1 Prólogo
2 Capítulo 01 - Um dia comum, mas cheio de sentimentos estranhos
3 Capítulo 02 - Primeiras impressões são fáceis, até você sair correndo
4 Capítulo 03 - Conversas podem fluir no jantar se você ter ajuda pra conversar
5 Capítulo 04 - Tudo é um aviso, só não aguento mais recebê-los.
6 Capítulo 05 - Um dois pra lá, um dois pra cá
7 Capítulo 06 — Um dia que pode ser resumido em monótono...
8 Capítulo 07 — Sonhos são estranhos, tudo tem significado, mas muitas vezes não
9 Capítulo 08 — Pássaros podem ser cobras se tiverem o disfarce perfeito
10 Capítulo 09 - Cantam como caixinhas de música e tremem como trovões.
11 Capítulo 10 - A chuva pode fazer até pássaros diferentes se divertirem
12 Capítulo 11 - Um dia de folga, um novo problema, um dos dois terá um fim rápido
13 Capítulo 12 - Como um jarro pode ser usado como instrumento?
14 Capítulo 13 - Antigas casas não podem ser sempre chamadas de lares
15 Capítulo 14 - Visitas não muito tranquilas e conversas superficiais
16 Capítulo 15 - Traidor
17 Capítulo 16 - Um canto esquecido conta suas próprias histórias
18 Capítulo 17 - Um buraco escondido contra suas próprias lendas
19 Capítulo 18 - Saindo de um esconderijo e entrando em uma farsa
20 Capítulo 19 - Roubar coisas e conversar sobre outras
21 Capítulo 20 - Pesadelos que enlouquecem aos poucos
22 Capítulo 21- Fatos sobre assassinato e cansaço sem fim
23 Capítulo 22 - Um sentimento de culpa que não deveria existir
24 Capítulo 23 - Pássaros mortos não podem cantar
25 Capítulo 24 - A ilusão da segurança
26 Capítulo 25 - Conversar com um urubu e o mesmo que falar com uma porta
27 Capítulo 26 - Conversas atrás de conversas, talvez um plano saía daí
Capítulos

Atualizado até capítulo 27

1
Prólogo
2
Capítulo 01 - Um dia comum, mas cheio de sentimentos estranhos
3
Capítulo 02 - Primeiras impressões são fáceis, até você sair correndo
4
Capítulo 03 - Conversas podem fluir no jantar se você ter ajuda pra conversar
5
Capítulo 04 - Tudo é um aviso, só não aguento mais recebê-los.
6
Capítulo 05 - Um dois pra lá, um dois pra cá
7
Capítulo 06 — Um dia que pode ser resumido em monótono...
8
Capítulo 07 — Sonhos são estranhos, tudo tem significado, mas muitas vezes não
9
Capítulo 08 — Pássaros podem ser cobras se tiverem o disfarce perfeito
10
Capítulo 09 - Cantam como caixinhas de música e tremem como trovões.
11
Capítulo 10 - A chuva pode fazer até pássaros diferentes se divertirem
12
Capítulo 11 - Um dia de folga, um novo problema, um dos dois terá um fim rápido
13
Capítulo 12 - Como um jarro pode ser usado como instrumento?
14
Capítulo 13 - Antigas casas não podem ser sempre chamadas de lares
15
Capítulo 14 - Visitas não muito tranquilas e conversas superficiais
16
Capítulo 15 - Traidor
17
Capítulo 16 - Um canto esquecido conta suas próprias histórias
18
Capítulo 17 - Um buraco escondido contra suas próprias lendas
19
Capítulo 18 - Saindo de um esconderijo e entrando em uma farsa
20
Capítulo 19 - Roubar coisas e conversar sobre outras
21
Capítulo 20 - Pesadelos que enlouquecem aos poucos
22
Capítulo 21- Fatos sobre assassinato e cansaço sem fim
23
Capítulo 22 - Um sentimento de culpa que não deveria existir
24
Capítulo 23 - Pássaros mortos não podem cantar
25
Capítulo 24 - A ilusão da segurança
26
Capítulo 25 - Conversar com um urubu e o mesmo que falar com uma porta
27
Capítulo 26 - Conversas atrás de conversas, talvez um plano saía daí

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