Capítulo 04 - Tudo é um aviso, só não aguento mais recebê-los.

 Allexander pensou que não veria o corvo muitas vezes, apenas passar suas refeições juntos enquanto tenta fazer tentativas frustrantes de começar uma conversa ou algum aceno de cabeça pelos corredores enquanto cada segue sua própria rotina. Mas ele estava errado, completamente errado.

 Pelo simples motivo de que agora os dois estão juntos na biblioteca, escutando a aula eterna do professor Vincent, compartilhando a mesma larga mesa que antes era apenas dele. O garoto está concentrado, nem um risco de sono ou cansaço transparece em sua feição, e algo surpreendente vindo de estar escutando a palestra por mais de vinte minutos.

— Allexander preste atenção a aula. — Fala o professor Vincent, batendo a grossa régua de madeira nas mãos em uma promessa que logo bateria na mesa. — Siga o exemplo de Caius, mesmo ele estando por aqui a apenas um dia já ter sabedoria o suficiente para entender a importância dos estudos.

— Sim, claro professor. — Responde secamente Allexander, que e logo em seguida repreendido recebendo a famosa reguada na mesa, por pouca não pega em um de seus dedos. — Perdão, eu entendo a importância das palavras que o senhor falou, e as levarei totalmente a sério.

 Escutando as palavras vazias do seu aluno Vincent voltou a sua palestra, para ele é melhor ensinar um aluno que realmente quer aprender do que se forçar em alguém que nem queira estar ali, e com a chegada de Caius ele finalmente tem alguém com vontade legítima de aprender tirando o fato que ele ensinava o vento em vez do garoto sonolento.

— Voltando. — Fala Vincent, se virando de volta para o quadro negro é apontando para um ponto onde está escrito " Serrinma ". — Como vocês já sabem nosso reino está passando por alguns problemas políticos, vocês sabem qual é?

— Disputada de herdeiros. — Respondeu Allexander, um pouco impressionado por ter simplesmente respondido isso, ele não tinha ideia de como sabia dessa informação que apenas saiu da sua boca.

— Você está correto, impressionantemente. — Disse Vincent em sua voz rouca um pouco mais grossa. — A disputa ao trono começa agora, os dois príncipes já estão formando seus gabinetes, mesmo que tenham apenas a idade de vocês. Por isso que, Allexander você precisa ir no próximo baile que irá acontecer no castelo daqui a alguns dias.

— Um baile? Ninguém me falou que teria um.

— Não? Então você já sabe agora. Vá falar com seu pai depois, ele vai te explicar o que fazer lá. — Disse Vincent, enquanto limpava o nome escrito no quadro. — Você terá uma grande responsabilidade lá, não se esqueça disso, e diferente daqui não envergonhe seus pais.

— Eu entendi. — Responde Allexander um pouco cabisbaixo, cruzando seus braços sobre a mesa e apoiando sua cabeça ali e se virando se deu de cara com Caius, que estava sem falar nada e apenas observando tudo como sempre, ele sem falar nada também virá seu rosto para o outro lado.

 Depois dessa conversa a aula voltou ao normal, sendo hoje ensinamentos sobre matemática e algumas outras coisas nessa mesma área. Mas Allexander não prestou atenção, pensando nesse baile que parece obrigado a ir, ele nunca gostou deles, são feitos para conseguir mais conexões ou entrar nas graças do rei, mas também saber o quão relevante sua família está no meio da nobreza. Neste ano ele já foi a três, e esses três foram extremamente entediantes, dançe, converse e sorria para as piadas sem graça de alguém que quer entrar no seu círculo para subir na vida.

 Tudo extremamente entediante, é como filho de um duque e quase que sua obrigação ir em bailes onde a família real está, e como lá terá um ou os dois príncipes não ir renderá mais assunto do que ir, a primeira opção e a mais convidativa para, mas também e a única que não irá conseguir.

 Alguém pega no seu braço e o balança, o tirando de seu esturpor, se virando o único que podeira fazer isso e o próprio Caius, e sentindo ser tocado por ele algo diferente do medo aparece dessa vez, uma mistura de raiva com pitadas de nojo. Finalmente algo diferente do medo vergonhoso que estava sentindo antes, chegando um pouco mais perto de sua própria normalidade.

— Me largue! — Fala Allexander com raiva, e sem pensar puxa seu braço com força fazendo-o bater em sua costela. — Não me toque mais! Você não tem permissão de fazer isso!

 Assustado Caius solta seu braço, suas asas de corvo se inflam um pouco enquanto ele dá alguns passos para trás, a raiva sumiu substituída por apreensão estranha, como se sua atitude estivesse sido tão errada que ele deveria pegar um dos livros pesados sobre a mesa e bater em sua própria cabeça.

— Só não me pegue de surpresa, tá? — Fala ele o mais calmo que consegue, até tentando sorrir um pouco, ficando tão forçado que até mesmo seus músculos pareciam carregar dois pesos em cada lado os puxando para baixo.

  Caius apenas acena, ainda receoso e parecendo esperar que o outro sapato caia a qualquer momento.

— Ele queria chamar você por já ser o fim da aula. — Comenta Vincent. — Sua falta de educação foi enorme garoto, espero que depois você tenha a decência de pedir perdão a ele.

— Eu já falei o que ele não pode fazer. Agora e só esperar que escute da próxima vez.

 Vincent não responde, apenas vira as costas e começa a arrumar seus materias os colocando na bolsa com sua cara mais emburrada do que antes e murmurando algumas palavras tão baixo que ninguém consegue escutar o que está dizendo.

"Tock Tock", alguém chega na hora certa, tirando do clima opressivo que a biblioteca se tornou.

— Pode entrar. — Fala Allexander, já indo para porta, querendo sair dali o mais rápido possível.

 A pessoa do outro lado abre a porta, e dali entra Felicity um pouco receosa por perceber o clima pesado rapidamente, ela deseja sair dali o mais rápido que conseguir.

— A- Jovem mestre, Vossa Excelência deseja falar com você antes do almoço, ele lhe espera no em seu escritório. — Diz ela na forma mais profissional e rápida, mas compreensivo.

— Vamos lá, quando mais rápido eu falar com ele, mais rápido eu almoço. — Segue Allexander, sem olhar para trás e deixando os dois outros indivíduos ali em pé. A última coisa que ele escuta antes da porta se fechar é.

— Caius, preciso falar com você.

  Mas deixa isso de lado, provavelmente e algo sobre a matéria ou sobre ficar longe dele, as duas coisas estão muito boas para o seu lado, mesmo que esse algo dentro dele fale que não e tão simples assim e que deveria prestar mais atenção ao que está acontecendo, mas mesmo assim deixa de lado.

 

...----------------...

  Chegando na frente do escritório de seu pai, ele respirou fundo e esfregou os braços esperando abrir a porta e esperar o frio vir, até mesmo Felicity está um pouco encolhida ao seu lado. Com um aceno encorajador dela, ele abriu a porta sentindo o frio subir de seu braço até a espinha.

 O escritório de seu pai e frio, como se o inverno nunca saísse daquele único cômodo e mesmo com o sol batendo da janela nada mudava, como se o escritório se recusasse a mudar permanecendo dessa forma até ser destruído. Ele já tinha perguntado o pai porque o cômodo era assim, e a resposta foi um simples " Eu também não sei." Deixando claro que este local sempre foi assim, e parece que ele ( duque ) nem sentia mais o frio, usando apenas roupas do dia-a-dia sem se importar com a temperatura possivelmente abaixo de zero.

— Pai, o senhor me chamou? — Falou Allexander, tirando Dominique de sua concentração em um dos papéis que segurava.

— Sim, Vincent já te falou sobre o baile, não é? — Perguntou Dominique, em resposta Allexander confirmou com um aceno de cabeça. — O príncipe Leopold estará lá, quero que você consiga um bom relacionamento com ele neste próximo baile.

— Conversar com ele? Dá última vez que conversamos pensei que ele me levaria para a guilhotina. — Disse Allexander um pouco assustado, relembrando da bagunça que foi a última interação dos dois.

  Da última vez que os dois se encontraram, Leopold não falou nada com ele, apenas o observou como um predador esperando a hora certa de atacar e talvez ter a misericórdia de uma morte rápida, uma aura muito pesada pra alguém de apenas treze anos, mas não surpreende vinda de um príncipe brigando pelo trono desde o dia que nasceu.

— Isso não é importante agora, você deve conseguir saber desviar das dificuldades da conversa entre vocês dois, não precisa falar muito, apenas o deixe saber que você está lá.

— Mas para que preciso fazer isso? Primeiro tenho que fazer amizade com aquele garoto novo, agora conversar com o príncipe? Eu sei que devemos tomar um lado, mas pensei que demoraria um pouco mais. — Diz Allexander, querendo saber as respostas de cada pergunta talvez com uma boa explicação o ajudaria a ter mais motivação para falar com eles, mesmo que sinta que isso e uma espécie de mentira para si próprio.

 O duque não fala nada, apenas sinaliza para que seu filho chegue mais perto dele e de a volta na larga mesa de carvalho escuro. Quando um está perto do outro, Dominique coloca a mão a cabeça do filho e desarruma um pouco ali.

— Irei explicar para você quando for mais velho, nessa etapa entenderá melhor.

— Mas eu posso entender muito bem agora, e mesmo que eu não entenda posso procurar saber o que realmente é. — Fala Allexander, talvez assim ele consiga convencer seu pai, provavelmente ele falaria isso quando ele já estivesse com seus quinze anos e pronto para ir à academia, mas seria muito melhor saber agora.

— Depois. Tenha paciência. — Responde o duque que volta a olhar para sua papelada.

— Não posso saber nem um pouquinho de nada?

— Nós vemos no jantar Allexander. — Fala Dominique, que com uma despedida rápida ao seu filho começa a escrever e assinar os papéis.

— Já que não irão me contar descubrirei sozinho. — Proclama Allexander, que se espera de si mesmo não acabar procrastinando.

 Seu pai não responde de volta, e saindo com mais perguntas do que respostas ele sai pisando fundo com raiva mal disfarçada.

 

...----------------...

 No corredor ele não encontra Felicity, talvez ela tenha ido resolver algo que a governante pediu que fizesse. Mas agora ele estava sem fome e ir para a sala de jantar não parece muito convidativo agora, é como agora já e uma da tarde (ele conseguiu ver em um dos relógios cuco do corredor), já estava no final, ele deve conseguir pedir para o pessoal da cozinha preparar alguma coisinha para comer mais tarde.

 Ele anda sem rumo, até se deparar novamente com o jardim que ele estave na noite passada. Tudo continuava o mesmo, apenas retirando o corvo se expreitando na escuridão e querendo chegar perto dele. Mas a atmosfera do local se tornou diferente, parece que os jardineiros a pouco tempo regaram as flores, por conta disso as gotas de água se tornaram cristalinas e transformaram as rosas em pequenos rubis em meio ao verde mais escuro das folhas.

 Entrando no meio do jardim todo o som do lado de fora some, deixando ser preenchido pelos cantos dos pássaros e zumbidos dos insetos que voam de um canto para o outro enquanto batem em tudo pelo seu caminho. Ele segue, indo pelo esquerda, direita e esquerda de novo, até se encontrar na frente de um chafariz, que em seu meio tem uma estátua de mármore esculpida no formato de um ser com roupas largas demais e um véu tampando seu rosto, impossibilitando de saber qual o gênero, nas suas costas longas asas estão um pouco abertas em suas costas, sua postura e curvada enquanto segura uma larga jarra que derrama água eternamente. A estátua quase se torna uma representação dramática, por a figura desconhecida ter suas rachaduras formando teias em suas asas que lhe tão uma aparência maior de fragilidade.

 Na base do chafariz tem uma placa de cobre, que tem o nome da família que lhes presenteou isso, mas com o passar do tempo se tornou tão borrado que nem seguer uma única letra poderia ser lida ali.

 Ele se senta em um dos barcos em frente a fonte, que está um pouco envelhecido e tendo um dos lados uma das raízes das rosas enrolado ali. Sentindo o calor batendo em sua pele e retirando do frio que restou enquanto estava no escritório de seu pai uma grande sonolência se apoderou em si, talvez se ele tirar uma soneca rápida ali ninguém descubra e ele possa seguir para o resto do dia sem nenhum problema.

 Se deitando no banco e relaxando nele, alargou uma das asas para usá-la como cobertor improvisado e sem delongas adormeceu.

 

...----------------...

  Quando abriu os olhos novamente, percebeu que já estava de tarde, bem a tarde o sol já estava se pondo e logo o céu se encheria de estrelas. E se ele tivesse acordado mais tarde sentiria o gelo frio batendo em seu rosto.

 Se levantando do banco e esticando um pouco seus músculos achou melhor ir logo para dentro, se ele não aparecesse para o jantar teria a casa toda procurando ele. Pisando em algo duro, viu que apenas foi um graveto que caiu de algum luga-

— Aahh. — Se espanta, quando levantou a cabeça deu de cara com aqueles olhos pretos de sempre o esperando. — Por quê você ficou parado ai? Deveria ter falado e não ficado parado como uma cadeira.

— E que você pediria para não tocar em você é... — O corvo esfrega suas mãos. — Eu não queria deixar você bravo de novo.

— Isso não e sobre me tocar, e só sobre falar que você está aqui, é tão difícil assim? — Perguntou Allexander, seu rosto mudou de emburrado a reflexivo, parecia que esse momento era importante para alguma coisa e ele deveria ir com mais calma para não acontecer algo que ele não poderia voltar atrás, mas o que seria essa ação? — Dá próxima vez fale, não fique quieto ai.

— Claro, claro. — Concorda o corvo, balançando sua cabeça pra cima e pra baixo como se ciscasse o chão até abrir um buraco. — Mas, você perdeu o resto das aulas do professor Vincent, e ele pediu pra te avisar para não repetir esse comportamento‐

— Blá, blá, blá, eu já sei o que ele vai dizer, já me disse antes, tenho certeza que ele ficou tão feliz por mim não estar lá que aposto que as rugas na cara dele até sumiram um pouco.

— Na verdade, ele ficou bem mais bravo, até mesmo novas rugas surgiram no rosto dele. — Falou o corvo chegando um pouco mais perto dele, que em resposta a isso Allexander vai mais pra frente se afastando.

— Vou entrar, faço o que quiser aqui. — Ele se vira, enquanto anda consegue escutar leves batidas no chão de alguém que ele conhece o seguindo.

 Ele deve vontade de gritar para ele (corvo) ir para outro lugar em vez de ficar o seguindo, mas inconscientemente engulio de volta, fingindo não perceber e fugir de qualquer chance possível de iniciar um nova conversa com ele.

Capítulos
1 Prólogo
2 Capítulo 01 - Um dia comum, mas cheio de sentimentos estranhos
3 Capítulo 02 - Primeiras impressões são fáceis, até você sair correndo
4 Capítulo 03 - Conversas podem fluir no jantar se você ter ajuda pra conversar
5 Capítulo 04 - Tudo é um aviso, só não aguento mais recebê-los.
6 Capítulo 05 - Um dois pra lá, um dois pra cá
7 Capítulo 06 — Um dia que pode ser resumido em monótono...
8 Capítulo 07 — Sonhos são estranhos, tudo tem significado, mas muitas vezes não
9 Capítulo 08 — Pássaros podem ser cobras se tiverem o disfarce perfeito
10 Capítulo 09 - Cantam como caixinhas de música e tremem como trovões.
11 Capítulo 10 - A chuva pode fazer até pássaros diferentes se divertirem
12 Capítulo 11 - Um dia de folga, um novo problema, um dos dois terá um fim rápido
13 Capítulo 12 - Como um jarro pode ser usado como instrumento?
14 Capítulo 13 - Antigas casas não podem ser sempre chamadas de lares
15 Capítulo 14 - Visitas não muito tranquilas e conversas superficiais
16 Capítulo 15 - Traidor
17 Capítulo 16 - Um canto esquecido conta suas próprias histórias
18 Capítulo 17 - Um buraco escondido contra suas próprias lendas
19 Capítulo 18 - Saindo de um esconderijo e entrando em uma farsa
20 Capítulo 19 - Roubar coisas e conversar sobre outras
21 Capítulo 20 - Pesadelos que enlouquecem aos poucos
22 Capítulo 21- Fatos sobre assassinato e cansaço sem fim
23 Capítulo 22 - Um sentimento de culpa que não deveria existir
24 Capítulo 23 - Pássaros mortos não podem cantar
25 Capítulo 24 - A ilusão da segurança
26 Capítulo 25 - Conversar com um urubu e o mesmo que falar com uma porta
27 Capítulo 26 - Conversas atrás de conversas, talvez um plano saía daí
Capítulos

Atualizado até capítulo 27

1
Prólogo
2
Capítulo 01 - Um dia comum, mas cheio de sentimentos estranhos
3
Capítulo 02 - Primeiras impressões são fáceis, até você sair correndo
4
Capítulo 03 - Conversas podem fluir no jantar se você ter ajuda pra conversar
5
Capítulo 04 - Tudo é um aviso, só não aguento mais recebê-los.
6
Capítulo 05 - Um dois pra lá, um dois pra cá
7
Capítulo 06 — Um dia que pode ser resumido em monótono...
8
Capítulo 07 — Sonhos são estranhos, tudo tem significado, mas muitas vezes não
9
Capítulo 08 — Pássaros podem ser cobras se tiverem o disfarce perfeito
10
Capítulo 09 - Cantam como caixinhas de música e tremem como trovões.
11
Capítulo 10 - A chuva pode fazer até pássaros diferentes se divertirem
12
Capítulo 11 - Um dia de folga, um novo problema, um dos dois terá um fim rápido
13
Capítulo 12 - Como um jarro pode ser usado como instrumento?
14
Capítulo 13 - Antigas casas não podem ser sempre chamadas de lares
15
Capítulo 14 - Visitas não muito tranquilas e conversas superficiais
16
Capítulo 15 - Traidor
17
Capítulo 16 - Um canto esquecido conta suas próprias histórias
18
Capítulo 17 - Um buraco escondido contra suas próprias lendas
19
Capítulo 18 - Saindo de um esconderijo e entrando em uma farsa
20
Capítulo 19 - Roubar coisas e conversar sobre outras
21
Capítulo 20 - Pesadelos que enlouquecem aos poucos
22
Capítulo 21- Fatos sobre assassinato e cansaço sem fim
23
Capítulo 22 - Um sentimento de culpa que não deveria existir
24
Capítulo 23 - Pássaros mortos não podem cantar
25
Capítulo 24 - A ilusão da segurança
26
Capítulo 25 - Conversar com um urubu e o mesmo que falar com uma porta
27
Capítulo 26 - Conversas atrás de conversas, talvez um plano saía daí

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