Felicity está pronta para começar seu dia, arrumando suas roupas de serviço, o vestido preto e branco tão preservado que parece que ela acabou de receber em seu primeiro dia de trabalho. Mas, hoje ela não iria trabalhar, finalmente é seu próprio dia de folga, descansar e dar uma volta na cidade. Talvez a joia que ela tanto queria ainda estivesse lá.
Ela ainda precisa tomar seu café da manhã, mas esse e um ótimo dia para comer fora e passar naquele restaurante. " Hoje é meu dia de folga!", pensa Felicty, tão feliz que não pode deixar de saltitar pelo chão enquanto puxa do armário um vestido de verão amarelo estampado com pequenos girassóis e coloca sua bolsa transversal, sem esquecer de colocar sua bolsa com seu dinheiro.
Saindo do quarto ela acaba esbarrando em outro empregado, que como e muito mais alto que ela sua cabeça vai de encontro as costelas dele.
— Ai, desculpe. — Fala Felicity, passando a mão por sua cabeça. — Félix, como está sua manhã?
— Hmm. — Responde Félix, o outro também não estava usando o uniforme, vestindo apenas uma blusa larga bege e calças pretas. — Normal.
— Você também vai sair! — Exclamou ela. — Se estiver indo para a cidade, vamos juntos!
Félix não respondeu, apenas acenou e seguiu em frente, deixando a tiê para trás, que logo o seguiu.
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— O que você irá fazer lá? — Perguntou Felicity, os dois já estavam chegando na porta dos fundos.
— Vou comprar algumas coisas. — Respondeu ele. — E você?
— Irei naquele novo restaurante, acho que o nome é... " A Casa do..
— Ganso.
— Ganso! Exatamente, as meninas falaram que o café da manhã daquele lugar e divino. — Gorjeio Felicity, com a boca quase transportando só de imaginar a comida daquele lugar, o cheiro já era incrível, mas o sabor deve ser maravilhoso!
— Não é tudo isso. — Responde Félix, abrindo a porta e deixando a outra passar na frente, e logo em seguida fechando a porta.
— Como você sabe? Já foi lá?
— Ouvi por aí, tem boato que algumas pessoas passaram mal depois de comer lá.
— É só um boato, e se brincar os outros restaurantes que devem ter criado ele. — Ponderou Felicity, sem acreditar nem por um momento que uma comida tão cheirosa poderia ser considerada ruim.
— Faça o que quiser então. — Respondeu Felix, não deixando o pouco de curiosidade que tem em si, ir para fora.
— Vamos deixar essa conversa de lado, olhe ele já chegou. — Fala ela, apontando para a carroça coberta esperando a chegada daqueles que irão para a cidade.
A carroça coberta e uma comum, com pano quase branco, os vários tons de amarelo e a madeira visivelmente velha contam por si quantas gerações esse objeto e usado. Sentando e com seu chapéu de tecido está o cocheiro.
— Tio Carlos! — Grita animada Felicity, saltitando até o cocheiro e sendo recebida com um sorriso, que, na verdade, poderia ser apenas o levantar da barba dele.
O cocheiro e um homem velho, suas asas de faisão* não tinham mais as correm vibrantes de quando era jovem e uma espessa barba cinzenta com leves tons de azul e verde cobrem seu rosto junto do chapéu marrom, quase parecia que ele não tinha um rosto.
— Felicity, minha garota como você está? — Fala Carlos, o carinho em sua voz quase parecia um avô conversando com sua neta. — Faz tempo que você não vem aqui, já tava achando que tinha me se esquecido de mim.
— O quê! Não, eu nunca esqueceria o senhor! — Fala Felicity, com suas asas pretas arrepiadas e segurando as mãos do outro com força o suficiente para se escutar um estalo.
— Calma menina! — Grita Carlos, puxando sua mão agarrada, sentindo como se ele tivesse colocado seu membro em uma armadilha de urso. — Eu só tava brincando, solta minha mão vai.
Felicity solta a mão dele, se assustando ao ver a vermelhidão que começou a crescer ali, e começou a massagear esperando que não tivesse quebrado algum osso dá mão dele... novamente.
— Quantas pessoas ainda precisam chegar ainda? — Perguntou Félix, que foi esquecido no meio da confusão da tiê e do faisão.
— Com vocês, mais três. — Responde o faisão, já com a mão restaurada ao normal.
Tento recebido sua resposta Félix entra na carruagem e se senta, só esperando os outros chegarem. Os outros dois ficam do lado de fora, também esperando, mas conversando.
— Esse garoto e meio esquisito.
— Também não e assim tio, ele e daqueles que gostam de ficar no próprio canto, só isso. — Comenta Felicity, não acreditando na esquisitice dele, e apenas alguém quieto.
— Aqueles que são assim são os piores, me escute garota, não abaixe a guarda com esse rapaz. — Diz Carlos, sussurando a última parte para que apenas os dois escutem. — Nunca confie em um pombo.
— De novo isso tio? — Suspira Felicity, deixando as palavras que ele falou entrarem por um ouvido e sair pelo outro. — Seu preconceito com os pombos não têm sentido nenhum.
— Você conhece muito bem o motivo. — Responde o faisão, olhando para o horizonte como se estivesse relembrando trágicas lembranças passados. — Quem eu te relembre a história...
— Tio, só por que um único pombo roubou naquela aposta não significa que todos são assim. Já e a terceira vez que o senhor cita isso só nesse ano.
— Ele roubou o tesouro da nossa família. É quase não conseguimos recuperá-lo.
— Vocês apostaram isso, tá todo mundo errado ai.
— Jovens de hoje em dia, realmente não entendem de nada.
Felicity ia comentar algo, mas desistiu, discutir com seu tio era o mesmo que falar com a madeira mais grossa do mundo, nunca mudando e nunca se deixando cair. Mas, para o prazer dela os três finalmente chegaram e todos foram para a carroça prontos para passar o dia.
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No caminho todos conversaram, até mesmo Félix falando algumas coisas aqui e ali, ninguém compartilhava o preconceito que o cocheiro tinha sobre pombos, na verdade, nem entendiam muito bem isso, e Felicity não tinha vontade de explicar, então deixaram isso quieto por enquanto.
Eles chegarem depois de três horas, e sem mais delongas se separaram, indo encontrar suas famílias, comprar coisas, ou até mesmo ir em encontros as escondidas.
Se despedindo de todos, com a hora marcada de volta na cabeça, " 18:00hrs.", ela precisa se lembrar disso, se esquecer não sabe que tipo de punições pode enfrentar.
Mexendo em sua bolsa ela tira um folha de papel, marcando cada coisa que ela teve fazer para não se atrapalhar e acabar fazendo nada no final.
Ali está escrito:
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• Comer na Casa do Ganso.
• Comprar a joia. (se ela ainda estiver lá)
• Comprar mais folhas de cartas.
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Três coisas, muito simples, e ela não pode se distrair. É primeiramente, ir para a Casa do Ganso, ninguém consegue iniciar seu dia sem uma deliciosa comida quente na barriga.
Caminhando na rua asfaltada com pedrinhas em paralelepípedo, passando nas casas decoradas em cores claras e convidativas, observando os belos vestidos estampados das mais belas cores, tomando cuidado para não pisar nos cães de rua e nas crianças brincalhonas. Seguindo todo esse caminho para chegar no restaurante que ainda cheirava a pão fresco e café recém-preparado.
Entrando pela porta ela foi recebida pelo som sinfônico do sino anunciado a chegada de mais um cliente. O ambiente de dentro é mais aconchegante que o de fora, as paredes em tons pastéis de rosa, que descem para a madeira completamente nova, as prateleiras dos armários do canto contém variados potes cheios de grãos com todos os nomes rotulados. As cadeiras são fofas como se tivessem enchido com o melhor algodão e o cheiro repleto do café com toques de morango recém-colidos. Indo até o balcão ela não se aguenta mais para pedir alguma coisa, nem que seja um pedacinho do morango.
No balcão está uma mulher alta, e um pouco gorducha, vestida com um avental branco e por abaixo uma simples blusa cinza com calças pretas, suas asas brancas e cabelos vermelhos quase beirando o laranja, fala por si só o motivo desse lugar ter o nome que possui.
— Bom dia. — Fala entusiasmada a mulher, com um sorriso radiante pronto para atender o pedido do cliente. — Vejo que é sua primeira vez aqui, me chamo Antonieta, pode ir se sentar que uma das minhas garçonetes irão atender você.
— Tudo bem. — Responde Felicity, empolgada para a provar a comida que desejava secretamente a semanas.
Ela escolheu a mesa que ficava do lado da ampla janela, espiando os outros andando e correndo para os seus variados compromissos. Sem muita demora a garçonete chegou, a garota pintassilgo* lhe entregou o cardápio e esperou paciente seu pedido.
Olhando os preços ela não se surpreendeu por alguns que estavam na última página custarem literalmente moedas de ouro que poucas vezes tocou na vida. Mas, mesmo assim, escolheu um saboroso pão com queijo torrado e suco de morango, não custando mais do que vinte moedas de bronze que ela pagaria depois.
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" Que bom que eu não escutei ele!", exclama mentalmente Felicity, ela quase canta de felicidade ao sentir o saboroso queijo derreter na boca e o quão doce o suco é, até mesmo sabendo que com total certeza foram feitos com frutas frescas e maduras. Ela não se arrepende por um único momento de gastar seu dinheiro aqui.
Voltando a olhar para a janela, ela percebe que alguém usando uma capa que cobre todo o seu corpo passa correndo pela rua e entra em um dos becos, e por incrível que pareça sem chamar a atenção de nenhuma das outras pessoas que passavam por ele. Felicity não passava todo o seu tempo na cidade, então, talvez esse indivíduo possa ser alguém conhecido que gosta de andar por aí usando capa.
Ela volta a comer, espiando de vez em quando, talvez aquela pessoa possa sair de novo, dessa vez sem a capa, sua curiosidade não a deixa parar de espiar nem se for um pouco, e para si mesma talvez a pessoa de capa não apareça mais.
Mas, acabou que estava errada, a pessoa com a capa apareceu de novo, saindo do beco e caminhando rumo a outro objetivo.
No meio do caminho ele parou, e se virou, mirando exatamente para ela, fazendo-a quase pular da cadeira se não tivesse se segurado no último segundo. O encapuzado ficou parado ali, deixando as pessoas passarem por ele sem nenhuma delas dar seguer uma única olhada, ela engoli em seco, com total certeza, percebeu algo que não deveria.
Ela se levanta, e vai até o balcão pagar sua conta, tirando as moedas necessários, e pagando sai sem olhar para trás, querendo deixar a entender para o encapuzado que é cada um para o seu caminho.
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"Ele não entendeu.", Lamenta Felicity, ainda sendo perseguida pelo encapuzado, agora na frente da loja de joias, pronta para comprar aquele que ela tanto queria, "Talvez eu possa vir outra hora, não, eu não vou ter tempo."
Ela entra, se distraindo com as estantes cheias de joias brilhantes com cores semelhantes ao arco-íris e os variados tipos de chapéus, indo do mais simples até aqueles usados nos bailes mais chamativos.
— Bom dia, senhorita. — Diz um atendente. — Algo em específico que esteja procurando?
— Estou procurando broches. — Responde ela, ainda um pouco fascinada com o brilho das joias.
— Siga-me então.
Os dois vão para até o balcão, onde o atendente puxa debaixo uma maleta, que ao abrir variados tipos de broches são apresentados, do mais simples com uma única flor, até o decorado com tantas joias que a pergunta de " O que e aquilo.", Aparece na cabeça.
Ela olha para um ali, procurando aquele que procura, e felizmente ela encontrou. O broche é prateado, no formato de um espelho com uma joia azul clara no meio, não é algo chamativo ou uma grande demonstração de riqueza, mas é o suficiente para deixar qualquer um mais elegante.
— Vou querer este. — Aponta ela, já colocando a mão na bolsa para pegar as moedas.
— Vai custar-lhe, 60 moedas de prata. — Responde o atendente, já pegando o broche para empalar.
Felicity paga com um pouco de dor no coração, mas aquilo era para algo maior, logo seria o aniversário de Wally, e ela não poderia deixar se presenteá-lo. Com tudo feito ela sai da loja.
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O encapuzado parou de segui-la, finalmente, cada um deles pode seguir o próprio caminho, ela não fez nada pra ele e poderia—
Algo a puxa para o beco, a escuridão preenche sua visão por alguns momentos e sua respiração engata ao bater de costas em algo duro.
— Como você me viu? — Comenda a voz, o som e rouco, quase áspero como se uma espada estivesse prestes a cortar o pescoço dela.
— V-você só estava lá. — Gaguejou Felicity, sua respiração antes engatada se tornou erradica e quase não chegava ao seus pulmões. — Pro-prometo que não irei falar pra ninguém, me deixa ir.
— Por quê eu deveria confiar em você? — Perguntou a voz, da forma que ele fala, claramente e retórica. — Como terei certeza que você não irá correr gritando sobre mim?
— P-pode acre-ditar, não falarei nada.
Uma adaga surge, colocada estrategicamente na garganta dela, pronta para cortar e acabar com a vida do adversário do mestre dela. Com ameça o encapuzado contar uma linha na garganta dela, não cortando mais fazendo uma linha vermelha, sedendo para cortar a área como uma promessa ansiosamente deseja ser cumprida.
— Eu prometo. — Suplica de novo, querendo que a voz a escute e deixe a adaga de lado.
O encapuzado segura o queixo dela, puxando a cabeça para trás, uma dor surda a faz assobiar baixo, que logo e calado com dois olhos vermelhos como sangue a encarando, prometendo tantas coisas que ela consegue apenas se agarrar a um, que lhe promete apenas dor caso esteja mentindo.
— Vejo que está dizendo a verdade. — Fala a voz, que agora é possível ver que pertence a um homem.
O homem que a segura, tem cabelos longos e completamente negros, sua pele e branca, tão branca que talvez ele tenha algum tipo de doença, completando com os mortais olhos vermelhos, que ainda querem matá-la e silenciar sua voz para sempre.
Ele solta o rosto dela e caminha para trás, deixando um espaço maior entre eles.
— Pode ir, não vou mais atrás de você. — Fala ele, sorrindo deixando em dúvida se ele realmente irá deixá-la ou apenas está brincando. — Pode acreditar em mim.
Felicity começa a sair do beco, com as pernas trêmulas e penas erriçadas, sente vontade de correr, mas talvez se ela fazer isso algo ruim pode acontecer. Se virando para trás, o homem ainda está lá sorrindo, e ela se pergunta se essa realmente a última vez que eles se encontrariam.
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Faisão (macho)
Pintassilgo
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Atualizado até capítulo 27
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