Capítulo 12 - Como um jarro pode ser usado como instrumento?

  Allexander olha pela janela que dá de frente para a entrada, ainda precisava ir no escritório do seu pai para conversa sobre o dia do baile. Mas, não estava com vontade de entrar naquele escritório frio, enquanto falava o quão estranho o príncipe é, e que durante toda aquela conversa apenas queria sair o mais rápido possível.

 Mas, ainda precisa ir, se não ele iria pessoalmente buscá-lo. Allexander suspirou, melhor acabar logo com isso e ir para a aula do seu professor, que dessa vez poderia ser perdoado, uma das poucas graças de ir no escritório frio, o fazendo não escutar o assobio fino dele (professor).

 Durante todo o caminho ele pensa em suas falas, devia comentar das estátuas ou não? Da forma estranha de agir do príncipe ou aquela pergunta estranha que ele fez sobre peças de xadrez? "Bem.", Pensa Allexander. "Acho que não falarei das estátuas, não até pelo menos saber se a nossa faz a mesma coisa."

 Sim, ele irá fazer isso, essa noite quando todos estiverem dormindo, descobrirá o que aquela estátua irá fazer e talvez seja um som tão bonito quanto aquela outra que só tinha uma lira.

 Com os pensamentos sobre estátuas e música o distraindo da possível conversa constrangedora, ele chega na porta do escritório já sentindo o frio, talvez imaginário, subir por seus pés e fazer cócegas em sua espinha.

Tock.

Tock.

—Entre. — Responde a voz conhecida do outro lado da porta, o duque esperando a demorada chegada de seu filho.

— Oi, pai. — Fala Allexander, já sentindo o frio, que dessa vez não e mais imaginário. — Tudo bem?

— Sente-se.

 Allexander se senta na cadeira, o couro preto arrepia sua pele, ainda mais do que antes, e o olhar intenso de seu pai não ajuda muito em se acalmar.

— Como foi lá? — Pergunta o Duque, direto e sem nenhuma outra conversa paralela, isso é bom, mas ao mesmo tempo, deixa um certo gosto amargo desconhecido.

— Foi igual a todas as outras vezes, não muito diferente do que o senhor já sabe.

— O príncipe te falou alguma coisa? — Perguntou o duque, pegando uma das cartas ensina da mesa e o prensando para colocar o emblema da família, pesando no escritório frio como o bater de um martelo em um prego torto.

— Ele falou apenas de coisas haver com reis e cavaleiros, nada ruim, mas bem estranho. — Respondeu Allexander, decidio falar essa parte, deixando de fora as estátuas cantoras, isso ele quer deixar para si mesmo. — Depois que ele falou isso, tudo voltou ao normal e seguimos o baile como sempre.

— Cavaleiros e reis? Tem certeza que ele falou isso?

— Sim tenho certeza, era uma coisa parecida com: " Rei, príncipe, cavaleiro, bispo?. " não, "Peão. Qual deles você é? ". Depois ele simplesmente foi o que eu falei, tudo normal.

 O duque fechou a cara, como se isso ainda fosse possível com seu rosto já fechada, e suspirou. Allexander arregalou um pouco os olhos, seu pai nunca suspirava, ele consegue contar o número de vezes que o escutou fazendo isso, e com essa são três.

— Você consegue entender todo o significado dessa frase? — O duque se levantou e foi até a janela, olhando para o lado de fora.

— Não acho que isso signifique alguma coisa além de eu tenho que escolher algo. — Allexander vai até seu pai, fazendo o mesmo que ele.

— Você está certo, ele deseja saber de que forma você lutará, e como poderá aproveitar da sua utilidade quando precisar.

— Mas, eu não irei simplesmente ser usado por ele, e esperar que algo melhor aconteça. Isso e quase como um insulto. — Bufou Allexander, segurando seus braços cruzados com mais força e deixando suas asas abrirem e fecharem levemente para afastar a ansiedade subindo por suas penas.

— Isso não irá acontecer, pode ter certeza disso. Mesmo que estiverem juntos na academia ainda não irá cair nas palavras dele, claro, se você aprender a entender como funciona.

— Como funciona? Preciso falar primeiro que ele ou se afastar toda vez que vê-lo?

— Nenhuma das duas, você precisa conhecer seu inimigo e entender o que ele está pensando. Fazendo assim um plano caso algo aconteça com você.

— Conhecer meu inimigo? Então preciso conversar com ele? Me sinto melhor conhendo ele por outros mesmo, ficar mais de cinco minutos conversando com ele já e um sofrimento suficiente.

— É você, acha que gosto de conversar com alguns dos outros nobres que vejo, ou de responder suas cartas?

 Allexander balança a cabeça, negando a pergunta de seu pai.

— Você aprende a aguentar, com o tempo a percepção que precisa fazer alguns sacrifício como conversar com alguém por horas sobre qualquer assunto ou ficar de olho naqueles que desejam apunhalar suas costas. Aprendendo a identificar todos os sinais.

— Eu quero aprender, para nunca mais sentir qualquer tipo de medo quando converso com o príncipe.

— E você irá, apenas precisa aprender e poderá se virar.

 A voz do duque está um pouco rouco, para alguém que fala poucas palavras falar algo que pra si parece mais uma palestra acaba com a garganta de qualquer um.

— É, eu escutei o que você e Caius fizeram no quarto.

— O que!? — Expragueja Allexander, achando que aquele acontecimento iria ficar longe do escritório de seu pai, mas não é surpreendente que a guerra de travesseiros com várias penas brancas por todo quarto ficaria fora do conhecimento de Dominique.

— Continuem, sejam amigos, não estou bravo ou qualquer coisa parecida. Estou feliz que estejam se entendo. No futuro essa amizade pode ser muito vantajosa. — O duque volta a se sentar em sua cadeira, arrumando alguns dos papéis que seriam os próximos a serem lidos e marcados. — Pode sair, você já está atrasado o suficiente.

— A não, posso ficar aqui mais um pouquinho? — Ri nervoso Allexander, ir para a sala onde a velha águia está palestrando não será um bom começo de dia, na opinião dele e claro.

— Vá, nós veremos no jantar.

 Allexander suspira, e sai daquele escritório frio, levando um leve choque por ser recebido por uma onda de calor que lavou por todo seu corpo. Seguindo para sala onde seu professor está, ele faz seu passo ser o mais lento, e não estranho, possível para que quando chegar a aula já esteja perto de terminar. Mesmo que isso seja apenas um sonho, a pouco tempo deu dez horas e ainda tinha muitos mais minutos e segundos para a frente.

 Chegando na frente da porta da biblioteca, onde normalmente havia as aulas e bons lugares para se esconder, ele esperou um pouco mais, deixando a mosca passar primeiro por viver tão pouco tempo para esperar pelos outros, e o pássaro terminar de cantar para saber que alguém ficou para escutá-lo. Mas, as desculpas acabaram e não conseguia inventar outras, os insetos estão deixando-o passar para frente, e os pássaros pararam de cantar esperando ele entrar.

 Sem escolha ele abre a porta é entra, e os insetos voltaram a zunir e os pássaros voltaram a cantar, antes dele pensar e agir de alguma forma deu de cara com os dois indivíduos residentes na sala.

 O corvo está sentada, lendo uns dos grandes livros que são tão grossos que poderiam ser usados como armas e derrotar facilmente alguém, e Vincent, esta começando a escrever algo na lousa verde-escura.

— Achei que não chegaria hoje. — Comenta o professor. — Sente-se, já iremos começar.

 "Eles não começaram ainda? ", Pensou Allexander, o horror em seu peito não transpareceu no rosto, mas ele ainda foi se sentar na cadeira, perto do corvo que o cumprimentou com um aceno, que retribuiu com a mão e se virou para frente.

 Hoje eles estavam estudando sobre geografia, falando sobre os diferentes tipos de climas e terrenos, junto dos residentes em cada locais. Falando das montanhas ao norte e seu terreno em volta que pertencem aos felinos, e descendo para onde os lupinos vivem, na floresta fechada e densa, com invernos rigorosos e chuvas avassaladoras, na opinião dele um lugar desse e complicado demais para se viver.

— Psiu. — Sussura Allexander, tentando não chamar a atenção do professor enquanto ele está de costas explicando. — Pega aqui.

 Allexander empurra para ele um papel dobrado por baixo da mesa, Caius olha curioso para o que seu colega está lhe dando, mas mesmo assim o pega, não o desdobrando, esperando que o professor volte a virar de costas.

— O Reino de Danfin, contém uma região mais montanhosa e árida, dificultando o crescimento de alguns tipos de plantas... — Fala Vincent, com seu livro na mão enquanto circula o mapa desenhado por ele do território.

 O corvo abre o papel dobrado, nele está escrito: " Hoje a noite no jardim. ". Ele se vira para a coruja, que espera sua resposta com os olhos pretos lacrimejantes querendo conseguir, mas facilmente sua confirmação tão esperada. Caius responde com um aceno que faz Allexander abrir um largo sorriso no rosto, que logo e desfeito quando o professor se vira para eles de novo.

...----------------...

 Allexander quer que seu dia acabe mais rápido, passaria se ele também tivesse ao seu lado, mas ela está de folga e só a veria de novo no próximo dia. Depois de passar pelo almoço, ele ainda tinha seu treino para passar.

 Passando pelo jardim, e indo inconscientemente para o local onde a estátua reside, ele olhou a figura triste em seu jarro que transborda a água, que o transforma em um chafariz. Allexander começa a procurar em sua base, ele se lembra que Tiffany tinha encontrado a parte secreta do lado da placa de cobre.

 Indo até a placa que apenas tem um nome, ele bate onde tinha visto a urubu fazer antes, do lado da placa, o som oco veio, fazendo-o querer tirar aquilo e girar a manivela. Mas, séria melhor a noite, onde poucos ou ninguém veria, além do corvo e ele fazendo a velha estátua se movimentar novamente depois de tantos anos imóvel.

...----------------...

 A noite chega, devagar demais na opinião de Allexander, poderia ter vindo mais rápido e pulado o horário do jantar, até seus pais o olharam estranho por ele parecer tão energético, com sua mãe rindo, explicando para seu pai que é normal, e que ele era do mesmo jeito. Fazendo o duque negar, e a duquesa contar uma breve história deles, sobre vendavais e espadas.

 Mas, já deitado em sua cama, Allexander espera por mais alguns momentos, precisava ter certeza que ninguém o encontraria vagando pelos cantos no meio da escuridão e levasse essa informação para os seus pais. Como explicaria que as estátuas se mexiam depois de girar uma manivela, bem eles entenderiam, mas saber primeiro o que fazia era mais divertido.

 Ele deixa o tempo ir passando, segurando seus olhos abertos com a toda sua determinação para não dormir acidentalmente e ter que repetir tudo de novo. Se lembrando que ele também deveria trazer Caius, mas Allexander não se lembra, na verdade, não sabe onde o corvo dorme, nunca foi procurar o quarto dele ou coisa parecida. Talvez eles se encontrem no jardim, que seria muito mais fácil e poderiam logo girar a manivela.

  Allexander não aguenta mais esperar, se levantando coloca suas pantufas, não queria andar descalço como já havia feito, mesmo que o chão já estaja mais quente pelo verão que está a caminho, sujar os pés na terra, e depois subir na cama e extremamente nojento.

 Ele vai andando, passando pelos corredores silenciosos, e descendo as escadas, que parecem querer ranger como se não tivessem sido lubrificadas naquele mesmo dia. Passando pelas salas, até finalmente entrar na parte do jardim, enquanto anda mais para dentro, não consegue encontrar nenhum sinal de algum corpo pequeno com penas pretas pulando por aí.

 Indo procurando e seguindo o caminho do chafariz, ainda um grande nada, completamente sozinho de noite no jardim acompanhado apenas de vagalumes que esbarram em seu rosto, e algumas borboletas azuis que voam sem rumo. Ele chega no chafariz, podendo se dizer sozinho, para alguém que no momento a única companhia se baseia em uma estátua que nem parece prestar nenhum tipo de atenção nele ou em qualquer coisa ao seu redor.

 Se agachando, resolve tentar tirar a parte da manivela sozinho, dessa forma economizariam alguns minutos de dificuldade até o corvo chegar. Mas, isso foi mais difícil do que parecia, a parte não tem local para colocar os dedos e puxar, e nem apertar movia qualquer coisa. Se sentando de frente para o local secreto, ele tenta se lembrar que tudo que Tiffany falou sobre abrir aquilo, desde de encontrar acidentalmente até-

 Allexander sente seu corpo mudar de posição, caindo com a gravidade enquanto outra força se choca consigo, menor, mas o suficiente para jogá-lo de lado. Ele vira o braço para agarrar esse novo alguém que chegou, se dando de cara com um Caius sorridente e presunçoso por tê-lo assustado em cheio.

— Isso não foi engraçado. — Resmunga Allexander, puxando seu braço já preso no corvo para sufoca-lo o suficiente para tirar seu sorriso.

— Foi sim, tinha que ver seu rosto. — Fala Caius, que mesmo sendo sufocado ainda mantinha o sorriso, até mesmo o tornando maior.

— Agora sai de cima de mim, e me fala como vocês dois conseguiram abrir ali para encontrar a manivela. — Pergunta Allexander, trazendo o corvo mais perto da placa e consequentemente da manivela.

— Encontramos isso, quando a Senhorita Tiffany chutou sem querer, pensamos na hora que tinhamos quebrado uma peça importante do acervo real. Mas, na verdade apenas encontramos a manivela, e não quebramos nada. — Respondeu Caius, se levantando e já fora dos braços da coruja.

— Só precisamos repetir a mesma coisa, fique ai, deixe que eu chuto. — Comando a coruja, que com o peito estufado andou até a parte onde fica a manivela e se preparou para chutar com toda a sua força. Consequentemente sem pensar muito no barulho que ela trairia.

 O chute na área escondida foi tão forte, que o som reverberou para todos os lados, como se um trovão tivesse atravessado os céus e caído no jardim, encima da estátua e provavelmente a destruído. Allexander pulou de susto, não imaginava que o barulho seria tão alto, achou que o material ali fosse simples o suficiente para fazer um barulho, mas não um tão alto assim.

— Por quê você não me falou que seria tão alto assim? — Sussurou gritando Allexander, que pulou de onde estava sentado se o assento estivesse pegado fogo.

— Quando a Senhorita Tiffany quebrou não foi tão alto assim. — Fala o corvo, engolindo em seco, enquanto procura escutar passos ou gritos em qualquer lugar. — Foi um barulho muito pequeno, assustando apenas nós dois.

 Quando Allexander abriu a boca para falar mais alguma coisa, eles começaram a escutar passos, não pesados como armaduras, mas leves, como sapatos mesmo. A coruja agarra o braço de Caius, os puxando para trás de um dos arbustos de rosas cheio de espinhos.

 Os dois se escondem ali, esperando que aquele seguindo para cá pense que foi apenas sua própria cabeça e deixasse de lado, mesmo que algo como um trovão caindo em um dia de céu limpo seja estranho demais para deixar de lado.

 Aquele que estava andando, chegou na mesma área que eles, Allexander espia pelas frestas do arbusto, e da de encontro com duas asas cinzas, que formam um degrate preto com algumas partes brancas, se ele for chutar, provavelmente um pombo. O alguém se vira, mostrando que na verdade é um rapaz, alto, e já vestindo roupas de dormir, uma simples camisa branca com calças pretas que a qualquer momento poderiam se soltar.

 O pombo carrega consigo um lampião, realçando seu cabelo meio acizentado com degrate verde e azul, junto de seu olhos, um laranja marcante, quase luminescente, que olham para todos os lados a procura do que aquele som poderia ter sido. Ele vai até as rosas, vai até no chafariz, passando o lampião pelo arbusto que os dois pássaros estão, fazendo-o se encolherem e ficarem um pouco tontos com a luz forte que de repente surgiu em suas visões.

— Eu deveria ir dormir. — Resmunga o pombo, se virando e levando o lampião consigo.

 Ele sai com passos firmes, parecendo que não estava confiante no próximo passo que faria e queria saber onde pisará. Allexander suspira, esquecendo das picadas dos espinhos das rosas e de minúsculos insetos que passam por sua mão a usando como ponte, Caius também relaxa ao seu lado compartilhando o mesmo esquecimento.

 Os dois saem do esconderijo, tirando as folhas que ficaram presa e partes de seu pijama embolado no meio dos espinhos.

— Corvo. Seu rosto. — Comenta Allexander, apontando para o próprio rosto de demonstrando os leves arranhões que estão presentes no outro.

— O seu também. — Aponta Caius.

 Eles passam a mão pelos seus rostos, sentindo a ardência passando por certos pontos onde os espinhos conseguiram raspar, e levando a mão a frente, manchas de sangue sujam seus dedos.

— Quando terminarmos aqui iremos nós lavar. — Comandou Allexander, indo logo para a área chutada, querendo apenas sanar sua curiosidade que durou dias demais para ele, mesmo que só tenham se passado quatro.

 A coruja e o corvo tiram a parte que protegia a manivela, que tem o mesmo estado que a outra, completamente enferrujada, deixando aqueles que vêm isso se perguntarem se girar isso a faria quebrar e virar poeira. Os dois se juntam, depois de uma tentativa mal sucedida de Allexander de fazer sozinho, mesmo que na aparência as duas eram a mesma coisa, na parte mecânica a daqui é pior que a outra.

 Eles giram e giram, tanto que seus braços tremem com o esforço, parecendo que não tem fim e a estátua já está quebrada. Mas, finalmente algo aconteceu, as asas quebradiças se movem, tentando abrir, mas travando quando estavam prestes a se esticar o suficiente, a cabeça se levanta para os seus, fazendo o capuz de mármore começar a escorregar, como um pano normal.

 Quando o capuz sai, longos cabelos e fios de mármore puro sobram ao vento, como se não pesasse nada. A estátua olha para os céus, seu olhar demonstra saudade e inquietação, como se sentisse que não merecesse isso, mas sua boca abre, expirando ar e soltando, se preparando para que a manivela girasse no momento certo.

 Uma melodia começou a sair dela, fluindo para fora de sua garganta, cheia de saudade, amargura e solidão, sem trazer a tranquilidade da lira ou a satisfação de ter alguém escutando. Ela estava cantando para si, contando uma história que apenas aqueles que estiveram lá entenderiam com toda a alma.

Contava sobre felicidade.

Contava sobre tristeza.

Contava sobre superação sem fim.

Contava sobre uma história esquecida no meio de um jardim.

 A mulher eternizada em mármore, começa a chorar, a água que desce por seu jarro diminuiu, trazendo todo o líquido se transformar em lágrimas que descem pelo rosto da estátua como se gotas de chuva estivessem caindo em seu rosto. Com os braços levantados para o céu, rezando para que seu desejo desconhecido seja realizado, a melodia se aumenta, junto das lágrimas que antes como gotas de chuva, se tornaram um riacho sem fim.

 Uma parte de sua asa cai, uma das rachaduras se estende até quebrar, fazendo um de seus pedaços baterem na água em meio a triste cantoria.

 Os dois ouvintes ficaram parados, não sabiam como reagir a tamanha tristeza vinda de locais que eles desconheciam. Caius aperta suas mãos, sentindo uma parte daquela dor, que logo se torna algo estranho e antigo demais para criança entender.

 Allexander não entende nada, a canção para o céu apenas o lembrava dos contos de guerra que já escutou em sala de aula, ou quando pegava um livro e lia sobre as histórias de desespero dessas situações.

 Depois de vários minutos, a estátuas foi se acalmando, a canção foi se abaixando, e no fim ela se virou para os dois que a escutaram até o final. Ela abaixou suas mãos que estavam levantadas e abaixou até eles, em sinal para eles irem até lá.

 Os garotos seguiram sua ordem, cada um a sua frente, mas sem entrar no chafariz, a estátua se agacha, com sons de rangido e mármore se rachando, mais pedaços de suas asas caem. Ela se estica um pouco para frente, até conseguir passar sua mão pelo rosto de Allexander, que se arrepia com o toque frio e duro em sua face.

 A estátua toca com carinho, quase como uma mãe, vendo seus filhos vindo cumprimentá-la depois de um longo dia de brincadeiras. Ela acaricia os dois em despedida, e um pouco de agradecimento por tê-la escutado mesmo não a entendendo. Logo em seguida volta a sua posição inicial, com partes de suas asas faltando e mais rachada do que antes, mas antes de colocar o capuz de volta um largo sorriso preenche seus lábios, e ela volta a solidão, que como a outra espera alguém para acordá-la novamente.

Capítulos
1 Prólogo
2 Capítulo 01 - Um dia comum, mas cheio de sentimentos estranhos
3 Capítulo 02 - Primeiras impressões são fáceis, até você sair correndo
4 Capítulo 03 - Conversas podem fluir no jantar se você ter ajuda pra conversar
5 Capítulo 04 - Tudo é um aviso, só não aguento mais recebê-los.
6 Capítulo 05 - Um dois pra lá, um dois pra cá
7 Capítulo 06 — Um dia que pode ser resumido em monótono...
8 Capítulo 07 — Sonhos são estranhos, tudo tem significado, mas muitas vezes não
9 Capítulo 08 — Pássaros podem ser cobras se tiverem o disfarce perfeito
10 Capítulo 09 - Cantam como caixinhas de música e tremem como trovões.
11 Capítulo 10 - A chuva pode fazer até pássaros diferentes se divertirem
12 Capítulo 11 - Um dia de folga, um novo problema, um dos dois terá um fim rápido
13 Capítulo 12 - Como um jarro pode ser usado como instrumento?
14 Capítulo 13 - Antigas casas não podem ser sempre chamadas de lares
15 Capítulo 14 - Visitas não muito tranquilas e conversas superficiais
16 Capítulo 15 - Traidor
17 Capítulo 16 - Um canto esquecido conta suas próprias histórias
18 Capítulo 17 - Um buraco escondido contra suas próprias lendas
19 Capítulo 18 - Saindo de um esconderijo e entrando em uma farsa
20 Capítulo 19 - Roubar coisas e conversar sobre outras
21 Capítulo 20 - Pesadelos que enlouquecem aos poucos
22 Capítulo 21- Fatos sobre assassinato e cansaço sem fim
23 Capítulo 22 - Um sentimento de culpa que não deveria existir
24 Capítulo 23 - Pássaros mortos não podem cantar
25 Capítulo 24 - A ilusão da segurança
26 Capítulo 25 - Conversar com um urubu e o mesmo que falar com uma porta
27 Capítulo 26 - Conversas atrás de conversas, talvez um plano saía daí
Capítulos

Atualizado até capítulo 27

1
Prólogo
2
Capítulo 01 - Um dia comum, mas cheio de sentimentos estranhos
3
Capítulo 02 - Primeiras impressões são fáceis, até você sair correndo
4
Capítulo 03 - Conversas podem fluir no jantar se você ter ajuda pra conversar
5
Capítulo 04 - Tudo é um aviso, só não aguento mais recebê-los.
6
Capítulo 05 - Um dois pra lá, um dois pra cá
7
Capítulo 06 — Um dia que pode ser resumido em monótono...
8
Capítulo 07 — Sonhos são estranhos, tudo tem significado, mas muitas vezes não
9
Capítulo 08 — Pássaros podem ser cobras se tiverem o disfarce perfeito
10
Capítulo 09 - Cantam como caixinhas de música e tremem como trovões.
11
Capítulo 10 - A chuva pode fazer até pássaros diferentes se divertirem
12
Capítulo 11 - Um dia de folga, um novo problema, um dos dois terá um fim rápido
13
Capítulo 12 - Como um jarro pode ser usado como instrumento?
14
Capítulo 13 - Antigas casas não podem ser sempre chamadas de lares
15
Capítulo 14 - Visitas não muito tranquilas e conversas superficiais
16
Capítulo 15 - Traidor
17
Capítulo 16 - Um canto esquecido conta suas próprias histórias
18
Capítulo 17 - Um buraco escondido contra suas próprias lendas
19
Capítulo 18 - Saindo de um esconderijo e entrando em uma farsa
20
Capítulo 19 - Roubar coisas e conversar sobre outras
21
Capítulo 20 - Pesadelos que enlouquecem aos poucos
22
Capítulo 21- Fatos sobre assassinato e cansaço sem fim
23
Capítulo 22 - Um sentimento de culpa que não deveria existir
24
Capítulo 23 - Pássaros mortos não podem cantar
25
Capítulo 24 - A ilusão da segurança
26
Capítulo 25 - Conversar com um urubu e o mesmo que falar com uma porta
27
Capítulo 26 - Conversas atrás de conversas, talvez um plano saía daí

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