| Fora da realidade

...• Sarah Coppola...

A minha a cabeça estava doendo, o meu corpo inteiro formigava, enquanto eu lutava para abrir os olhos que estavam pesados, uma fragrância máscula e amadeirada invadiu as minhas narinas, e eu me sentia quente, minha última lembrança consistia em estar no chão frio, enquanto sentia o meu corpo amolecer. Mas isso era diferente, era quente, macio e reconfortante.

Eu consegui? Talvez esse calor e aconchego sejam o paraíso. Apesar que a Madre disse que quem comete suicídio vai para o inferno. Tentei me mover, mas o meu corpo não reagia e parecia estar preso, eu me sentia completamente fora da realidade.

— Sarah?

Era a voz dele? Rouca e grave. Me forcei a abrir os olhos várias vezes sem êxito em nenhuma delas, levei a mão até seu rosto, queria soca-lo, mas não tinha força nenhuma, meu corpo ainda estava amortecido e anestesiado.

— Droga, você também veio? Por que não me deixa em paz?

Ele grunhiu de dor, quando finquei as unhas no seu peito.

— Eu ainda posso te machucar, Klaus, eu já disse que é justo. Você é o meu flagelo, o meu suplício

Resmunguei.

— Porr*a Sarah, tire as garras de mim!

— Eu te odeio. Você me persegue até no inferno. Não ouviu dizer que é até que a morte nos separe, baby?

Ao contrário da sua voz firme e imponente a minha estava grogue e arrastada.

— Você está delirando. Sarah, acorde!

— Quer saber algo que não sabe? Eu sempre odiei meu pai. Por que que tipo de pai entrega a própria filha nas mãos de alguém como o Carbone? E eu não sou como ele sabia? No entanto tudo o que você enxergou em mim, foi o sangue que carrego. Como se eu tivesse escolhido o maldito sangue que corre nas minhas veias. Eu te odeio por isso, por que cada vez que me olha você me lembra que essa é a minha maldição. Você é tão cruel.

— Sarah, precisa acordar.

— Você é quente como o inferno Klaus.

Eu sinto o seu polegar passar pela minha boca, em um gesto delicado, mas seu beijo é intenso, capaz de abalar cada estrutura minha, e não posso deixar de corresponder, como se fosse tudo que eu preciso, tudo que eu quero, é uma droga o quanto o seu toque escravizou o meu corpo até mesmo aqui. E ele continua a me beijar enquanto sinto cada respiração que entra e sai do seu corpo, escuto cada batida do seu coração acelerado, protegido por uma camada mais que generosa de músculos. Sua mão toca o meu rosto, eu morri, agora eu sei. Ele jamais de beijaria. Paro para pensar se o seu beijo teria sido assim.

— Sarah.

— Eu não tenho mais nada. Cada pessoa que passou pela minha vida levou uma parte de mim.

Embaraçada, eu queria gritar tantas coisas, tudo estava embolado, o meu coração era como uma tempestade.

— Você também. Talvez o mais cruel, por me dar um pedacinho do paraiso e arranca-lo de mim sem hesitar.

Subi em seu colo, ficando as unhas em seu peito, o calor dele me queimava, seu peito subia e descia.

— Como teria sido se eu fizesse o mesmo que fez a mim?

— Sarah!

Ele rosnou, eu o sentia pulsar, enquanto descia a unha sentindo cada gominho de seu abdômen. Ele segurou a minha mão e eu abri os olhos com o susto. Klaus estava me encarando os seus, o mesmo sorriso presunçoso olhei para baixo estava apenas de roupão, me joguei para o lado, Klaus me agarrou me impedindo de cair, no momento seguinte ele estava em cima de mim. Quão ambivalente era odiar e desejar o mesmo homem ao mesmo tempo?

Passei os olhos pelo lugar, não era a minha conhecida cela. Ele estava tão perigosamente perto de mim, empurrei ele e só então me dei conta de que não tinha morrido, e pensar em viver mais um dia naquela angústia me desespera a ponto de me faltar o ar.

— Sarah, se acalma.

— Como? Como eu posso me acalmar? Você não me deixa viver, você não me deixa morrer, não me deixa ir embora. Eu não quero viver. Não quero viver assim, pensando que a qualquer momento alguém vai passar por essas portas e exigir minha cabeça.