| Ambiente desconfortável

...• Sarah Coppola...

Esse ambiente é extremamente desconfortável. Todos aqui não pouparam esforços para mostrar o quanto estavam veementemente contra esse casamento. Eu também não era nada a favor.

— Klaus, seja bem vindo.

Um homem nos recepciona ignorando completamente a minha presença. Como se isso realmente importasse.

A noite estava só começando, e ao que parece cada membro do conselho tinha uma demanda contra os Coppola, e certamente estavam usando essa noite como oportunidade para lembrar de cada uma delas.

Comentários de como Klaus capturou cada um dos meus irmãos dela, eram revirados com orgulho, detalhes de cada tortura começavam a surgir nas rodas de conversa, e eu estava tentando não me importar, mas minha pele estava pálida e a minha apatia em relação ao que eles falavam nada mais é do que uma camada de defesa, principalmente quando mencionam Alex.

Mas algo me chama a atenção, um dos homens do conselho me encara como se quisesse constatar algo, talvez seja só ódio, mas ele não me é estranho.

— É uma questão de tempo até pegarmos Magnus.

Eles conversam animados.

— Posso ir ao banheiro?

Pergunto, quase em um sussurro sem conseguir mais digerir esse ambiente, onde sou bombardeada com comentários de ódio.

Ele mostra a direção e eu sigo até lá. Me tranco em uma das cabines, me sentindo sufocada.

— Não acredito que o Klaus teve a coragem de se casar com aquela mulher.

Ouço algumas risadas.

— Ela é uma Coppola, me enoja saber que ele teve que ir tão longe, mesmo sabendo que ela é apenas um meio para um fim.

Outra fala.

— De qualquer modo, ela está no lugar que deveria ser meu. E ela vai pagar por isso. Ouviu Sarah Coppola? Eu sei que está aí.

Ela dá risada.

— Talvez eu não precise fazer nada, o próprio ódio do Klaus por essa raça maledetta fará por mim. Essa coleira no seu pescoço mostra o que você representa para ele.

Ela alfineta outra vez.

— Uma coleira para uma cadela. É isso que você é Sarah.

Dei uma risada amarga. É uma droga não conseguir controlar essa minha língua impulsiva. Abri a porta e ela me encarou de cima a baixo.

— O que é tão engraçado?

Levei a mão até aquela maldita coleira e tirei.

— Disse que estou ocupando um lugar que pertence a você. Pegue, uma coleira para uma cadela.

Joguei aquela coleira aos pés dela. Antes que ela pudesse dizer ou fazer qualquer coisa outra mulher entra no banheiro, trancando a porta.

— Ninguém, absolutamente ninguém tem mais direito de machuca-la mais que eu.

Se olhar era frio, e ela me encarava como se eu fosse a maior aberração que ela já viu na vida.

— Eu vi como você ficou quando falaram do Alex. Não gosta do que Klaus fez a ele?

Cada passo que ela dava em direção a mim era como se ela estivesse marchando para a guerra, seus olhos eram uma mistura de ódio e dor.

— Caroline Martini.

Ela diz pausadamente.

— A mulher que Magnus e Alex Coppola estup*rou, junto aos seus seis homens de elite, diante de Enrico Martini, um garotinho de quatro anos, que depois de assistir a própria mãe ser violentada e morta, foi baleado, e teve seu abdômen rasgado, para que seu sangue fosse usado como tinta. Eu sou mãe dela.

Ela disse, lágrimas escorriam pelo seu rosto.

— E agora eu a vejo ocupar o lugar de esposa, que já pertenceu a minha filha, e mesmo que seja uma fachada, isso me dilacera, isso me enoja, me deixa com ódio. Uma maldita Coppola.

Ela me deu um tapa tão forte que senti o meu rosto sangrar, cai no chão, sem conseguir reagir ao ouvir a monstruosidade do que eles fizeram.

Ela tirou um teaser da bolsa, e usou na minha barriga, me fazendo convulcionar com os choques. As outras duas mulheres assistiam a minha desgraça como se fosse um filme de comédia. Ela agarrou meus cabelos me fazendo olhar nos seus olhos.

— Guarde bem o meu rosto, quando você deixar de ser necessária eu a farei sofrer na mesma medida que ela sofreu.

No momento em que ela ia colocar a minha cabeça na privada a porta foi arrombada. Klaus e Luigi entraram no banheiro, a mulher me jogou no chão com violência, pisando na minha mão com o seu salto agulha.

— Não toque em mim!

Gritei, quando Klaus deu um passo na minha direção.

Levantei e olhei o meu rosto inchado no espelho, minha boca havia sido cortada, o propósito desse jantar era apenas esse: me exibir como uma prisioneira de guerra, mas eu faria isso de cabeça erguida. Porque por mais que eu odeie tudo o que eles fizeram, eu jamais aceitaria ser culpada por um erro que não cometi.

Limpei o sangue que estava na minha boca, enquanto Klaus mantinha os olhos em mim.

Me recompus e deixei aquele banheiro ao lado do Klaus, e por mais que estivesse dilacerada por dentro, eu suportei cada um dos ataques que foram direcionados a mim naquela mesa de jantar. Não toquei em nada, Klaus parecia desejar que essa merda de jantar durasse.

Eu olhava para a porta dos fundos, por onde os funcionários passavam, o quão idiota era a ideia de tentar fugir? Sem conhecer nada, sem ter ninguém no mundo, sem nem mesmo conhecer esse lugar. Imensa.

Mas eu estava tão atordoada que não pensei em nada. Quando Klaus seguiu para uma das salas, eu passei por aquela porta, sem olhar para trás. Um furgão com o logo do buffet estava estacionado mais a frente. Não hesitei, entrei e fiquei abaixada e escondida entre as louças e engraçados de bebidas. Me encolhi ao ouvir vozes do lado de fora, e só respirei aliviada quando as portas foram fechadas, alguns homens davam risada do lado de fora, enquanto eu só pedia para que aquele carro seguisse o seu destino, seja lá para onde fosse.

E quando o carro arrancou, eu suspirei aliviada, enquanto ouvia a conversa do motorista, não tinha a mínima ideia do que eu faria. Mas preferia estar na rua à minha própria sorte.

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