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Aquelas duas iris azuis brilhavam intensamente enquanto me observavam minuciosamente, eu ia falar alguma coisa, mas travei com os lábios entreabertos e alguns fios de cabelo no rosto, eu devia estar muito patética, enquanto ele parece receber ajuda divina para parecer mais bonito, com os cabelos bagunçados pelo vento, os lábios curvados em um meio sorriso e aquele olhar idiota de quem tem muito charme e é irresistível para as garotas.

– argh, tão clichê_ retiro as mãos dele de minha cintura e me afasto dele.

– me chamou de clichê?_ ele pergunta enquanto eu tento prender meu cabelo de qualquer jeito.

– eu não chamei você de clichê, mas essa situação foi a mais clichê possível_ reviro meus olhos enquanto tento mais uma vez prender meus cabelos, mas é em vão.

– eu tirei essa coisa do seu cabelo de propósito, você fica melhor assim_ ele fala se sentando novamente.

– não, não vá por esse caminho Payne_ falo seguindo até meu lugar_ o que quer que você esteja tentando fazer, esqueça_ pego outro pincel, já que o primeiro acabei derrubando.

– o que eu estou tentando fazer?_ pergunta se fingindo de sonso.

– isso_ usando meu dedo indicador faço um círculo no ar_ você vem sendo legal comigo, está falando que quer me entender e depois fala que eu fico mais bonita assim_ aponto para mim mesma_ sem contar com aquele momento ridículo de a pouco, então qualquer que seja sua ideia, sei lá, esqueça_ falo séria e ele riu.

– acho que já entendi tudo_ novamente aquela cara de quem interpretou tudo mal_ você está achando que eu estou jogando charme para você, e tem medo de cair direitinho no meu papo?_ inclinou seu tronco em direção a mim, e isso fez ele ficar mais próximo de mim, tipo, a alguns centímetros de distância.

– cair no seu papo? Eu?_ tirei um sorriso debochado_ não tenha tanta certeza Payne, eu tenho um óptimo gosto_ me defendo.

– nossa, magoou, eu não sou feio, por que se apaixonar por mim séria um problema?

– você vive jogando charme para todas as garotas que conhece, por que se apaixonar por você seria algo de bom?_ devolvo a questão e ele riu, porém não se afasta.

– porque eu sou incrível e..._ se aproximou ainda mais, só pra sussurrar ao meu ouvido:_ faria você feliz em todos os sentidos_ consigo sentir sua respiração em meu pescoço, enquanto ele ri e vai se afastando.

– estou atrapalhando algo?_ Vince pergunta enquanto a porta se fecha atrás dele, e agradeço pois não teria nada para responder a frase idiota do outro.

– não_ respondo sem fazer aquele típico movimento rápido que faz qualquer um desconfiar que estava acontecendo algo, e apenas me endireito no meu lugar.

– eu só estava falando para sua irmãzinha chata deixar de ficar sempre na defensiva_ Hector fala também se endireitando.

– idiota_ volto minha atenção para o quadro inacabado em minha frente.

– foi exatamente isso que ela disse_ se levantou pegando no quadro e nos pincéis.

– hummm, ok_ Vince fala não muito convencido_ eu só vim chamar vocês para jantar_ se apoiou na parede.

– claro_ falo voltando a pintar.

– agora_ meu irmão frisa.

– sério?_ o encaro indignada.

– sim, sério_ aponta pra porta e mesmo contrariada começo a organizar minhas coisas_ você vai ficar aqui pintando e depois vai querer ir tomar banho e serão mais meia hora passados até nós podermos jantar_ fala convicto.

– entendi_ coloco meus pincéis em seu devido lugar enquanto Hector sai do terraço_ já agora, eu me lembrei que precisamos conversar_ falo olhando para ele que no mesmo instante revira seus olhos_ não revire os olhos para mim Vincent Robert Saltzman_ falo séria.

– tá bom_ ele levanta os braços em rendição.

– você me odeia?_ pergunto calmamente.

– por que razão eu te odiaria? Você é minha irmã gêmea, e também, te odiar é como odiar uma porta, você não se importa_ da de ombros.

– eu tenho sentimentos sabia? Eu ouvi o que você falou quando estava com os seus amigos e odiei, não pelo que foi dito, mas por ser você quem disse_ confesso.

– e por acaso, você se importa com o que eu penso de você ou não?

– me importo, me importo porque você é meu irmão gémeo, não somos só duas pessoas que partilham o mesmo sangue, nós partilhamos o mesmo útero e até o mesmo óvulo_ falo séria_ poxa Vince, nós temos as nossas diferenças, mas me machucou ouvir que você ficou feliz por eu me dar mal, nesse caso eu nem tive culpa de nada, se eu tivesse feito alguma das minhas falcatruas é uma coisa, mas foi o James quem mexeu comigo,saber que isso não faz a mínima diferença para você, me machucou.

– Vicky, eu..._ levantei minha mão para impedir ele de prosseguir.

– não, não fale nada, o que quer que você tenha a dizer, serão apenas palavras vazias ditas ao acaso, eu não quero te ouvir agora, preciso tomar um banho_ passo por ele e sigo em direção ao meu quarto, onde guardo meus materiais e sem demora vou tomar um banho rápido, para depois ir jantar.

•••

[Quarta-feira: 06:10 AM]

O dia amanhece frio, as nuvens cinzentas indicando que a qualquer hora a chuva se fará presente, o vento fazia ruído ao passar pela brecha da janela semi fechada, enquanto eu terminava de pentear meus cabelos pra depois prende-lo em um coque perfeito. Eu sempre amarro meus cabelos, desde muito novinha, quando descobri o mundo dos romances de época e percebi que as damas naquela época, não ficavam com os cabelos soltos o tempo todo, acho que desde que adotei esse hábito, não mais deixei me verem com os cabelos soltos e nem sem maquiagem, o que faz eu ficar totalmente diferente quando estou com os cabelos soltos e de rosto limpo.

– VICTORIA_ o grito abafado que passa pela madeira da porta, me faz revirar os olhos, as duas crianças idiotas, gritaram meu nome em simultâneo.

Para não ter que ouvir novamente o mesmo grito, pego minha mochila e desço as escadas, encontro ambos sentados a mesa e já começando a tomar o café da manhã.

– qual é o problema de vocês?_ me sento em meu lugar e começo a me servir.

– você ia fazer a gente atrasar_ Hector responde dando uma grande mordida em sua torada, e espalhando diversas migalhas pela mesa.

Olho para meu irmão e ele está comendo sua sanduíche, mal se importando com a etiqueta e as milhares de regras de boas maneiras que ele está atropelando a cada dentada que dá.

– vocês os dois nunca aprenderam a ter boas maneiras?_ questiono indignada.

– deixa a gente em paz_ Vince fala continuando naquela exibição da mais pura brutalidade com a comida.

– tenham modos por favor_ peço e em resposta, os dois me encaram enquanto dão as piores dentadas já feitas na história da etiqueta_ idiotas_  começo a comer antes que eu me atrasasse para o colégio e tivesse que aturar sermão da professora Ruth.

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