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– quem é você?_ pergunto despreocupada, mesmo estando em um local desconhecido e de frente para uma total desconhecida.

– eu sou a magia da terra, aquela cujos poderes da floresta e da terra possui, aquela que vocês procuram pela benção.

– ah, então é você quem o bonitinho lá protege_ cruzo minhas pernas e presto total atenção_ me diga, o que é necessário para você fornecer a benção para ela?_ arqueio a sobrancelha.

– quer me comprar? Como se eu fosse uma mera mortal_ se levanta irritada.

– longe de mim fazer isso, não me atreveria a tal_ me levanto e a observo me medir com o olhar.

– porque você ajuda uma fada? Ela é uma renegada, porque quer tanto ajudá-la?

– porque eu não sou um monstro igual a vocês_ ela me olha com raiva.

– monstro? Me surpreende isso vindo de uma humana, criatura que destrói tudo o que toca, que mata uns aos outros e destrói o mundo que os acolhe, como você ousa me chamar de monstro, sendo que o monstro aqui é você_ ela se aproxima e me olha com ar de superioridade.

Solto uma risada debochada_ você chama a minha espécie de monstruosidade, mas mesmo assim prefere deixar uma das suas aqui, presa com os monstros, mesmo sabendo que se eles descubriram o que ela é, irão levá-la a tortura, farão dela prisioneira e cobaia o seus experimentos_ falo óbvia_ nós podemos até ser monstros, mas sinceramente, vocês são muito piores, de certeza_ ela me olha irritada, mas mantém sua postura serena.

– então porquê você, como humana, ainda não espalhou o que ela é em troca de fama, dinheiro, poder e tudo mais, pelo contrário, tem ajudado ela?_ sua voz saiu dócil e calma_ logo você, a garota menos provável a ajudar alguém, foi a que ajudou Zora, será que não é algo predestinado?_ sorriu convencida, me arrancando uma gargalhada.

– sério? Ok, uma coisa é acreditar em magia e tals, mas agora destino? Eu não acredito em destino_ dou de ombros.

– entendo_ ela assente e ao estalar os dedos, uma bolinha verde flutua até mim_ aqui está a benção da terra, eu te dou com uma condição.

– qual?

Ela se aproxima de mim e fica a uma distância que caso ela estique a mão consegue me alcançar_ você será o receptáculo dela, todas as bênçãos serão entregues a você e aí só assim ela poderá tomar conta do poder_ um sorriso de canto surge em seu rosto.

– e quais as implicações que ser um receptáculo incluem? E se nós não cumprirmos com isso na hora das outras bênçãos?_ cruzo os braços na altura do peito e ela ri.

– no momento que você aceitar, todos os outros cristais saberão desse detalhe e só passarão a benção a você_ deu de ombros.

– e porquê tem que passar por mim primeiro?

– porque eu assim o quero, sem isso, não há benção_ o sorriso típico de vilã que ela tirou me deixou extremamente incomodada_ você mesma disse, quer se livrar dela_ ela começou a girar em torno de mim calmamente_ vai chegar um momento que a fada terá que sumir da vista de todos e se tornar apenas sua sombra, apenas você a verá e ouvirá, será sua assombração pessoal, falando ao teu ouvido sempre, sempre, e sempre, sem possibilidade de livramento, com um vínculo até a eternidade, até que você enlouqueça, se perca no mundo e já não saiba o que é real e o que não é_ ela ri_ isso é uma maldição Victoria_ se afasta de mim_ e a única forma de você quebrá-la, é a que eu estou propondo_ abre a mão fazendo a pequena bola surgir em sua palma_ você escolhe, mas o tempo está passando, TIC TAC, TIC TAC_ ela me analisa minuciosamente, tentando adentar minha mente e depois se vira, olhando para um pequeno relógio que surgiu de sei lá onde_ ah, eu me esqueci de dizer, se o relógio chegar a zero, você fica presa aqui e seu corpo morre_ volta a me encarar.

– que filha da p_ falo indignada ao ver o relógio faltando 3 minutos para chegar aos 00_ eu não sei o que você está planejando, mas você ganhou, me dá a droga da benção_ suspiro e evito olhar para a cara dessa víbora andante do cristal.

– óptima escolha florzinha_ ela caminha rapidamente até mim e então estica sua mão e assim que ela toca minha barriga, sinto uma enorme pressão no local e parece que sou atirada daquele local no mesmo instante.

•••

Abro meus olhos lentamente, e dou de cara com Zora segurando minha cabeça em seu colo_ ei, você está bem?_ ela pergunta assim que percebe que eu abri os olhos.

– eu estou bem, só uma dorzinha aqui e ali_ me levanto, mas logo vou de encontro com o chão, apenas salva pelo gatinho que me segura antes que eu bata de cara com o chão.

– você não está nada bem_ Zora passa meu braço por seu ombro para que eu me apoie nela_ o que aconteceu lá dentro?_ pergunta preocupada.

– nada demais, só constatei que aquela mulher lá dentro é uma doida varrida, uma sociopata, uma..._ procuro uma palavra que se encaixe para definir aquela doida.

– mais respeito ao se referir a deusa_ o gatinho fala me repreendendo e eu o olho indignada, enquanto Zora me põe para sentar em um banco que surgiu de sei lá onde, já agora, aqui tudo surge de Nárnia, só pode.

– sua deusa é uma doida sim, ela deve ser pior que Zeus, eu hein, nem Hades deve ser tão mau quanto ela_ ele revira os olhos para mim.

– deveria agradecer que ela ouviu a uma mera mortal como você.

– preferia ser atendida por um sapo, do que voltar a ver aquela sua deusa psicopata_ tento me levantar, mas ainda sinto meu corpo fraco_ Zora, vamos logo, quero sair desse lugar o mais rápido possível.

– tá_ Zora volta a passar meu braço por seus ombros e me ajuda a levantar.

– espero não mais vê-las aqui_ o bonitinho fala e ao estalar o dedo, sinto uma outra pressão no meu corpo e abro meus olhos estando na frente do chalé que alugamos.

– como?_ pergunto confusa.

– guardiões dos cristais recebem poderes especiais para poder proteger o cristal, e esse é um deles, teletransporte_ ela me encara e depois arregala os olhos_ você está sangrando Vicky_ me encara preocupada, e sinto minha cabeça girar.

– Vicky?_ a voz de Kim reverbera lentamente em minha mente, enquanto a vejo correr em câmera lenta até mim, minha visão vai ficando desfocada, os sons mais distantes e então não sinto mais nada.

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