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Durante o caminho eu tive que inventar uma história para Kim, porque eu não podia simplesmente dizer toda a verdade, ela me acharia maluca e eu não queria envolver ela mais do que o necessário, por isso tive que mentir que estávamos indo para que Zora participasse de uma feira que era uma tradição de família e como ela acabava de ficar órfã, me implorou para a acompanhar (é maldade usar essa desculpa? Sim é, mas sinceramente eu não achei nada melhor para inventar, e isso facilitaria para que ela não fizesse um monte de questões). Ficamos a noite inteira na estrada, e agora 7 horas depois, estamos chegando na floresta de kavindir onde a pista que procuramos está.

– eu não acredito que estamos no meio do nada_ Kim reclamou.

– você quem quis vir_ dei de ombros, mas antes que ela falasse, meu celular começou a tocar.

- Victoria Robert Saltzman onde é que você está?_ a voz preocupada de meu irmão mais velho soou do outro lado da linha.

- bom dia pra você também maninho_ falo sarcástica.

- me dê esse celular_ oiço no fundo a voz do meu pai e rapidamente ele assume o controle da chamada_ Victoria onde você se meteu_ ele tentava não perder a paciência comigo.

– eu estarei de volta até amanhã de tarde, não se preocupe comigo, eu estou bem_ expliquei.

– me diga onde você está, eu venho pegar você aí_ percebo que ele começa a andar.

– eu vou dar notícias de 2 em 2 horas, não vou atender suas chamadas descontroladas, então nem se dê ao trabalho de ligar, até amanhã_ desligo a chamada mesmo ouvindo ele falar repetidamente meu nome.

– você tem noção de que seu pai vai te matar, não sabe?_ Kim pergunta focada na estrada.

– eu sei, mas vale a pena o risco, o máximo que ele pode fazer, é me proibir de sair_ dei de ombros_ ah me lembrei, ele já faz isso_ falo óbvia e ela acaba soltando uma risadinha.

– queria que meus pais se importassem assim como o seu se importa_ falou despreocupada, como se tais palavras não a afetassem mais do que ela deixava transparecer, porém como a conheço perfeitamente, eu sei o quanto isso a machuca.

Nós nos mantivemos em silêncio até chegar ao chalé que aluguei, e depois de nos acomodarmos, tomar banho e trocar de roupa, Kim foi dar uma volta pela pequena vila, enquanto eu e Zora aproveitamos para ir a floresta fazer a fada voltar para sua dimensão.

•••

Estávamos a poucos minutos dentro da floresta e o local tinha um cheiro desagradável, a lama sujava minhas botas, as folhas e galhos ficavam presos em meus cabelos mesmo eles estando presos, tinha mosquito para todo o lado e a humidade estava me matando, que ideia estúpida foi a minha de adentrar a floresta com ela? Eu devia ter ficado no chalé, lendo minhas revistas de moda, meus livros ou pelo menos mantendo meu cabelo intactamente lindo.

– nossa, meu cabelo_ reclamo pela quinquagésima vez.

– você quem deu essa ideia de vir para cá, então melhor não reclamar_ Zora fala seguindo na frente e ao notar seu estado, percebo o quão intacta ela está ainda.

– pra ajudar você, que ingrata_ bufo irritada_ isso por acaso é seguro?_ empurro um galho.

– eu sei lá, você quem encontrou esse lugar_ dá de ombros.

– VOCÊ, é a fada da floresta, não eu_ falo óbvia.

– mas é a SUA dimensão, não a minha_ retruca e eu paro para dar uma descansada, e expressar melhor meu descontentamento.

– nossa, que idiotaaaaaaaaaaa_ durante minha frase, o local na árvore onde me apoiei, se abriu e eu comecei a cair por entre folhas.

– VICKY_ oiço o grito de Zora, mas apenas consigo me concentrar na dor que é, estar caindo, batendo e rolando em pedras, enquanto desço rumo ao desconhecido aterrorizante numa floresta longe de casa, sem ter ninguém sabendo a localização de meu paradeiro, (que bela ideia a minha, agora vou morrer e ninguém vai achar meu corpo pelos próximos 1000 anos).

Tento parar de rolar, mas meu corpo não consegue e só paro de rolar descontroladamente no chão, pois a fadinha consegue chegar até mim, e não sei como, ela me ajuda a parar a tempo, antes de me chocar com toda a força contra uma rocha.

– você está bem?_ ela pergunta me analisando.

– se eu estou bem?_ a pergunta ressoa como uma piada de mau gosto na minha mente_ como eu vou estar bem? Virei comida de mosquito, estou suja de lama, folha e galhos até onde achei que seria impossível de ter isso, estou em algum lugar onde não faço a mínima ideia, e você me pergunta se eu estou bem?_ solto uma risada sem humor_ não Zora, eu NÃO estou bem_ respondo irritada e ela prende uma risada, que se tivesse escapado dela, teria me feito partir para a agressão.

– calma, agente vai sair daqui, só precisamos nos acalmar e trabalhar em conjunto_ ela tenta me acalmar, o que não resultou, mas serviu para instigar minha parte racional a tomar controle da situação.

– ok, você tem razão_ retiro a pequena lanterna de minha bolsa de cintura e tento liga-la, o que acontece com certa dificuldade.

Vejo uma pequena caverna e mesmo me cagando de medo, eu sigo em direção a caverna, com Zora do meu lado, ambas tentando nos manter estáveis e calmas, enquanto passamos pelo local húmido, que até chega a haver morcegos voando sob nossas cabeças.

– estamos indo no caminho certo_ a fada apressa o passo assim que diz isso, mas estranho pois ela caminha em direção a um beco sem saída.

– como você sabe?_ tento acompanhar a velocidade da mesma, mas me é difícil pela dor que minutos atrás se manifestou em meu tornozelo.

– esse é um símbolo das fadas da terra_ ela toca na parede um símbolo estranho, mas idêntico ao que nos fez vir para esse local, e esse símbolo se acende, fazendo uma luz irradiar da parede.

– tem outro símbolo aqui, mas ele é diferente_ falo observando o símbolo do outro lado da parede_ ele tem um detalhe meio..._ toco na parede e o brilho aumenta, me fazendo retirar rapidamente minha mão da parede, fazendo parte do brilho sumir.

– eu acho que ambas precisamos tocar nos símbolos, ao mesmo tempo_ Zora fala depois de soltar o símbolo e a luz se extinguir por completo.

– ok_ assinto e voltamos a tocar nos símbolos, o que faz a luz aumentar ainda mais e de seguida a parede se abre, me deixando boquiaberta com a visão.

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