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– Por favor, não se esqueçam de rever a matéria e resolver os exercícios propostos_ a professora fala arrumando suas coisas e logo se retira da sala.

– o que nós vamos comer?_ Zora me pergunta toda animada.

– sei lá, qualquer coisa_ dou de ombros desinteressada. Na cantina, compramos nossos lanches e eu sigo para me sentar em minha mesa antiga, que no momento está vazia, porém Zora me encara confusa.

– não vamos para o campo de ténis?_ fala confusa.

– não, já me sentei lá por muito tempo, é hora de me sentar de volta na civilização_ falo sentando em uma cadeira e Zora na outra.

– aqui é chato_ Zora coloca seu braço na mesa e depois repousa a cabeça nele_ vamos lá sentar lá fora, aqui você não vai poder brigar com o Tyler_ fala entediada e eu ri.

– e isso é mau?_ falo indignada.

– é_ levanta o rosto_ eu estou acostumada com as farpas voando de um lado para o outro entre vocês os dois, esse lugar é tão chato_ faz carinha de choro.

– pois se acostume, nós vamos passar a almoçar aqui_ me foco em meu lanche por uns minutos, até que minha atenção é roubada por alguém que se senta na minha frente.

– eu estou aqui_ Jenny fala colocando seu caderno sob a mesa.

– então comece a anotar_ falo sem prestar atenção nela.

•••

19:29

Como nos últimos dias, eu novamente me encontrava em estado de puro tédio, deitada na minha cama com zero pensamentos me assolando e apenas me sentindo entediada, mas então, eu tive uma ideia: pintar.

Fazia tempo que eu não pintava em casa, que eu não pintava o céu noturno e para minha sorte, ainda faltava algum tempo para o jantar, por isso, peguei duas telas, minhas tintas e pincéis, logo subi a escadaria em direção ao terraço, onde me instalei e me preparei para começar.

O céu estava lindo, exibindo sua magnificência e plenitude, as estrelas brilhavam em perfeita sintonia com a lua crescente, a brisa noturna balançava meus cabelos e esse acto, acabava fechando minha visão, por isso peguei em uma presilha qualquer e prendi meus cabelos bem alto, mas de forma desengonçada. Enquanto minhas mãos segurando o pincel deslizavam pela tela, me permiti relaxar e apenas deixar meus instintos e pensamentos ditarem o que sairia no final.

Fui cantarolando cardigan de Taylor Swift, eu conhecia de cor a música, mas não era tão legal canta-la assim, eu prefiria acompanhar a Taytay em um show privado, que ocorria em minha mente toda a vez que eu ligava meus fones, mas infelizmente, não será possível e tenho que me contentar com apenas cantarolar.

Alguns minutos depois, a porta do terraço é aberta e vejo Hector entrar_ todo mundo achou que você fugiu de casa_ falou mexendo em seu celular enquanto se aproximava de mim.

– sou prudente, não ousaria irritar ainda mais meu pai_ falo voltando minha atenção ao quadro.

– bom saber_ para do meu lado_ posso ficar aqui?_ fala depois de breves 3 segundos de silêncio.

– por que você quereria ficar aqui?_ falo passando o pincel pelas cores.

– porquê sim_ declara simples_ não é legal ficar sozinha_ direciono meu olhar para ele.

– o que está acontecendo Payne?_ pergunto confusa_ descobriram que eu tenho pouco tempo de vida e eu não sei?_ cruzo os braços após largar o pincel.

– oxe, não_ ele riu_ por que tanta desconfiança?_ pega um banco e se senta do meu lado.

– você está sendo legal comigo, tem noção de como isso é estranho? No mínimo eu estaria morrendo, por isso esse bom tratamento_ dou de ombros e ele gargalha alto.

– um bom ponto_ ele me observa intensamente, então desvio o olhar do dele e pego novamente o pincel_ eu pensei muito durante o tempo que estive fora, e percebi que não conheço você de verdade, só conheço o lado cruel e malvadinho, mas não a Vicky de verdade.

Foi minha vez de gargalhar_ essa é a Vicky de verdade, a cruel e malvadinha_ dou de ombros sem encara-lo.

– não acredito, você foi pra outra cidade e teve gente falando que você é legal, Zora chegou no colégio e a única pessoa com quem ela se entende bem é com você, e você cuida muito bem dela, não como se fosse uma de suas subordinadas, mas sim sua protegida, e pra completar, eu analisei em minha mente, todos os momentos que já vi você com a Kim_ fez uma breve pausa_ Kim não se importa com muitas coisas, mas ela saiu para outra cidade com você, porquê será que todos esses vêem algo que ninguém mais vê?_ completa curioso.

– é simples, com o pessoal da lanchonete, eu não fiquei tempo suficiente para eles saberem como sou de verdade, com Zora, é questão de puro interesse, eu faço algo que ela quer e ela faz algo que eu quero, já com Kim, ela só foi comigo porque queria sair de perto dos pais, e nada melhor do que uma viagenzinha a outra cidade_ completo com um típico dar de ombros.

– então é assim?_ vejo ele pegar uma das minhas paletas de cores_ com você é só coisas más, sem nenhuma coisa boa?

– eu não sou má, apenas sei o que quero e busco alcançar isso, eu não deixo sentimentos e impulsos determinarem minhas acções, eu sou racional e isso as vezes pode parecer sem sentimentos, mas entenda_ viro meu rosto para o encarar, ele estava iniciando uma pintura_ as pessoas são frágeis porque não enfrentam o mundo como deveriam, ontem mesmo, a Heide falou que eu me achava só porque falei que as ideias deles eram horríveis_ reviro os olhos e volto a me concentrar na pintura.

– você não precisava dizer que as ideias deles são horríveis.

– se você não disser o que acha e sente, as pessoas nunca saberão o que você realmente acha, se eles pegassem no facto de alguém achar suas ideias horríveis e começassem a analisar o que fazem de errado, certamente que já teriam descoberto a raiz de seus problemas, mas não, as pessoas preferem ser frágeis e levar qualquer crítica como uma ofensa_ suspiro_ algumas pessoas, só atingiram o sucesso porque queriam mostrar que eram capazes de ser alguém, em meio a todos que diziam que ela não era capaz, cabe a cada um, decidir o que fazer com as críticas que recebe e talvez evoluir com isso.

– fala por experiência própria?!_ eu não consigo distinguir se ele questionava ou fazia uma inferência, mas decidi responder e intervir logo.

– eu não falo por experiência própria, falo por sabedoria, e digo mais, eu não vou passar a mão na cabeça de alguém que não sabe fazer direito o que deve, isso gera atraso no mundo_ me levanto e vou até uma espécie de armário que ali tem, e pego umas tintas.

Ficamos em silêncio por alguns instantes, até que eu me sento e ele me encara_ você fez aquilo com a Heide só pra machucar o Jay?_ ele questiona com cautela.

– o que?_ falo meio confusa.

– todo mundo acha que você fez aquilo lá ontem, não só pra magoar a Heide, mas o James também_ explica.

– nem por isso, talvez tenha sido um efeito colateral, mas a intenção não era essa.

– e qual era?

– você está muito curioso hein, deixa pra lá_ falou sem encarar o garoto do meu lado.

– não vamos deixar para lá, é tão simples de explicar_ argumenta.

Me viro em sua direção ainda com o pincel em mãos_ está bem, a garota foi atrás de mim só pra falar que eu me achava e coisas sem sentido, eu achei que ela tinha muito tempo livre pra ficar pensando na minha vida, por isso, dei para ela algo pelo que se ocupar em sua própria vida, simples_ faço um gesto qualquer com minha mão esquerda.

– ah tá, entendi_ ele esboça um sorriso daqueles que já me diz que ele interpretou errado o que eu falei.

Suspiro_ o que você entendeu?_ jogo minha cabeça para o lado.

– você fez isso para que ela não tocasse em um assunto que te magoasse, por isso, a magoou para que ela fosse o assunto e não você_ falou como se fosse obvio.

– claro que não_ fiz uma careta de indignação, então ele sorriu de canto e em um acto rápido, puxou a presilha de meu cabelo_ ei_ me levantei no mesmo instante que ele, e tentei alcançar o objectivo, mas ele é super mais alto que eu, e acaba me segurando bem próxima a ele, deixando nós dois em uma posição constrangedora.

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