O Fio Vermelho Do Destino

O Fio Vermelho Do Destino

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Todas as manhãs as 06:00 AM, o som agradável do meu despertador tocando para me acordar pra um dia maravilhoso, me faz levantar calmamente e sigo em direção ao meu banheiro, onde faço as minhas higienes e depois de demorados 30 minutos, saio do banheiro e me arrumo para ficar deslumbrante antes de ir ao colégio, afinal, eu sou a rainha da Saint Grégory College.

Espera aí.

Eu vou esclarecer alguns pontos que eu posso ter cometido um certo equívoco:

1°\= o som do meu despertador não é nada agradável, tanto que eu taquei ele na parede assim que começou a tocar.

2°\= eu não me levanto calmamente, eu me levanto meio zombificada, sem vontade alguma de sair do quarto e com muita raiva do despertador.

E por fim, mas não menos importante.

3°\= meu nome é Victoria Saltzman e aos 17 anos, sou filha de um empresário de sucesso e uma atriz renomada, estudo em um dos melhores colégios de toda a cidade, sou como uma abelha rainha no colégio e em praticamente todos os lugares que vou, sou ruiva, 1,72 de altura e tenho olhos castanho claros.

Agora que já deixei claro isso, continuemos:

Depois de já arrumada, desço as escadas até a sala onde o café da manhã já está preparado apenas para eu e meu irmão gémeo Vincent. Meus pais são divorciados e ambos já seguiram com suas vidas, meu pai se voltou a casar com uma modelo que tem idade para ser minha irmã mais velha, já minha mãe, supostamente arranjou um namorado, mas como nós não temos uma relação próxima, eu não posso afirmar com certeza, meus pais não são lá muito presentes, pelo contrário, trabalham o tempo todo e nós aprendemos a viver sem a atenção, mas bom, cá estou eu sentada na mesa, com meu irmão mexendo em seu celular e nem notando minha presença.

Falando do meu irmão, diferente de mim, o mesmo tem os olhos verdes, apesar de ter a mesma cor de cabelo, tem 1,90 de altura, é integrante do time de basquete do colégio, é lindo (ele que nunca imagine que eu acho isso dele), mas apesar desse detalhe, ele não é um desses babacas que se acham e pensam que todas as garotas caem aos seus pés, na verdade ele namora uma nerdzinha sem sal amiga da outra nerdzinha irritante que está tentando roubar meu melhor amigo de mim. É, pensando bem, eu e meu irmão somos muito diferentes, se formos a analisar eu sou aquela figura inalcançável e invejada pela maioria das garotas, odiada por aquelas que querem se fazer passar por justiceiras e altruístas, e seguida por outras que reconhecem minha magnitude, eu quero ser a melhor em tudo que posso, mas meu irmão quer apenas existir, tipo, pra que só existir? Quem quer apenas existir e ser mais um rosto na multidão? Quem? Quem? Aff, acho que é por conta dessa falta de ambição dele que nós passamos 99% do tempo brigando, mas isso é normal entre irmãos não? Pelo menos dizem que sim.

•••

Durante o café da manhã, nós os dois não trocamos uma palavra sequer, e mesmo partilhando o mesmo carro, nossas vozes dirigidas um para o outro, não foram ouvidas em momento algum, estávamos ambos imersos em nossos pensamentos, e nos meus, James Goldberg fazia a ocupação efetiva.

James Goldberg, ou Jay, como todo seu ciclo de amizade o trata, é o meu único e melhor amigo, conheço ele desde que eu era uma criancinha tola e boba, ele é o único que me conhece verdadeiramente e o único com quem eu sonho em me casar e construir uma enorme família, eu posso agir como uma desalmada para qualquer pessoa, mas perto dele, (suspiro), perto dele eu não consigo ser a mesma, eu simplesmente deixo a minha parte mais humana e dócil sair ao de cima e talvez isso seja perigoso mas, eu simplesmente não consigo evitar tal sentimento, ele foi a primeira e única pessoa que já beijei e somos como o rei e a rainha do colégio então, talvez seja o destino.

Eu estou aqui, esperando ansiosamente para vê-lo, o que não tardará a ocorrer, já que ele sempre me espera na entrada do colégio, ou pelo menos esperava sempre, mas ultimamente tem havido algumas exceções, porém não me preocupo, tenho certeza que ele estará me esperando, essa é como uma tradição nossa, e o nosso motorista acaba de virar na esquina do colégio, o que aumenta as minhas expectativas em 1000%. O carro para na frente do enorme edifício da Saint Grégory, o cheiro de dor emanado pela relva recentemente aparada, preenche o ar assim que a porta do carro me é aberta e eu desço do mesmo, a leve brisa da manhã balança meus cabelos mesmo eles estando presos por um rabo de cavalo alto, passo as mãos pela minha saia a colocando melhor e seguro minha mochila, seguindo para o interior do colégio logo de seguida.

A primeira coisa que noto e estranho, é o facto de Jay não estar me esperando no mesmo lugar de sempre, pego meu celular no bolso da minha mochila e o verifico para ver se tem alguma mensagem dele avisando se vai se atrasar, ou se faltaria por alguma razão. Nada, nem uma chamada, nem uma mensagem, logo me preocupo com ele e disco seu número que não tarda a chamar, a primeira vez cai na caixa postal, a segunda e a terceira ele simplesmente corta a ligação, o que me faz ficar ainda mais preocupada com ele, pois ele não é de não atender as ligações e muito menos de se atrasar, mas ultimamente ele parece ser um desconhecido.

Jogo tais pensamentos para o fundo de minha mente e digito uma mensagem para ele, pedindo que me ligasse de volta, ou então viesse ao meu encontro no nosso lugar de sempre que era no jardim traseiro, onde sempre ficávamos antes de todas as aulas e também quando não tínhamos aula alguma. Enquanto eu seguia para o jardim traseiro, uma garota do segundo ano, veio me avisar que a diretora queria me ver urgentemente e lá fui eu para a sala da mesma, onde a diretora me pediu para participar da organização desse ano da feira para todos os estudantes e não estudantes, no dia da celebração da fundação do colégio, não recusei pois sei que sem mim, a feira se tornaria super fatela, já se notava pelos cartazes que eles espalharam semana passada pelo colégio, digamos que mais fatela impossível, parecem até aqueles desenhos feitos por crianças do pré escolar, que não entendem nada de arte, mas enfim, eu irei salvar esse baile. Olho novamente para meu celular e nenhuma resposta de Jay, o procuro por todo o colégio e nada dele aparecer, pergunto por ele para alguns estudantes e até acreditaria que ele faltou, mas algumas das pessoas para quem pergunto, dizem que o viram por aqui hoje, então ou ele está fugindo de mim, ou eu estou tendo que mudar minhas lentes de contato porque já não estão funcionando corretamente.

– Victoria?_ uma das garotas que vive me seguindo como uma subordinada, me chamou antes que eu curvasse pelo corredor em direção ao meu cacifo.

– o que foi?_ mesmo sem vontade alguma, me virei para olhar sua estrutura acanhada perto de mim.

– aqui estão os pincéis que você me pediu para comprar ontem_ de cabeça abaixada e braços esticados, a garota esperou eu pegar o estojo de pincéis e assim eu estava para fazer, quando vi uma cena um tanto repugnante e indignante. Jay estava sorrindo, abraçado a nerd que ele nem tinha notado até a um mês atrás, e ele caminhava com ela sob seu braço enquanto a mesma sorria de um jeito estranho como sempre.

– que?_ nem consegui formular uma questão e logo segui para perto dos dois que estavam próximos a entrada, ignorando totalmente a garota atrás com os braços estendidos. O som do salto de minhas botas batendo no piso, podiam ser ouvidos pelos estudantes, que logo prestavam atenção em mim, enquanto eu me aproximava do Jay e da ladra de amores_ que merda é essa?_ pergunto irritada e ambos me olham.

– Vic o que foi?_ ele pergunta descaradamente, me fazendo arquiar a sobrancelha indignada.

– o que foi? Sério que você vai mesmo me perguntar isso? Eu cheguei e não encontrei você, liguei várias vezes mas você não atendeu e nem respondeu as minhas mensagens, procurei por todo o lado e não te achei, agora você me aparece com essa garota?_ eu quase gritava tudo isso.

– eu estava com a Lenny, nada demais_ deu de ombros.

– nada demais?_ ri com incredulidade_ eu estava preocupada com você e você me vem com um nada demais?

– eu não pedi que você se preocupasse Victoria, eu estou bem, para de agir como se fosse dona de mim_ falou segurando na mão de sua amiginha e passando por mim.

– o que é isso Jay, sua nova amiguinha está mexendo com seus neurónios?_ cruzei os braços me virando para os encarar_ desde quando a gente se mistura com essa gente?_ falei com humor e o mesmo parou de andar, focando sua atenção em mim.

– primeiro, não fale desse jeito sobre ela, a respeite, ela é minha namorada e segundo, para de dar uma de minha dona, eu e você não temos nada, não precisa ficar me seguindo_ voltou a seguir seu caminho, me dando as costas novamente e seguindo para sei lá onde, junto da garota.

Minha namorada, minha, ele acabou de chamar aquele projeto de ser humano de minha namorada, ele...

Tomo noção de onde estou, os alunos todos me olhando e murmurando frases uns com os outros, minha mente tentando processar o que acabei de ouvir, meu coração com uma faca cravada e a dor querendo transbordar pelos meus olhos, na frente de todos. Não, não aqui e nem agora.

Caminho rapidamente até o banheiro e o tranco assim que entro, me olho no espelho e faço um pequeno exercício de respiração pra tentar expulsar as lágrimas que se aproximavam, eu não posso chorar, senão vou borrar minha maquiagem e principalmente, porque não vou mostrar fraqueza aqui em frente a todo mundo, isso deve ser uma partida ou do meu cérebro, ou de meu amigo, eu não devo ter escutado isso, eu devo estar delirando ou sonhando. Me belisco e sinto arder onde minhas unhas cravaram, então não, não é um sonho nem uma alucinação, só me resta que seja uma brincadeira.

Sai do banheiro após o soar do sinal e segui para minha primeira aula, eu pretendia tirar essa história a limpo, mas não podia colocar em causa meus estudos, afinal, eu quero ser a melhor nem.

•••

Durante as aulas, eu tentava me concentrar na voz irritante da professora de física, mas estava difícil, os outros alunos ficavam sussurrando e rindo, com seus olhares dirigidos a mim e minha mente tentando perceber o que acontecia. Isso se repetiu durante as aulas todas antes do intervalo principal, mas quando o sinal para o intervalo soou eu me senti até aliviada, caminhei rapidamente para procurar pelo Jay, ele precisa me explicar o que está acontecendo.

– sinceramente Jay, já estava na hora de você se afastar daquela garota_ ouvi a voz de Sirena antes deles me notarem atrás da parede que ficavamos encostados em nossos tempos livres_ ela era irritante_ eu fico meio confusa por ter encontrado a conversa ao meio.

– vocês viram a cara dela quando o Jay disse que eles não eram nada?_ se eu não estiver equivocada, e sei que não estou, essa voz era do Sean_ ela parecia que iria chorar_ riu com humor e várias outras risadas foram ouvidas.

– eu pagaria pra ver aquela cobra da Vic chorar_ Tati falou em meio a risada_ sem ofensas, ninguém mais suportava ela_ acrescentou.

– ela não era amiga de vocês?_ reviro os olhos ao ouvir a voz esganiçada daquela sonsa de nome Lenny.

– nossa amiga?_ ouvi Heidi rir_ aquela garota não tem amigos, ninguém suporta ela, nem mesmo aquelas pobres garotas que a seguem para todos os cantos, nós só a suportavamos porque vivia colada no Jay e é irmã do Vince.

– Vince você não deveria estar sei lá, defendendo sua irmã?_ a sonsa perguntou e sinceramente, eu também estou querendo saber a resposta.

– ela é minha irmã, mas eu não posso negar o facto dela ter merecido isso, ela vive pisoteando as pessoas, ela tinha que ser travada_ eu coloquei a mão na frente da boca, pra impedir que o som da minha indignação, revelasse minha posição.

– eu só fico feliz que agora eu posso me dedicar a minha namorada, e deixar claro para ela, que não existe e nunca existiu nada entre mim e a Victória, era tudo fruto da imaginação dela, apenas porque eu estava sendo legal com ela_ a voz inconfundível de Jay soou em meus ouvidos como se alguém tivesse pegado na faca já cravada em meu peito e a girado vezes sem conta_ eu te adoro Lenny_ confessou e um ownn coletivo foi escutado, me fazendo quase vomitar por conta deles.

– ei Vince, como você vai lidar com sua irmã, depois do que houve hoje? Certamente ela vai estar mais chata do que o costume.

– vou ignorar a existência dela, como sempre venho fazendo ué_ a resposta dele foi a gota de água para eu sair correndo de lá, e sumir entre a multidão de estudantes.

Eu fui até meu cacifo e quis levar minhas coisas e sair de lá, mas eu não podia fugir e correr o risco de tornarem esse assunto ainda maior do que seria, por isso, largo minha mochila de volta no cacifo e sigo para comprar meu lanche. Não restava muito mais tempo de intervalo, então eu segui para aproveitar o meu lanchinho e os últimos minutos do intervalo, no silencio da quadra de tênis que o colégio possuía, e lá me instalei.

– ora, ora, ora, eu nunca imaginaria a rainha da Saint Grégory aqui sozinha durante o intervalo_ Tyler, o garoto mais irritante de toda a face da terra, debochou ao me ver_ mas se bem que com toda a humilhação passada hoje, você arranjaria mesmo um lugar para se esconder_ acrescentou rindo.

– não tem nada de interessante pra fazer não?_ respondi com rudeza_ não é você quem dizia que sua vidinha medíocre é mais interessante que a minha?_ debochei_ pois bem, não me parece_ sorri de canto.

– realmente minha vida é muito prazerosa, mas pra falar verdade, pela primeira vez, alguém botou você pra baixo, e você não tem ninguém que goste tanto assim de ti pra vir te animar, e isso estranhamente me fez sentir pena de você_ cruzou os braços sorrindo de canto.

– oh Fell_ falei seu apelido como se estivesse falando com um bebê, e me levantei de onde estava sentada, descendo em direção a saída e por conseguinte a ele_ eu sei que você entende muito bem o que é não ter ninguém gostando de você de verdade, mas relaxa, eu não preciso que você sinta pena de mim_ o pacote de biscoito/bolacha (eu não vou ter esse conflito aqui) e a caixinha de suco, foram de encontro com o peitoral dele_ em vez disso, sinta pena de você mesmo, já que seu melhor amigo te abandonou para ficar com o povinho popular_ sorri cínica e sai do local, o deixando com os pacotes e finalmente nesse momento eu fui em direção ao meu cacifo, peguei minha mochila, e então pulei o muro na parte mais vazia do colégio, iniciando assim minha tão evitada fuga do colégio.

Eu caminhei por algumas quadras em direção ao único lugar onde eu poderia ficar sozinha e em paz, meu apartamento no centro da cidade, apartamento esse que minha avó me deu para que eu pudesse tirar um tempo de ser a garota perfeita. O trânsito nesta parte da cidade era movimentadíssimo, mas o ap no 21° andar, era algo que faria valer a pena essa caminhada de quase meia hora. Quando finalmente atravessei a rua, os olhares curiosos e aflitos das pessoas para algo atrás de mim, me fizeram me virar, para ver uma garota com vestes estranhas, rotas e totalmente sujas, parada em meio ao trânsito, e que caso ela não saísse já do meio da rua, sua vida veria seus últimos momentos. Sem muito pensar e talvez tendo a ideia mais estúpida de sempre, eu segui para o meio da rua com o semáforo quase abrindo, e por um triz, eu consegui tirar a idiota do meio da estrada.

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