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Ao cair da noite, Zora já tinha "ido embora", pelo menos era o que todos em casa achavam, esperei todos irem aos seus quartos e quando percebi o ambiente mais quieto, peguei minha mochila e sai delicadamente pela janela, só que tinha um problema: os guardas. Depois da última vez que fugi para participar de uma corrida ilegal e meu pai descobriu, ele acrescentou a guarda pela casa e ficava difícil de fugir, mas por sorte, é aqui que a minha mais nova fada entra para ajudar.

– Zora_ chamo bem baixinho para não chamar a atenção de ninguém e nada dela_ Zora_ volto a chamar, mas nada, chamo 4 vezes e quando estou prestes a desistir um pequeno ser aparece no meu campo de visão me fazendo soltar um gritinho abafado e cair de bunda no chão_ caramba_ falo pela dor e pelo susto, ao perceber que aquele ser minúsculo era Zora voando, como se fosse a própria Tinkerbell.

– você me chamou_ a voz fininha quase me fez desatar em gargalhadas, mas a luz da lanterna me fez ficar em pânico e com medo de ser pega no flagra pelos guardas.

– precisamos sair daqui_ sussurro em pânico.

– espera_ ela joga alguns pozinhos em mim e não vejo nada acontecer.

– a sério?_ arquejo a sobrancelha desacreditada, pelos minutos em vão que ela me fez perder.

– shiuuu_ Zora coloca o dedo em frente a boca e nesse momento os guardas surgem na frente da gente, focando a lanterna directamente em mim.

– eu ouvi alguma coisa, achei que tivesse alguém_ um deles fala.

– deve só ter sido o vento_ o outro responde e ambos dão meia volta.

Não esperamos muito e Zora me puxou dali para fora em silêncio, saímos de casa sem problemas e seguimos até a outra rua para que eu pudesse falar.

– o que acabou de acontecer?_ pergunto confusa.

– eu usei meu pó de fada em você_ ela voltou a ter o mesmo tamanho que eu_ ele deixou você temporariamente invisível_ ajeitou suas roupas e pegou a mochila dela em uma parte escondida.

– o pó de fada deixa invisível? Eu achei que ele fazia flutuar até a terra do nunca_ ajeitei a alça de minha mochila.

– claro que faz, você quer ir a terra do nunca?_ me pergunta calmamente.

– você está falando sério?_ até acabo me animando com a ideia.

– não! Óbvio que não, qual é a tua, está com sono? Acorda Vitoria, não existe terra do nunca_ falou óbvia.

– pra que isso_ coloquei a mão no peito_ não precisa destruir os resquícios de inocência que eu possuo_ faço um biquinho e ela arqueia a sobrancelha.

– você disse que não acreditava em magia, como assim agora acredita naquele cenário fictício inventado em um filme?_ cruza os braços indignada.

– eu não disse que não acreditava, só falei que era difícil não acreditar tendo visto você usar_ revirei os olhos_ vamos logo, precisamos sair daqui antes que nos peguem_ a puxo e seguimos pelas ruas pouco movimentadas, pegamos um táxi e seguimos até a casa de Kim.

Quando paramos do lado de fora da mansão dos Yoshidas, eu liguei para a loira que não demorou a atender.

- que foi?_ fala assim que atende.

- fora da sua casa, agora_ a oiço bufar, depois de ouvir tal frase de mim, mas ela não respondeu nada e apenas desligou a chamada na minha cara.

– ela vem?_ Zora perguntou enquanto se abraçava por conta da noite fria.

– não sei, ela desligou_ dou de ombros e tento olhar para a casa da mesma, mas sem sucesso.

– o que faremos?_ ela me encara sem esperança.

– esperamos_ aperto melhor meu casaco contra meu corpo.

1 minuto e meio depois.

– quanto tempo?_ questiona impaciente.

– o necessário.

– e quanto é o necessário?

– o que você faz aqui_ Kim aparece envolta por seu casaco de pele enorme e me encara hostil.

– eu preciso da chave do carro_ falo sem enrolação e ela riu com escárnio.

– tinha que ser nem_ revirou os olhos_ você tem mesmo muita cara de pau_ me dá as costas e parece querer voltar para casa, mas a impeço.

– o que foi dessa vez?_ cruzo os braços.

– você por acaso se importa?_ voltou a me encarar_ você nem se deu ao trabalho de me ligar, me mandou uma mensagem pra me dispensar, como se eu não fosse nada, como se tantos anos sendo sua Nemesis não valessem de nada, e agora porque fez uma amiga você me dispensa como se eu fosse um grande nada?_ se irrita comigo, mas a única coisa que faço é rir da cara dela.

– sério Kim, eu só disse que não ia conseguir te encontrar hoje, não estou vendo motivo pra tanto drama_ reclamo.

– segunda e quarta aulas de artes, terça e quinta balé, sexta-feira, é o nosso dia, o único dia que temos para competir, sabe o quanto isso significa para mim?_ nem espera eu responder_ pelos vistos não significa nada para você, porque senão você não teria se dando a decência de me avisar.

– desculpa Kim, eu realmente não te dei a devida consideração, me perdoe_ falo sincera, a fazendo arregalar os olhos.

– você pediu desculpa? Vitoria Saltzman pediu desculpa? Eu estou sonhando_ se beliscou_ não, não é um sonho.

– eu te compenso Kim, mas eu preciso mesmo do carro.

– pra onde você vai? E quem é essa garota?_ ela inclina a cabeça para o lado e encara Zora.

– é uma longa história, eu te conto em outro momento, pode ser?_ ela me analisa minuciosamente.

– está fugindo de casa?_ acusa.

– óbvio que não, que patético, porquê eu fugiria de casa?_ pergunto indignada.

– essa hora da noite, mochilas suspeitas, pedindo a chave do carro, o que acha que eu vou pensar? Ou fugindo de casa, ou acabou de cometer um crime_ cruza os braços.

– não estou fugindo e nem cometi um crime, só preciso fazer uma coisa antes, agora pode ir lá pegar a chave?_ pergunto impaciente e ela levanta as mãos em rendição.

– eu vou pegar_ voltou a entrar pelo portão da mansão.

Se passaram uns 10 minutos e a garota volta com sua mochila e a chave do carro.

– para que essa mochila?

– eu vou com vocês_ sorri.

– tá me zoando?_ pergunto impaciente.

– vamos logo, eu estou congelando_ Zora se pronuncia e a noto praticamente tremendo.

– AFF, vamos_ reviro os olhos e então saímos em direção ao local onde o carro dela estava estacionado, e de lá seguimos em direção a nossa primeira pista.

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