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– eh_ engoli em seco_ eu só consegui a benção do primeiro cristal_ dou de ombros.

– isso eu senti, e agradeço imensamente, mas me diga, o que ela cobrou de você? O que você renunciou para que ela te desse a benção?_ me analisou minuciosamente.

– ela me transformou num receptáculo_ olhei para minha unha_ só disse que eu tinha que receber as bênçãos por você, nada demais_ voltei a olhar para ela, que tinha uma expressão indecifrável no rosto.

– eu não entendo, nunca ninguém pediu isso, porquê ela criou essa ligação entre nós?_ falou pensativa_ deve ser isso que está te enfraquecendo e sugando sua energia.

– eu achei que fosse porque eu fiquei lá até meu tempo chegar aos 3 minutos_ falo despreocupada.

– VOCÊ O QUE?_ ela grita exasperada.

– fica calma, eu não sabia que tinha tempo_ me defendo.

– por isso eu não queria que você fosse comigo_ começou a andar de um lado para o outro.

– e você teria feito o que? Ficado a discutir com o bonitinho, entrado em uma briga e depois roubado o cristal? Eu não sei se você se lembra, mas eu consegui a benção_ falei óbvia.

– nossa, parabéns, e a que custo você fez isso? Você ao menos sabe o que tudo isso significa? VOCÊ PODIA TER MORRIDO, VOCÊ QUASE MORREU_ gritou irritada_ e tudo por minha culpa_ se sentou no sofá e ficou quietinha.

– para de drama Zora, eu sei o que faço, eu estou bem_ reviro os olhos.

– você é tão egoísta Victoria_ ela saiu irritada, fechando a porta do quarto com raiva.

– mas..._ eu nem terminei de falar e meu irmão mais velho entrou no quarto.

– o que aconteceu aqui?_ Vinny pergunta me olhando confuso.

– nada demais_ me levanto com apoio da cama.

– vem, eu te levo_ Vinny me pegou nos seus braços e saiu do quarto, no corredor me colocou em uma cadeira de rodas e foi empurrando até a saída, mesmo eu relutando e dizendo que estava bem.

Saimos do hospital e lá estava papai, Vince, as meninas e Hector. Junto das meninas estavam o pessoal da lanchonete: Zack, Diego, Adália e Gabriel (o garoto que deu de cara com o pilar na lanchonete). Quando me viram Adália logo acenou pra mim.

– pode parar aqui_ me levantei da cadeira de rodas, enquanto meu irmão me olhava fixamente preocupado comigo.

– vem cá_ ele me segurou passando um dos meus braços por seu ombro.

– Vinny, eu estou bem_ reclamo mas ele nem dá interesse ao que digo.

– oi_ os 4 se aproximam e primeiro direcionam o cumprimento aos que estavam próximos de mim e depois a mim.

– você deu um susto tremendo pra gente_ Adália fala.

– foi mal, eu acho que não dormi direito_ menti.

– eu acho que você não dormiu por vários meses então_ Zack fala com humor e eu ri.

Enquanto eu me despedia deles, meus dois irmãos, meu pai e Hector, me olhavam como se eu fosse uma alienígena, em toda a despedida eu estava apoiada em Vinny e depois que eles se foram, meu irmão me colocou no carro que eles vieram e foi no carro da Kim, ele é quem dirigia, Kim estava no banco de frente e Zora atrás, no carro em que eu estava, eu estava na frente, papai dirigia e Hector junto de Vince estavam no banco de trás.

O caminho inteiro o trio conversava enquanto eu apenas aproveitava a brisa que adentrava pelo vidro aberto e observava a paisagem monótona, composta maioritariamente por árvores. Chegamos a casa por volta das 21 pois havíamos feito uma parada pra comer e só depois é que seguimos viagem.

– precisa de ajuda?_ Hector se prontificou mas eu apenas neguei, sai do carro e fui para dentro com a intenção de me trancar no quarto, mas fui interrompida por meu pai.

– sente-se_ falou sério e assim o fiz_ qual é o seu problema Victoria? Por que razão você fugiu de casa? Sabe o quão preocupado nós ficamos?

– eu não fugi, eu falei que voltava hoje_ minha resposta o deixa ainda mais irritado e ele riu incrédulo.

– você voltava hoje? Você teve duas paradas cardíacas, sua amiga ligou desesperada para avisar que você estava no hospital, e você ainda tem coragem de me dizer isso? Victoria eu dou tudo do bom e do melhor, qual é o motivo de você ser assim? É tão difícil para você simplesmente me obedecer?

Foi minha vez de dar uma risada incrédula_ é, é difícil sim, principalmente quando eu nunca faço nada para desobedece-lo, e mesmo assim o senhor vive cronometrando todos os meus passos, não me dá liberdade e vive me sufocando_ eu estava irritada, mas minha voz soava absurdamente calma.

– caso você não se lembre, você já foi sequestrada mais de uma vez, como espera que eu seja descuidado com sua segurança?

– não, eu não me esqueço, principalmente porque o senhor vive me lembrando disso_ falo óbvia_ o senhor não pode me prender aqui para sempre, e caso não se lembre, eu mesmo escapei do meu cativeiro, eu sei me cuidar.

– ah sabe? Sabe mesmo se cuidar? Quer que eu mencione quantas vezes você já se colocou em perigo Victoria?_ meu pai fala irritado e eu me levanto.

– eu cansei de ouvir_ caminho em direção a escada.

– Victoria eu estou falando com você_ ignoro sua fala e continuo meu caminho_ Victoria, VICTORIA_ ele grita, mas eu simplesmente bato com força a porta do quarto e me jogo na cama.

Tento regular minha respiração que estava descompassada, e então apenas fico esticada na cama, respirando calmamente, até que batem na porta do quarto.

– menina_ Ada me observa enquanto eu me sento na cama_ está tudo bem?_ assinto.

– não foi nada demais_ dou de ombros.

– seu pai mandou avisar que está de castigo até completar a maioridade_ fala afagando meus cabelos.

– que idiota_ sussurro e reviro os olhos.

– eu tenho que levar seu celular, e todos os outros aparelhos eletrônicos_  ela se afasta de mim, e eu me levanto para dar pra ela tudo, desde meus airpods até meu MP3.

– aqui está_ dou pra ela todas as coisas.

– 10 minutos para o jantar_ ela avisa enquanto se retira.

Vou tomar um banho rápido, me troco e desço para jantar assim que outra das assistentes da cozinha vem me avisar. Me sento em meu lugar na mesa e fico quietinha enquanto os outros também se acomodam.

– você está melhor querida?_ Claire pergunta para mim, enquanto se acomoda.

– nunca estive tão bem_ sorri forçado e comecei a me servir.

– tem alguma coisa estranha aqui na mesa hoje_ papai fala, chamando a atenção de todos para si, mas eu simplesmente não o encaro_ ah, já sei, não tem ninguém escutando música com seus airpods na hora do jantar_ olho para o mesmo que sorria enquanto jogava a indireta mais direta da história das indiretas.

– infantil_ murmuro enquanto reviro os olhos, e ele sorri vitorioso.

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