CAPÍTULO 7- Dia exaustivo

O dia já ia longe, o sol querendo se esconder entre as árvores quando Lok e o seu filho decidiram que já era hora de um descanso. Bagunçando os cabelos de fogo do seu filho, ele falou:

– Precisamos de um mergulho, tirar essa terra toda do corpo.

Sem dar resposta, Aiden saiu a correr rumo ao pequeno lago que ficava a uma certa distância de casa onde quase não ia, pois, os meninos do Vilarejo não o deixava participar das brincadeiras. Ele era um sem pai, filho da bruxa, mas agora ele tinha um pai…

Lok correu logo atrás do filho. Coisas como essa ele se lembrava, mas era ele o menino, lembrou-se do seu pai e como ele o pegava no colo e jogava na água.

Com um sorriso, alcançou o seu filho e ergueu nos braços como um saco de batatas e, sem ligar para os protestos, arremessou-o na água e pulou logo em seguida, não se lembrava se o seu filho sabia nadar ou não.

Logo percebeu que o seu filho não era um exímio nadador e teria que resolver isso. Saiu da água e retirou as suas botas molhadas sentindo-se bem, era algo diferente ouvir a gargalhada do seu filho.

Voltou para a água e ali brincaram juntos até sentirem os dedos enrugados, essa era uma parte boa de ser pai. Saíram das águas cansados, mas felizes. Foi entre risos e brincadeiras que chegar em casa, já escurecendo.

– Onde vocês estavam? Fiquei preocupada! – Isla os questionou, parada na entrada da cabana com as mãos na cintura.

– Fomos como sempre, brincar no lago. – Aiden falou quase sem fôlego devido à corrida até ali.

Isla Ia falar algo, mas desistiu. Apenas juntou as suas saias e entrou para terminar o ensopado. Enquanto o seu filho brincava de ter um pai, ela estava preocupada de que pernoitar com um homem estranho na sua casa, sem contar que teria de aumentar a quantidade de ensopado e gastar os seus poucos legumes para alimentar um homem enorme.

Continuou a mexer a panela preocupada. Estava perdida nos seus dilemas quando sentiu a presença dele, logo atrás de si.

– O que teremos hoje para jantar? Estou faminto.

Lok falou tão próximo que pode vê-la se arrepiando com a sua presença. A sua esposa era linda e ainda podia sentir como ela ficava na sua presença. Ela era jovem que não se deitaria com ela o estava deixando triste. Ele não era velho, mas entre as suas pernas existia apenas algo imprestável.

– Ensopado de legumes. — Isla respondeu.

– De novo mãe? — Aiden reclamou como de costume.

– Não reclame, sabe muito bem que estamos sem mantimentos. – respondeu ela, exasperada. Agora o seu filho se lembrava de chamá-la mãe sem que ordenasse.

– Podemos caçar, filho. Sou ótimo nisso. – Lok falou com naturalidade.

Isla preocupou-se, ele estivesse se lembrando...

Esse pensamento a deixou mais nervosa, a presença dele a deixava inquieta, mas a possibilidade de lembrar-se da sua vida fora dali e querer punir a todos, a deixava apavorada, afinal ela viu bem o tamanho e peso da espada que ele carregava. Ele era um guerreiro.

Comeram cada um, uma tigela de ensopado. A hora que mais temia chegou. Não adiantou ficar a limpar e organizar tudo sob o olhar vigilante de Lok.

– Bem... o seu quarto está pronto. Como sempre, eu e Aiden dormimos juntos e você no quarto ao lado.

– Fez essa escolha quando...quando...

Isla não tinha coragem de pronunciar tal ofensa.

– Ela quer dizer que você tem vergonha de não conseguir usá-la e dorme longe. — Aiden falou, tentando conter um sorriso.

Lok ficou a olhar para os dois, sem acreditar...

Então isso era um constrangimento para sua linda esposa e uma piada para o seu filho. Virou as costas e foi para o quarto.

– É o outro quarto, pai. – Aiden falou, agora sem controlar o seu riso.

Lok voltou-se para outra porta, mas ele não reconhecia o lugar. Uma pequena cama no canto e um móvel com um jarro de água. Era como se entrasse no local pela primeira vez.

Sentou-se na cama, tirou as suas botas e andou pelo quarto. Uma única vela iluminava o ambiente simples e sem luxo. Abriu um baú que estava num canto, não tinha nada que lhe pertencesse ali, apenas alguns vestidos que pareciam estarem guardados já há muito tempo. Sentou-se na cama e percebeu parecer fraca para aguentar o seu peso.

Foi um dia exaustivo, havia tanto a se fazer na pequena propriedade que parecia até que ele não fazia nada.

O que ele fazia ali? ? Se não dava carinho a sua esposa, não trabalhava, como preenchia os seus dias? Tinha tantas perguntas, mas não queria preocupar a sua esposa, era melhor que ninguém soubesse que ele não se lembrava deles ou da sua própria vida.

Deitou-se cuidadosamente, sentindo a cama dar pequenos estalos com seu peso.

A sua esposa tinha um olhar triste e preocupado, talvez fosse pela situação de quase penúria em que viviam. Ele constatou que o seu vestido estava remendado, mesmo com toda a sua beleza, ele podia perceber que ela não se alimentava como deveria. Ele como responsável pela família, deveria prover tudo para eles e ainda não intendia o porquê de ele ter sido tão omisso.

Lok pensava tanto que a sua cabeça doía, revirou-se na cama pensando precisar fazer algo para melhorar a vida da sua família. Adormeceu a pensar em soluções para aqueles problemas. Daria uma vida mais confortável a eles.

Logo que aquele homem entrou no quarto e fechou a porta, Isla olhou para o seu filho com olhar Severo:

– Olha a encrenca que vocês me colocaram! – sussurrou a pegar a vela que clareava o ambiente e seguiu para o seu quarto

Aiden seguiu sua mãe em silêncio, sabia que ela estava brava, mas era bom ter com quem conversar sem que fosse mulher ou o velho Archie. Era bom ter um pai.

Isla entrou no quarto, colocou a vela sobre a mesa ao lado da cama e passou o ferrolho na porta não sabia quem era aquele homem de fato.

Fez uma pequena oração que Davina lhe ensinou, como todas as noites, depois tirou as suas botas trançou o cabelo. Foi para trás de um pequeno biombo improvisado no canto do quarto, retirou o seu vestido e colocou o camisolão para dormir.

O seu dia não havia sido como os outros, nada de normal, havia um homem vivendo com ela e uma mentira que ela deveria sustentar mesmo contra a sua vontade. Beijou a testa do seu filho que já dormia. Ele teve um dia agitado deitou-se ao lado do menino que ressonava tranquilo em seu sono de criança.

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