Aiden ouviu toda a conversa dos dois homens. Não deixaria que aquele grandalhão se aproximasse de Isla. Ele, antes apenas desconfiava, mas agora tinha a certeza de que o velho Archie levava os planos dela adiante e ele não deixaria, ele era o seu guardião.
Quando o velho foi para casa e aquele grandalhão se pôs a caminho da cabana, ele fez o que já treinava a tempos. Tinha muitos de pedra em lugares estratégicos e a única coisa que precisou fazer foi ser rápido com o vento como um gavião em caça.
Sentiu vontade de rir daquele homem que não sabia onde atacar. Iria assusta-lo e, juntamente com a lenda da bruxa, ele sairia correndo apavorado e nunca mais voltaria ali. O seu plano era perfeito, só não contava que arremessaria uma pedra maior e que fosse certeiro.
Quando viu o homem desabar, sem forças, ficou assustado. Ele não queria matá-lo! Correu para casa em desespero, entrou rapidamente e passou o ferrolho na porta.
— O quê aconteceu Aiden?
— Nada Isla...
Ela virou-se com o rosto sério, secando as mãos no avental:
— O quê aprontou menino? — com a mão na cintura demonstrando o seu humor, continuou — Quantas vezes terei que avisar para você, não é Isla? Eu sou a sua mãe!
Aiden abaixou a cabeça pensando se contava a sua mãe que matou um homem bem ali, pertinho de casa.
— Isla... mãe, tem um homem fétido... penso que morreu.
— O quê? Um homem morto? Onde Aiden? — Ela bombardeou o filho com perguntas.
Aiden sabia estar em apuros e as suas lágrimas começaram a escapar dos seus olhos conseguisse controlá-las.
— O velho Archie trouxe ele para usá-la. Eu não isso, não é certo…
— É certo você usar trapos? Comer raízes quase diariamente? — mudando o tom de voz, tentou falar com mansidão. — Aiden, meu filho, você está na idade de ter um mentor, ser treinado para tornar-se um guerreiro de honra e assim deixar de ser apenas" O filho da bruxa". Preciso de muitas moedas, sabe disso.
Aiden manteve a sua cabeça baixa.
— Vamos Aiden! Onde ele esta? Leve-me até o morto.
Os dois saíram para a escuridão da noite. Não precisou mais que alguns passos para avistarem um cavalo enorme e robusto perto de um corpo.
Ao se aproximar, Isla viu que o cavalo batia uma das patas dianteiras no solo, o animal estava nervoso. Teria que conquistar a confiança do animal primeiro. Aproximou-se com cuidado e acariciou o pescoço dele, o que fez com que se acalmasse como pôr encanto.
Isla aproximou o seu rosto do nariz do homem, ele ainda respirava…
– Ele está vivo! Aiden, ajude-me.
Cada um pegou um braço do homem para arrasta-lo até a cabana, mas ele nem se moveu.
— É muito pesado para nós dois. — Isla falou pensativa.
— Ele é gigante! Olha a sua espada, é um guerreiro, disso eu tenho certeza.
— Vá Aiden, esconda essa espada e traga uma corda, tive uma idéia.
O menino saiu a correr em direção a cabana, levando consigo a pesada espada. Isla olhou para o filho, aos nove anos, ele era maior que as outras crianças, não tinha amigos já que viviam isolados. Ele não tolerava as palavras que ouvia sobre a própria mãe.
Isla olhou para aquele homem desacordado, caído no chão. Ele era alto, forte e os seus cabelos claros acrescentavam-lhe uma beleza extraordinária. O queixo forte e a barba por fazer, a encantava…
O que foi isso? Ela odiava os homens, eles só pensavam numa coisa que lhe causava dor. Ela não queria nem pensar nisso. Quando ser dispôs a aceitar moedas em troca do seu corpo, ela fez por acreditar que o seu filho teria uma vida melhor, mas a sua fama chegou antes que pudesse pensar em obter lucro. Ela era "a bruxa", o homem que a tocasse morreria.
Sobreviviam de algumas caças, legumes ou ovos que vendia no vilarejo, mesmo assim era o velho Archie e Davina que iam vender para ela. Uma brincadeira do destino colocou ela e o seu filho numa situação de penúria.
Aiden chegou nesse momento trazendo a corda.
— Vamos puxá-lo para dentro com o auxílio do cavalo, assim não precisaremos fazer muita força.
— Vai levar esse desconhecido para dentro de casa? Está louca Isla?
— Não estou louca. E já falei mil vezes: SOU A SUA MÃE.
Aiden fez uma careta entregando a corda para ela.
— Não podemos deixá-lo aqui fora, algum animal pode aparecer a noite.
— Mas ele pode não ser uma boa pessoa...
— Se fosse de todo mau, Archie não o traria até aqui.
Esse argumento fez um menino se acalmar um pouco. Ela então amarrou os pés do homem e outra ponta da corda, amarrou na cela. Pegou as rédeas e puxou o cavalo, indo em direção a modesta cabana. Isla só esperava que essa fosse uma decisão acertada, que esse homem não os culpasse por nada, ele poderia ser violento e machuca-los. Certamente o porrete que ela mantinha atrás da porta surtiria efeito num homem como ele.
Conseguiu deixá-lo bem próximo à entrada da cabana. Desamarrou os pés do homem e com sacrifício arrastou aquele peso todo para dentro, com ajuda de Aiden, levou aquele corpo desacordado para a pequena dispensa.
— Acredito que ficará bem aqui. — Isla pensou em voz alta.
— Mas Isla, ele irá congelar...
— Para quem quase matou o homem, você está muito preocupado. E já lhe avisei, sou sua mãe.
Isla pegou ali mesmo, no alto da prateleira, uma manta velha e um travesseiro. Com cuidado colocou a cabeça do homem confortavelmente sobre o travesseiro. Ele podia ser um desconhecido, mas para ela, era como se já o conhecesse há muito tempo. Achou estranho essa sensação, olhou bem para aquele rosto. Ele tinha os traços bem marcantes, os calos nas mãos não eram de trabalho braçal, ele era mesmo um guerreiro, não era um mercenário qualquer.
— Vá se lavar para comer algo. Vamos descansar que amanhã será um dia cheio. — falou Isla, sem tirar os olhos daquele homem.
Colocou manta sobre aquele corpo, quando se viu sozinha, abaixou-se ao lado dele e o olhou de perto. Sim, ele era um belo homem, mesmo com as cicatrizes nos seus braços, as mãos calejadas ou o cabelo em desalinho, não o deixavam com má aparência.
Quando se preparava para sair dali, foi segura pelas mãos fortes e ela pode ver o azul profundo daqueles olhos.
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Atualizado até capítulo 50
Comments
eu conheço um perfeito guerreiro que pode treinar o seu filho
2025-01-25
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Valentina Valente
Quarto livro e já amando, como sempre. Parabéns, autora!!
2025-03-24
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Luisa Nascimento
Eita! o negócio vai pegar.
2024-12-19
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