ALERTA DE CAPÍTULO COM FORTES GATILHOS
Subitamente, senti como se tivesse voltado no tempo, para aquele momento em que Claire me olhou da mesma forma ao saber que Ethan e eu nos casaríamos. Seu olhar transbordando nojo e fúria, como se me ter como nora fosse pior do que contrair uma doença fatal.
Ter Ethan e Paul compartilhando do mesmo escárnio que sua mãe apresentava não me surpreendia em nada. Apesar de seu olhares pesarosos sobre mim, a intimidação não funcionava da maneira que deveria, porque minha mente havia criado uma barreira para impedir que tais situações me abalassem.
Manti a calma, continuando com o corte dos salmões.
Paul tomou as rédeas da situação, expondo seu veneno em palavras afiadas como lâminas.
— Como se atreve a falar assim da minha mãe em minha casa, Sara? — Paul praticamente cospe as palavras, aproximando-se com seu peito estufado numa tentativa porca de me intimidar. — Você não é nada além de uma maldita escória que se infiltrou nessa família por puro interesse!
— Paul! — Interviu Lindsay, incrédula com as palavras do marido. Ele estava prestes a continuar sua jorrada de ofensas ineficazes, mas Claire o impediu com um gesto e dessa vez, foi ela a se aproximar.
Abriu o habitual sorriso cínico e negou com a cabeça, devagar.
— Querida... Espero que não me entenda mal, mas eu sou mãe e sei do que uma mãe precisa para garantir uma gravidez saudável. Algo que você, é claro, nunca vai entender, afinal, é obviamente incapaz de conceber um filho nesse corpo tão, digamos, fragilizado.
Seu tom de voz meloso e olhares penetrantes deixavam claro que a sua intenção era atingir meu ponto fraco muitíssimo conhecido pela família Sinclair. A minha barreira estremeceu com o comentário regado de agressividade passiva e maldade pura feito por minha sogra.
Podiam-se passar anos e eu nunca me acostumaria com o mau-caratismo dos Sinclair.
Ao focar minha atenção em Ethan, percebi que até mesmo ele sentiu um certo incômodo graças à fala de sua querida mamãe, mas como era um homem covarde, nunca desafiaria a mulher que o criou e o transformou nesse bundão.
As palavras de Christopher visitaram-me novamente, quando ele disse que talvez o problema fosse Ethan, e não eu. Por que eu nunca havia pensado nisso antes? Estava tão imersa na manipulação dessa família que mal expandi meus horizontes para opções além de minha suposta infertilidade.
Deixei com que os fios de raiva trazidos pelos meus neurônios se espalhassem, resultando na saída de uma risada alta e carregada de um sarcasmo furioso.
Me virei para os três, que se mantinham estagnados no mesmo lugar, olhando para mim como se eu fosse algum tipo de monstro.
— Sogrinha... — Comecei, regando minhas palavras com o mesmo tom que Claire havia usado antes. — Entendo que seja mais confortável apontar dedos para fora do que olhar para dentro de suas próprias criações. Mas já passou pela sua mente que talvez o problema não seja eu, e sim seu próprio filho? Talvez banco de porra dele seja ineficaz.
Apesar de soar calma, eu queimava por dentro. A excitação em finalmente expor meu ponto de vista era gratificante e prazerosa. Era de tamanho perigo falar o que falei, mas eu estava disposta a passa por isso se fosse me ajudar com toda a carga que carregava sobre minhas costas por anos de escárnio e humilhação.
Eu não estava só reagindo a Claire, mas também a Ethan, que nunca havia movido um palito sequer para me proteger.
Manti meu olhar irônico sustentado e não o desviei sequer uma vez daqueles que me encaravam, chocados. Precisava ter certeza de que eles podiam ver minhas pupilas queimando.
— Você não passa de uma vadiazinha patética! — Esbravejou Claire, avançando em minha direção com sangue nos olhos. Paul tentou impedi-la, abraçando sua cintura.
Ao mesmo tempo, Ethan não se reduziu a apenas continuar observando e veio em minha direção, colocando seus dedos ao redor de meu pulso e o apertando com tanta força que um choque agudo de dor foi rapidamente enviado ao meu cérebro. Me levou consigo por entre os cômodos da casa até que finalmente estivéssemos fora dela.
A grama verde foi a última coisa que vi antes de ser empurrada diretamente para o chão e bater com a testa na superfície de terra rija.
Minhas têmporas latejaram com a dor de cabeça instantânea enquanto meu pulso ainda estremecia com a sensação dos dedos agressivos de Ethan apertando-o.
— Qual é o seu problema, Sara? — Exclamou, sua voz alta e enfurecida o suficiente para que a dor de cabeça se intensificasse. — Você ficou maluca, porra?!
Levantei a parte superior do meu corpo do chão com dificuldade, esfregando o topo da cabeça.
— Ai. — Gemi, sentindo uma textura molhada no couro cabeludo. Meus dedos foram umedecidos pelo líquido viscoso e, ao analisar, percebi que era sangue e que ele escorria de um ferimento causado na queda, por uma pedra pontiaguda.
Ethan não pareceu notar o mesmo que eu. Ele estava completamente absorto em sua própria raiva, grunhindo xingamentos.
De repente, voltou sua atenção a mim. A pele de sua face estava completamente vermelha, destacando as veias pulsantes em sua testa. A mandíbula contraída, os músculos tensos, e sua boca formava uma fina linha de fúria.
Aproximou-se com seus passos fortes e mesmo que eu quisesse muito me afastar, meu corpo todo foi atacado por uma onda intensa de letargia. Todos os meus órgãos pareciam ter parado de funcionar e respirar tornou-se uma atividade quase impossível.
Ele agarrou a gola de minha blusa polo e me levantou com força, fazendo com que eu me apoiasse em meus joelhos.
— Eu sou o problema, Sara? — Enterrou os dedos de sua mão esquerda em minha bochecha, fazendo com que eu mordesse o tecido interno de minha boca. A região que ele pressionava começou a doer.
Meu coração gritava por uma reação, mas tudo o que eu conseguia fazer era observar seus passos e implorar internamente para que ele não me batesse de novo. O ferimento anterior havia curado recentemente e eu não podia ter outro marcando minha face novamente.
— EU SOU A PORRA DO PROBLEMA?
Com a mão direita, ele atingiu um soco certeiro em meu nariz. Senti o impacto vibrar por todo o meu rosto. Tossi de maneira involuntária, e o gosto metálico e acre do sangue inundou minha boca, como uma cruel lembrança de minha própria fragilidade. O líquido quente e viscoso escorreu para meus lábios… Eu sequer senti a dor em meu nariz, mas logo percebi que a quantidade de sangue era grande demais e roguei internamente para que meus ossos estivessem intactos.
— Você... Disse que seria um marido melhor.
De súbito, tudo à minha volta pareceu se distorcer. Minha visão oscilou e minha audição começou a captar ruídos de maneira confusa. Um vertiginoso desequilíbrio tomou conta de mim, minhas pernas vacilaram e então...
Escuridão.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Mary Lima
Já estar grávida do gostosam, espero.
2024-04-17
1
Shirlane Freitas
é incrível como os problemas são sempre das mulheres e nunca nos homens 😤
2024-03-08
3
Shirlane Freitas
que cara covarde 😡
2024-03-08
0