Escândalos da Elite Social

Christopher aproximou-se, percorrendo todo o meu corpo, dos meus pés até o contorno dos meus lábios, com seu olhar intenso e repleto de luxúria. Seus próprios lábios estavam entreabertos, como se não pudesse esconder seu fascínio diante de mim. Era cômico, mas também muito interessante. 

— Não está disposto a me responder? — Ironizei, divertindo-me. Talvez fosse a primeira vez na noite em que meu sorriso não era completamente forçado.  

— Bom... Claro, sim, claro. — Vi-o piscar algumas vezes, tentando focar-se na resposta. — Sou um dos novos investidores da Sinclair Properties, e você, senhorita?  

O champanhe que acabara de entrar em minha garganta ameaçou voltar. Pigarreei, tentando não engasgar. Droga, eu havia me relacionado com um homem que conhecia meu marido. E aparentemente, Christopher não fazia ideia de que a mulher com quem se divertiu noite passada era uma Sinclair. 

— Sou Sara Sinclair. — Me levanto do divã. Havia uma transição modesta na expressão de Christopher. Algo de intriga para surpresa, mesmo que poucos traços mostrassem isso. — Um prazer conhecê-lo. — Com confiança e delicadeza, estendi minha mão para que ele a beijasse.  

Vi um longo sorriso divertido esboçar-se na face de Christopher, uma reação que eu não esperava. Ele parecia ainda mais empolgado com a ideia e beijou minha mão lentamente, olhando diretamente em minha retina.  

— O mundo apresenta coincidências fodidas, não acha?  

Desdenhei, dando de ombros.  

— O mundo é fodido.  

Nos olhamos, inicialmente sérios, mas logo sorrimos simultaneamente pelo comentário feito.  

Christopher se aproximou mais, tomando de mim o champanhe e o bebericando um pouco.  

— Não ensinaram a você sobre os bons modos?  

— Você não pareceu se preocupar muito com meus modos ontem à noite.  

Revirei os olhos, levemente irritada, mas também divertindo-me com o comportamento cheio de si que Christopher emanava. Um homem com um ego maior do que o próprio corpo.  

— Por que me preocuparia? Você foi apenas uma distração. — Respondo à altura, vendo-o esboçar a mesma cara da noite anterior, quando falei basicamente o mesmo. Era divertido ver seu ego sendo cutucado por uma simples palavra: distração. 

Christopher agarrou em minha cintura subitamente, puxando-me para si com uma força brutal. Nossos lábios estavam quase se colando e eu pude respirar sua colônia cítrica mais uma vez, mas não podia ficar embriagada por aquilo de novo. Nós poderíamos ser pegos facilmente ali. Tentei me soltar, mas seus braços eram fortes demais.  

— Não seja tão esnobe. — Disse ele, sua expressão séria. Então, seus lábios foram em direção à minha orelha e eu pude sentir o seu toque gelado. — O seu desempenho passou longe de ser um dos melhores.

Então, me largou com um sorriso confiante no rosto. Ele esperava uma reação negativa de minha parte, claro, mas eu estava começando a entender seu joguinho.  

Sussurrei em seu ouvido:  

— Você é um péssimo mentiroso.  

Vi os pelos da sua nuca arrepiarem-se com minha voz, e naquele segundo eu sabia que estava certa.                                                                            

Sem dar espaço para mais uma frase provocante vinda dos lábios vermelhos e carnudos daquele homem magnífico, andei lentamente em direção ao salão, delineando meus passos com movimentos provocantes e graciosos apenas para que Christopher observasse bem a mulher que ele não conseguiria de novo. Não até eu querer.  

Recusei-me a olhar para trás e quando finalmente atravessei o chão de pedra e coloquei meus pés no de cerâmica do salão sofisticado, Ethan andou elegantemente em minha direção, mantendo seus olhos no homem que estava a poucos passos de mim.  

— Querida, vejo que já conheceu um dos nossos recém-chegados investidores, Christopher Harrington. — Ethan pontuou, um sorriso gentil esboçado nos lábios, mas havia uma entonação de desconfiança em sua voz.  

Ele se aproximou, seu braço rodeando minha cintura. Deu espaço para que Christopher se juntasse a nós. 

Christopher me analisou, um brilho quase imperceptível de diversão dançava sobre seus olhos. Eu forcei um sorriso, fitando meus próprios pés, clamando mentalmente para que ele não expusesse algum comentário duvidoso. 

— Sua esposa foi extremamente muito gentil, Sinclair. Foi ela quem me ajudou a encontrar o caminho de volta para o salão, é incrível o efeito que uma taça de vinho pode ter em homens como eu.  

A malícia sutil disfarçada em seu tom brincalhão talvez não fosse evidente para Ethan ou qualquer outro, mas para mim era tanto quanto o vento vindo das grandes janelas do salão.

Após uma conversa rápida sobre negócios, Ethan resolveu apresentar Christopher para os outros sócios. Mesmo tentando ignorá-lo, durante o pequeno percurso pelo salão trocamos olhares fugazes. Mesmo quando esses não eram recíprocos, eu conseguia sentir seus olhos acompanhando cada passo meu com atenção. Era como se eu respirasse seu desejo intangível e pudesse sentir o calor de seu olhar adentrando meu peito e enfraquecendo a fina linha de moralidade que ainda existia em mim.

— Finalmente trouxe sua esposa para conhecermos, Ethan! Que honra. — Um dos velhos sócios disse, beijando minha mão em um cumprimento educado. O mesmo foi feito pelos outros, eu respondi com um sorriso agradecido, mas o meu foco estava perdido na presença do homem 

a alguns poucos metros de mim. Estávamos distantes, mas era como se Christopher estivesse tão perto a ponto de eu poder sentir sua deliciosa fragrância.

Apesar disso, e mesmo que Ethan não abrisse espaço para que eu falasse, pude compartilhar alguns devaneios e preocupações com a empresa, que foram muito recebidas pela maioria. 

— Deveríamos marcar uma reunião para discutirmos mais sobre a expansão territorial da Sinclair Company. Acho de extrema necessidade, como a Senhora Sinclair perfeitamente pontuou. — Falou Alessandra Morris, uma mulher alta e com traços maduros, bonitos. 

Ethan me abraçou de lado, ostentando um orgulho forçado de sua esposa. Como um reflexo, virei o rosto, buscando evitar o beijo de meu marido. 

Embora normalmente apreciasse discussões sobre os assuntos da empresa, naquele momento era muito incômodo estar na presença de Ethan e Christopher simultaneamente. Era sufocante ignorar e desviar dos olhares intensos e obviamente carregados de malícia que Christopher não se importava em esconder, tendo que me privar da perdição em seus traços. Mais sufocante ainda era tolerar a voz irritante e a presença repugnante de Ethan, que insistia em se aproximar de mim a todo momento, fingindo que nada havia acontecido.

Me distanciei sutilmente do grupo, indo em direção a um pequeno bar próximo da grande escadaria exuberante. O bar, em contraste com todos os objetos de porcelana e os lustres graciosos, era um canto mais rústico, apresentando um balcão de madeira polida e banquetas também de madeira, revestidas de um veludo vermelho-vinho. Estava vazio a não ser por uma mulher elegante e muitíssimo linda. Seu tom de pele era da cor de um chocolate recém-feito, tão brilhante e quente quanto, seus olhos eram escuros e observavam, perdidos, o salão. Ela bebia uma taça de vinho e sorriu ao me ver se aproximar. 

Era Gia Willians, esposa de um dos mais importantes sócios da empresa. 

— Gia. — Cumprimentei, com um sorriso sincero. Nunca havia me aprofundado em uma conversa com ela, mas em poucos momentos que tivemos pude perceber o quão encantadora era. 

— Sarah! — Deixou sua taça no balcão e me deu um abraço carinhoso. Me impressionei com o ato repentino, mas retribui com a mesma gentileza. 

— E então, o que faz aqui sozinha? O baile não está ao seu gosto?

— Ora, claro que não! A ambientação está ótima, querida, não se preocupe. Estou apenas devaneando. — Percebi que seu olhar escureceu ao focar-se em seu marido do outro lado do salão. Ele parecia estar sendo excessivamente gentil com uma das convidadas.

— Homens... — Comentei baixinho, enojada com o comportamento de Julian Willians. 

Gia reagiu a minha frase com um sorriso fraco e tomou um longo gole de sua bebida. A maneira como seus dedos tremiam, sua garganta constantemente se movia e seus pés balançavam indicava uma semelhança gritante entre nossas situações. 

Duas mulheres presas a homens detestáveis.

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