Capítulo 19

— Senhora, recebemos uma denuncia de que estavam escutando gritos da casa da senhora.

— Fariam o mesmo se descobrissem que sua própria filha está possuída por um demônio. Que entregou sua alma para o diabo!

Ela mexia as mãos sem parar, suava frio e dizia todas aquelas coisas totalmente sem fôlego para os polícias na porta de casa.

— Sua filha está possuída? Olha, senhora. Está tarde e tudo que quero ir pra casa e deitar embaixo da coberta com minha mulher que inclusive está prestes a ter nosso primeiro filho, eu não tenho tempo para ouvir bobagens.

— N-nao é bobagem! — ela grita, agarrando-o pelo colarinho — Ele é horrível! É a própria imagem do cão!

— Ele quem, senhora? — ele suspira esfregando sua testa.

— O demônio!

— Mas que porra... Olha, eu sou policial e não exorcista, sendo assim me retiro daqui agora e você ligue para alguém para que se interne imediatamente. Mulher maluca.

— Eu gostei dele... — Astaroth diz no meu ouvido olhando tudo que acontecia junto a mim da janela.

— acho que precisarei levar pontos... — resmungo olhando para o pano encharcado um pouco acima do meu peito.

— Deixe-me ver — ele me vira pra ele e tira o pano que está por cima bem devagar. Sua cara não é boa.

— O que foi?

— O corte não é tão longo, mas parece fundo.

— Odeio agulhas... — Só de pensar sinto vontade de desmaiar.

— Não é como se fosse precisar.

— Hum? — perguntei confusa e ele apenas me levou até a cama, me ajudando a deitar e ficando por cima de mim.

— O que vai fazer, seu pervertido?

— vou lamber para sarar.

— O quê? Você está louco? — exclamei, surpresa e envergonhada com a ideia absurda.

— É um método eficaz de cura, confie em mim — ele disse com um sorriso travesso, abaixando-se lentamente em direção ao corte.

Antes que eu pudesse protestar novamente, senti sua língua tocando minha pele e a ferida. Era uma sensação estranha, um misto de surpresa e excitação. A língua dele era quente e suave, e a maneira como ele a movia sobre o corte fez com que eu arfasse.

— Astaroth, isso é... estranho — consegui dizer, lutando contra as emoções que aquela situação estava despertando.

Ele ergueu os olhos para me encarar, e vi um brilho malicioso em seus olhos.

— Estranho, mas eficaz. Você já percebeu como sua pele está se fechando rapidamente? — ele disse, continuando a lamber suavemente a ferida.

Eu não podia negar, ele estava certo. O corte estava se fechando mais rápido do que eu imaginava. Eu me sentia desconfortável, mas ao mesmo tempo agradecida pelo cuidado dele.

— Tudo bem, Astaroth, já chega. — Tentei afastá-lo, mas ele resistiu, continuando a lamber a pele ao redor do corte.

— Só mais um pouquinho, princesa. Tenho que garantir que a cicatrização seja perfeita.

Senti meu rosto corar intensamente enquanto ele mantinha sua atenção na minha pele, e eu tentava ignorar a sensação arrebatadora que sua língua provocava.

Finalmente, após mais alguns segundos, ele se afastou e sorriu para mim.

— Pronto, acho que fiz um bom trabalho. A cicatriz vai ser quase imperceptível.

Eu estava sem palavras, ainda um pouco atordoada com a situação. Mas, de fato, a dor tinha diminuído e o corte já estava quase completamente fechado. Eu não sabia se agradecia ou repreendia Astaroth por seu método pouco convencional de cura.

— Obrigada, acho — murmurei, ainda um pouco envergonhada.

— Estarei aqui sempre que precisar — piscou.

— Você deveria se sentir orgulhosa, Aneor. Esse é um método reservado apenas para parceiras quando estamos casados. É muito usado após o parto, ou em casos em que uma relação sexual mais intensa tenha causado alguma ferida. É um gesto de cuidado e conexão íntima.

Eu o encarei, ainda sentindo uma mistura de surpresa e desconforto. Era difícil para mim compreender as complexidades das tradições demoníacas e o significado por trás de suas ações.

— Eu... entendo, Astaroth, mas é um pouco demais para mim. Não estou acostumada a essas tradições. Somos diferentes, não posso simplesmente aceitar tudo isso como normal.

Ele pareceu considerar minhas palavras por um momento, e então assentiu lentamente.

— Não é como se eu já não esperasse esse tipo de reação de você. Humanas ovulando são um saco.

— Eu não estou-

— Sei, sei.

— E você nem sequer sabe quando estou ovulando, Astaroth. Então, por favor, pare de falar como se fosse uma autoridade sobre essas coisas.

Ele sorriu, um sorriso malicioso que indicava que ele estava se divertindo me provocando.

— Princesa, você não precisa me dizer quando está ovulando. Eu consigo sentir essas coisas, é uma habilidade demoníaca especial que tenho. Talvez seja por isso que estamos nos dando tão bem ultimamente.

Revirei os olhos, fingindo irritação.

— Claro, claro. Como se você fosse um expert em hormônios femininos. Acredite, Astaroth, você não sabe do que está falando.

Ele deu uma risada baixa.

— Oh, mas acho que sei, Aneor. Afinal, estou aqui para lhe mostrar todas as maravilhas do mundo demoníaco. Talvez a próxima aula seja sobre como as sereias enfeitiçam os homens com suas vozes hipnotizantes.

— Você só quer me irritar, não é?

— Talvez um pouco. Mas, admita, é divertido.

Eu ri, percebendo que ele estava fazendo isso de propósito para me tirar do sério.

— Ok, ok, você ganhou. Você é o mestre das habilidades demoníacas. Vamos deixar isso para lá e encontrar algo mais interessante para fazer.

Ele sorriu, satisfeito.

— Excelente, princesa. Agora, o que você gostaria de fazer? Explorar um cemitério assombrado? Visitar o reino das sombras? Ou talvez apenas assistir a um filme enquanto discutimos sobre como os humanos são estranhos?

Eu ri novamente, sentindo-me mais à vontade com a sua presença.

— Vamos assistir a um filme. Mas só se você prometer não fazer mais piadas sobre a minha ovulação.

Ele colocou a mão no peito, como se estivesse ofendido.

— Princesa, eu sou um demônio elegante e respeitoso. Jamais faria uma coisa dessas. Agora, que filme você escolhe?

— Um que mate demônios!

Ele finge surpresa e eu tento segurar a risada.

— Como consegue ser tão má? — fala com falsa indignação e eu não consigo segurar a risada.

Quando paro não consigo segurar o bocejo. Estou tão cansada...

— Acho que alguém vai precisar descansar antes do filme — riu no meu ouvido, bem baixinho enquanto sinto o lençol quente me cobrir.

— Boa noite... — sussurro já com os olhos fechados.

— Boa noite, princesa. Sonhe comigo...

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Comments

Ivania Ferreira da Silva

Ivania Ferreira da Silva

interessante....ele é tão carinhoso pra um demônio

2023-11-16

2

aline santos

aline santos

tenho certeza que vai ser um ótimo sonho 😂 até pq quem nunca desejou sonhar com o demônio 😈

2023-08-13

6

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