Me sentei em frente a penteadeira após tomar um banho frio pra tentar aquietar aquela sensação sufocante. O quarto era iluminado, mas em seus cantos a luz não alcançava completamente, deixando sombras qual jamais me importo tanto como após fazer o maldito ritual.
É como se Astaroth estivesse me vigiando na penumbra, me esperando, me aguardando, me desejando tanto que sentia meu corpo arrepiar em antecipação.
Ele não me tocou, não passou de beijos, mas sinto desejo por ele. Que Deus me perdoe, mas não posso negar a verdade. Meu corpo está sofrendo tenebrosa mente desde o momento que nos encontramos, é como se ele já soubesse que não tenho escapatória, é como se ele soubesse que o único que pode acabar com aquela sensação quente e sufocante fosse o maldito demônio.
A tela do meu celular brilha, uma mensagem chega até mim. É Eloise, a garota das festas da floresta.
📲| A festa é amanhã, às meia noite. Você vai fugir novamente?
📲| Está só visualizando como sempre. Eu estou apenas te convidando novamente pois ainda acredito que você vai criar vergonha na cara e parar de ficar embaixo das asas dos pais. Tá na hora de crescer Aneor.
📲| Até quando vai apenas obedecer calada e deixará de fazer o que gosta?
— Você deveria ir... — diz Astaroth, sua voz me assustando como sempre, e ele parece satisfeito com isso.
— Você por acaso tem ideia do que acontece nessas festas na floresta? Um lugar afastado, cheio de jovens tão tarde da noite, isso não vai terminar bem.
— Nada termina bem porque você nunca experimentou — ele segura meus ombros e beija meu pescoço, enviando arrepios por todo o meu corpo.
— Você se esforça para agradar seus pais, mas tudo o que eles conseguem ver em você são falhas. Quer se livrar dessas amarras?
Tiro os olhos do celular e me encaro no espelho da penteadeira, observando a garota confusa e dividida que sou. A imagem refletida mostra a batalha interna que enfrento entre a responsabilidade e o desejo proibido.
— Eu só... Não sei mais o que fazer — confesso, sentindo as lágrimas ameaçando escapar.
— Deixe-me mostrar o caminho. Você pode ser livre, Aneor. Liberte-se das correntes que te prendem — Astaroth sussurra, mas sua voz ecoa em minha mente.
Sinto uma estranha atração por ele, e a perspectiva de liberdade é tentadora. No entanto, eu sei que escolher esse caminho pode ter consequências terríveis. Mas, por outro lado, ficar presa nas amarras impostas por meus pais e pela sociedade também não me faz feliz.
Eu sei que tenho que tomar uma decisão, mas o medo e a incerteza me paralisam. A única certeza é que minha vida jamais será a mesma depois de ter invocado Astaroth. Ele despertou algo em mim que não posso ignorar.
Enquanto encaro meu reflexo, vejo a indecisão em meus olhos. Astaroth continua a me observar, esperando pacientemente pela minha resposta, sabendo que, mais cedo ou mais tarde, eu cederei à atração proibida que ele representa. E mesmo que eu tente resistir, o desejo e a tentação só aumentam a cada encontro.
— Eu irei amanhã.
Ao ouvir minha resposta, Astaroth sorri com satisfação. Seus olhos brilham com um misto de antecipação e triunfo, como se ele soubesse que estava um passo mais perto de alcançar seu objetivo.
— Ótimo, minha doce Aneor. Você não vai se arrepender dessa decisão — diz ele, sua voz carregada de promessas e desejos sombrios.
Um arrepio percorre minha espinha, mas a sensação é agridoce. Eu sei que estou me entregando a algo perigoso, mas, ao mesmo tempo, a perspectiva de desafiar as convenções e viver uma experiência única e excitante é tentadora demais para resistir.
Entretanto, uma parte de mim ainda está repleta de dúvidas e medo, uma voz interior que me alerta sobre os riscos envolvidos nessa escolha. Eu não posso deixar de me perguntar se estou fazendo a coisa certa ao seguir os desejos de um demônio que parece conhecer meus segredos mais íntimos.
— E se isso der errado? — murmuro, desviando o olhar do espelho para encará-lo.
Astaroth se aproxima ainda mais de mim, envolvendo-me em sua presença sedutora.
— Não há erro quando você está comigo, minha querida Aneor. Eu estarei lá para te proteger e guiar nessa jornada de descoberta — ele diz, tocando suavemente meu rosto com suas mãos frias.
Eu me sinto ao mesmo tempo vulnerável e atraída por suas palavras. Astaroth parece ter todas as respostas, como se pudesse ler cada pensamento e desejo em minha mente. Ainda assim, eu luto para não me deixar levar completamente por ele.
— E meus pais? — pergunto, lembrando das preocupações e amarras que me sufocam em casa.
— Eles não precisam saber de nada, minha doce Aneor. Essa será a nossa pequena e secreta aventura. Eu prometo que você será uma nova mulher quando tudo isso acabar — ele responde, acariciando meu cabelo.
As palavras de Astaroth ecoam em minha mente, e o desejo de liberdade e autodescoberta ganha força. Eu quero me libertar das expectativas dos outros e das amarras que me prendem. Talvez essa seja minha chance de encontrar minha verdadeira identidade, mesmo que isso signifique me entregar a um demônio.
Com uma mistura de apreensão e determinação, eu respiro fundo e encaro meu reflexo novamente no espelho. Uma nova chama se acende em meus olhos, e eu sei que a partir daquele momento, minha vida nunca mais será a mesma.
— Eu irei amanhã — afirmo, com a certeza de que tomei minha decisão.
Astaroth sorri com malícia e prazer, como se a vitória já estivesse garantida.
— Então prepare-se, minha querida Aneor. Amanhã à meia-noite, nossa jornada de prazeres proibidos começará, e você descobrirá um mundo que nunca imaginou existir.
E assim, diante do reflexo do espelho, eu selo meu destino. Amanhã à noite, eu enfrentarei o desconhecido, cedendo ao chamado sedutor de Astaroth e me entregando a uma paixão intensa e perigosa. Minha vida está prestes a mudar para sempre, e não há mais volta.
Enquanto a noite se aproxima, sinto uma mistura de excitação e medo percorrer meu corpo. Tudo pode acontecer na festa da floresta, e eu estou prestes a descobrir o que é ser verdadeiramente livre, mesmo que seja nas garras de um demônio.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Ivania Ferreira da Silva
complicado....crise de existência?
2023-11-16
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