YARA NARRANDO
Fiquei muito feliz porque o pajé me deixou fazer a horta, aqui na sua casa e também me pediu para fazer uma horta com as crianças, vamos plantar muita folhagem, Amo o cheiro do verde, o orvalho caindo na terra ao amanhecer, o cheiro do verde subindo e entrando pelas narinas nos da uma sensação de frescor é revitalizante.
Depois que o Lobão foi embora, a Thais subiu para o quarto descansar, Não vejo a hora desses dois entenderem que foram feitos um para o outro e devem se amar.
Ficamos eu e o pajé na sala, que mostrou curiosidade em saber como funcionam os casamentos na tribo.
As pessoas acham que toda tribo tem o mesmo valor moral, acham que todos os índios são iguais, somos iguais perante o Deus criador e a mãe natureza apenas isso.
Mas nossos valores são diferentes, como por exemplo a antiga tribo Tupinambá e a tribo Xavante permite casamentos grupais, permite uma certa espécie de bigamia apenas para o cacique e o pajé.
Já a minha tribo Boras, não permite que esse tipo de prática, um homem deve ser guiado para uma mulher e vice e versa.
Na tribo dos Boras o cacique era meu avô, depois o meu pai e eles sempre preservaram a família o respeito à sua esposa e Filhos e esse ensinamento foi passado aos mais jovens.
O pajé prometeu me respeitar, me amar e cuidar de mim e dos nossos filhos, antes já tínhamos conversado sobre isso, se tivermos um menino será chamado Cauê igual ao meu irmão, que a alma de Cauê possa renascer no meu filho, E se tivermos uma menina ela terá o nome da minha mãe a chamaremos de serena.
— Na minha tribo o casamento era uma cerimônia feita pelo Cacique, e guiada pelo deus Rudà que é o deus do amor, ali ele falava sobre os nossos costumes e dá a sua benção, tinha festa com muita dança e depois os noivos iam para sua oca, e a vida seguia normalmente.
O pajé me explicou que aqui funciona bem parecido, tem três espécies de homens diferentes que podem realizar uma cerimônia de casamento, o primeiro é o da lei ele chama de juiz, também tem o padre e o pastor, Pajé me explicou que os dois servem a Deus, Mas eles têm costumes diferentes Assim como as tribos e eu respeito muito isso.
Acredito que o mundo seria melhor Se as pessoas entendessem que devem respeitar o modo de viver um do outro, isso Faria elas entenderem que todos somos iguais, somos um só povo, mas não pertencemos à mesma tribo.
Ele me falou que vai ter uma festa diferente das que eu costumava ir na aldeia, e nessa festa ele vai me pedir em casamento e eu vou ter que escolher se quero casar com um homem da lei, com o padre ou com o pastor.
— Eu quero casar com o padre ou com o pastor, qual você acha que pode entender melhor a minha cultura e os meus costumes?
— Eu não sei te explicar minha linda, mas acho que o pastor, ele sempre viaja essas coisas de Missão, também não sei te explicar o que é isso, mas podemos conversar com ele.
Concordei de imediato, vamos nos casar com o pastor, mas antes de casar preciso me preparar já que aqui não tem as mais velhas para me ajudar, farei tudo sozinha.
Demorei um pouco para dormir mesmo tomando preparo, estou muito feliz e ansiosa querendo que chegue logo amanhã, para que eu possa mexer com a terra e poder saudar a mãe natureza a cada verde que brotar da terra.
Assim que o sol Raiou já pulei da cama e saudei o sol que é o meu deus mais poderoso, pois sem o sol, as plantas e animais não sobrevivem, todos dependem da sua luz, pedi para ele aquecer e cuidar do meu povo, da minha alma e da minha vida.
Fiz minha Higiene, eu e Thais saímos do quarto no mesmo momento, fomos para o jardim.
Meditamos, chamamos o Sol para aquecer nossas almas, ensinei uma música do meu povo para Thais, a música que minha mãe cantava todas as manhãs.
Ficamos ali cantando, nos conectando com a natureza, senti o perfume da minha, ela mesma preparava a essência à base de lírio.
O cheiro invadiu-me, as lágrimas rolavam no meu rosto, a minha mãe veio visitar-me em forma de ancestral, tenho certeza que ela vai ajudar-me na preparação para o meu casamento com o pajé.
— Yara, você está bem?
— Estou sim, só senti a presença da minha mãe, isso deixou-me emocionada e feliz.
— Eu sinto muito, minha linda, você fala com tanto amor da sua mãe.
Conversamos um pouco e falei da minha mãe e do quanto sentir a sua presença é especial para mim.
— Yara, fica de olho nele em, Sr. Pajé é o rei da mulherada aqui no Morro.
— Rei?
— Modo de falar amiga, ele é muito popular, sabe, as mulheres querem ficar com ele.
— As mulheres que procuram os seus companheiros, o Pajé é o meu, não delas.
A Thais ficou sorrindo me chamando de ciumenta, fiquei chateada com isso, o pajé tem que ser só meu.
Entramos para fazer a primeira refeição do dia, o pajé estava na sala e chamou-me.
Ele já marcou a data para o baile, pajé pediu um anel a Thais e falou que vai comprar as nossas alianças.
Na mata usamos alianças de coco, aqui o pajé falou-me é de ouro.
— Onde eles conseguem o ouro?
Thais ficou me olhando como se recordasse do dia que me encontrou perdida na mata.
— Yara, tem garimpos legais, homens que trabalham com Ouro mais de forma correta e honesta, essa joalheria que frequento tem o selo de qualidade, não se preocupa, não vai ser ouro roubado da sua Terra.
Mesmo a Thais falando isso não acredito muito, não tem como saber de onde saiu aquele Ouro.
O Pajé me abraçou e sentir seu abraço me fez relaxar um pouco, depois da primeira refeição Thais foi para o estágio e o Pajé me chamou para ficarmos um pouco juntos.
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Dilma Bandeira de Jesus
vendo ela fala do sol da mãe natureza , da terra , me dá uma tristeza , porque o homem tá destruindo tudo a sua volta
2025-03-17
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Dilma Bandeira de Jesus
tudo que Deus fez de bonito o homem está destruindo
2025-03-17
0
Celia Chagas
Que coisa linda a cultura indígena minha avó era índia que saudade 😔😔
2024-11-24
0