CAPÍTULO SEIS

YARA NARRANDO

Estou a sete dias no Morro, apesar de não confiar em homens Brancos, me sinto à vontade com a Taís, o Lobão e o pajé.

Eles têm sido a minha família, a minha nova tribo, eu e o Lobão Conversamos bastante, principalmente quando a Thais vai para a escola.

Lobão tem uma história que retrata um pouco a minha, ele teve na sua família destruída também por homens maus, e ficou sozinho no Mundo o pajé que cuidou dele, assim como a Thais cuidou de mim.

Nesses sete dias, percebi que tenho sentimentos muito fortes pelo Pajé, Tive uma visão de nossas almas se conectando de forma amorosa.

já pedi ajuda aos meus ancestrais, não quero errar, nem me precipitar, sempre comendo tudo com a Thais ou com Lobão, mas sobre isso não falei, não quero que eles pensem mal de mim.

Estou cuidando dele e sinto que ele também está se conectando a mim, estamos conversando muito fazendo refeições juntos, quando faço preparo de ervas para ele e também dá para tomar um pouco.

Na minha cultura ensina que um homem que oferece preparo de ervas para uma mulher quer dizer que ele tem cuidado com ela, que está disposto a oferecer a sua vida se preciso for para defender

Comentei isso com ele que ficou sorrindo e colocou novamente o corpo na minha boca, entendi que ele se preocupa comigo e me protege.

Em uma das conversas que tive com a Thais, ela me contou que a sua mãe foi embora, deixando ela e o seu pai para trás em um momento muito difícil, fiquei muito triste em saber que uma mãe largou a sua casa e sua família por vontade própria.

Todos os dias quando acordo eu canto para o Deus sol, e agradeço a ele por iluminar minha vida, sempre peço que não deixe minha alma escurecer e nem a tristeza fazer morada em meu coração quando ela vir ao meu encontro possa passar direto e não habita em mim.

Gosto muito da casa de banho, tem água quente, a Taís me ensinou a usar tudo, muitas coisas cheirosas que passam na pele e no cabelo, na mata usamos sabão de coco feito pelas mulheres mais velhas.

Aqui Tem várias coisas para passar nos cabelos, deixá-los ainda mais cheirosos e macios.

O pajé gosta de cheirar meus cabelos, por isso todos os dias eu passo os produtos que a Taís me deu.

Terminei meu banho como de rotina fui ver como ele estava, o ferimento está cicatrizando, tenho feito sopas milagrosas e cuidado bem dele.

Assim que saí do seu quarto, fui das mulheres que trabalham na casa a arrumar a mesa, para a primeira refeição do dia que é a mais importantes.

Assim que eu descer as escadas a Girafona estava entrando na casa, ela não apareceu mais esses dias, Thais me contou que ela troca o amor por dinheiro.

— Você ainda está aqui Juma?

— Meu nome não é Juma, é Yara.

— Juma, Yara, Marruá, é tudo a mesma coisa, bicho do mato .

Enfrentei ela, falei que não sou bicho e sim um ser humano, nesse momento ela pegou no meu braço apertando forte.

Quando eu ia mostrar a força de uma guerreira, o pajé apareceu e mandou ela me soltar, se não iria quebrar o seu braço.

Eles tiveram uma pequena discussão, mas ele agiu como se nada tivesse acontecido, fizemos a primeira refeição juntos conversando.

Depois fui cuidar da Roseiras, expliquei a ele que temos que cuidar das plantas com amor e dedicação para elas não morrerem, assim com o Amor.

O Pajé se aproximou de mim, tocou em meu rosto, acariciando as minhas bochechas e tocou nos meus lábios, fechei os olhos para sentir melhor o seu carinho e vi o exato momento em que nossas almas se conectaram.

O pajé selou nossos lábios, eu não sabia o que fazer, abri um pouco a boca deixando sua língua invadir a minha boca, ele me conduziu o beijo, como uma dança linda e erótica.

Pajé, separou nossos lábios e colou nossas testas.

— Me desculpa, Gatinha.

Me afastei um pouco, para olhar em seus olhos, não entendi porque ele me pediu desculpas, se tão bom, tão lindo e Mágico.

Ele não sente as coisas como eu sinto, estou tentando ajudar ele e a Thais Ah se conectar um pouco consigo mesmo, é importante que possamos ouvir a voz do nosso coração, ele nos guia até a razão e nos faz tomar decisões importantes na vida.

— Porque está se desculpando?

— Não podia ter te beijado, Você é muito nova eu tenho idade para ser seu pai.

— Mas não é, você não é meu pai.

— Eu sei que eu não sou seu pai, foi só um modo de falar, tenho 40 anos, o dobro da sua idade, minha princesa.

— isso te incomoda pajé, porque a menina um pouco.

Ele me olhou nos olhos, e me puxou novamente para outro beijo, ficamos um tempo no jardim, até ouvir a voz da Thais me chamando.

— Yara, Yaraaaa...

— Oiii estamos aqui.

O pajé me olhou de um jeito diferente, parecia que ele não queria que respondesse o chamado da Thais, ele se afastou de mim, parece até os guerreiros rebeldes que ficavam beijando as índias escondidas do pai.

Ela veio ao nosso encontro e falou algo sobre o estágio, não entendo bem, eles me explicaram e a Thaís vai ser uma médica vai trabalhar no hospital cuidando dos enfermos, a cura é sempre bem vinda, mas acredito que na mata está a maior medicina e a maior especialista é a mãe natureza.

Ficamos muito felizes, a segunda refeição foi em comemoração a conquista dela, depois da refeição ela foi se encontrar com Cadu e a Stephanie, depois do dia que o pajé pediu para eles irem embora do quarto, eles não vieram nunca mais visitá-la.

Os meus ancestrais já me mostraram que o Cadu é do mal, preciso alertar a Thais mas não pode ser na frente do Pajé, o Deus da passagem para levar o Cadu.

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