YARA NARRANDO
Ouvi o ronco do motor da moto do Pajé, é um barulho muito alto e estrondoso, me levantei e olhei pela janela, ele saiu muito rápido o barulho foi diminuindo
Pedi aos deuses que protegesse ele, não deixando ele fazer nenhum mal a Paloma, ela está carregando uma vida, Pajé não sabe controlar sua ira, além de ser muito forte.
Rudà me ajuda, fala comigo, não me deixe nessa angústia meu deus do Amor, confio na sua vontade e nunca me arrependi, me ajuda ver se o pajé é o meu prometido ou se idealizei tudo isso por Amar ele.
Nesse momento senti uma brisa invadindo o quarto, fechei os olhos e lembrei de um sonho que eu sempre tive desde quando era criança, sonhava com um homem alto forte esse homem estava de costas, sonhei várias vezes o mesmo sonho, meu pai nunca conseguiu decifrar, todas as vezes que ele pedia aos nossos guias para que ele ajudasse na interpretação do sonho não obteve respostas.
Senti o meu corpo ficando leve e adormeci, senti que estava sendo guiada por um caminho que parecia o da mata, não sei explicar. se era meu espírito oh a minha Alma que saiu do corpo humano, consegui ver o Rio e vi a tribo, vi meu povo, consegui dançar com meus irmãos o Avaré estava feliz o Cauê também, o Sorriso deles era de felicidade.
Minha mãe com o rosto pintado e seus cabelos soltos dançava, enquanto meu pai admirava sentado, sorrindo, todos estavam felizes e eu também.
— Pai, Mãe!
Vi vários guerreiros e muitas mulheres, elas estavam felizes a dançar, a minha tribo estava a comemorar algo.
Eu me juntei a eles para comemorar, mas ninguém falava nada, apenas sorria e dançava.
Comecei a dançar a rodar feliz, as índias me rodeavam dançando também a Alegria transpassava para minha forma humana.
Consegui ver o mesmo homem dos meus sonhos, aquele que me acompanha desde criança, ele estava na festa conosco, nunca consegui ver seu rosto, só que agora Ele olhou para mim.
Acordei a ouvir a voz da Fabiana me chamando na porta, levantei atordoada do sonho e abri para ela entrar.
A Fabiana me abraçou, me acolheu nos seus braços, às vezes eu preciso disso, um abraço de mãe, de uma pessoa mais experiente que consiga me transmitir aquele calor que só uma mulher experiente e amorosa consegue.
O abraço muita das vezes é um remédio muito poderoso, um abraço verdadeiro tem o poder de colocar cada caco em seu devido lugar e assim refazer o coração e a alma.
— Vim aqui te chamar para almoçar, eu fiz aquela salada de beterraba com balsâmico que você adora.
— Não estou com fome.
— Você não pode ficar sem comer, lembra do que você me falou? quando o corpo enfraquece, o que acontece com a mente?
— Fica fraca e alma triste.
Nesse momento desabei a chorar, a Fabiana me abraçou novamente, era um dito indígena que o meu pai como o cacique sempre falava para nós, quando o corpo enfraquece a mente fica fraca.
E o ser humano de mente fraca não consegue entender o seu próprio propósito na terra, é como uma folha seca guiada pelo vento.
— Eu vou tomar banho e já vou, Fabi.
Ela saiu do meu quarto, foi para a cozinha, tranquei a porta novamente e comecei a dançar, eu precisava expressar minha gratidão ao Rudà.
O homem do meu sonho é o pajé, ele é meu companheiro desde a minha infância, ele é o meu Amor.
Agora entendi porque o meu pai nunca conseguiu conectar-me a nenhum guerreiro, desde o mais forte e ao menos forte.
Aré até tentou, ele era um guerreiro alto, forte, não forte quanto o pajé, mas era o guerreiro mas disputado por todas, eu só consegui ver ele como um irmão igual os outros, o Pajé é diferente, o Amo desde a primeira vez que o vi caido no chão.
Enquanto eu dançava fui novamente levada a mata, mas dessa vez a minha família não estava feliz, vi todos mortos, minha alma chorava, consegui ver os rostos dos homens que mataräm a minha família, derramaram o meu sangue.
Consegui me ver correndo apavorada, enquanto ouvia o cantar dos pásssaros, e ouvia as armas cuspindo fogo.
Em seguida fui trazida de volta para o Morro, vi o meu casamento com o pajé e o nascimento do nosso filho.
Logo tive que atravessar a escuridão, o caminho era longo e estava esburacado.
Corri, muito e caí cansada e sem fôlego, até que senti alguém me pegando no colo quando abri os olhos era o pajé.
— Minha pequena, você está sentindo alguma coisa?
— Porque você me pegou no colo?
— Você estava no chão.
Ele me deitou com cuidado na cama, sentou do meu lado pegando na minha mão e falou que estava tudo bem.
A Fabi entrou novamente no quarto falando que eu estava demorando, quando ela me viu, correu para o meu lado, perguntando o que foi que aconteceu, quando ia abrir a boca para falar consegui me conectar ao Rudar.
💭 - Yara, não fale nada do que viu, ainda não é o momento.
— Estou com fome, Fabi, estou fraca.
O pajé pediu para que a Fabi trouxesse nossa comida para o quarto que ele iria fazer sua segunda refeição junto comigo.
— E a Paloma?
— Não é hora de falarmos sobre isso, vamos comer e a senhorita vai descansar.
— Não estou cansada.
Ele me olhou bem sério, igual no sonho, ficamos um tempo nos olhando sem falar nada.
Até que a Fabiana chegou com a bandeja trazendo dois pratos cheios de comida e dois copos de sucos.
Estávamos comendo, quando o comunicador que o pajé usa começou a gritar, eu não consegui entender, pajé deixou a comida e saiu correndo.
Barulhos de armas de fogo, um barulho diferente parecia um trovão estrondoso no céu, a Fabiana entrou novamente no meu quarto, me puxou e fomos juntas para o quarto do Pajé.
— O que está acontecendo?
— Estão invadindo o Morro.
O morro é igual a mata, os homens sempre querem invadir para destruir, não lutei pelo meu povo mas irei lutar pela minha nova tribo.
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Dilma Bandeira de Jesus
meu Deus autora é cada capítulo , que eu fico igual uma boba sem ter o que comentar
2025-03-17
0
Solange Ferrari Dalberto
a cada capítulo ficou mais apaixonada pela estória
2025-03-18
0
Celia Chagas
Que história estou fascinante 🤩🤩
2024-11-24
0