YARA NARRANDO
O Pajé me chamou, voltei até o pé da cama, para atender o seu chamado, meu pai me ensinou que os enfermos devem ter seus chamados e pedidos atendidos.
Eles Podem fazer a passagem a qualquer momento, por isso devem ter seus pedidos concedidos.
Na tribo é de costume ficar sempre alguém à disposição dos enfermos para atender seus pedidos.
— Como posso ajudar.
— Só quero te agradecer por ter cuidado de mim, e quero te pedir, fica aqui, vamos conversar, gostei de você.
Sentei perto dele, que pegou minha mão e a sensação tomou conta de mim novamente, preciso que os meus ancestrais me direcionem e me ajudem a entender que sensação é essa.
— Qual sua idade, você sabe?
— Claro que sei, tenho 20 anos.
Ele ficou me olhando, parecia que tinha falado algo de errado, será que ele pensa que os índios são bobos?
— O Pajé está se sentindo bem?
— Sim, você é muito nova.
— O que é ser nova?
— Ter pouca idade.
Idade são apenas números calculados por humanos, todos nós carregamos uma vasta experiência trazida pelos nossos ancestrais.
Contei para ele que na minha idade estamos em fase de preparo, era costume na aldeia quando a jovem mulher faz 18 anos seus pais procuram pretendentes, se faz ritual e os ancestrais guiam até o par correto
Na nossa crença, casamento é muito sério, por isso precisamos da guia dos ancestrais, só se casa uma vez e tem que durar para sempre, até a hora de um dos dois fazer a passagem.
No meu caso, meu pai Junto com os demais índios sábios, iriam começar os rituais, podia ser que os guias logo mostrassem, como também podia demorar, são exatos cinco anos de espera.
Até os 25 anos, essa é a idade final para uma índia casar.
Rudà nosso deus do amor o meu guia sempre me mostrou em sonho um homem, mas nunca consegui ver seu rosto, ele sempre estava de costas, desde criança tenho o mesmo sonho.
O Pajé parece que não gostou de saber sobre minha cultura, ele ficou me olhando bem sério, como se não gostasse de casamentos.
— Agora você está no morro, como vai fazer?
— Não sei, não pensei nisso.
Ele continuou me analisando, mas não soltou a minha mão também fiquei com vergonha de puxar ela de volta.
— Você sabe que aqui não tem índio.
— Eu sei disso, mas estou disposta a tentar minha vida aqui, só se o Sr. autorizar .
— Eu quero você por perto.
Ele falou e com a outra mão tocou no meu cabelo, quando ele ia tocar no meu rosto.
A Thais entrou no quarto junto com o Cadu e a Stephanie, amiga dela, consegui sentir as mais vibrações e energias ruins sendo transmitidas dos dois, preciso afastar Thais dessas pessoas mas não sei como.
Pedi licença, e quando ia me levantar o Pajé não soltou minha mão, olhei para nossas mãos, olhei para o seu rosto e ele falou.
— Não vai, fica aqui comigo, vocês podem ir, filha você sabe que não gosto de estranhos no meu quarto.
— Não somos estranhos tio, a única estranha aqui é a índia.
— Meu nome é Yara, não índia.
— AFF além de estranha é mal educada.
O Pajé mandou eles saírem, a Thais saiu junto e ele dividiu comigo a preocupação dele com sua filha.
Antes dele concluir a sua fala, entrou uma mulher que mais parecia uma girafa de tão alta e pescoçuda e pernas alongadas.
O Pajé soltou minha mão rapidamente, ela me olhou dos pés a cabeça de um jeito que não gostei, Thais entrou no quarto e me chamou, pedi licença e me retirei.
— Quem é essa Mulher?
perguntei curiosa pelo jeito que ela me olhou, parecia não gostar de mim.
— É a Paloma, ela e meu pai tem um caso, ela é do asfalto.
Enquanto a Thais falava tive uma visão, com armas e tiros, me vi correndo com um pedaço de madeira na mão e a pescoçuda estava amarrada, chorando.
— Yara, você está bem?
Afirmei que sim com a cabeça, essa visão pode acontecer, como pode ter acontecido, ainda não tenho o discernimento das coisas que eles me mostram.
A Thais me levou até o quarto é muito grande e bonito, os panos são macios, ao deitar dá para sentir a maciez das rosas.
— Aqui é o seu banheiro.
Ela falou enquanto Me mostrava a casa de banho, a Thais explicou que o quarto é o meu espaço e que as pessoas para entrar devem pedir licença.
Fomos até o quarto da Thais que também é muito lindo, ela me mostrou uma tela e tinha roupas e muitas peças íntimas.
Computador o nome, nunca tivemos nem energia elétrica na aldeia, mas sei algumas coisas por causa da escola, e Já vi várias vezes a imagem de um computador nos livros ilustrados, só não sabia que pessoalmente era tão Mágico.
— Vamos comprar roupas para você e tudo que vai precisar.
A Thais mexia o dedo, e as coisas mudavam, parecia mágica, quando eu gostava de algo apontava com o dedo.
— Como você vai pegar essas coisas?
— Encerramos a compra, efetuamos o pagamento e eles nos entregam.
Ela continua me mostrando e explicando como funciona, também tem uma coisa de tamanho, tem que ser na medida certa se não fica muito grande muito pequeno.
Me perguntou como era na aldeia, expliquei como funcionava, tínhamos a mãe Jaciara que era a mais sábia por ser mais velha da aldeia, ela ensinava as mulheres a costurar, tecer e criar as roupas para suas famílias, tudo de forma artesanal e consciente.
— Como vocês tinham acesso ao material para confeccionar
— Os barqueiros, os índios troca o que a mãe natureza nos oferecia por coisas no barco.
Thais se mostrou muito interessada em saber sobre a minha cultura e meu povo, eu falo com muito amor e também estou muito tristeza Pois nunca mais vou ver minha família.
Quando eu estava voltando para o meu quarto a mulher saiu do quarto do pajé, ela me olhou dos pés a cabeça, não falou nada, mas a sua cara desagradável falou por ela.
As coisas no Morro são diferentes, mas vou conseguir vencer.
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Solange Ferrari Dalberto
interessante está estória, nunca li com diferente culturas.estou gostando
2025-03-18
0
Fernanda
Estou amando a história
2024-11-08
0
Iivia Oliveira
estou gostando
2024-08-10
3