CAPÍTULO NOVE

YARA NARRANDO

Consegui ver a passagem do Cadu, fico triste, e pensativa porque um ser humano se torna tão mal, ninguém nasce mal nem ruim, tudo isso aprendemos ao longo do caminho, muitos se tornam assim por não entender as circunstâncias da vida, outros se tornam do mal por gostar dessa prática.

A maioria das pessoas más são homens brancos, eles levam sua maldade consigo por todo lugar, destrói as vidas e as famílias por querer sempre mais, e nunca estão satisfeitos com a vida que tem, não buscam sua paz interior e usam desse vazio para fazer maldades.

Foi essa maldade que levou os homens brancos a invadir a mata, destruir as famílias e tomar nossas terras.

Na nossa Terra tinha ouro que a mãe natureza nos presenteou, era apenas para admirá-lo, não podíamos mexer, o Ouro é da mãe para enfeitar a nossa terra, mas tomaram o nosso Ouro, mataräm as Famílias e com certeza ainda vivem vazios por aí fazendo suas maldades.

Na mata não tem as mesmas armas e o meu povo não tem o mesmo ódio, para enfrentar de igual para igual, homens ruins são covardes.

Vivíamos dos artesanatos, óleo de coco, e muitas coisas que a nossa mãe natureza nos permitia pegar dela e trocar por nossa sobrevivência.

Na mata não temos as coisas que os homens brancos nas cidades tem, eles tem tudo na mão, toca em um botão acende o fogo, nós tínhamos que caçar lenha na mata e fazer o fogo para cozinhar e fazer os nossos preparos de erva.

O homem branco entra na casa de banho e apenas move a engrenagem e desce água ele consegue mudar a temperatura para fria ou quente, na mata nós tínhamos que ir para o Rio e a água estava sempre fria.

Homem branco tem os seus carros conseguem se deslocar de um lugar para o outro, na mata andávamos sobre trilhas corríamos o risco de ser picados por cobras e insetos e quando os índios homens saiam da mata muitos eram mortos ou levados como escravos para servir ao homem branco.

Meus ancestrais se conectaram comigo e me levaram para fora do meu corpo e condições humanas, para me mostrar o que estava acontecendo, Rudà estava me aguardando, consegui me conectar ao grande deus do Amor e ele me acalentou, me mostrando que estava indo em direção a Thais, e logo eu teria a resposta de quem ele escolheu para ser o seu companheiro na terra até chegar o momento de vossas passagem.

Rudà me mostrou que o Cadu estava querendo a passagem do meu companheiro, e me mostrou o Pajé.

Agora estou aqui com o coração cheio de Amor, nossas vidas estão ligadas e nossas almas conectadas.

Despertei o pajé estava ao meu lado, sentado na cama, segurando minha mão, abracei ele forte e contei apenas o que Rudà me permitiu lembrar.

Pajé não sabe usar a calma e temperança, ele não podia ir mas tentou de diversas formas, foi quando usei uma técnica que as mais velhas da tribo ensinavam as mais novas que estavam a espera do companheiro.

Para conseguir algo do companheiro, temos que usar a calma e nos fazer tristes e ofendidas, quando o homem é o companheiro escolhido por Rudà ele ama e se preocupa com a Mulher, ele não gosta de ver ela triste, nem de ofender, com essa técnica a mulher vai domando o homem até conseguir o que ela quer.

Foi essa técnica que eu usei com o pajé, lembro que quando ele não quis tomar a minha sopa a primeira vez fiz um bico mostrando que estava chateada com o seu desagrado, e ele falou que o meu bico era lindo e tomou toda a sopa e ainda pediu mais.

Essa foi a primeira coisa que eu fiz um bico, falei que não iria insistir e sai do quarto dele mostrando que eu estava triste e ofendida.

Não demorou muito O Pajé entrou no meu quarto, veio me abraçar comecei a conversar com ele enrolando, apenas tomando tempo para que tudo fosse resolvido e ele não precisar ir ao encontro da Thais, e não fazer a passagem forçada, tem pessoas que forçam a passagem da outra tirando sua vida, assim como fizeram com a minha família.

Ele falou comigo e depois voltou para o seu quarto, certo de que iria lá resolver tudo, às vezes pajé acha que é o deus da força e que tudo resolve com as armas que cospem fogo, mas não é assim que funciona, meus ancestrais nunca me levaram ao deus da força, Eles só me levam ao deus do amor.

Olhei pela janela do quarto, vi o Lobão chegando com a Thais, o companheiro dela é ele, Rudà vai me ajudar a guiar um o caminho do outro na mesma trilha em uma só direção.

Assim que sair no quarto o pajé já estava indo para a sala, descemos juntos.

Thais estava muito triste e desconsolada, falei para ela que era ordem do deus da passagem ele veio buscar Cadu e os seus, não sei porque falei a parte que a sua família também iria, não conheço eles e não tive visão nenhuma, apenas falei.

Pajé foi com o Lobão para o escritório, fiquei com a Taís consolando ela. cantei um pouco até que ela parou de chorar.

O pajé nos revelou algo sobre o seu passado, algo que nem Thais sabia, Pajé viveu grandes sofrimentos é um guerreiro, fiz carinho em seu rosto e a Thais ficou sorrindo falando que sou sua nova mamãe.

— Você aprova filha, Yara, como sua Madrasta?

— Claro, não tem pessoa melhor no mundo para assumir esse cargo de tanta excelência.

Ele deu um beijo no rosto dela e um beijo na minha testa, beijo na testa é sinal de respeito.

Estávamos conversando, ela estava com a cabeça no meu colo e os pés no colo do Pajé, quando a casa foi invadida pela Stephanie chamando a Thais de assassina nesse momento não me contive me levantei, ensinei boas maneiras e modos a essa mulher do mal.

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