CAPÍTULO 16...

RAFAELA...

Dois meses... Dois meses mais que precisarei ver o meu filho sofrer numa cama de hospital.

Dizem que um coração não pode se partir literalmente, mas juro que cada vez que vejo o meu menino sorrir sentindo dor... Sinto uma pequena rachadura nascer no meu coração, fazendo brotar o medo de a qualquer instante, ele parar.

A minha ideia de afastar o Matheus da minha vida está cada vez mais difícil de se concretizar, pois faz uma semana que todos os dias quando chego na escola para buscar a Ana e ele já está lá esperando para receber a minha princesa de braços abertos.

Hoje não pude ir buscar a Ana na escola, pois recebi uma mensagem do hospital, avisando que o Pedro estava passando por uma complicação, eu praticamente voei até o hospital.

— O meu filho. Onde ele está? — cheguei já perguntei a recepcionista, ela me olha meio pela forma como falei — Por favor moça...

— Pedro Henrique Cameron, não é? — assinto e ela olha para o computador — não tenho nenhuma informação sobre ele aqui, além do estado diário dele... A senhora vai precisar falar com um médico.

— Obrigada.

Sigo indo até o andar onde o Pedro fica, quando chego no corredor que dá no quarto dele, vejo vários médicos caminhando para todos os lados, inclusive entrando e saindo do quarto do meu bebê. Tento me aproximar, mas sou impedida.

— Por favor... O que está acontecendo...

— Senhora, você precisa se acalmar. Estamos tentando estabilizar ele.

Sinto o pânico tomar conta de mim, ouço o meu celular tocar dentro da bolsa, atendo sem nem ver quem está ligando.

— Alô?

— Rafa? Onde você está? Estou aqui em frente a escola... Mas você não está aqui... E não querem permitir que a Ana saia.

— Eu estou no hospital Matheus... — falo chorando, o medo de perder o meu menino falando mais alto.

— O que aconteceu?

— Eu não sei... Não me disseram, só... Só disseram que ele estava passando por uma complicação...

— Fica calma, eu vou para aí. Só preciso que você me dê permissão de tirar a Ana da escola.

Ele passa o celular para a monitora e eu aviso pra ela permitir a saída da Ana, ele me pergunta se pode deixar a Ana com os pais e eu assinto, até por que é o fim de semana deles. Fico andando para um lado e outro, até o Matheus chegar, e nada de notícias do Pedro.

Quase uma hora depois, o Matheus entra onde estou, eu me lanço nos seus braços e só então percebo que não adianta eu lutar contra essa droga de sentimento, ele sempre vai estar aqui, me fazendo vacilar nos momentos mais delicados.

— Não posso perder ele... Não posso...

Ele me aperta contra si e enche os meus cabelos de beijos, ficamos abraçados por pouco mais de alguns segundos, pois um médico se aproxima de onde estamos com uma expressão composta por vários sentimentos que vão de preocupação a alívio.

— Me diz que ele está bem... Por favor...

— Ele está na UTI. A situação dele está se agravando muito mais rápido do que imaginamos, o tratamento infelizmente não cumpriu com o... Papel dele, e corroborou para alavancar ainda mais a doença.

Sinto a minha vista ficar turva e o meu peito doer como se fosse se partir ao meio nesse instante, lembram da dor que eu falei ser impossível um ser humano suportar? Acredito que apenas as mães tem um super poder capaz de aguentar... Pois mesmo com o peito sangrando... Ainda pergunto:

— Ele... Ele...

— Não. Ele está na UTI apenas por termos feito uma transfusão de sangue de emergência nele. Mas as probabilidades do sangue ser bem aceito no organismo e expulsar uma parte da doença... São maiores que o tratamento.

— Quanto tempo ele vai precisar ficar lá? — o Matheus pergunta enquanto faz carinho nos meus braços.

— Por pelo menos 48 horas. Estaremos supervisionando o estado dele durante todas essas horas para o caso de ocorrer qualquer alteração, seja ela positiva ou não.

O meu peito continua apertado, e apenas afunda a cada palavra do médico.

— Podemos ver ele? — o Matheus pergunta mais uma vez, pois eu apenas sinto as lágrimas descerem pelos meus olhos.

— Vou liberar apenas 10 minutos. Por aqui — segui o médico praticamente no automático, vesti uma roupa apropriada para entrar na sala de terapia intensiva — ele ainda está sob efeito do sedativo. Então... Ele não vai ouvir vocês.

Assentimos e entramos no quarto que o Pedro está. A primeira vez que entrei numa sala de UTI foi quando o meu pai operou o coração, pois teve uma complicação. A segunda vez foi quando o Pedro teve a primeira crise, eles tiveram que colocar ele na UTI para ver se o tratamento iria funcionar.

E aqui estou eu mais uma vez... Vendo o meu bebê nessa cama de UTI, as lágrimas são impossíveis de segurar, e apenas permito que desçam em cachoeira. Não consigo me aproximar o suficiente, pois a dor é tão grande que sufoca.

Sinto apenas o Matheus me abraçar mais uma vez, e é como se cada abraço dele, a minha alma e a minha força fosse revitalizada, eu retribuo o abraço chorando cada vez mais, um choro dolorido. Apenas uma mãe que já passou por isso, entende o que ter um filho nessas condições e não poder fazer absolutamente nada para ajudar.

— Eu preciso do meu filho de volta, Matheus. Eu preciso...

Ele não diz nada, pois sabe que palavras nesse momento não vão adiantar, apenas me aperta contra si, impedindo que eu caia no chão enquanto sinto as minhas forças serem levadas para longe.

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