CAPÍTULO 11...

MATHEUS...

Fiz todos os exames que podia, hoje pela manhã, de tarde fiquei em casa. Estava pensando em tudo que a Rafa falou, cada palavra, eram direcionadas a mim na intenção de machucar, de me fazer ver o monstro que fui.

Se ela soubesse que eu já tenho consciência disso tudo... Só não fazia ideia de que a dor dela era tão palpável... Me doeu mais ver a expressão dela enquanto falava, do que as palavras ditas.

Estou deitado no sofá, assistindo uma corrida de carros, quando a porta da minha sala foi aberta abruptamente, olho na direção já imaginando quem seja, e em poucos segundos o som alto de saltos caros soa pela sala a cada passo da Madson.

Lá se foi a minha paz...

— Posso saber o que está fazendo aqui? — falo olhando bem sério para ela.

— Amorzinho... — faço um gesto para que ela pare de falar.

— Chega, Madson, já ouvi a sua voz o suficiente. Agora saia da minha casa — continuo deitado no sofá, pouco me importando com a presença dela.

— Então é assim? — ela fala com a voz de choro, eu mereço... — depois de tudo que a gente viveu, você vai me mandar embora assim? E o nosso noivado?

— Você quer dizer as nossas transas, não é? Por que é somente a isso que o nosso "relacionamento" se resumiu todos esses anos — olho para ela e vejo os seus olhos marejados — não comece. Você é horrível quando está chorando — ela arfa e me olha agora furiosa.

— É a sua palavra final? — ela fala agora com a voz firme.

— Foi o que eu disse ontem lá na joalheria. Ou você estava surda?

Ela levanta o queixo e dá meia volta, indo embora exatamente como entrou: pisando forte e fazendo barulho com o salto. Finalmente me vi livre desse projetium de satã. Só servia para gastar o meu dinheiro e gritar feito uma atriz pornô, na cama.

Olho para a TV e percebo que perdi o interesse em assistir, me levando irritado e vou até a minha academia, não treinei hoje pela manhã, então vou aproveitar para treinar agora. Começo uma série de treinos, perna, peito, braços.

Só quando já estou completamente suado, que paro um pouco para respirar e beber água. Entro em casa horas depois de estar na academia e encontro a minha governanta na cozinha.

— Oi Greta — deixo um beijo na cabeça dela.

— Oi meu filho, passa para o banho, estou terminando o jantar.

— Greta... Eu já falei que não quero você no pé do fogão. Eu já disse que me viro.

— Eu ouvi uma parte da sua conversa com a Madson... — levanto a sobrancelha.

— Anda escutando por trás das portas, mocinha? — falo segurando o riso e ela fecha a cara.

— Não, menino abusado. Eu estava indo te levar um lanchinho e ouvi a conversa. Não tenho culpa dela ter praticamente gritado para todo mundo ouvir.

— Ela sempre fez isso, parece que era a diversão dela.

— Fico feliz por finalmente ter acabado. Nunca gostei dela. Não sei como você levou essa relação de vocês tão longe...

— Eu precisava treinar cardio, Gretinha... E você sabe que eu não sou muito a favor de correr — ela me dá uma tapa e eu corro da cozinha — Eu sei que você me ama.

— ABUSADO! — ela grita quando já estou subindo os primeiros degraus da escada.

Chego no meu quarto e passo direto para o banheiro, eu estou mesmo precisando de um banho. Ligo o chuveiro e fico em baixo dele, sentindo a água quente relaxar todo o meu corpo, os músculos tensos, os meus pensamentos confusos, os meus batimentos acelerados...

Apoio a cabeça na parede fria e começo a pensar nos olhos tristes da Rafa... Os olhos dela, a sua boca, isso tem sido os meus pensamentos mais recentes na minha mente, o que mais ocupa a minha cabeça.

Lembro do que ela disse sobre o Pedro, em como ele ficou triste em saber que foi "mal educado" com o pai...

Termino o meu banho e visto apenas uma calça de moletom, coloco uma dose de whisky num copo e vou até a minha varanda, fico olhando para além do grande jardim que tem na propriedade, aqui é um condomínio fechado, e a minha casa é afastada das demais, tornando os arredores silenciosos, com apenas o canto de alguns poucos pássaros interrompendo o silêncio.

Respiro fundo e volto para o quarto, visto uma camiseta e desço para jantar, a Greta já tinha ido embora, deixou tudo arrumado na bancada da cozinha, então me sento e começo a comer, enquanto como, acessei o Instagram e procurei pelo perfil da Rafa, encontrei fácil, ele era aberto, comecei seguir ela e olhar as fotos que tinha dela e das crianças.

Era um sorriso mais lindo que o outro, parece ser o primeiro insta dela, pois de tanto descer a página, encontrei fotos dela grávida, dos gêmeos recém nascidos, com um ano, dois... Por todos esses anos eu nunca tinha procurado ela em nenhuma rede social, até agora...

Eu daria tudo para ver ela grávida outra vez... Ela ficou tão linda... Continuo olhando as fotos deles e salvo a maioria na minha galeria. Termino tudo e vou me deitar, amanhã planejo visitar os meus pais, e no domingo... Visitar os meus filhos, e claro... A Rafa.

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