CAPÍTULO 18...

RAFAELA...

O Matheus ainda vai me fazer ir parar numa clínica psiquiátrica... Como pode alguém que foi um babaca arrogante, egocêntrico e narcisista, virar esse ser humano tão doce em poucos dias? Bom... Na verdade ele só está de comportando como era antes de tudo acontecer.

Estamos sentados terminando de comer o espaguete e sim, está muito bom, eu só não falei isso para ele não se achar de mais. Ainda preciso fazer ele de sentir mal por todo o tempo que ficou longe.

— Matheus... — pergunto tentando iniciar qualquer assunto que me distraia do estado de saúde do meu filho — posso fazer algumas perguntas?

— Quais e quantas quiser — baixo o garfo no prato antes de perguntar, ele para de comer e me olha ansioso, esperando que eu comece as perguntas.

— Você algum dia... — desvio o olhar do dele — algo do que nós... Por que fez aquilo?

Pergunto por mim, fugindo das outras duas perguntas que me veio na ponta da língua. Ele parece pensar antes de responder. E a sua demora em dizer qualquer coisa só me deixa aflita, não aflita de verdade, mas... Ansiosa, com medo da resposta.

— Eu fiquei com medo, Rafa... Não da paternidade em si... Ou do que as pessoas iriam pensar do novo CEO estar construindo uma família com…

— A filha dos empregados?

— Não! Você nunca foi a filha dos empregados naquela casa, Rafa, os meus pais sempre trataram você e os seus irmãos com tanto carinho, que algumas vezes eu tinha ciúmes.

Sorrio um pouco me lembrando da forma como os pais dele sempre me trataram, mesmo com a gravidez, eles sempre foram amáveis e compreensivos comigo, e não exigiram ser presentes na vida das crianças, eu quem os incluí na vida deles, por entender que não era culpa de nenhum deles, o filho ter feito o que fez.

— Os seus pais são uns amores.

— São sim. Por isso eu saí de casa dois dias depois que você saiu... Porque eu sabia que eles ficariam magoados comigo, e eu não queria ver a forma como eles olhariam para mim... Eu também sabia que eles ficariam do seu lado, com razão, é claro...

— Eu nunca consegui entender... — falo baixinho, sentindo o peso dessa conversa cair sobre mim — porque você não acreditou em mim... E principalmente... Por que disse que eu estava querendo te dar um golpe...

— Sempre nos protegemos. A única coisa que passou na minha cabeça naquele dia foi que você tinha me traído e estava querendo me fazer assumir duas crianças que não eram minhas. Só depois que eu disse aquilo e vi o sofrimento no seu rosto foi que percebi o imbecil que eu fui.

— Porque a Madson?

— Ela só se importava com dinheiro. Não gostava de mim... Não como você. Ela só queria uma chance de me expor como um troféu e subir na carreira, afinal... Qual argumento melhor do que ser a "noiva" do grande Matheus Jones para ser uma modelo de sucesso? Foi mais uma troca de favores... Eu a ajudei a alavancar na carreira, enquanto ela me ajudava a me sentir punido pelo que eu fiz.

Levanto um pouco o olhar e encaro os seus olhos azuis, não consigo ainda, entender o porque ele simplesmente não me deixou explicar, porque tomou aquela decisão precipitada... Mas é do Matheus que estamos falando... Ele sempre foi assim, explosivo.

— Ajudou?

— O quê?

— A Madson... Ficar com ela te fez se sentir punido o suficiente? — ele nega.

— Nada justifica a minha atitude, Rafa... Você sempre foi correta, nunca me escondeu nada. Nem em mil anos longe de você, eu vou conseguir me perdoar pelo que fiz. O erro não foi seu... E sim meu. Eu não valorizei você o suficiente, e por isso te perdi... É um peso que vou ter que carregar para sempre.

— Você mudaria algo do que aconteceu?

— Meu Deus, sim! Mil vezes sim! Se eu pudesse voltar para aquela tarde... Deus... Eu faria tudo diferente. Eu juro que quando você dissesse que estava grávida... Eu iria te pegar nos braços e sair gritando para todo mundo o quão feliz estava.

— Mas não pode não é?

— É... Por isso hoje estou fazendo o que posso para me redimir com os nossos filhos...

Quando ele fala isso, sinto um aperto no peito. Ele quer se redimir com os nossos filhos, não comigo... Porque eu não esqueci ele? Por que não me joguei num relacionamento qualquer só para esquecer ele?

É claro que eu sei a resposta. Eu não fiz isso porque apesar de tudo o que ele disse, eu estava grávida, estava com os hormônios triplicados e só pensava nos meus filhos, era apenas neles dois que eu pensava, nunca se quer pensei em homem, e quando eu pensava...

Quando numa noite fria eu sentia a falta de um corpo ao redor do meu... Era o desse maldito sentado a minha frente que eu desejava... Porque era o único corpo que já havia tocado no meu. Tinha sido ele o único homem que tinha me feito sentir qualquer sentimento.

Eram nessas noites frias de inverno que eu sentia mais saudades dele, que me permitia ser uma idiota apaixonada, digo idiota porque o único homem que amei, havia pisado no meu coração.

— Você está tendo uma segunda chance, Matheus... Não é todo mundo que ganha uma.

Não digo a ele que a segunda chance se aplica a me reconquistar, não... Não vou dizer isso. Não preciso dele na minha vida ainda, ele já esta fazendo parte da dos meus filhos é suficiente.

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