CAPÍTULO 3

RAFAELA...

Mais uma vez acordo cedo, faço o café, arrumo a Ana e deixo ela na escola antes de ir para o hospital, quando chego lá o meu príncipe está acordado.

— Bom dia meu amor.

— Bom dia mamãe...

— Está sentindo dor?

— Não... Mas quero ir para casa...

— Eu sei, meu amor... A mamãe sabe... Mas a mamãe veio fazer um teste que pode tirar você daqui bem rapidinho se der positivo, tá bom?

— Tá bom... Eu queria ver a Ana...

— Quando ela sair da escola, trago ela, tudo bem?

Ele assente e eu dou um beijo nos cachinhos dele. Encontro com o doutor Natan e vou até a área de extração de amostras. Eles retiram uma amostra e me liberam. Vou outra vez para o quarto do Pedro e fico com ele umas duas horas, pois o medicamento que ele está recebendo deixa ele sonolento. Quando vejo que ele já dormiu, vou até a sala do doutor Natan.

— Bom dia.

— Bom dia, Rafa.

— Como ele está?

— Infelizmente ou não, continua na mesma situação, dependendo do ângulo que se olhe, é melhor permanecer da forma que ele se encontra...

— Quando o resultado do teste sai?

— Hoje a tarde.

— Espero que tenha a compatibilidade necessária...

O Natan me olha um pouco triste, como se já soubesse o resultado. Respiro fundo e saio, tenho que trabalhar, falei com o meu chefe para trabalhar só meio período agora que o Pedro está doente e ele entendeu o meu lado, me permitindo trabalhar apenas pela tarde até o Pedro receber alta.

Chego na loja e cumprimento as meninas que estão na loja, vou até a minha sala e começo olhar os desenhos que preciso fazer hoje. Trabalho até dar o horário de buscar a Ana na escola, saio e busco ela, como o Pedro pediu para ver ela, eu vou direto para o hospital outra vez.

Chegando lá, a Ana vai comigo até o quarto do irmão, eles quando se veem, se abraçam, o meu peito dói em ver eles assim.

— Estava com saudade Ana...

— Eu também, Pedro... O Igor e a Flávia perguntaram por você.

— A Fla perguntou por mim?

— Sim, mas o Carlos quase bate nela quando perguntou por você — o Pedro quase sai correndo da cama.

— Filho, não levante assim, pode machucar você.

— Mas mãe, o Carlos queria bater na Fla só por que ela está preocupada comigo...

— Eu sei querido, mas não pode levantar assim.

Ele deita de novo e logo o Natan entra no quarto, me chama e vamos até o corredor.

— O resultado saiu, Rafa.

— E...

— Infelizmente não teve a compatibilidade necessária... O tipo sanguíneo de vocês é diferente, e isso influenciou um pouco...

Sinto os meus olhos arder, eu só falho... Que droga... O Natan me puxa para um abraço e eu me permito ser abraçada, está doendo tanto ver o meu filho nessa situação... E nem tenho o apoio do Matheus...

— Os meus pais podem fazer o teste, não é? Os meus sogros...

— Eles já tem a idade um pouco avançada... Seria um pouco arriscado, até porque o seu pai fez uma cirurgia no coração há pouco tempo.

— E a Pri?

— O sangue dela também não é compatível, a mais indicada seria a Ana, mas é nova de mais... Só há uma saída para ele...

Quando ele fala isso só me lembro de uma pessoa. Tanto que pedi a Deus para não precisar da ajuda dele...

— Não há mesmo outra solução?

— Doadores anônimos são ainda mais difíceis de encontrar compatibilidade, Rafa...

— Tenho medo dele se recusar outra vez. Ainda dói sabe? Olhar para os meus filhos e lembrar que o pai deles chegou a até mesmo dizer que eu estava dando "o golpe da barriga"... Se ele tivesse visto nos meus olhos o quanto eu o amava... Talvez tudo poderia ter sido diferente...

— Nem tudo é como queremos... Mas é o Pedro que tá ali naquela cama, Rafa...

— Eu sei... E é por ele que vou fazer isso.

O Natan me solta e eu volto para o quarto onde as crianças estão, fico com eles até o horário do Pedro dormir, quando ele dorme vou para casa com a Ana, que acabou dormindo no carro.

No outro dia de manhã, assim que saio do hospital, sigo direto para a loja dos Jones. As atendentes quando me vê entrar na loja olham diretamente para mim, a que estava no balcão deu a volta e veio até mim no mesmo instante.

— Bom dia, senhorita. No que posso ajudar?

— Gostaria de falar com o Matheus.

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