13° Dia

No dia seguinte acordo bem desanimada e triste.

Era um daqueles dias que nos faz questionar todas as coisas.

Inclusive quem somos e o que queremos.

Estou sem fome e não desço para tomar café.

Fiquei deitada no quarto escuro ouvindo minhas músicas de "bad".

No horário do almoço resolvo me levantar.

Ainda de pijamas desço para cozinha. Já havia combinado com a Sra. Meire que se não tivessemos visitas, não precisava montar a mesa na sala de jantar.

Era triste me sentar sozinha numa mesa tão grande.

- Srta. Está tudo bem?

Pergunta Meire.

- Sim, só acordei indisposta. Mas logo isso passa!

Após almoçar sento-me no jardim.

Observo que as rosas-vermelhas estão lindas.

Eu vou até o escritório, pego uma tesoura e uma fita.

Colho algumas rosas.

Pego um vaso vazio que ficava na sala de jantar, encho com água e coloco as rosas dentro.

Amarro um laço com a fita para decorar.

E me recordo do ursinho que achei no baú.

Subo até o quarto, pego o urso, desço novamente e pego o vaso com as rosas.

E vou andando até o mausoléu.

Eu ainda acho esse mausoléu um exagero, mas é a cara da Sra. Bloide.

Eu abro os portões, a luz interna acende.

Vou até a placa onde está o nome de minha mãe.

Fico olhando a foto. Passo a mão.

E me sento no chão ao lado da placa.

- Mamãe trouxe para você. Eu digo!

Coloco o ursinho e o vaso com as flores na prateleira que havia acima da placa.

- Mamãe o que aconteceu?

- Queria tanto entender por que tanta coisa ruim aconteceu há nossa família?

- Se você pode me ouvir daí do céu. Me ajude a desvendar esse mistério.

Eu lhe peço com o coração partido, com uma voz de amargura e tristeza.

Um vento muito forte entra pelo mausoléu.

Junto com poeira que me faz cobrir o rosto com as mãos.

O vento foi tão forte, que jogou o ursinho no fundo do mausoléu.

- Que foi bruxa. Está com inveja porque não trouxe nada para você?

Digo com ironia, minha palavras trazem a tona toda a amargura e ressentimento, que sinto por ter sido abandonada, pela minha própria avó.

Eu me levanto e quando ia pegar o urso, um vento ainda mais forte entra e sai do mausoléu.

Quando o vento retorna, puxa o ursinho para fora.

Eu saiu para pega - lo e o vento chega novamente e fecha a porta do mausoléu atrás de mim.

Senti um arrepio que percorreu a espinha.

Quando vejo o vento ia levanto o ursinho.

Eu corro atrás e ele para em frente ao portão do outro cemitério.

Quando vou pegar, ele fica preso em um ferro solto no portão.

E acaba rasgando o urso.

- Ah que coisa! Rasgou.

Digo em um tom de decepção.

Quando vou mexer na parte rasgada, percebo que há algo dentro.

Uma espécie de chave. Mas a ponta era meio de estrela. Não era uma chave normal.

Não tinha visto nenhum lugar, onde poderia utilizar uma chave desse tipo.

Retorno para casa e guardo a chave no guarda roupa.

Quando meu celular vibra.

"Vram, vram"

Vejo que Vincent está ligando.

"Vram, vram"

- Oi Vince!

- Oi Keroline! Eu queria te contar uma coisa.

- Você pode falar agora?

- Sim, pode falar!

- Eu descobri que o Paulo, seu pai, tem um irmão

que se chama Roger Smith.

Ele mora na região sul da cidade.

E pelo que eu descobri olhando as informações no site da escola que eles estudaram, eles eram bem próximos.

Era da mesma classe, tinham a mesma idade e eram do mesmo time de "Lefoot" - Futebol.

- Eles eram gemêos?

- Isso não sei dizer. Sei que eles eram os melhores jogadores da escola. Ganharam vários campeonatos.

- Você quer ir lá procura - lo?

- Que horas?

Eu pergunto.

- Agora! Eu passo ai e vamos juntos.

E desliga o telefone.

Eu tomo um banho rápido. Visto uma calça jeans de cintura alta, uma bota preta e um casaco de lã rosa neon. Faço uma trança no cabelo e passo um gloss labial.

E aguardo Vincent na sala.

"Bii, Bii"

Ouço Vincent buzinando.

Pego minha bolsa e saiu.

Ele me esperava na porta do passageiro.

Eu me aproximo, ele abre a porta.

- Oi! Você está linda Kero!

- Obrigada Vince. Você também.

E estava mesmo, Vincent usava uma calça jeans escura, um sapato social preto, uma camisa branca e um paletó azul marinho.

E o perfume....nossa.

"Oh homem cheiroso, eu penso"

Seguimos para o endereço conversando.

Em menos de 30 minutos estavamos na porta.

A casa era bem simples. Com uma varanda pequena, e uma árvore com um balanço na frente.

Vincent estaciona na porta, descemos e seguimos até a porta.

Meu coração estava acelerado, minha respiração ofegante e as mãos suadas.

Não sabia o que iria encontrar. E quais respostas teria.

- Quer que eu fale Kero?

Pergunta Vincent.

- Não Vince. Eu falo!

Ele sorri e segura a minha mão.

Puxa minha mão para si e a beija.

E acena com a cabeça concordando.

"Din Don"

Eu toco a campainha.

Logo um homem aparece a porta.

- Pois não? Desejam algo?

- Boa tarde. Eu procuro o Sr. Roger Smith?

Ele me olha dos pés a cabeça.

- Quem gostaria de falar com ele?

- Sou Keroline Smith, sou sobrinha dele.

Ele paralisa com cara de espantado.

- Keroline? Você é filha de Paulo?

- Sim eu sou.

- Nossa! Você já é uma mulher. Entre por favor. Não repare a bagunça.

Ele entra, a casa é simples e dá para ver que ele mora sozinho.

- Licença.

Digo ao entrar.

- Então você é o Roger?

- Sou sim. Desculpa ter sido meio grosseiro. É que não sabia quem vocês eram.

- E você rapaz é namorado dela.

- Eu...é...

Eu o interrompo.

- Meu noivo!

Eu digo segurando a sua mão.

Ele fica vermelho.

- Querida eu não tenho notícias suas a muitos anos. Na verdade desde que Paulo morreu.

- Sim é uma longa história. Eu cresci longe de todos. Retornei agora.

- E tio...desculpa posso chama - lo assim?

- Pode sim. Mas na verdade não sou seu tio.

- Não entendi?

Eu digo confusa.

- Minha mãe morreu durante meu parto. E meu pai conheceu a sua avó Dona Rose.

A mãe de Paulo, quando eu e Paulo tinhamos um ano.

O seu avó, pai de Paulo desapareceu quando ela descobriu a gravidez.

Ela e meu pai se apaixonaram e se casaram pouco tempo depois de se conhecer. E meu pai registrou o Paulo como seu filho, pelo carinho que tinha por ele.

E por isso somos irmãos de registro. Mas não de sangue.

- Nossa! Que história.

- Sim. Mas pode me chamar de tio.

Percebo que ele fala com certo incômodo.

Dou um sorriso.

- Vou chama - lo de Sr. Roger. Acho mais justo.

Ele sorri.

- Sr. Roger eu vim aqui pois queria entender quem era meu pai. E porque ele fez, o que fez!

- Vocês eram amigos e do mesmo time no futebol, como ele era?

- Sim querida. Eramos muito próximos. E nos davamos muito bem.

O único problema de Paulo é que era ambicioso e queria ser rico.

Mas não importava como ele faria isso.

Ele era bem talentoso e poderia conseguir um contrato com algum time grande. Mas não queria esperar.

Ele conheceu sua mãe e viu que ela era rica.

E se interessou!

- Está dizendo que ele casou por interesse? E não por amor?

Eu pergunto

- Não! Ele realmente a amava. Mas percebeu que viviam em mundos diferentes. Mesmo a Karol não sendo metida e não ligando para dinheiro.

- Estou confusa?

Ele sorri e Vincent não soltava a minha mão fazendo carinho.

- Era simples! Ele queria ser rico e ela queria ser pobre.

- A Karol era pressionada pela Sra. Bloise por ser filha única e não queria Paulo na família por ser de classe social diferente.

- Quando terminaram o colégio eles fugiram e se casaram.

- A Sra.Bloise ficou furiosa quando soube que haviam feito.

- Só que algo aconteceu. Quando eles retornaram Paulo era extremamente rico.

Ninguém sabe como ele conseguiu tanto dinheiro.

Fico atenta ouvindo ele contar.

- Eles compraram uma casa enorme no centro da cidade e pouco depois Karol engravidou de você.

- Mas, ao mesmo tempo que a gravidez avançava, Paulo se transformava.

- Se tornou egoista, começou a ostentar...comprou carros caros, joias, e tudo que ele podia comprar para mostrar aos outros que agora era rico.

- Essa casa mesmo, ele comprou para mim.

- E aos poucos foi perdendo tudo. E descontava tudo em Karol. Que mesmo com tudo permanecia ao seu lado.

- Ela tinha um bom coração. Mas escolheu o cara errado. Na sua essência ele sempre foi ganancioso. E essa foi sua ruína.

- Quando você ia fazer 3 anos ele havia perdido tudo e moravam de favor aqui comigo.

Até que um dia ele perdeu o controle e bateu em Karol.

- Nossa Sr. Roger. Que coisa mais triste.

Eu lhe digo com o coração apertado.

- A Karol então voltou para casa com você e pediu o divórcio de Paulo.

Ele torcia para que a Sra. Bloide rejeitasse Karolina. Mas ela fez o contrário. Fez uma festa pelo seu retorno e deu tudo que ela precisasse.

E no seu aniversário ele a matou. Como você já deve saber.

Meu olhos estão cheios de lágrimas.

Não consigo me conter. As lágrimas escorrem.

- Sinto muito querida. Deve ser bem dificil para você.

- É sim. Mas vou ficar bem.

- Obrigada por me receber. Se precisar de alguma coisa me procure por favor.

- Ok querida.

- Bom eu vou indo. Obrigada mais uma vez por me contar.

Ele me abraça apertado.

Quando estava saindo ele diz.

- Srta. Keroline só um minuto. Lembrei de uma coisa.

- Espere já volto.

Ele demora um pouco e retorna com uma caixa média toda empoeirada.

- Fique com isso. Tudo que era do Paulo quando ele morreu eu coloquei aqui. Menos as roupas que foram para o lixo.

- Espero que seja útil para você.

- Será!

- Obrigada!

Retornamos para o carro.

- Kero você está bem?

Pergunta Vincent

- Não Vince. Não estou!

E desabo a chorar.

Ele me abraça, retira um lenço do bolso e me dá.

- Imagino o quanto seja difícil e doloroso.

Mas agora você já sabe um pouco mais.

Algo aconteceu nesse meio. E fez com que acon tecesse a tragédia.

- Sim.

Seguimos para a Mansão, já era noite.

A volta pareceu ter sido mais rápida.

Quando percebo, Vince estava a encostar na porta.

- Chegamos Kero!

- Ah sim! Não havia reparado.

- Obrigada Vince.

- Tem sido um grande amigo.

Ele faz um carinho no meu rosto.

- Você é especial garota. Saiba disso!

Eu lhe dou um sorriso.

E desço do carro com a caixa em mãos.

Sigo direto para o quarto.

Guardo a caixa e vou para o banho.

Depois deito para dormir, o dia foi longo demais.

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Comments

Imaculada Abreu

Imaculada Abreu

Quem muito quer nada tem

2024-03-05

0

Holavia_ Mafufo

Holavia_ Mafufo

Então como eu suspeitava o pai dela "Paulo" atravessou o portal mais invés de benção ele foi amaldiçoado e ficou louco ,também acho que a Sra. Bloide atravessou ou então os seus ancestrais pois estaria explicado a fortuna dela

2023-07-20

12

Holavia_ Mafufo

Holavia_ Mafufo

Então como eu suspeitava o pai dela "Paulo" atravessou o portal mais invés de benção ele foi amaldiçoado e ficou louco ,também acho que a Sra. Bloide atravessou ou então os seus ancestrais pois estaria explicado a fortuna dela

2023-07-20

0

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