19° a 30°

Querido diário,

Faz mais de 10 dias que instalamos o novo sistema de segurança e nada aconteceu!

Estou a começar achar que ou descobriram, ou estou a ter um baita azar.

Hoje não tenho aula com o Vince.

Resolvo correr um pouco.

Visto um agasalho, um ténis adequado, pego o meu fone de ouvido sem fio e o meu celular e vou correr.

Resolvo ir na direção oposta da cidade. Pois, ainda não conhecia.

O clima era agradável, mas não tinha nada para ver, já que logo após a Mansão começava a plantação de eucalipto.

A plantação tinha quilómetros e pegava os dois lados da estrada.

Corro por cerca de 40 minutos e depois retorno andando. Observando tudo.

Na volta vejo que tem uma capela, uma igrejinha com uma cruz enorme. E a sua construção mostrava que era uma igreja bem antiga.

Ficava próximo à estrada, e atrás dá igrejinha continuava a plantação de Eucalipto.

Havia uma trilha de terra que dava acesso à igreja.

Avisto uma amoreira bem perto da igreja e por sorte estava carregada de amoras grandes e bem docinhas.

Colho algumas e me sento ao pé da árvore para comer.

Fico a respirar um pouco, olhando tudo a minha volta.

Me aproximo dá porta da igreja e vejo que estava bem conservada.

Provavelmente alguém cuidava do lugar.

Eu abro a porta, observo o velário com algumas velas acessas. Isso mostra que as pessoas frequentam o local.

Havia duas fileiras de bancos de madeira e um corredor no meio.

Na frente um púlpito com uma bíblia. E uma cruz dourada na parede.

E lindos vitrais nas janelas laterais. Havia também uma cabine de confessionário.

Quando ia saindo ouço uma voz:

- Olá jovem!

Quando me viro, vejo um padre bem idoso.

- Oi Padre!

- Você entrou e já vai sair. Não vai ao menos agradecer?

- Não me sinto a vontade Padre. Entrei apenas para conhecer.

- Não tem fé?

- Tenho sim. Só não quero fazer nada.

Acredito que agradecer trnha que ser natural e de todo coração.

- Compreendo, a sua mãe era uma jovem de fé e muito grata.

- Como pode dizer. Nem sabe quem eu sou?

- Seus olhos, o olhar e o sorriso são de Karolina Bloise. Acertei?

"Pronto outro bruxo, já basta o fantasma da velha, eu penso"

- Sim o Sr. acertou.

- Me permite dizer que esse seu jeito e essa teimosia herdou da saudosa Sra. Bloide.

- Saudosa? Incrivel como ela conseguiu ser boa, generosa, com bom coração e etc...para todos. Menos para quem ela deveria.

Digo com o coração amargurado.

- Porque ela realmente era. Essa capela foi ela quem construi quando a nossa igreja principal pegou fogo e virou cinzas. Ela cedeu parte do seu terreno. E pagou pela construção.

- Mesmo com a nova construção da igreja principal, muitos devotos ainda preferem vir aqui.

- Percebi!

- Menina aprenda a perdoar, não por que o outro mereça perdão. Mas porque você merece paz!

- Bom Padre foi um prazer conhece - lo. Mas preciso ir para casa.

- Tudo bem Keroline. Quando se sentir angustiada venha e acenda uma vela para agradecer e verá que as coisas vão ficar melhor.

Eu dou um sorriso e uma piscadinha.

- Deus lhe acompanhe menina.

Eu retorno para a Mansão.

Como o dia estava frio, resolvo ficar nas cobertas a tarde inteira.

Eu e Vince seguimos na mesma, dando uns beijos as vezes. Mas sem definir o nosso relacionamento. Até por que quem definiria seria ele me pedindo em namoro.

Como ele não fala nada sobre o assunto, eu quem não iria falar.

Uma coisa era fato, eu gosto muito de estar com ele.

Só que havia muitas outras coisas que eu precisava resolver. Para depois conseguir pensar em mim e Vince.

Após o jantar fico meu quarto relendo as cartas de minha mãe, para ver se alguma coisa passou despercebido.

Olhando tudo aquilo percebo que já havia passado um mês.

E quanta novidade em apenas 30 dias.

- Você nunca imaginou nada disso, digo a mim mesma.

Estava tarde e o clima bem frio. Decido ir dormir.

"Drum, Drum"

Acordo e olho o celular. Pensei que fosse alguma mensagem de Vince.

Observo a notificação.

"Camera 35 / Mausoléu. Sensor de presença ativado"

- Bingo! Eu grito.

Eu acesso à imagem da camera. E vejo alguém todo de preto com touca saindo do mausoléu. E indo em direção a trilha que terminava na plantação de Eucalipto.

Olho as horas são 0hs e 3 min.

Reviso as gravações de minutos antes e a pessoa não entro e saiu do mausoléu. Provavelmente veio pelo túnel.

Mas ainda não sei quem é. Que raiva!

Parece ser a mesma pessoa dos cachorros, mas não posso afirmar.

Uma coisa eu tenho certeza, é alguém que conhece bem tudo por aqui.

Não vai ter jeito, terei que entrar nesse malditos túneis e descobrir o que tem la embaixo.

Não posso ir sozinha. Preciso de apoio caso alguma coisa aconteça, ou sei lá o que eu descubra.

Preciso pensar em quem eu vou chamar.

Talvez o Vince ele é inteligente e forte.

Tem o Pierre ele é habilidoso. Mas e se eu encontrar algo importante ou valioso...precisa ser alguém de confiança.

Se for mesmo uma sociedade secreta e tiverem alguns malucos lá em baixo.

E se me obrigarem a fazer parte dessa sociedade secreta por que eu fui curiosa.

"A que droga! O que eu faço?, eu penso"

Que raiva que eu tenho dessa velha maluca.

Porque ao invés de piorar tudo...não me ajudou.

E se a maluca faz parte dessa sociedade secreta. Acho melhor eu avaliar melhor esse mapa e ver de onde saem os outros túneis para ter certeza quem são as possiveis pessoas envolvidas.

Tem também a avó de Paula a amiga de Pierre. Talvez ela me conte alguma coisa. Idosas gostam de falar e contar histórias talvez ela solte alguma coisa.

Preciso organizar qual o próximo passo. Para depois concretizar. Se houve ou houver alguma história de sociedade secreta Vince é o cara certo para perguntar.

Amanhã vou conversar com ele. Agora melhor descansar.

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