O incêndio

Chego em casa e Enzo esperava-me na porta. Corro para seus braços e por ser ali meu lugar seguro desabo a chorar.

Enzo me pega no colo e leve-me para o quarto. Junto trago a sacola preta de papelão onde estão os itens que comprei.

Enzo coloca-me na cama, deita-me nos seus braços e beija-me confortando-me.

- Enzo não sei o que está a acontecer.

- Eu tive um desentendimento com a esposa do padeiro, mas não penso que seja isso.

- Me conte essa história querida.

Eu conto-lhe todos os detalhes. Enzo só me observa.

- Sra Ferrari, ameaçam a mulher com uma faca? Pergunta incrédulo.

- Se eu não fizesse isso. Provavelmente tomaria uma surra dela e das amigas. Como me fiz de louca. Elas afastaram-se. Só me defendi.

- Queria pode ser isso. Mas também não acredito que seja. Penso que tem algo que não descobrimos ainda. Mas algo me diz que logo vamos descobrir.

-Estou a pensar em colocar cameras secretas na sua casa. O que acha?

- Pode ser! Se for para ajudar, eu concordo!

Alguns dias se passam e peço a Enzo que me acompanhe até Newcity. Pois uma casa estava a venda e parecia ser um bom lugar para o projeto.

Chegamos a cidade e vamos até a casa. Uma correetora nos aguarda. Ela nos mostra todo o imóvel e nos diz o preço.

Damos uma oferta e ela diz que vai conversar com o proprietário e depois nos liga para dizer a sua resposta.

Peço que Enzo vá comigo a minha casa para retirar algumas caixas.

Quando paramos a porta. Que vem se aproximando Sr. John.

Descemos do carro e Enzo me coloca atrás dele.

- Bom dia família. Diz John

Não respondemos.

- Você não cansa de ser ridículo? Pergunta Enzo.

- Não sou ridiculo. Só acha que Anne mereça um cara melhor.

- Achar não muda nada. Até porque sua opinião não tem valor.

- Querida Anne. Sabe quem é candidato a prefeito de Newcity?

Fico sem responder.

- Eu querida. E espero que eu ganhe.

- Ouvi dizer que está procurando um imóvel na cidade. Se eu ganhar essa eleição como eu acredito que vou. Logo estaremos fazendo negócios. Pisca ele para mim.

Para não dar atenção, vou em direção a porta da casa. Enquanto Enzo e John ficam trocando farpas.

Na porta á um enorme cadeado, pois a fechadura foi destruida no ataque que sofremos.

Abro o cadeado e o coloco aberto no guancho. Abro a porta, encosto ela e entro.

Procuro a caixa que preciso e escuto um barulho estranho.

- Enzo?

- Querido é você?

Sinto um cheiro de gasolina.

O piso da casa está molhado.

Quando ouso o barulho de uma janela quebrar e vejo o fogo se espalhar bem rápido.

Tento sair, mas a porta não abre.

Começo a gritar.

- Socorro!

- Socorro!

- Socorro!

- Enzo!

Não tem como eu sair pela janela, pois tem grades. A porta de entrada fica na sala. Tem uma que dá para os fundos da casa. Mas para que ninguém invadisse colocamos madeiras por fora. Eu vou para o banheiro. Pego uma toalha, molho na água. Deito-me no chão com o chuveiro ligado. Para evitar a fumaça e se o fogo adentrar o banheiro eu protejo-me um pouco.

Observo as chamas por baixo da porta do.banheiro.

Enzo e John quando ouvem os meus gritos olham para a casa e vem o fogo.

Enzo e John correm para a porta, mas o cadeado estava trancado. Impedindo a passagem.

John corre para o seu carro estacionado um pouco mais atrás do nosso e pega um pé de cabra e quebra o cadeado.

Enzo corre para pegar o extintor de incêndio no carro.

John entra me chamando!

- Anne?

- Anne?

Ele ouve o barulho da Água corre para o banheiro, abre a porta, me pega no colo. Pega a toalha molhada e joga sobre nós dois e nos tira da casa.

Coloca-me distante da casa. No gramado perto do carro.

Enzo tenta apagar o fogo, mas é inútil.

O fogo.se espalha rapidamente e em minutos a casa está em chamas.

Os vizinhos ligam para os bombeiros, mas como na nossa cidade não há um quartel do corpo de bombeiro. Eles vêm de outra cidade e demoram cerca de 1h 30 para chegar. Quando chegam a casa está destruída. Eu choro sentada, olhando a casa virar cinza.

Enzo agradece John pela ajuda. Por ter-me tirado lá de dentro. Sem nenhum ferimento. Eu apenas havia inalado um pouco de fumaça, mas vou ficar bem.

Os bombeiros finalmente chegam e apagam o fogo. E quando olhamos a casa não existe mais.

É bem triste. Eu cresci naquela casa. As minhas lembranças de infância foram formadas naquela casa. Depois do falecimento dos meus pais, Ray e eu mudamos para aquela casa.

E agora era só cinza.

Não tem mais nada ali.

É tanta coisa que eu nem sei o que pensar.

Um sentimento de revolta.

Quem poderia fazer isso? Tentar me matar?

Mas, porque?

Seguimos para a esquadra de polícia e o delegado nos faz um monte de pergunta.

Enzo se lembra que instalou cameras dias antes.

E vai buscar as imagens que ficam em uma "nuvem".

Nas imagens vemos uma pessoa de preto, com um boné preto, que estava na casa derramando a gasolina. Quando esse individuo sai de dentro da casa e vai para a parte de trás. Nos chegamos.

A pessoa se esconde. Eu entro. A.pessoa se aproxima trava o cadeado e sai andando. Quando está na lateral da casa pega uma garrafa de bebida com um pano dentro. Acende a ponta e atira pela janela. Isso faz o incêndio começar. E assim como não sabemos quem é? Ou de onde surgiu? Vemos essa pessoa desaparecer.

Os porquês assombram os meus pensamentos.

Voltamos para casa. Sem dizer nenhuma palavra.

Eu quase morri.

Mas quem era ruim o suficiente para.tentar-me matar!?

Essa e tantas outras perguntas continuavam sem resposta...

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