O contrato

Eu olho-o nos olhos.

— O Sr. é louco mesmo. Que contrato maluco é esse? O que eu terei que fazer? Pergunto sem entender ao que se referia.

Ele sorri lindamente.

— Se casar comigo. Ele diz.

Dessa vez quem dá a gargalhada sou eu.

- Ha Ha Ha. O Sr. é mesmo louco. Eu sou casada Sr. Ferrari.

— Viúva! A Sra. é viúva. Pode casar novamente. Ele diz.

— Para quê? Sem amor? O Sr. precisa de ajuda psiquiátrica. Falo ainda rindo.

O seu olhar demonstra fúria. Ele me olha de cima a baixo.

- Ok! Já que sou louco. Não temos mais nada a falar. Pode ir. Já estou atrasado.

Diz ele e já vai a seguir em direção a porta.Eu seguro no seu braço.

"Nossa! Era mais forte do que eu pensava." penso sentindo seu corpo.

Ele para de andar.

- Por favor espere. Desculpe não quis ofende - lo. É que não constato o sentido desse casamento? Pergunto com sinceridade.

- É simples. Precisa de ajuda e eu preciso de uma esposa. Essa sociedade de merda me abrirá mais portas se eu for casado. Muitos eventos de negócios eu não posso participar por não ter uma esposa. É inteligente, tem conhecimento, sabe se portar e não vou negar é muito gostosa. Diz ele olhando-me com malícia.

- Sério isso? Pergunto com cara de desdém.

- Tá! Bom, gostosa não. Linda! Se sente melhor? Ele pergunta com ironia.

- O que eu terei que fazer?

- Não se faça de desentendida, não combina com você. Tem que ser minha esposa. Me acompanhar onde eu for e claro me obedecer.

Ele abre a gaveta e tira uma cópia do contrato e me entrega.

- Esse é o contrato. Qualquer dúvida peça para Márcia me ligar que esclareço. Concordando a senhora assina e fechamos o nosso acordo. Preciso realmente ir. Ele diz.

- Até mais tarde esposa querida. Diz ele rindo alto e saindo pela porta.

Eu começo então a ler.

CONTRATO NUPCIAL:

• Morar na mansão.

• Dormir em quartos separados.

• Nunca entrar no quarto ou escritório sem ser autorizada.

• Chamar o Sr. Ferrari apenas em caso de urgência.

• Não falar sem permissão.

"Começou a bizarrice." Penso em voz alta.

• Não sair sozinha.

• Acompanhar o Sr. Ferrari sempre que ELE desejar

• Se portar bem em eventos sociais, sempre o respeitando e o tratando com carinho.

• Se alimentar corretamente.

• Praticar exercícios físicos

• Ir às consultas médicas de rotinas.

• Usar método contracetivo escolhido pelo Sr. Ferrari.

E antes que eu pudesse falar ou pensar algo meu celular toca.

"Número desconhecido."

Eu atendo.

— Alô! Sra Rossi falando. Eu digo

— Sra. Ferrari, Diz o Sr. Ferrari do outro lado da linha.

— Tem alguma dúvida sobre o contrato? Pergunta ele.

"Parece que ele adivinha as coisas, eu penso"

— Ah eu tenho sim. Que negócio é esse de permissão para falar?

— Não gosto de mulher que fala demais. Ele responde.

— Tem algo mais? Sr. Ferrari pergunta.

— Ainda estou lendo. Eu digo.

— Eu aguardo na linha, qualquer dúvida estou aqui.

Eu continuo lendo o contrato.

• Escolher as refeições diárias.

• Lembrar de datas comemorativas

• Ficar atenta aos cuidados da casa e orientar os empregados quanto a isso.

• SEM RELAÇÕES SEXUAIS". Leio em voz alta.

- Sem sexo? Sr. Ferrari não entendi? Eu pergunto.

— Sério? Pergunta ele.

- O Sr não quer ter intimidade comigo?

- Leia o restante. Diz ele.

• Sem relações sexuais...

Pelo tempo que o Sr Ferrari assim desejar.

Volto a perguntar:

- Se não teremos sexo, porque o método contraceptivo?

— Porque não quero filhos. Responde ele.

— Olha as loucuras. Se não vamos ter sexo, logo não teremos filho. Isso é óbvio. Falo em tom de riso.

— Continue a ler Sra Ferrari. Ele diz o Sr. já sem paciência.

Eu continuo.

• Contato físico apenas com permissão.

• Sem cerimónia de casamento. Casamento somente no civil.

• Sem lua de mel. No caso de haver lua de mel, permanecerá sem relações sexuais.

• O Sr. Ferrari é quem escolherá as roupas que poderá vestir.

• Ser fiel e leal.

• Informar ao Sr. Ferrari tudo que for fazer.

• Duração do contrato: 25 anos.

• Ajuda mensal de 10 mil.

• Prêmio ao final do contrato: 25 milhões (1 milhão para cada ano de lealdade).

• Estar ciente que será posse do Sr. Ferrari e ao desagrada - lo será punida.

• Assinatura e data.

— Punida? Estamos em qual época? Pergunto.

— Ainda tem dúvidas? Diz ele já estressado.

— Não Sr. Eu respondo.

- Se for assinar chame a Sra. Márcia, ela irá orientar. Até mais tarde. Ele diz e desliga o telefone.

Penso por alguns instantes, tento avaliar.

Terei uma casa, comida, dinheiro e no fim uma boa grana para recomeçar. Se eu não aceitar que chances eu tenho? E é sem sexo. Não vou precisar dormir com esse homem louco.

Resolvo então assinar.

— Sra. Márcia! Eu chamo-a. Ela se aproxima.

— Irei assinar. Eu digo

Ela segura a minha mão e com uma agulha fura o meu dedo. Tudo bem rápido.

- Aiii!! Que merda é essa? Eu digo ao ver o sangue em meu dedo.

Antes de eu pudesse compreender ou reclamar, ela coloca uma gota de sangue onde havia o meu nome.

— Pronto! Assinado. Ela diz.

— O carro do Sr. Ferrari te espera na porta.

Diz ela.

- E o meu carro? Eu pergunto.

— Será levado por outro motorista para a mansão.

— Parabéns pela sua escolha. Seja bem-vinda Sra. Ferrari.

"Ah que merda. Sou a Sra. Rossi, sempre serei, eu penso."

Mas já que fiz o acordo, vamos observar o que me aguarda.

Sigo em direção a porta.

Tem um carro preto parado, um Bentley me esperava a porta.

O motorista de terno abre a porta de trás.

— Seja bem-vinda Sra. Ferrari. Chamo-me Thomaz e sou seu motorista.

- Prazer Thomaz. Por favor me chame apenas de Anne. Eu digo.

— Ok. Sra. Anne.

Entro no carro e espanto-me. Que luxo. Não estou habituada a isso. E nunca nem fiz questão.

— Thomaz?

— Sim Sra.? Ele responde.

— Para aonde vamos? Eu pergunto

— Para a sua nova casa a mansão do Sr. Ferrari! Ele diz e seguimos.

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