capítulo 5

Olivia Narrando.

Chego em casa ao lado dos meus pais, na sala me aguardam parte da minha família, meus tios e primo Nico se aproximam para me cumprimentar, que saudades eu senti, que bom é estar novamente em meu lar.

— Querida.

Tia Lilian beija meu rosto sendo seguida por tio Henri.

— Está tão linda, amei a cor de cabelo.

Segura minha face entre as mãos arrancado de mim um sorriso sincero, está ainda mais linda do que me lembrava e meu tio Henry também não fica nem um pouco atrás.

— Senti tanto a falta de vocês.

Retribuo o gesto de carinho com um abraço apertado, tantos assuntos a por em dia fluem de forma natural e genuina que mal vejo as horas passarem, a noite esta animada, o tempo agradavel e a companhia ainda melhor, confesso que senti falta de cada uma das pessoas nessa sala, Nico está radiante, feliz, é um jovem responsável e focado, acaba de ser aprovado em uma das melhores faculdades de robótica da América latina e se mudara em breve para Califórnia.

— Onde estão o tio xande e Camilla? Atíla?

Pergunto e papai sorri, mamãe está sentada em seu colo e se abraça ao seu pescoço, é tão bom vê-los assim, senti tanta falta desses sorrisos.

— Eles chegaram amanhã querida, virão para sua festa de boas vindas, é óbvio que daremos uma, não é qualquer dia que se tem em casa uma das maiores e melhores bailarinas do mundo.

— Papai.

O repreendo e ele sorri, confesso que não estou nem um pouco animada para ser exposta como uma escultura de mesa aos membros da sociedade italiana, papai é um homem influente e até mesmo um piquenique no parque vinculado ao seu nome seria capaz de juntar a corja de Roma sem qualquer empecilho, Zayn Leblanc se tornou um dos nomes mais falados na Itália e isso sempre nos rendeu alguns desconfortos.

— Será apenas uma recepção simples, algo íntimo para familiares e amigos.

Mamãe tenta acalmar os ânimos e eu cedo, sei o quanto sentiram minha falta e o quanto querem compartilhar com todos a alegria da volta de sua filha pródiga.

— Está bem, desde que Estevan não se incomode, é aniversário dele amanhã não é? Quero vê-lo, está no quarto? porque não desceu para falar comigo?

Todos se entre olham, pronto, era o que eu precisava para me preocupar.

— Vamos lá.

Cruzo os braços frente ao corpo certamente com a expressão mais insatisfeita do mundo.

— O que está acontecendo? sempre que eu pergunto sobre ele vocês fazem essa cara, me olham como se uma segunda cabeça tivesse brotado em meu pescoço, o que houve com o Estevan.

— Estevan não vem para casa querida, não o vemos a um bom tempo, se mudou para um apartamento bem distante de nós e desde então não tivemos notícias.

— Primeiro ele não me visita, não atende minhas ligações e agora isso?

Arfo em descontentamento e todos me encaram, qual o problema dessa família? como simplesmente o deixam de fora?

— Nicolay.

Ele assente.

— Sabe onde ele está?

Digo e ele olha imediatamente para meu pai, sua expressão de submissão e respeito me irrita, está pedindo pela permissão do líder desta família e não precisa dizer uma única palavra para que eu entenda isso.

— Nico.

Grito e ele se levanta, visivelmente incomodado.

— Vou buscar as minhas chaves.

Caminha em direção as escadas e eu faço o mesmo.

— Não vai fazer nada? vai deixá-la ir até aquela lugar?

Ouço a voz de mamãe ecoar pela sala, não preciso olhar para saber que está falando com papai.

— Também o quero em casa Emma, sabe que se tem alguma chance disso acontecer é com a influência dela, Estevan a adora.

Não sei o que está acontecendo mas não estou gostando nem um pouco de nada disso, ignoro toda a discussão que se instalou na sala entrando no quarto, abro sobre a cama uma mala grande de roupas, escolho um conjunto de alfaiataria e uma pequena bolsa.

Entro no box onde tomo uma ducha rápida e me visto com a mesma pressa, saio pelos corredores e Nico já me espera, não diz nada, está calado e isso só me deixa ainda mais preocupada.

— Anda, desimbucha.

Ele suspira, tenta escapar.

— Descostrua de sua mente tudo que guarda do Estevan, não vai encontrar nada lá, nada do que está indo buscar, não existe mais o menino que amava, o irmão protetor ou o primo maneiro, apenas vazio e escuridão.

Ele diz com receio, um aperto invade meu peito.

— Seja direito Nico, porque todos ficam dando voltas não dizem exatamente nada?

Me irrito e ele ergue as mãos em rendição.

— O Harém agora é dele, Estevan está administrando o lugar, manda em tudo, do subúrbio as áreas nobres de Roma.

— Isso é algo ruim? então ele é alguém bem sucedido, porque toda esse clima pesado em torno de algo bom.

— Não e algo bom Olivia, ele está envolvido com a máfia, com o crime organizado entendeu? Estevan assumiu Nhangreta depois que seu pai se aposentou.

Quase caio para trás com a revelação.

— Máfia, Nhangreta?

— Po*rra agora eu sou um homem morto, mesmo lindo partirei cedo por falar demais.

Ele leva as mãos à cabeça como se lembrasse de algo.

— Não pode dizer a sua mãe que eu falei isso.

Ele segura minha mão.

— Olívia, por favor prometa.

O arrasto para meu quarto, ele me olha assustado mas não diz nenhuma palavra, abro a porta e ele se senta na cama.

— Não vou dizer nada a ninguém mas vai me contar tudo, anda, não esconda nada.

Ele passa as mãos pelos cabelos.

— Tio Zayan, Papai e o tio Alexandre eram os líderes de uma facção criminosa.

— O que? Como eu nunca soube disso?

Grito alto e ele se levanta tapando minha boca.

— Eu e o Atíla também não sabíamos, descobrimos a uns três anos por acidente, o Estevan havia sido internado e o Atíla estava tentando tirar o irmão do manicómio, Invadimos o hospital psiquiátrico e estava lotado de homens fortemente armados, um dos enfermeiros que subornamos deixou escapar que eram a escolta do filho de um dos líderes da máfia, logo caiu a ficha e tudo fez sentido.

— Meu Deus, meu Deus.

Caminho de um lado para o outro, como eu pude ter sido tão egoísta? me isolando em um mundo perfeito enquanto minha família escondia toda essa sujeira.

— Manicómio? máfia? que diabos está acontecendo nessa casa?

— Po*rra, também não sabia do manicómio, burro, burro.

Ele pragueja, é um gênio para certas coisas, mas um menino ingénuo para outras.

— Vai Nico, termina.

— O Estevan estava tendo problemas, ele matou um cara em um bar uma noite e depois disso surtou, eu procurei por informações sobre o crime, sobre as investigações do caso mais tudo, tudo que tinha relacionado ao nome do Estevan havia sumido, seu pai subornou geral mais não adiantou merda nenhuma, Ele não parou Olivia, o tempo só fez com que piorasse, com que se tornasse ainda mais cruel, hoje o Estevan é um dos homens mais procurados do planeta e sabe porque ninguém o prendeu ainda? porque ninguém divulga essa mer*da?

Permaneço em silêncio.

— Porque qualquer um que ousar entrar naquela boate para arranca-lo de lá encontrara o mal encarnado, ele não é mais o nosso primo, não é o irmão que você fantasiou Olívia é o demonio, é satanás vivendo naquele corpo.

Me levanto limpando as lágrimas que já molham meu rosto, pego minha bolsa enquanto ele me encara.

— Vamos.

Digo e ele se levanta.

— Irá até lá mesmo depois de tudo que lhe contei?

— Vou agora mais do que nunca, ele pode ser o carrasco que todos temem, o demônio como você mesmo disse mais se quiser continuar fugindo de mim como fez até agora terá que fazer isso depois de olhar no fundo dos meus olhos.

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