Capítulo 11

~ Bruno ~

Hanna estava deslumbrante, a ponto de se destacar em meio a multidão, as pessoas a olhavam constantemente, alguns homens chegavam até a encarar durante minutos em busca de alguma abertura para falarem com ela.

De alguma forma isso despertou uma pontada dentro de mim. Por vê-la tão desconfortável em meio às pessoas.

Ainda não tivemos a oportunidade de conversar, pois no momento estou cercado por pirralhos me enchendo de perguntas estúpidas e literalmente puxando meu saco. Uma tal de Vanessa juntamente com seus amigos não saem da minha cola, enquanto isso, a única coisa que posso fazer é observar Hanna ao longe, também cercada por pessoas.

~ Hanna ~

Alguns professores estavam em uma animada roda de conversa conosco. Me senti um pouco mais à vontade com os rostos conhecidos.

Professora Débora: Olhem todos, como ficou lindo em meu escritório o quadro que Hanna fez para mim. Além de ótima redatora, ela também é uma artista. - Disse mostrando as imagens de seu celular para todos à sua volta.

Desconhecido: Olha só, é realmente incrível o realismo dessa pintura. Muito prazer, me chamo Henrico.

Hanna: Obrigada, o prazer é meu. - sorri timidamente.

Henrico: Li pela manhã seu artigo, é realmente impressionante sua habilidade com a escrita. Todos estão comentando, que a popularidade da Azevish aumentou ainda mais com seu artigo que está sendo um dos mais divulgados por toda a parte.

Hanna: Fico lisonjeada.. - Não tinha palavras para expressar o que sentia nesse momento.

Henrico: Se me permite dizer, a senhorita é uma das mulheres mais lindas, essa noite. - Disse próximo a Hanna.

Henrico é o dono da principal concorrente da Azevish, ele e Bruno possuem uma rixa que existe há anos. Ele tenta de todas as formas se igualar a Bruno, seja roubando seus sócios, funcionários, comprando os mesmos maquinários, pagando para publicarem sobre sua empresa nas mesmas revistas e jornais.

Bruno ao vê-lo tão perto de Hanna, sai em meio a multidão ignorando totalmente Vanessa e seus amigos, os deixando plantados no mesmo lugar. Seu coração pulsava freneticamente, as mãos estavam fechadas em punhos, até que chegou próximo aos dois.

Bruno: Hanna, posso conversar com você um minuto?

Ao ouvir sua voz, Hanna rapidamente se virou em sua direção.

Hanna: Claro.

Henrico: Não vai cumprimentar seu velho amigo Bruno? Estava aqui conversando com Hanna, quase a ponto de fazer uma proposta irrecusável para atuar na minha empresa, sabe como são os negócios não é? kkkkk - sorri cinicamente.

Bruno: Deveria estar mais preocupado em manter as contas, do que ficar de olho nos meus funcionários. Fiquei sabendo que suas ações despencaram nos últimos dias.

Sem pensar duas vezes, Bruno entrelaça sua mãos à de Hanna, fazendo os dois sentirem simultaneamente uma conexão, e sai com ela ao seu encalço para um local mais afastado.

Era uma espécie de jardim de inverno, um ambiente reservado, longe de todo o barulho do salão principal.

Chegando lá, Bruno solta a mão de Hanna e apoia suas mãos no parapeito do local, observando a vista e suspirando profundamente.

Bruno: Você precisa ter cuidado com as pessoas. Nem todos aqui são bem intencionados e de boa índole.

Hanna: Tudo bem, eu consigo me virar sozinha. - responde calmamente.

Bruno: Você não entende Hanna, todos naquele salão estavam com os olhos voltados para você. Aposto que muitos só estavam esperando a oportunidade certa para fazerem propostas indecorosas.

Hanna: Eu não sou uma criança, não precisa me tratar como uma.

Bruno: Você é muito inocente para viver em meio a essas pessoas Hanna...

Hanna: Por que você diz isso se ao menos me conhece direito? Você sabe de onde eu vim, provavelmente diz essas palavras por achar que não me encaixo em meio a esses ricaços cheios de classe. Mas pasmem você! Eu não vim aqui para fazer amigos, tudo não passou de trabalho até agora.

Hanna: Eu agradeço novamente a oportunidade que me ofereceu, mas já não sou mais uma estagiária em sua empresa. Preciso ouvir as propostas que essas pessoas têm para me oferecer. Pela primeira vez, surgiu uma oportunidade que pode mudar minha vida e a de minha família e aí você vem me dizer que não me encaixo e não passo de uma garota inocente. É essa garota que acorda todos os dias cedo e vai trabalhar para conseguir o mínimo para pagar as contas e o pão de cada dia.

Bruno: Hanna eu... - foi interrompido.

Hanna: Bruno, por favor, não precisa se explicar, eu entendi o que quis dizer. Passar bem...- disse saindo do local.

~ Hanna~

Me desvencilhei de Bruno e saí às pressas do evento, passei por algumas pessoas no caminho, até mesmo por Henrico, que ao me ver saindo fez menção de falar algumas palavras mas acabei o deixando para trás.

Estava certa, aquele lugar não é para mim, talvez Vanessa e seus amigos também estivessem certos ao dizer que os holofotes e o reconhecimento não são para pessoas como eu, que não passam de escada para outras se prevalecerem.

Acredito que as palavras de Bruno abriram meus olhos para minha verdadeira realidade que está muito distante daquele local. Talvez eu só devesse me acostumar com tudo isso e parar de vez de tentar nadar contra a maré.

Pedi um táxi e ao chegar em casa, sinto um clima estranho, procuro meu pai pelos cômodos para ver se o encontro em algum lugar. Passei a noite anterior na casa de Ágata e ele me garantiu que ficaria bem e não iria beber pelo menos por essa noite.

Bati na porta de seu quarto e não obtive resposta, então entrei e o que eu vi me deixou completamente perplexa. Todos os pertences pessoais do meu pai haviam sumido, não existiam mais roupas na cômoda, o porta retrato com a foto do casamento dos meus pais não estava mais sobre a cabeceira da cama, absolutamente tudo havia sumido.

A partir desse momento, meu coração se encheu de aflição, pensando que talvez aqueles agiotas tivessem voltado a minha casa e levado meu pai em razão da dívida. Ele poderia estar em qualquer lugar e eu não sabia nem por onde começar a procurar. Então fui até meu quarto e me deparei com um pequeno papel em cima de minha escrivaninha, olhando mais de perto, consegui reconhecer a caligrafia de meu pai que dizia o seguinte.

"Querida filha,

Sei que tenho andado muito ausente e fugindo de minhas responsabilidades como pai. Por anos você tem tentado nos reerguer, desde que sua mãe morreu. Mas não consigo sair do momento em que a vi falecer naquela cama de hospital e isso me mata por dentro todos os dias.

Em razão do meu sofrimento, tomei péssimas atitudes, em relação à bebida e apostas, as coisas chegaram a um ponto em que eu não vejo mais saída, então resolvi tomar uma atitude.

Para que você não sofra mais, decidi ir embora, com a intenção de que aqueles homens a deixem em paz, não se preocupe comigo, vou até uma clínica procurar o tratamento adequado para minha dependência.

Gostaria de dizer que te amo mais que tudo, você cresceu e se tornou uma mulher tão linda quanto sua mãe, tenho muito orgulho de você.

Beijos, te amo!"

As lágrimas que caiam de meus olhos mancharam as letras no papel, e assim sentei em minha cama, me vendo mais sozinha do que nunca.

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Comments

Fatima Maria

Fatima Maria

É OUTRO BABACA COMO UM PAI SAI E VAI EMBORA E SÓ DEIXA UM BILHETE E NEM PENSA NO QUE A FILHA VAI PENSAR OU COMO VAI FICAR OU SENTIR

2025-03-05

0

Sandra Maria Cyrino

Sandra Maria Cyrino

esse pai dela foi bem safado fugiu e deixou a pobre menina sozinha pra enfrentar os cara

2025-02-27

1

Inês Bernardete

Inês Bernardete

Katia vc é muito exigente
é somente para ilustrar

2025-02-12

1

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