Capítulo 6

~ Hanna ~

No dia seguinte, ao alvorecer, saí do hospital, passei em casa e fui tomar um banho gelado. Não poderia faltar ao trabalho e o que ainda me dava forças para sair e trabalhar era o fato do meu pai estar fora de perigo. Achei que perderia ele na noite passada e isso acabou comigo.

Chego no trabalho e sou recebida por Marta com um olhar de nojo, faço todas as minhas funções e quando já estava dando meu horário, olho para a porta e vejo Bruno adentrar ao local bem trajado e elegante como sempre.

Pego uma bandeja e o cardápio, já ia em direção a sua mesa quando Marta me para.

Marta: Volte aqui! Você não vai atender ao cliente com esse rosto todo arrebentado aí. Capaz de nunca mais voltar quando ver o quão horrível você está de perto, garota. Deixa que eu vou...

Hanna não tinha nem ânimo para responder aos insultos. Somente entregou a bandeja, o cardápio e voltou para a cozinha cabisbaixa.

Marta: Bom dia senhor, posso ajudá-lo?

Bruno: Onde foi a moça que me atendeu da última vez? Por que não a deixou vir até minha mesa?

Marta: Err..er..Bem, ela não está se sentindo bem, então pedi para retornar a cozinha. - ficou envergonhada pelo questionamento de Bruno.

Marta: Eu posso anotar seu pedido se assim desejar.

Bruno: Vou querer só uma água com gás.

Marta: Sério? Não vai querer degustar um de nossos deliciosos cafés expressos?

Bruno: Não me ouviu? Meu pedido é só uma água com gás.

Marta: Tudo bem, com licença...

Aquele com certeza, foi um de seus momentos mais constrangedores na cafeteria. Parecia até que os clientes de algum modo descobriram a gerente horrível que Marta era, além da forma como tratava seus funcionários.

Após cinco minutos, se encerrou o expediente de Hanna, ela então colocou o capuz de seu moletom sobre o rosto e saiu pela porta dos fundos da cafeteria. Parecia que ia chover, já sentia até alguns pingos cair sobre si.

Em determinado trajeto, percebeu o carro de Bruno se aproximando dela e quando já estava ao seu lado abaixou o vidro. Mesmo assim, ela não parou de caminhar.

Bruno para o carro e segue a pé junto de Hanna.

Bruno: Por que não me atendeu hoje na cafeteria?

Hanna: Existem mais funcionários no estabelecimento...

Bruno: Eu vi claramente quando você vinha em minha direção e aquela gerente tosca a parou.

Hanna ficou calada e continuou andando.

Bruno: Por quê está assim? Fiz algo que não gostasse?

Hanna: Não é pessoal, só por favor, me deixe em paz.

Bruno impaciente segura os braços de Hanna a colocando o encarando em sua frente. Foi quando percebeu os hematomas e machucados em seu rosto.

Bruno: O que foi isso? Quem fez isso a você?

Hanna se desvencilhou do toque de Bruno e voltou a caminhar com os olhos marejados, só de lembrar o horror da noite passada.

Bruno volta a alcançar Hanna que, dessa vez, para abruptamente.

Hanna: Não sei que merda você tem na cabeça, mas faça um favor a nós dois e PARE DE ME SEGUIR! Minha vida pessoal não diz respeito a um ricaço que se acha o protetor dos pobres e oprimidos.

Se não sair do meu encalço, chamo a polícia e faço uma denúncia contra você! Pode até não ser muito, mas para um empresário, se meter em um escândalo como esse pode lhe custar bastante dinheiro. Então passar bem...

Hanna voltou a caminhar, deixando Bruno parado para trás sem reação alguma. Nunca, desde quando Otto o tirou das ruas e fez de seu aprendiz, alguém tinha lhe dirigido a palavra daquela forma.

Bruno entra no carro novamente, pega o celular e liga para um amigo de longa data que realiza trabalhos como investigador particular.

Bruno: Alô Pedro, preciso de um favor seu.

Pedro: Olá, meu amigo! Pode falar, sou todo ouvidos.

Bruno: Preciso que colete dados para mim sobre uma garota...

Pedro: Não vai me dizer que alguém finalmente laçou seu coração? kkkkk

Bruno: Não é isso, ela apenas... Me despertou certa curiosidade e agora andam acontecendo algumas coisas estranhas com ela, como se já não bastasse ela se fechar em relação a mim e não diz nada a respeito.

Pedro: Certo, é só isso?

Bruno: Não, também preciso que se infiltre na universidade em que lancei o processo seletivo. Quero que acompanhe de perto o aluno que for aprovado, hoje mesmo a prova será aplicada e publicarei o resultado. Não vou deixar qualquer um entrar em minha empresa diante das possibilidades de vazar informações confidenciais aos concorrentes.

Pedro: Sempre um homem de negócios, hein...

Bruno: Claro, essa integração com a universidade é ótima para o marketing e histórico da empresa, mas não vou deixar as coisas de qualquer jeito...

Pedro: Ok Bruno, até o fim da tarde te envio o relatório sobre sua garota...

Bruno: Ela não é minha...- Pedro aproveita a provocação e desliga o celular na cara de Bruno.

O restante do dia foi tranquilo, Hanna foi até o hospital no qual seu pai estava internado e o médico informou que ele já havia acordado.

Hanna: Oi pai, como está?

Pai: Péssimo! Parece que levamos uma boa pancada na cabeça, hein...

Hanna: Preciso conversar com você.

Pai: Claro, filhinha...

Hanna: Pai, eu te peço para que de uma vez por todas você pare com as apostas. Isso destruiu a nossa família, você está devendo mais de cem mil para os agiotas e até onde sei, não tem a mínima previsão de como irá pagar esse dinheiro. E ainda por cima age como se nossas vidas estivessem mil maravilhas.

Hanna: A verdade é que eu estou cansada, pai! Tenho que todo dia aguentar insultos em um trabalho horrível para que consiga pagar as contas enquanto você está passando seus dias bêbado, perdendo nossas únicas economias em apostas. Ontem os mesmos homens que quase mataram você, entraram na nossa casa, me agrediram e ameaçaram matar nós dois, caso não pague o dinheiro. - Hanna estava aos soluços desabafando com seu pai todas as frustrações causadas por ele.

Hanna: O pior disso tudo é ver que você aceita essa realidade e não faz nada pra mudar. Não reconhece que estou me matando por nós dois enquanto você vive como um inconsequente. Desde quando a mamãe morreu, você se afundou e nunca mais voltou a ser o de antes.

Pai: Minha filha, me perdoa, não sei como consertar as coisas.

Hanna: Comece por você pai!

Hanna: Provavelmente amanhã o médico vai te dar alta, então fique no hospital e se recupere. Agora eu preciso ir, está quase na hora da minha aula e hoje tenho uma prova muito importante.

Hanna sai apressadamente, passa em casa e toma um banho rápido, vestiu um vestido solto, saiu de casa com destino a faculdade.

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Comments

Euridice Neta

Euridice Neta

É uma história, mais já imaginou quantas mulheres passam.por isso com filhos, maridos e até mesmo com suas mães enfiados no álcool, jogo e drogas?

2025-03-24

0

Luiza Serrinha

Luiza Serrinha

não fique com pena pois aí que Bruno vai ver que ela é diferente das outras mulheres que da em cima dele

2025-02-16

0

Dina Faria

Dina Faria

fiquei com pena do Bruno

2025-01-14

0

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