~ Hanna ~
Olá, me chamo Hanna Claimer, tenho 24 anos e atualmente estou estudando jornalismo em uma renomada universidade, na qual com muito esforço, consegui uma bolsa parcial. Durante o dia trabalho em um café no centro da cidade, tenho uma chefe rigorosa, mas em meio a insultos e gritos cotidianos, lembro a mim mesma que preciso desse emprego para pagar a faculdade e as contas de casa.
Moro com meu pai, em um minúsculo apartamento, localizado no pior subúrbio da cidade, e nossa convivência é meio complicada desde que minha mãe morreu. Eu era muito nova quando ela foi diagnosticada com câncer, antes dessa fatídica notícia, éramos uma família feliz, após 5 anos de tratamento, ela veio a falecer, desde então meu pai se afunda cada vez mais na bebida e em jogos de azar, são raras as vezes em que o encontro sóbrio em casa, sem trabalho, sem esperança, apenas um litro o acompanha nessa vida triste e degradante.
Com o falecimento de minha mãe e a decadência de meu pai, tive que aprender a me virar desde cedo, fazendo bicos em padarias, lojas ou em qualquer lugar onde aceitassem meu trabalho.
Desde pequena, amava desenhar e pintar, passava horas do meu dia colorindo papéis para minha mãe, que ao perceber um certo dom em mim, acabou me matriculando em um curso de pintura para iniciantes e lá aprendi a pintar quadros com tinta a óleo, fazer paisagens, caricaturas, etc. De certo modo, esse incentivo me ajudou até os dias de hoje, pois consigo uma renda extra vendendo quadros autorais.
Há alguns anos comecei a faculdade de jornalismo que era um grande sonho, mas por ser rodeada de colegas cujos pais possuem grande poder aquisitivo, acabo sofrendo certo preconceito e até mesmo desprezo das pessoas à minha volta. Alguns colegas descobriram onde trabalho e às vezes frequentam o lugar somente para tirar uma com a minha cara, derrubando xícaras de café, pães, doces ou somente me chamando de empregada, no intuito de me fazer sentir inferior. Tenho que engolir diariamente diversas ofensas e tentar manter minha mente sã, para não surtar com a realidade que todos os dias bate minha face.
Não sou do tipo de pessoa sociável, tenho apenas dois amigos em comum, Ágata e Fernando, então me afundo nos estudos, trabalho e pintura. Só tive um relacionamento em toda a minha vida e terminamos pois acabei descobrindo que não passava de uma aposta entre ele e os amigos, essa situação mexeu muito comigo e não consigo mais me imaginar com alguém que realmente queira algo sério comigo.
Vocês devem estar pensando que por ter essa realidade de vida dura, sou uma pessoa melancólica. Mas no geral, sou grata pelas pequenas conquistas do dia a dia, sou grata por acordar, por ter meu pai vivo ao meu lado, sou grata pela mãe que tive, por meus dois amigos, pelo emprego de onde tiro o sustento e consigo pagar a faculdade. Me considera uma pessoa esperançosa com a vida, sei que a sorte pode sorrir para todos, principalmente para aqueles que se esforçam, por isso, não penso em desistir nunca, sei que um dia terei meu lugar ao sol, nem que seja sozinha.
Meus amigos dizem que sou muito tímida e devo me soltar mais, elogiam minha bondade e honestidade. Apesar da timidez, sempre comentam sobre a perspicácia que tenho por morar no subúrbio, não é qualquer um que me coloca para trás. Prefiro manter a minha honra, do que me comprometer com dinheiro sujo, mesmo passando dificuldades durante toda a vida, nunca peguei algo que não me pertencia e assim as pessoas que me empregaram, foram depositando sua confiança em mim.
Não sou muito de me arrumar, quase sempre estou com roupas casuais ou meu uniforme de trabalho e o cabelo amarrado em um rabo de cavalo. Não entendo muito de maquiagem e minha rotina corrida não deixa espaços para vaidade. Ágata sempre reclama, dizendo que se um dia aparecer um príncipe encantado, ela vai precisar me dar um banho de loja para que ele me note. Sempre acho graça, pois ela é extremamente vaidosa e tenta por tudo me fazer seguir mesmo caminho.
Enfim, não há muito o que falar sobre mim, além do que já foi dito.
Nesse momento, me encontro deitada em minha cama, após um dia estressante e cansativo, tentando imaginar quando as coisas vão melhorar. Hoje mais uma vez, meu pai chegou bêbado em casa e além disso, caiu na calçada, alguns vizinhos me ajudaram a trazer ele para dentro, lhe dei banho e fiz uma sopa para o jantar, fico triste ao ver ele dessa forma. Antes de minha mãe falecer, ele era um homem bom, trabalhador, amava muito minha mãe e sempre após o expediente, trazia uma pequena surpresa para ela, seja um chocolate ou uma pequena flor. Era lindo ver os dois juntos, agora não consigo enxergar um terço do homem que ele era, apenas um bêbado moribundo e apostador compulsivo, que já me deixou várias vezes em apuros.
O que me mantém firme, cuidando de tudo é o amor de minha mãe e a imagem do homem que meu pai foi um dia, são essas as referências que trago comigo.
Fernando diz que dessa forma vou morrer sozinha pois minha vida se resume a trabalho e estudo. Não há espaços para relacionamentos, se bem que nem me considero alguém interessante de se conhecer, somente uma pessoa normal com problemas demais para compartilhar com outro alguém. A pessoa que se envolver comigo, com certeza terá um fardo muito pesado para carregar devido minha vida conturbada.
Quanto à faculdade, algo positivo que tenho a dizer é que os professores me adoram por sempre me esforçar. Dessa forma, sempre surge a oportunidade de fazer alguns bicos, seja em estágios de meio período, seja na área administrativa da própria universidade.
Enfim, isso é tudo sobre mim, acredito que daqui em diante, você, querido leitor, irá me acompanhar em minha jornada. Quem sabe o destino surpreenda nós dois de forma positiva.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Fatima Maria
O QUE EU ESTOU VENDO É UM HOMEM E UMA MULHER COM UMA VIDA DE SUPERAÇÃO. UMA GARRA PARA SOBREVIVER COM DIGNIDADE É A VIDA DOS BRASILEIROS.
2025-03-05
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Antonia Ribeiro
começando ler hoje 04/03/2025 mais estou um pouco curiosa pra o desenrolar da história
2025-03-04
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patricia fonseca
começando a ler hoje 02/03/25 mora em jaçanã RN estou gostando da história
2025-03-02
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