Capítulo 15

Thayná se dirigiu ao hospital, daquela vez estava animada por encontrar aquela carta e assim tinha certeza de que encontraria o pai da Zoe. Assim que chegou ao quarto, deu um beijo na menina, que estava acordada e falou animada com seu amigo.

— Carter, olha — tirou a carta do bolso da jaqueta — Encontrei essa carta escondida no meu apartamento, é uma carta da Virgínia, eu ainda não terminei de ler, mas no começo ela dizia que estava escrevendo para me contar sobre o pai da Zoe, estou animada e com esperança de que aqui vai ter o nome desse homem — falou sorrindo.

— Isso é maravilhoso! — também ficou animado — Eu preciso verificar algumas coisas no clube, tenho que sair agora, mas termine de ler essa carta e depois me avise se conseguiu mesmo algumas informações.

Carter foi até Zoe e deu um beijo na menina, que sorriu de uma forma contagiante para ele, se despediu de Thayná e as deixou a sós.

— Como você está minha pequena? — falou se aproximando novamente da cama.

— Dodói — colocou a mão em cima de onde estava a agulha do soro.

— Está doendo? Eu sei meu amor, mas isso é para você ficar boa logo e voltar para casa — deu outro beijo nela.

Thayná se sentou e aconchegou Zoe em seu colo, como estava passando desenho na TV, apenas esperou que ela se distraísse um pouco e pegou a carta novamente, voltando a ler de onde ela parou.

“Você pode me achar alguém sem escrúpulos após ler essa carta, mas quero que saiba que mudei muito depois que engravidei da Zoe e mudei mais ainda depois que te conheci e que ela nasceu, todos os planos que tinha em relação a minha filha mudaram, e parte disso é responsabilidade sua, que me fez ver que o dinheiro não pode falar mais alto do que o amor e a amizade sincera. Vou começar te contando como conheci o pai da Zoe e como tudo aconteceu.”

Thayná lia com atenção as explicações e narração dos fatos de como tudo havia acontecido, em alguns pontos ela ficava chocada, em outros, comovida com o que lia. Algumas vezes ela olhava para a menina em seu colo, pensando nas palavras e coisas que sua mãe tinha feito.

Na carta, estava o nome do pai da Zoe, e no final do que tinha sido escrito, ela pedia que Thayná a procurasse para conversar pessoalmente, pois imaginava que teria várias perguntas para fazer. Após ler a carta, ela tirou Zoe do seu colo e foi até a janela, disfarçando as lágrimas que caiam.

Naquele momento, ela nunca desejou tanto que tivesse quebrado aquele porta-retrato antes, realmente tinha perguntas, mas principalmente, queria dar a ela a certeza que o amor e carinho que tinha por ela, não iria diminuir pelo que ela tinha feito, já que Virgínia tinha se arrependido do que fez.

Virgínia também deixou claro na carta, que queria procurar o pai da Zoe, mas não com o intuito de pedir dinheiro, mas porque tinha consciência de que ele tinha o direito de saber da existência da menina e de decidir se queria participar da vida dela, mas queria que Thayná fosse com ela, para falar com aquele homem.

Thayná enxugou as lágrimas, pegou seu celular, e pesquisou pelo nome de Ulisses Uchôa, queria ver se encontrava alguma informação relacionada àquele homem. Assim que viu uma foto dele, ela deu um zoom, vendo que era o mesmo homem que ela esbarrou com ele naquele clube.

— Você estava tão perto!

Ela continuou sua pesquisa e também mandou mensagem para Carter, avisando do que havia descoberto, enquanto olhava aquelas informações, o médico que atendeu Zoe anteriormente, entrou no quarto.

— Tudo bem por aqui com essa pequena? — passou a mão na cabeça de Zoe, que o olhou curiosa.

— Ela apenas está achando incômodo o soro, mas no geral ela parece bem. Já que o senhor está aqui, me diga, como está o quadro da Zoe? A pneumonia está regredindo?

— Primeiro, não precisa me chamar de senhor, quanto ao estado da Zoe, ela está respondendo à medicação, acredito que logo ela poderá receber alta.

— Fico feliz em ouvir isso, estou louca para levar minha pequena para casa.

O médico se aproximou mais de Thayná, antes de falar sobre outro assunto.

— Fiquei sabendo sobre a visita do pessoal da assistência social, espero que consiga resolver toda a situação, vejo que você gosta muito da menina.

— Eu estou bem otimista, tenho certeza de que tudo vai se ajeitar.

— Na verdade, eu queria perguntar se não queria comer alguma coisa comigo na lanchonete, mas estou vendo que você está sozinha com a Zoe, então acho que vou ter que deixar meu convite para outro momento.

Thayná não era ingênua para não perceber que ele estava dando em cima dela, apenas concordou com ele e não disse mais nada, ele ainda examinou a menina e depois saiu do quarto.

— Sinto muito, doutor, não tenho tempo para romance, correr atrás de um certo homem, nesse momento está sendo minha prioridade.

Ela olhou mais uma vez para Zoe na cama, pensando em como e onde poderia abordar Ulisses, já que seria estranho, apenas chegar e dizer que a filha dele precisava de sua ajuda, mas estava decidida que no dia seguinte iria começar aquela abordagem.

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