Capítulo 19

No caminho para o hospital, liguei para os meus pais e eles me disseram pra ir pro hospital mais próximo, que era onde o Guilherme trabalha.

Até pensei em ligar pra ele, mas a essa hora ele já iniciou o plantão e eu não quero atrapalhar, então só deixo uma mensagem.

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Oi Gui. Eu machuquei o pé, estou indo pro hospital onde você trabalha, mas não se preocupa, não foi nada grave.

Assim que eu for atendida te aviso. Bj amor.

Envio e guardo e telefone na mochila. Chegamos no estacionamento e Ruan logo desce e dá a volta, abrindo a porta pra mim.

- Ruan, melhor pegar uma cadeira pra levar a Maria Eduarda pra dentro, já que ela não pode apoiar o pé no chão. - Bethania se coloca de pé ao lado da porta do carro.

- Não precisa, eu posso levá-la. - ele nem termina de falar e tenta me pegar no colo, mas eu o impeço, pondo as mãos na frente.

- Ruan, eu realmente prefiro ir numa cadeira. - falo, firme.

Gente, já foi esquisito o suficiente ser carregada nos braços dele, ainda mais usando a saia do uniforme. Eu sempre uso um shortinho por baixo exatamente para evitar qualquer "imprevisto", mas ainda assim, não quero correr o risco de mostrar mais do que deveria novamente.

- Eu vou buscar a cadeira e já volto. - Bethania sai em direção à entrada do hospital, nos deixando sozinhos, num silêncio meio incômodo, pra dizer o mínimo.

Ruan se abaixa na minha frente, me encarando.

- Engraçado, foi preciso eu te salvar de um tombo feio, pra você finalmente falar comigo. - ele sorri, sem ânimo.

- Como assim? - franzo a testa. - A gente se fala nos corredores e..

- Não, a gente no máximo se cumprimenta, Duda. - ele me corrige.

- Sim, porque você é da turma dos populares, e eu, bom eu sou o oposto do que a sua turminha chamaria de popular. - dou de ombros. - E, digamos que a sua namorada não vai nem um pouco com a minha cara, e a recíproca é totalmente verdadeira. - sorrio, forçado. - Prova disso é que a maluca me empurrou e eu quase me espatifo escada abaixo.

- Ela não é minha namorada.- ele bufa.

- Então acho que você esqueceu de dizer isso pra ela, meu caro. Mas isso não é da minha conta,porque não tenho nada a ver com...

- Eu gosto de você, Duda!

Como é que é? Espera! Para tudo, tipo, tudinho mesmo! Desde quando esse garoto que parece nunca ter me notado, agora decide que gosta de mim?

Eu pisco os olhos algumas vezes, e abro e fecho a boca, sem conseguir falar nada.

- Eu sei, parece loucura...- ele parece realmente nervoso. - Mas é verdade. Eu sempre te achei diferente, intensa, verdadeira, além de ser a maior gata e..

- Espera! Para! - falo, firme. - Ruan, eu tenho namorado, e eu gosto dele de verdade, estamos felizes juntos e o nosso relacionamento é sério.- mostro minha aliança.

- Mas é recente, não é? A gente pode se conhecer melhor e quem sabe...

Ele pega minha mão e quando estou prestes a puxar, ouço uma voz bem familiar.

- Pode soltar a mão da Minha Namorada, agora!

Puxo minha mão e assim que ergo o olhar, vejo um Guilherme com o maxilar tensionado e as mãos apertando com uma força além do normal, a cadeira de rodas.

- Oi amor..- falo, e ele se aproxima, fazendo o Ruan levantar e os dois se encararem, parecendo sair faíscas dos olhos de ambos.

Encaro os dois homens à minha frente e bufo, irritada. Eu aqui sentindo dor e esses dois de gracinha, faça-me o favor!

- Guilherme, pode me ajudar, por favor! - ele parece sair de um transe e se abaixa, me tirando do carro e colocando na cadeira. - Obrigada amor. E, Ruan, valeu por ter me trazido até aqui e por me segurar antes que eu me machucasse na escada.

Ruan dá um sorriso de lado, o que faz Guilherme o encarar, ainda mais sério.

- Que nada, morena! Quando precisar, estou às ordens.

Vejo o moreno sorrir largamente, o que me faz revirar os olhos. Ele me chamou de morena pra provocar, só pode.

- Bom, Maria Eduarda, eu preciso te acompanhar até a recepção pra fazermos sua ficha, e você Ruan, pode voltar direto pra escola. Obrigada mais uma vez pela carona e pela ajuda em carregar a Maria Eduarda até o seu carro.

Poxa, Bethania, é sério isso?!

Guilherme me olha, erguendo a sobrancelha e eu finjo que nem é comigo...só faltou assoviar, igual o pica-pau.

- Que nada, Bethania, foi um prazer carregar a Duda no colo até meu carro. Bom, eu vou indo, melhoras morena, a gente se vê na escola.

Com um sorriso debochado ele encara o Guilherme, antes de se virar e entrar no próprio carro, saindo logo em seguida.

Guilherme se abaixa à minha frente, olhando nos meus olhos, e fala, num tom sério e firme.

- Não quero esse moleque perto de você, minha morena. - eu tento falar, mas ele levanta a mão e me interrompe. - Não é só ciúmes. Eu realmente não fui com a cara dele, mas algo me diz que ele não é tão boa pessoa quanto aparenta.

Eu apenas assinto...também tive uma má impressão da atitude do moreno.

- Gui...- seguro a mão dele.- Não quero esconder nada...então...- mordo o lábio, pensativa. - Ele se declarou pra mim.

Vejo o meu playboy fazer uma carranca e fechar as mãos em punho.

- Mas amor, acredite em mim, eu disse que estamos juntos e que eu gosto de você de verdade e eu...

Ele coloca as mãos sobre meus lábios e sorri, carinhoso.

- Eu sei, princesa. Eu confio totalmente em você. - beija minha mão, onde a aliança de compromisso está. - Eu não confio é nas intenções dele.

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