Capítulo 8

Paro meu carro em frente ao Educandário Castilho. Desço e observo algumas garotas me olhando e cochichando, trocando olhares e sorrisinhos.

Eu estou bonito? Claro!

Hoje eu caprichei, porque me arrumei pra impressionar a minha morena! Sim, minha, porque ontem eu passei a noite toda virando de um lado pro outro na cama, sem conseguir tirar essa menina dos meus pensamentos e sentindo meu coração acelerar cada vez que olhava a foto dela no meu celular.

Até mandei uma mensagem desejando boa noite, mas já eram quase 11 da noite e ela não me respondeu. O que me fez ficar frustrado de novo.

Então hoje eu acordei, tomei um banho bem demorado, fiz a barba, passei meu perfume favorito, e escolhi uma calça jeans escura, com uns detalhes desfiados, uma camisa polo vermelha e um tênis cinza e azul. Ela só me viu de branco, então resolvi mudar um pouco, pra ver se ela ao menos repara em mim...o que o desespero não faz, né minha gente?!

Encosto no carro e cruzo meus braços, deixando meus músculos mais visíveis, o que faz as meninas suspirarem.

Eu não tô nem aí pra nenhuma delas. A maioria é bonita, não vou negar, mas a que têm a beleza que chamou minha atenção, a mais linda de todas, está vindo logo ali, andando calmamente pela calçada, segurando as alças da mochila, e sorrindo ao ver um cachorrinho passar correndo pela calçada...cara, esse sorriso é matador!

Ela está tão distraída, que nem vê um garoto vir de bicicleta em sua direção. Eu só tenho tempo de correr e puxar ela, que bate com tudo no meu peito, e me olha assustada.

- Pow, foi mal aí, Duda! - o rapaz, moreno de olhos verdes, olha pra ela e depois me encara, fechando o semblante.

- Tá...tá tudo bem, Ruan.- ela desvia o olhar para o garoto e depois olha pra mim, que continuou abraçado à ela.

O cara me olha feio, antes de se virar e sair pedalando pra escola.

- Você se machucou? - pergunto, olhando em seus olhos.

- Não...- ela responde, baixinho.- Obrigada.

- Eu te devia uma, morena! - falo, desviando o olhar para aqueles lábios cobertos por um batom rosado.

Cara, aquela boca parecia ser tão macia e eu estava a poucos centímetros dela, louco pra beijá-la e provar o sabor do seu beijo.

Eu sou mais alto, mas se eu me inclinar só um pouco...

Ela parece perceber minha intenção, pois se afasta de mim, tão devagar que parece querer continuar esse contato tanto quanto eu.

- Agora estamos quites! - ela fala, baixando a cabeça. - E...desculpa não te responder ontem à noite. Eu acordo muito cedo, por isso já estava dormindo e só vi hoje de manhã.

- Ah, não tem problema. Eu..- coço a nuca, sorrindo sem jeito. - Eu estava sem sono, daí te mandei um boa noite.

- Entendi...- ela parece tão sem graça quanto eu.

-Aqui, seu livro. - estendo a sacola na direção dela. - Vê se tá certinho, se é esse mesmo?

Ela sorri e pega a sacola das minhas mãos. Nem preciso dizer que só o toque das mãos dela na minha e o fato de ter ela nos meus braços, mesmo que por poucos segundos, fez meu corpo inteiro ser percorrido por pequenas correntes elétricas e um calor envolver meu coração de imediato. Essa morena me faz sentir coisas que mulher nenhuma conseguiu, até hoje.

- Tá certinho. É esse mesmo. - ela assenti. - Obrigada, playboy. - ela sorri, linda demais...

- De nada, morena brava! - dou meu melhor sorriso e ela parece nem ligar...mas que droga!

- Então, estamos quites agora. - ela diz, suspirando.

- É, parece que sim. Mas...- me aproximo dela e vejo os olhares das outras pessoas sobre nós, então faço um esforço enorme, quando minha vontade é abraçá-la e beijá-la, até matar essa vontade que cresce dentro de mim.- Nós podemos continuar nos falando por mensagem? - pergunto, esperançoso. - Eu não quero me afastar de você...

- Porque? - ela franze a testa.

E eu esqueço que posso estar fazendo algo muito idiota, e dou dois passos à frente, me colocando bem próximo à ela, encarando aqueles olhos que agora parecem assustados com a minha aproximação. Levanto minha mão e coloco uma mecha daquele cabelo lindo, atrás da orelha dela, sem desviar o olhar.

- Porque eu não sei se consigo ficar longe, minha morena!

Quando eu estava chegando perto, o sinal toca, e vejo a minha pequena dar um pulo, e se afastar de mim.

- Eu...eu tenho que ir...- ela fala, se virando e caminhando rápido pra dentro da escola.

- Mas que merd@! - falo, irritado.

As pessoas vão entrando na escola e eu não a vejo mais.

Entro no meu carro e encosto a cabeça no volante, fechando meus olhos e respirando fundo.

- O que você tá fazendo comigo, morena? Porque eu tô me sentindo assim?

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