Capítulo 7

Procurei em três livrarias, mas consegui encontrar o tal livro, que não foi tão caro assim.

Depois, segui pro hospital e dei início a mais um dia da minha residência. Hoje Dra.Carla me deixou participar de um cateterismo, num paciente de 68 anos.

O procedimento foi realizado com sucesso e o senhor passou o dia em observação, mas tudo correu como o esperado.

Fiz algumas visitas, algumas consultas pra já ir pegando o jeito e, no fim do plantão, dei uma olhada na ala infantil, onde eu estou acompanhando o caso de uma paciente de 6 anos com problemas cardíacos.

- Oi Clarinha! - me aproximo do leito da pequena, que estava distraída olhando uma pulseirinha colorida em seu pulso.

- Oi Dr. Guilherme! - ela sorri. - Olha que linda minha pulseira nova! - ela estende o bracinho fino e frágil, me mostrando o objeto, com um brilho lindo nos olhos.

- É muito linda mesmo. - digo, fazendo carinho nos cabelos dela. - Você parece gostar muito dessa pulseira.

- Sim, eu amei muitão! - ela fala, animada. - É uma pulseira da amizade, sabia?

- Sério? - franzo a testa. - Nunca tinha visto uma...

- Foi minha amiga Duda quem me deu, hoje de tarde quando ela e a Bia vieram me ver.- ela diz e eu fico curioso, porque até onde eu sei, só quem a visita são a tia e a avó.

- Nossa, que bom princesinha! Mas, essa sua amiga, você conhece a muito tempo?- questiono, curioso.

- Não. Ela veio aqui outro dia e hoje ela voltou, junto com a amiga dela. Mas ela disse que vai vir me ver e conversar comigo sempre que der, e me deu essa pulseira de presente, e ela e a Bia tem uma igualzinha. - ela fala, passando os dedos levemente sobre a pulseira. - A minha amiga é tão bonita...

- Você também é muito bonita, Clarinha. - sorrio pra ela.

- Ah, mas a Duda é lindona, você tem que ver! Quando eu crescer, quero ter um cabelo grandão igual ao dela.

- Ela tem o cabelo grande? - pergunto.

- Tem. Um cabelão igual da rapunzel..- ela para e torce a boquinha, pensando. - Mas ela é uma rapunzel diferente, porque ela é morena e o cabelo é cacheado!

Eu fico olhando a alegria no rostinho dessa menina, que tantas vezes eu vi chorar por ter que colocar acessos pra medicação. Seja quem for essa moça, ela deve ter um bom coração, porque devolveu o sorriso pro rostinho da Clarinha.

- Filha, voltei meu anjinho! - a mãe dela entra no quarto, e senta na poltrona ao lado da filha.

- Mamãe, olha, o Dr. Guilherme também gostou da minha pulseira!

- Ah, ela é linda mesmo, filha. - a mãe olha com carinho pra pequena. - Boa noite, Dr. Guilherme. Algum problema? - ela me olha apreensiva.

- Não se preocupe, dona Ângela, está tudo bem. Eu que estava com saudades dessa princesinha e vim vê-la antes de terminar meu plantão. - falo, apertando de leve o narizinho da Clarinha, que ri e se encolhe, toda fofa!

- Ah, sim...- a mãe respira, aliviada.

Ter uma filha em um leito de hospital, passando por um tratamento tão intenso, não deve ser fácil. A Clara ainda é tão pequena, mas já passou por tantas coisas, 2 cirurgias e vários outros procedimentos, medicação forte. Tudo isso abala o psicológico da família também. Então, a presença de um médico, já liga o sinal de alerta das mães, o que é compreensivel.

- A Clara me disse que uma amiga veio vê-la hoje...

- Uma, não doutor Gui, foram duas! - ela me corrige, fazendo carinha de brava, e eu prenso os lábios, segurando a risada...parece a Maria Eduarda, a minha morena bravinha.

- Ok, foram duas, me desculpe princesa. - eu sorrio pra ela. - Mas essas meninas, quem são?- pergunto, curioso.

- Elas são estudantes, doutor. - a mãe me explica. - Uma delas, a Bianca, veio visitar a avó que estava internada em outro andar, daí ela e a amiga nos encontraram no jardim, tomando banho de sol. As duas se encantaram pela Clara e viraram amigas da minha pequena, agora visitam ela uma ou duas vezes por semana. E isso tem feito tão bem à minha pequena.- vejo o olhar esperançoso da mãe.

Ela realmente tem razão quanto as visitas estarem fazendo bem à menina. Porque a Clarinha tem se alimentado melhor, respondido melhor ao tratamento e tem apresentado progressos diariamente.

- Sabe, doutor, elas sempre fazem alguma coisa pra alegrar a minha pequena. Hoje eu precisei ir em casa pegar umas roupas pra mim, e elas ficaram aqui até ainda há pouco, e quando precisaram ir porque já estava tarde e a Maria Eduarda mora longe, elas me ligaram e perguntaram se eu ia demorar e se podiam deixar a Clarinha com a enfermeira, até eu chegar. Elas são umas fofas, e muito responsáveis também.

Eu fico parado, e logo me vêm a mente algo que me faz ter um estalo...Maria Eduarda?

- Dona Ângela, a senhora disse Maria Eduarda?

- Sim, é o nome da Duda, a morena. A Bianca é a loirinha.

- Hum.e elas vieram hoje à tarde, então? - questiono.

- Sim, doutor. Tem algum problema elas virem?- ela me olha receosa.

- Não, mamãe. - Clarinha nos interrompe. - A tia Carla disse que minhas amigas podem vir sempre.- ela afirma, fazendo carinha de séria. - E a Duda disse que a gente é BFF igual as letras da pulseira, ó..- ela mostra as três letrinhas na pulseira de bolinhas coloridas.

Eu e dona Ângela rimos da carinha fofa que ela faz.

- E você sabe o que essas três letras significam, princesa? - eu pergunto.

- Sei, a Bia disse que é melhores amigas pra sempre, igual ela, a Duda e a Sara, a outra amiga delas que eu não conheço. - ela para e põe o dedinho no queixo.- Ela disse que elas eram um trio, e agora que eu entrei? É o que, mamãe? - ela tomba o rostinho de lado.

- Agora vocês são um quarteto, meu amor. - a mãe explica.

- Hum..entendi. - ela boceja, sinal de que os remédios ainda a deixam sonolenta, já que a última medicação foi feita há uns 30 minutos.- Mamãe, tô com sono..- ela esfrega os olhinhos.

- Vou ajeitar você, meu docinho. - dona Ângela se levanta da poltrona.

- Bom, eu já vou indo pra essa princesinha poder descansar. - dou um beijinho na testa da pequena, que já está deitadinha. - Boa noite princesinha, até amanhã.

- Boa noite, Dr. Gui. - ela fala, bocejando de novo e fechando os olhinhos.

Eu me despeço da dona Ângela, faço um carinho nos cabelos da pequena Clara, e saio da ala infantil.

Pego meu telefone e abro o WhatsApp. Vou no status e vejo o da minha morena brava, o que significa que ela salvou meu número mesmo. Sorrio sozinho.

Abro o status e minhas suspeitas se confirmam. Uma foto de três braços, sendo um fininho e frágil no meio, ambos com pulserinhas coloridas, com a legenda BFF.

Ah, minha bravinha...você é realmente alguém muito especial. penso, olhando a foto. Abro a foto do perfil dela, e lá está a morena linda, com aquele cabelão cacheado e aqueles olhos cor de chocolate.

Eu acho que estou me apaixonando por uma menina que nem sequer me dá bola...suspiro, frustrado.

Mais populares

Comments

Jandira Conceicao

Jandira Conceicao

Tem que pedir primeiro, depois chamar de minha""esses homens são demais /Whimper/

2024-05-10

0

Christina Lúcia

Christina Lúcia

.... E vc já está chamando ela de "minha"❤️❤️❤️❤️❤️

2024-04-12

6

Márcia Jungken

Márcia Jungken

Guilherme nem se tocou que Duda é a Maria Eduarda 😁😁

2024-04-12

6

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!