Capítulo 17

Duda

Cheguei na escola na segunda feira e, quando Sara e Bianca viram minha aliança, foi uma gritaria só.

- Haaaaaa!! - as duas gritaram juntas.

- Para tudo amiga! O doutor fantástico agora é namorado oficial? - Bia sorri, segurando minha mão. - Com coleira no dedo e tudo...

- Ele vai ficar se sentindo se ouvir esse apelido que você deu à ele. - falo, toda boba mostrando minha aliança. - E sim, o meu playboy me deu a aliança no sábado, depois do jantar na casa dele.

-Hum, jantar em família, alianças de compromisso, nossa bebê está crescendo. Que orgulho! - Sara diz, limpando uma lágrima imaginária.

- Sua boba! - finjo estar brava.- Mas eu estou tão feliz que nem vou falar nada.

Nós continuamos conversando, no portão da escola, até eu ver umas patricinhas metidas de sorrisinhos num canto.

- Amiga, acho que o motivo da sua taquicardia recente acaba de chegar...- Sara diz sorrindo, me virando e eu sinto realmente meu coração parecer pular dentro do peito.

- Playboy! - falo baixinho, e com certeza estou com a maior cara de boba apaixonada, porque ouço minhas amigas fazerem um ",Ownt, que fofo! "

O sorriso lindo, o rosto másculo, os cabelos jogados pra trás, a roupa branca, se ajustando perfeitamente à cada músculo daquele corpo grande, as mãos nos bolsos e aquele olhar tão intenso quanto arrebatador, fazem minhas pernas bambearem.

- Vai lá amiga! - Bia diz, me tirando do meu transe.

- Vai pra onde?- Karen, a patricinha nojenta chega mais perto. - Um gato daqueles nunca ia estar aqui por uma pobretona igual essa daí. - ela aponta pra mim com cara de nojo.

Respiro fundo, porque não quero estragar meu dia com o veneno dessa cobra disfarçada de adolescente.

- Engraçado, Karen. - Sara fala, se posicionando ao nosso lado. - Porque o gato ali é exatamente o namorado da minha amiga aqui. -ela sorri pra mim.

- Duvido! - a chata fala, incrédula. - Quero ver pra crer. Vai lá! Ele vai te dar o fora e procurar quem realmente o interessa.

Sorrio de lado, estufo o peito e a encaro.

- Não que eu tenha que te provar nada, Karen. Mas eu não vou deixar meu namorado esperando e ficar aqui dando ibope pra quem não merece.

Saio andando, sem nem prestar atenção no que ela fica resmungando. Quando me aproximo do meu namorado, ele abre os braços e eu me agarro à ele, sendo envolvida naquele abraço gostoso, desse homem extremamente cheiroso e lindo...e só meu.

- Bom dia, minha morena! - ele me dá um selinho demorado. - Vim te ver rapidinho antes de ir pro trabalho.

- Eu amei a surpresa! - falei, fazendo carinho em seu peito.

- Essas meninas estão nos olhando de um jeito...- ele diz, franzindo o cenho.

- Não liga. São um bando de invejosas babando no meu playboy! - dou de ombros e vejo um sorriso brotar nos lábios do Guilherme.

- Seu playboy, é? Gostei disso! - ele me abraça e cheira meu pescoço.

- E não é não?! Essa aliança no meu dedo quer dizer o que, Dr. Guilherme? - o encaro, fazendo bico.

- Minha bravinha linda. - ele me enche de beijos, todo fofo.- Essa aliança significa que nós somos um do outro e ninguém pode e nem vai se colocar entre a gente, porque no meu coração só tem espaço pra uma gatinha, e ela está bem aqui, na minha frente, com um bico lindo que eu estou louco pra beijar.

- Então beija, ué?!

Ele sorri e me dá um beijo de verdade, cheio de carinho e, nossa! Eita beijo bom!

Nos separamos por falta de ar, e porque o sinal toca, indicando o início das aulas.

- Poxa, logo agora. - ele reclama, fazendo carinha de triste.

- Eu sei, mas você também tem que ir pro hospital, amor...

Ele me olha, piscando algumas vezes, antes de abrir um sorriso lindo.

- Espera! Você me chamou do que eu acho que você me chamou?

- Depende...- falo, torcendo a boca. - Se você acha que me ouviu te chamar de amor...então você está certo! - passo meus braços ao redor do seu pescoço. - Só meu amor!

- Ah, minha morena! - ele me abraça apertado, tomando meus lábios pra ele, me fazendo ficar na ponta dos pés, porque sou mais baixinha.

Nos beijamos novamente, e novamente, até eu realmente ter que entrar. Mas antes de ir, ele me olha intensamente e sussurra no meu ouvido.

- Boa aula, meu amor!

Senti meu coração dar cambalhotas dentro do peito, e sorrindo feito boba, entrei na escola, dando uma olhadinha no meu playboy e recebendo uma piscadinha e aquele sorriso de lado como recompensa.

Mas antes de chegar na sala, sou parada no corredor pela Karen e suas amigas cobras.

- O que será que a pobretona fez pra iludir um dos Herdeiros mais cobiçados de São Paulo? - ela diz, cruzando os braços.

- O que você acha, amiga? - Monaliza ironiza.

- O que todo cara quer com uma songa monga dessa aí...- Cassandra faz cara de desdém. - Ela deve ter dado pra ele! - as três hienas riem.

Eu reviro os olhos e respiro fundo. Se fosse em outro lugar e em outra situação, eu já teria esfregando a cara dessas criaturas no chão. Mas eu estou dentro da escola, estamos quase terminando o semestre, e eu não quero manchar meu histórico escolar por causa dessas três invejosas. Então apenas ignoro, finjo a Cleópatra e saio andando.

Pra certas pessoas o desprezo é a melhor resposta. Só que a coisa muda de figura quando a cretina da Karen diz:

- Deve ser piranha igual à mãe!

Pronto! Agora ela pediu!

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