CAPÍTULO 20 - ... fica difícil esquecer

Raul sempre foi muito rígido com os filhos, mas eles não reclamavam, pois, Raul sempre os educou assim, mostrando o que podia e o que não podia, a sua responsabilidade como pai solteiro era muito maior, mesmo que Glória o ajudasse nos cuidados, a educação era sua responsabilidade.

Eles adoraram o passeio no parque, chegaram em casa cansados, mas felizes. Depois do banho foram colocadas na cama, sem precisar Liz contar história, pois já quase dormiam no banho. Raul e Liz seguem para a sala depois de cuidarem das crianças, Liz conta a Glória como as crianças se divertiram nos brinquedos e que ele quase bateu em Raul no bate bate. Glória vendo os dois contando do passeio ficou com o coração leve, por ter a certeza de que eles logo se assumiriam.

— Vou deixar vocês, estava esperando vocês chegarem para saber como foi o passeio. — Glória se levanta do sofá, disposta a deixar os dois sozinhos — Boa Noite!

— Também está na minha hora, amanhã preciso acordo cedo. — Liz olha para Raul, mas ele continua sentado — Boa Noite Glória — Liz olha para ele de novo, mas nenhum sinal de que ele iria com ela — Boa Noite Raul.

— Boa Noite minha filha — Glória foge para o seu quarto e Liz vai em direção a porta.

— Você não vai fechar a porta? — Liz pergunta já se sentindo irritada pela cara de paisagem dele.

— Depois eu fecho — Raul a olha e sorri zombeteiro.

— Idiota — Ela sai com vontade de bater a porta, mas consegue se controlar.

Antes que Liz abra a sua porta, Raul a surpreende rindo.

— Você fica ainda mais linda quando fica zangada. Mas por favor pare de me chamar de idiota

— Mas você foi...

— Abra logo essa porta — Ele a abraça por trás beijando o seu pescoço.

— Bobo — Ela sorri feliz, pois já estava pensando que ele não iria ficar com ela.

— Sua menininha está melhor?

— Nem ouse, hoje será só beijinho na boca.

— Tudo bem, só beijinho, só não garanto ser só na boca.— Ele solta uma risada — Estou brincando, precisando mesmo dormir.

— Mas, eu também — Ela fala sentando em seu colo no sofá.

Eles namoram um pouco e após tomarem um banho juntos se deitam para dormir, ainda namoram um pouco, mas sem avançar nas carícias.

— Boa Noite, poiseidon — Ele a olha sem intender, mas ela já estava dormindo abraçada a ele.

— Boa noite, minha ruivinha. — Raul beija a sua testa e logo adormece também.

Liz acorda sentindo a ausência de Raul na cama. Ele estava se vestindo, ela olha a hora não era nem cinco da manhã.

— O que está fazendo?

—Preciso ir antes de mamãe acordar. Não quero ter que explicar onde eu estava.

— Tudo bem, eu entendo.

— Estou me sentindo um adolescente namorando escondido.

— Eu estou adorando isso. — Liz sorri.

— Amanhã não posso vir aqui. Tenho as crianças e preciso ir para casa para liberar a babá.

— Não vamos fazer promessas, vamos apenas viver esse momento.

— Depois conversamos, eu preciso ir.

Liz o puxa para ela que estava nua.

— Deixa eu te beijar para não sentir tanta saudade.

— Se der eu fujo, mas não prometo.

— Melhor não, preciso acordar cedo e com você dormindo aqui, já sei que não iremos dormir.

Eles se beijam e Raul sai. Liz volta a dormir em segundos sem nem pensar em como será o relacionamento deles.

Quando Raul entra no apartamento da mãe todos estavam dormindo, ele segue para o quarto das crianças, pega um travesseiro e um lençol. Depois de vestir um short de pijama, se joga no sofá, mas diferente de Liz ele não consegue voltar a dormir.

Raul fica olhando a sua aliança, ele nunca a tirou e nunca sentiu vontade de fazer isso, sempre acreditou que só haveria Cecília na vida dele. Os seus pensamentos se voltam para ela, não como antes, quando chorava por sentir a sua falta, mas querendo que ela pudesse lhe responder se havia chegado a hora dele seguir em frente.

Poder vê as crianças felizes na companhia de Liz, o fez querer que ela fizesse parte da vida deles, não como estava fazendo, como a tia Liz, mas como alguém que eles pudessem chamar de mãe se assim desejassem. Mas será que Liz estava disposta a assumir duas crianças pequenas, ele se pergunta. Ela parecia gostar muito deles, mas ela não tinha a responsabilidade de estar com eles todos os dias.

A primeira coisa que ele tem que fazer e ter a certeza do que ela realmente quer. Ele não podia se aventurar em um relacionamento que envolvesse os seus filhos, pois caso não desse certo, eles também sofreriam e isso ele não podia deixar que acontecesse.

Liz era encantadora, mas ele não sabia dizer se ela realmente gostava dele ou estava apenas querendo uma aventura, já que ela tinha um namorado e pouco se importou de o trair, talvez para ela não tenha sido traição, dependendo do relacionamento que eles tinham, mas para ele era algo difícil de aceitar, precisava conversar com ela abertamente, pois ele diferente dela, não era sozinho, os seus filhos sempre seriam a sua prioridade.

A questão toda era que ele não conseguia deixar de pensar nela, e imaginar ela com outro homem o fazia quase surta. Estava ciente de não poder se apaixonar pela pessoa errada, e ele queria muito que Liz fosse a pessoa certa, pois já se sentia apaixonado, mas seria capaz de viver sem ela.

Ainda estava perdido em seus pensamentos quando Glória aparece na frente dele com os braços cruzados e um sorriso no rosto.

— Bom Dia meu filho. Dormiu bem?

— Bom Dia mamãe. Sim, acabei de acordar.

— Sei... — Glória sorri ainda mais e segue para a cozinha, ela bem sabia que ele tinha chegado há pouco tempo, pois ela o viu chegar sorrateiro.

Raul olha a hora, já tinha passado um pouco das seis e ele precisava acordar as crianças para irem a escola.

Ele os acorda, dá banho, os arruma e enquanto Gloria dá a eles o café da manhã, Raul acaba de arrumar as coisas deles. Toma um banho rápido e os leva para a escola, o carro de Liz já não estava na garagem, ela já havia saído para o trabalho, ele pensa com um sorriso, ela era muito linda e também responsável.

A semana passa tranquila e eles só se falam por telefone. Na sexta feira Liz vai com alguns amigos, entre eles Sandro, jantar no restaurante de Raul, iriam comemorar o aniversário de uma das professoras que trabalhavam com eles.

Chegaram animados, rindo e conversando alegremente. Liz estava vestida com uma calça clochard bege e uma blusa marrom com as costas de fora e amarrada atrás.

Quando Raul a viu entrar, sente o ar lhe faltar 'Que merda é essa?' Se pergunta ao vê-la com o tal gostosão. Por mais que a sua vontade seja arrastá-la para longe do babaca que está com ela, consegue se controlar. Quando ela o vê acena para ele, mas ele apenas faz uma saudação com a cabeça, está com muita raiva para sorrir para ela, estava feliz pela semana ter acabado e ele poder levar as crianças para ficar com a mãe e aproveitar para estar com ela, mas toda a felicidade se foi, por vê-la ali tão feliz com o namorado.

Raul não consegue desviar os olhos daquela mesa, e é possível ver o namoradinho dar a ela alguma coisa na boca.

– Não acredito no que estou vendo... – Raul sussurra para si mesmo – ...Ela deve estar querendo me provocar.

Raul permace os observando de longe, até o garçom que estava atendendo a mesa deles ir até ele e dizer que estão o chamando.

– Só me faltava essa – Ele tenta sorrir enquanto se dirige a mesa, mas está difícil.

– Boa Noite! Espero que estejam gostando, algo mais que eu possa ajudar?

– Gostaríamos apenas de o parabenizar. A refeição estava excelente, Liz fez questão de nos trazer aqui, e ela estava certa a comida aqui é maravilhosa.— Fala a aniversariante.

– Fico feliz por terem gostado. Então foi a Liz que fez questão de trazê-los aqui – Ele olha para ela que tem um belo sorriso no rosto – Obrigado pela indicação.

– Depois que a gente prova o que você faz, fica difícil esquecer – Ela lhe sorri o provocando com o duplo sentido da frase, deixando ele sem saber o que responder. O namorado dela estava do lado e ela falando da transa deles.

— Vou deixar vocês a vontade, aproveitem a noite.

Quando eles pedem a conta e se levantam para irem embora, Raul não se contém e se aproxima de Liz.

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