CAPÍTULO 11 - Resistir a vontade

Quando Beth encerra a ligação, Liz vai para a sala e fica pensando em Raul, por algum motivo ela queria ser essa pessoa que o fizesse amar de novo. Mas não poderia ser egoísta a esse ponto, o melhor era se manter distante dele.

No sábado Liz vai na casa da irmã almoçar, Davi a faz rir e ter raiva, mas a manhã é agradável. A tarde ela já estava no apartamento de Glória, ela leva uma barraca das suas sobrinhas emprestada, era onde ela pretendia dormir com Betina e Pedro, os três juntos.

Betina e Pedro fazem festa quando ela chega, eles já estavam ansiosos por ela não estar em casa, quando eles veem a barraca, ficam ainda mais animados.

— Vamos arrumar nossa casa onde iremos dormir.

— Tia Liz, é um castelo!!! Você vai dormir com a gente? — Betina pergunta esperançosa, depois de ver a barraca montada, era um castelo e Betina queria dormir com Liz ali naquele castelo.

— Vai tia Liz? – Pedro pergunta, segurando a mão de Liz.

— Claro, hoje teremos sessão cinema com festa do pijama. Liz começa a cantar e dançar uma música infantil e as crianças se juntam a ela. Glória fica rindo, vendo eles cantando animados.

— Vem Glória — Liz a chama e os quatro ficam dançando na sala uma música da "Galinha Pintadinha"

— Po, pó, pó, pó... — Pedro canta animado, agarrado nas costas de Liz, que dançava com ele.

A tarde acaba e chega a noite e a festa do pijama começa com todos vestidos a caráter. Raul liga e pensa que está tendo festa.

— O que está acontecendo aí?

— Liz ia fazer uma sessão cinema mas agora eles estão fazendo uma festa do pijama — Glória fala rindo, parecendo estar cansada.

— A senhora está bem?

— Estou ótima, estava dançando com as crianças e Liz.

— Vovó é o papai? — Betina grita para a avó.

— Sim, vem falar com ele

— Papai, só está faltando você aqui. A gente tá fazendo uma festa — Betina conta animada.

— Você está gostando?

— Muito papai.

— Que bom filha, está dançando muito?

— Muito papai, tia Liz também está dançando com Pedro.

— Pedro está no colo? Ele é pesado para tia Liz.

— Não papai, ele não sabe dançar, só sabe pular. Ai tia Liz pega ele no colo as vezes.

— Ele é pequeno ainda, por isso não sabe dançar. Deixa eu falar com ele.

— Papai, eu tô dançando com tia Liz — Pedro conta dando gargalhada, fazendo Raul sorrir, por ouvir o filho gargalhar, era raro o ver tão a vontade.

Depois de Raul falar mais um pouco com Glória, ele encerra a ligação querendo ver o que estava acontecendo no apartamento da mãe. Parecia que sua mãe sabia o que ele queria e ele recebe um vídeo. Raul sai do quarto sem dar satisfação para Helena, ele sabia que se visse no quarto ela iria querer ver também.

Na recepção ele abre o vídeo. Betina estava com o seu pijama lilás com estampas de flores e Pedro estava com um pijama verde liso, mas o que o fez sorrir foi ver Liz com os cabelos ruivos soltos e cheios, descalça e vestindo um pijama com estampa de vaca. Ela dançava com Pedro preso às suas costas e Betina segurando uma de suas mãos. Ela era linda, ele não se cansa de olhar para ela.

Ele assiste uma, duas, três... ele perde a conta de quantas vezes assiste aquele vídeo.

Ele pôde ver uma barraca infantil, montada no canto da sala, depois perguntaria a sua mãe sobre isso.

Liz arruma as cobertas na barraca e entram nela, metade de suas pernas ficam para fora, mas as crianças estavam tão felizes que ela dormiu com os pés pra fora. Raul pode ver uma foto dos três dormindo na barraca que estava na sala, Glória havia enviado a foto pra ele. O seu coração se aqueceu ao ver aquela imagem.

No domingo Liz ajudou Betina a fazer a sua atividade e só aí Betina se lembrou de seus livros de colorir. O final de semana foi ótimo tanto para Liz, quanto para as crianças que por muito tempo não se divertiam tanto com outra pessoa sem ser o pai, além de ter sido diferente de tudo o que eles já haviam feito.

Já em Paraty as coisas não foram tão boas. O final de semana se arrastou para Raul, Helena estava conseguindo o irritar por qualquer motivo. Era uma comida que não gostava, já que ela tinha um chef que cozinhava para ela, era as ruas de pedra que a impedia de andar de saltos, enfim, tudo era motivo para ela reclamar, o estopim para uma discussão mais calorosa foi o presente que Raul quis comprar para a vizinha de sua mãe. Sua ruivinha maluquinha.

– Você está comprando presente para a vizinha da sua mãe? – Helena ainda não sabia quem era essa vizinha – Você só pode estar de sacanagem.

– Qual o problema? Ela vai me fazer um favor de levar as crianças para a escola amanhã.

– Se é favor, não precisa recompensa – Responde irritada – Você nem a conhece para levar presente para ela. Não quero que você compre nada para dar a essa mulher.

– Não seja ridícula, desde quando você me diz o que devo ou não fazer? – A partir daí a discussão só piorou, acabando de vez com o clima do passeio, os fazendo arrumar as malas e voltar para suas casas sem se falarem.

Raul já estava arrependido de ter ido viajar com Helena, e com a última discussão só serviu para ter certeza do que devia fazer. Em uma semana eles só fizeram discutir, e Raul não queria isso pra ele, não tem porque manter um relacionamento falido, estava decidido a por um fim naquele relacionamento sem futuro.

– Vou ficar com você hoje, não quero terminar o dia brigada com você. Nunca brigamos, eu não sei o que está acontecendo. Vou dormir com você, já que os seus filhos não estão em casa. – Helena resolve falar depois de longos minutos calados.

– Vou te levar para a sua casa, e depois vou pegar as crianças.

– Você vai é ver a vizinha de sua mãe, que com certeza está te empurrando, já que ela me odeia — Helena perde o controle de novo.

Ela sempre conseguiu se controlar, mas nunca havia existido uma ameaça real para ela, e ela não sabia porque a cena daquela mulher na praia agradando os filhos de seu homem não lhe saia da cabeça. Ela havia demorado muito tempo para conquistá-lo, não iria o perder agora. Ela acreditava que um dia ele iria se casar com ela.

– CHEGA HELENA, CANSEI!

– Não grite comigo!!! O que está acontecendo com você? Nem fizemos amor nesses dois dias, nem me beijar você estava querendo. Ficou o tempo todo brigando comigo à toa.

– À toa!!?? À toa!!?? Você está insuportável, reclamando de tudo. Não dá mais Helena, você passou a fazer cobranças e eu não gosto dessa sua atitude. A única que podia me cobrar alguma coisa, não está mais aqui, portanto chega.

– Eu não estou fazendo nada, Raul eu te amo, mesmo que você não me ame. Eu quero ficar com você, mas é que você está com um humor péssimo.

— E difícil estar de bom humor com você falando bobagens, reclamando de tudo e me lembrando o tempo todo de alguém que nem conheço.— Raul solta o ar sem olhar pra ela — Acho que o nosso erro foi termos tentado algo sem futuro.

— Isso tudo é culpa de sua mãe que não se cansa de tentar nos separar.

— Não fale da minha mãe. Você só está piorando as coisas.

— Amor, vamos conversar. Me desculpe, eu estou nervosa e com ciúme...

Raul enfim estaciona em frente ao prédio onde Helena mora.

– DESCE!!!

– Eu não vou descer, eu vou dormir com você, a gente precisa conversar.

– Desce agora, por favor Helena. Depois nos falamos. — Raul tenta se acalmar.

Raul nem consegue se despedir, apenas a espera descer, ele ainda leva a sua mala até a portaria e depois sai com o carro. Ele pensa em ir na casa de sua mãe, pois não vê a hora de ver a sua ruivinha maluquinha, e isso também o está deixando irritado. Nunca se sentiu assim antes, a única que te despertou esse sentimento foi Cecília, e ela foi a mãe de seus filhos. Cecília era doce e meiga e merecia ser bajulado e cuidada por ele, já a ruivinha era debochada, irritadiça, respondona, moleca, linda... Raul se irrita ao querer ver as qualidades dela. Ele sabe que precisa se livrar dessa sensação, e para isso terá que resistir a vontade louca de procurar por ela.

Resolve não buscar as crianças, ele aproveitou para ir ao restaurante já que ainda era cedo.

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